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sábado, 9 de junho de 2012

O dia em que a pérola será jogada aos porcos


Por muito tempo este foi um de nossos maiores erros teológicos: “O Evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim” (Mt 24.14), mas que fim? O arrebatamento? O fim da Grande Comissão (Mc 16.15)? Ou o fim do governo do Anticristo e sua derrota?

Há alguns meses atrás estive diante de dois companheiros que discutiam este assunto e diziam: “eu acho que o Evangelho já chegou ao mundo todo”, outro dizia: “ainda não chegou, tem muitos povos para serem alcançados. Ainda temos muito para evangelizar, tem a África e outros que estão isolados, está longe o fim”.

Será que associamos o alcance dos povos e os confins da Terra ao final dos trabalhos da igreja na Terra? Desta forma então não teríamos mais o que fazer. Não creio nisto, pois estaremos isentos do cumprimento da Grande Comissão (Mc 16.15), justamente e tão somente quando se cumprir a promessa do arrebatamento, desta forma não teremos mais a necessidade pregarmos, somente de recebermos os galardões (cfe Ef 6.8).

O alcance total dos povos e a pregação do Evangelho do reino em todo o globo terrestre não pode se tornar uma condição para o arrebatamento (I Ts 4.13-18), que não será precedido de sinais aparentes, espirituais ou da natureza, caso contrário, perderiam seus sentidos os conceitos de rapto, visita do ladrão (Mt 24.43), surpresa (Mt 24.44), momento inesperado (II Pe 3.10) ou conforme a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal frisa em sua seção, os últimos dias da história humana, quando afirma que “Cristo virá de modo inesperado, posto que o momento exato não poderá ser calculado”, portanto não haverá sinais para evidenciar a primeira fase da segunda vinda de Jesus.

O que será precedido de sinais é justamente o aparecimento do homem da iniquidade (Ap 13.1; II Ts 2.3), pois a intensificação do mistério da injustiça, a apostasia e a retirada do Detentor[1] se tornarão a evidência forte da presença do Anticristo na terra.

Outro grande acontecimento que será precedido de sinais será a volta visível de Jesus, a segunda fase, para colocar um fim ao governo do Anticristo e para vencê-lo (Ap 19.11-21).

Segue alguns sinais para todos estes eventos, exceto para o arrebatamento:
  • Abalo da economia e do governo mundial;
  • Fome, pestes, doenças, criminalidade provocadas pelo aumento excessivo da população mundial;
  • Desiquilibro na natureza e climático;
  • Maremotos, terremotos, atividade vulcânica;
  • Bramido dos mares e ondas;
  • Efeito estufa e camada de ozônio destruída;
  • Multiplicação da iniqüidade;
  • Surgimento de falsos profetas, que dirão que tudo está bem e no controle;
  • Abalo das potencias do céu;
  • Negação de Deus, da volta de Cristo, da fé, da Sã doutrina, da vida santa, moral e da liberdade cristã;
  • Constatação da momentânea e aparente paz.

Diante de todos estes sinais, durante o governo do Anticristo, tanto na primeira quanto na segunda metade, existirão muitos que poderão dizer com autoridade, que são conhecedores da Palavra, que estiveram presentes em varias reuniões, que prometeram fidelidade a Deus, mas que não conseguiram se manter fiéis ante as ofertas mundanas.

Tais estarão diante de um grande dilema, servir a Deus, mesmo em condições nada agradáveis? Bem diferentes das atuais, pois o que são pedradas, zombarias, escárnio perto da perseguição que acontecerá na grande tribulação? Ou poderão se render ao fascínio do Anticristo aceitando o seu sinal (Ap 13.16-18) para continuarem na aparente paz (I Ts 5.3).

Serão vencidos e mortos (Ap 6.9; 20.4), mas não temerão pregar o Evangelho. A fé deles será fortalecida em cada vida que for alcançada e dia a dia sairão, “clandestinamente” para a missão que outrora, rejeitaram, desprezaram ou fraudaram (II Co 11.13, cfe At 15.24).

Muitos serão alcançados, alguns crerão, outros continuarão da mesma forma, senão pior, pois se insinuarão convertidos para entregarem às autoridades, os tais que de coração entenderam o chamado de Deus, mesmo em condições tão adversas.

Quantos ensinamentos, quantas orações serão feitas em lugares escusos, fora do alcance de olhos perturbados dos seguidores do Anticristo, mas também quantas zombarias, traições, injúrias, blasfêmias, maldições serão direcionadas aos tais, justamente por aqueles que são o alvo deste árduo trabalho, conforme o discurso de Pedro, quando ele afirmou que o mesmo Jesus entregue a morte, por eles, era o que estava pronto a salvá-los, em primeira mão, bastava apenas o arrependimento (cfe At 2.22,36).

Um pequeno grupo estará apresentando o Evangelho do Reino, não mais com aquela ênfase na esperança da primeira vinda do Messias ou no arrebatamento, mas sim a vitória do Cordeiro que se aproxima (Ap 19.11-21) e o público alvo deste trabalho, não aceitará e perseguirá sob os mandos do Anticristo.

Este pequeno grupo que não temerá a morte (Ap 20.4, cfe Hb 11.34-40), trabalhará em prol da propagação do Evangelho do Reino para que muitas outras vidas possam ser alcançadas, pois não creio em pregadores na Grande Tribulação:
  • Buscando seus próprios interesses;
  • Pregando a prosperidade material;
  • Construindo impérios;
  • Rodeados por escudeiros e seguranças;
  • Lançando cd’s e dvd’s um após o outro;
  • Profetizando para agradar, prometendo segurança, paz e a utopia;
  • Em seus carros importados;
  • Comprando mansões em condomínios fechados;
  • Distribuindo banners, cartazes;
  • Alimentando blogs, sites;
  • Administrando o comércio e as indústrias dentro das igrejas
  • Disputando e vencendo eleições majoritárias ou minoritárias ou em convenções;
  • Eliminando obreiros problemáticos ou que se destacam.

Eu creio que existirão muitos que estarão pregando o Evangelho do Reino por amor as almas, que sentirão na pele o erro do passado, a fraude, zombaria ou desprezo pela Palavra, mas o certo é que pregarão sem esperar algo material em troca, pois a esperança maior residirá na chegada ao mesmo local onde alguns clamam pelo julgamento e vingança do sangue deles (Ap 6.9-11).

Estes pregadores, no cumprimento de seu trabalho, alcançarão muitos, é verdade, mas não tem como não imaginarmos a perola (Palavra de Deus) sendo oferecida a muitos porcos que não aceitarão e continuarão na zombaria, desprezo e perdição.

Referências:
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003

Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2003

PRADO, Edson. Estudo de Escatologia. Disponível em: www.palavraviva.org.br.



[1] Entenda-se retirada como a permanência com atuação diferente, permitindo a proliferação do mal e do pecado, pois o Espírito Santo de Deus será banido da terra.

Por: Ailton da Silva

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