TEXTO ÁUREO
“Então,
Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois
pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém o povo lhe
não respondeu nada” (1 Rs 18.21).
VERDADE
PRÁTICA
O confronto entre Elias e os profetas de
Baal marcou definitivamente a separação entre a verdadeira e a falsa adoração
em Israel.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
1 Reis 18.36-40.
36 - Sucedeu, pois, que, oferecendo-se a oferta
de manjares, o profeta Elias se chegou e disse: Ó SENHOR, Deus de Abraão, de
lsaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou
teu servo, e que conforme a tua palavra fiz todas estas coisas.
37 - Responde-me, SENHOR, responde-me, para que
este povo conheça que tu, SENHOR, és Deus e que tu fizeste tornar o seu coração
para trás.
38 - Então, caiu fogo do SENHOR, e consumiu o
holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no
rego.
39 - O que vendo todo o povo, caiu sobre os seus
rostos e disse: Só o SENHOR é Deus! Só o SENHOR é Deus!
40 - E Elias lhes disse: Lançai mão dos profetas
de Baal, que nenhum deles escape. E lançaram mão deles; e Elias os fez descer
ao ribeiro de Quisom e ali os matou.
PROPOSTA
•
Baal: divindade cananéia. “Proprietário, marido ou
senhor”;
•
El, Aserá, Astarote, “tudo farinha do mesmo saco”
•
“Aluga-se”, profetas. Falar com os “Acabes ou
Jezabeis”;
•
Jezabel queria quantidade e não qualidade;
•
Culto a Baal semelhante ao culto hebreu? Perigo!
•
Eis a diferença: Revelação, participação e Palavra
de Deus;
•
O sincretismo religioso sempre ameaçou o povo de
Deus;
•
Resposta de Deus ao sincretismo: FOGO;
•
Desafio de Elias foi muito mais do que “bem x mal”.
INTRODUÇÃO
O confronto de Elias com os profetas de
Baal foi um dos fatos mais significativos e espetaculares da história bíblica,
foi o encontro da mentira com a verdade, do falso com o verdadeiro. Mais
significativo ainda foi a vitória que o profeta de Tisbe obteve sobre os falsos
profetas: significou a continuidade da existência de Israel como povo a quem
Deus havia escolhido para cumprir seu propósito salvífico com a humanidade.
Elias foi usado pelo Senhor para confrontar
os, institucionalizados e protegidos, falsos profetas com seus falsos deuses,
fazendo com que o povo de Deus abandonasse a falsa adoração e por fim ratificou
a condição de inércia e inoperância de Baal.
Foram três anos e meio de seca, três
primaveras que se passaram e nada de Baal ressuscitar para coabitar com sua mãe
a fim de restaurar a natureza e trazer chuva e prosperidade para Israel. Neste
período de ausência, desatenção e inoperância de Baal, Elias estava
experimentando qual era a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para a sua
vida (Rm 12.2). O sustento para ele nunca faltou.
Este tempo de seca fez com que o povo
desconfiasse da divindade de Baal, e não seria para menos, pois este havia sido
um dos objetivos da disciplina de Deus. Alguns abandonaram Baal e voltaram-se
para Deus, mas estavam agindo desta forma em virtude da decepção e não pela conscientização,
por isto muitos ainda coxeavam entre dois pensamentos.
Todo Israel foi convocado, o maior publico
já reunido na história, os quais decidiram pelo retorno ao verdadeiro culto ou
pela permanência na mentira. Esta decisão deveria ser logo após a demonstração
de poder de Deus, naquele combate, o qual teve características marcantes e
única, dentre as quais destaco:
- Maior público já visto em uma “competição” e justamente no campo
do adversário (Carmelo). O inimigo foi vencido em seu próprio campo;
- Elias fez questão
de dois bezerros, pois o que tentaram sacrificar para Baal não poderia ser
usado quando fosse a sua vez;
- Como Baal não respondia, eles começaram a saltar, pular sobre o altar e
gritar para chamar a atenção do povo, já que de Baal não conseguiriam mesmo;
- Elias zombou dos profetas, pediu para que clamassem em alta voz, quem
sabe ele estivesse falando, dormindo ou viajando. Ninguém defendeu a falsa
divindade, nem mesmo os seus profetas presentes e aqueles que ainda acreditavam
em seu suposto poder;
- A zombaria de Elias foi didática, pois quis mostrar ao povo que não
poderiam confiar em um deus que, assim como eles, dormia, viajava e distraia,
mas sim deveriam confiar em Deus, o onisciente, onipresente e onipotente. Elias
mostrou a diferença entre o verdadeiro Deus e aquilo que era somente fruto
da imaginação humana;
- Isto provou que Baal era uma imagem do próprio homem, pois morria,
sofria, adulterava, viajava, se distraia, mentia, era violento, vingativo,
assim como são todos os deuses criados pela humanidade;
- O vazio espiritual de Israel produziu pulos, gritaria e espetáculo
diante do altar no Monte Carmelo, pois as retalhações e o sangue humano
derramado pelos profetas falsos (1 Rs 18.28) chocaram os