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sábado, 5 de outubro de 2013

122 - Mais vale um provérbio no coração (Pv 1.23; 4.2) do que dois na mão. Nunca pegue um cachorro pelas orelhas



Os provérbios de Salomão, em sua totalidade, regulam a vida e proporcionam momentos de pura e intima comunhão, tanto vertical quanto horizontal, ou pelo menos deveriam ser visto e considerados assim por nós, tal como (1.7, 23; 3.7; 4.2, 19; 5.21; 6.16-19; 7.25; 8.17; 9.7-8; 10.18; 10.23; 11.8; 12.15; 13.7, 12, 22; 14.4, 10; 15.23, 30; 16.24, 28; 17.28; 18.11; 19.4; 20.3; 21.13, 15; 22.14; 23.11; 24.1; 24.29; 25.17; 26.8, 17; 27.5; 28.21; 29.20; 30.33; 31.3), entre outros mais. No entanto, estas máximas, pura sabedoria divina, são por vezes, desprezados e relegados a segundo plano, justamente por aqueles que deveriam mergulhar de cabeça e se aprofundar ainda mais, fazendo uso delas.

a) Esconderemos do pai (Jacó) – nunca descobrirão e nunca seremos cobrados por isto
Era de se esperar que os últimos dias de Jacó fossem turbulentos, tanto quanto foram os primeiros, quando enfrentou inúmeros problemas com seu irmão Esaú. Seus filhos também herdaram um pouco de seu gênio, digamos estranho, portanto nada mais lógico do que agirem como o pai nos áureos dias de sua mocidade.

Quando resolveram vender o irmão para o ismaelitas/midianitas, sem demonstrarem nenhum remorso ou preocupação com o futuro do menino, taparam seus ouvidos para não ouvirem o clamor do pobre (Pv 21.13), o mesmo deveria ter sido feito com eles, pois da mesma forma não deveriam ser ouvidos, mas a misericórdia de Deus os alcançou e seus clamores foram ouvidos “diante do trono”, de José. Os irmãos foram ouvidos quando eles se derramaram diante do trono (Gn 42.6).

Eles imaginavam que toda a história ficaria encoberta, ou que nunca seriam vingados pelo ocorrido, e que por fim o pai[1] Jacó jamais teria ciência dos fatos. Que engano tenebroso, sequer temeram a reação dos possíveis compradores, apesar que não eram muito sensíveis ao sofrimento alheio, mas poderia ter um entre eles que pudesse tomar as dores do injustiçado José.

b) Isamelitas/midianitas: não se intrometam nesta história – é Deus tratando com esta família. Não pegue o cachorro pelas orelhas (Pv 26.17)
“Finalizem e a compra e sumam de nossas terras”. Este foi o recado dos irmãos de José aos compradores. Não havia motivos para ficarem ali, esperando o que? Talvez aparecer um conhecido para atrapalhar o negócio do dia, afinal vinte moedas de prata era uma quantia significativa, resolveria o problema da família, comeriam do bom e do melhor por muito tempo.

Que bom preço conseguiram, se imaginaram ricos, mesmo não tendo nada (Pv 13.7), então compraram mantimentos para o mês todo e foram recebidos de braços abertos pelo pai que se alegrou, mas antes de toda esta festiva recepção, deve ter perguntado aos filhos: “como vocês conseguiram este dinheiro? Então, pai, é, veja bem, não é o que senhor está pensando, não somos ladrões, é, veja bem. Fale você Judá. Não, quem deve falar é Ruben, o primogênito”. E o blá, blá, perdurou por alguns bons e cansativos minutos.

Pois bem, quanto mais rápido fechassem o negócio e despedissem os ismaelitas/midianitas, menos problemas teriam dali para frente, pelo menos evitaram um, o cancelamento da grande venda do mês, pela qual conseguiram cumprir a cota mensal, que satisfação por terem feito isto. “Os maiores vendedores de alma” da história.

Ah, mas se aparecesse um ismaelita/midianita de coração bom, puro e sincero? Certamente diria: “parem com isto, ele é vosso irmão. “Roupa suja se lava em casa[2]”. Procurem o vosso pai, aquele que é o pastor de vocês, que cuida e que um dia dará conta de vossas almas, não se entreguem à vaidade, mesmo que tudo seja vaidade (Ec 1.2), além do mais, quem abre uma cova para seu irmão, nela cairá (Ec 10.8) e não são vocês que, no futuro dirão, que a promoção de contenda aborrece o vosso Deus (Pv 6.16-19)?

Caso isto acontecesse, os ditos sábios filhos de Jacó que não foram capazes de se apartarem do mal (Pv 3.7), repreenderiam o ímpio ismaelita/midianita, sem saberem que a mancha dele viria sobre eles (Pv 9.7-8), não seria melhor repreenderem o irmão, pedirem para que parasse um pouco com as conversinhas paralelas, com “o leva e traz” (Gn 37.2 – NTLH) ou não seria mais conveniente pedirem, com educação, que não contassem mais aqueles sonhos, pois todos se entristeciam com aquela história[3]. O caminho deles até poderia ser reto aos olhos dele, mas se tivessem ouvido um bom conselho de um sábio, certamente teriam evitado muito sofrimento no futuro (Pv 12.15).

Havia muita sabedoria popular entre os povos da época, não me espantaria se um ismaelita/midianita dissesse: “o problema é de vocês, já tenho os meus, além do mais, na minha terra dizemos algo mais ou menos parecido com o que vocês dirão no futuro: Honroso é para o homem desviar-se de questões, mas todo o tolo se entremete nelas” (Pv 20.3),  além do mais, somos um povo doido, louco, mas não o bastante para “pegarmos um cachorro pela orelha, estou somente passando por aqui, não me meto em questão alheia", ou gozando de uma sanidade nunca vista, talvez ele poderia ter dito: “Até um tolo, como eu, quando se cala é reputado por sábio” (Pv 17.28).

Calma ismaelita/midianita, não houve necessidade de que se intrometesse nesta história e tampouco foi dado a ti honras que não merecesse, já que como tolo que eras, esperarmos uma atitude sábia de sua parte seria tão catastrófico quanto prendermos uma pedra preciosa em uma funda e jogá-la ao mar (Pv 26.8).

Nenhum ismaelita/midianita interviu durante o fechamento da venda de José. Não houve necessidade. Deus estava no controle desde o início, além do mais a situação poderia se voltar contra quem se intrometesse na história. Quando estiver passando por um caminho, nunca se intrometa em questão alheia, sob pena de estar pegando um cachorro pelas orelhas (Pv 26.19).

Nenhum habitante, caso houvesse, interviu na reunião sacrificial onde Caim e Abel estiveram reunidos, um para agradar a Deus (Pv 23.11) e o outro que não conhecia nem mesmo naquilo em que estava tropeçando (Pv 4.19), um perdido em suas próprias veredas e enclausurado na maldade de seu coração (Pv 7.25; 30.33). Ninguém interviu, pois a situação poderia se voltar contra quem se intrometesse na história. Quando estiver passando por um caminho, nunca se intrometa em questão alheia, sob pena de estar pegando um cachorro pelas orelhas (Pv 26.19).

Nenhum habitante de Canaã interviu quando Abraão despediu seu filho Isrmael juntamente com a mãe (Gn 21.14-21), pois a situação poderia se voltar contra quem se intrometesse na história. Quando estiver passando por um caminho, nunca se intrometa em questão alheia, sob pena de estar pegando um cachorro pelas orelhas (Pv 26.19).

Deus estava tratou com a família de Jacó e resolveu os problemas que surgiram pós ciúmes, provocado por alguns metros de tecido (túnica) e alguns sonhos de menino, que na época seriam difíceis de serem cumpridos. Este episódio seria o pontapé inicial para a peleja, de um homem só, que iria na frente para preparar o caminho, o café da manhã e da tarde, o almoço e o jantar de sua família por muitos e muitos anos (Gn 45.5-7).

No dia em que o filho (FILHO) mostrou à humanidade que nada fica encoberto, os irmãos de José se derramaram diante do altar, declaram suas miserabilidades, se mostraram como servos de quem realmente tinha todo o poder e autoridade em suas mãos (Gn 42.6, 13), mas temeram pela reação daquele que estava no trono. O temor deles antecedeu a sabedoria (Pv 1.7). Afinal, os caminhos deles sempre estiveram perante o Senhor e foram aplanadas suas carreiras (Pv 5.21).

Todos se alegraram com a reação amistosa do irmão e pelas bênçãos que se seguiram após, tal como a hospedagem amiga, terras férteis, reconhecimento e ingresso à riqueza e benefices egípcia, mas o que alegrou a espinha dorsal da nação de Israel, foi o fato do irmão não ter feito com eles o que havia sido feito com ele no passado, que sensação gostosa por não terem recebido cada um segundo a sua obra (Pv 24.29).

Diante de uma ação de Deus e de questões alheias, segue o conselho salomônico: “O que, passando, se mete em questão alheia é como aquele que toma um cão pelas orelhas” (Pv 26.17).

Referências:
Bíblia de estudo aplicação pessoal - BAP (ARC). CPAD, 2003.

Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional (NVI). Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008

Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje (NTLH). Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003.

A Bíblia Viva. Edição para todos. Associação Religios Editora Mundo Cristão.

[1] Foi o filho (FILHO) que revelou e não o pai (PAI). Os irmãos esconderam do homem (pai Jacó), mas não do Filho (José que estava no trono). Naquele dia tudo foi revelado.
[2] Esta foi a primeira vez que esta máxima popular foi dita entre humanos (é nada).
[3] Mal sabiam que quando os sonhos se cumprissem todos se alegrariam (Gn cap 45), fói só benção, uma atrás da outra.
 

Por: Ailton da Silva - Ano V

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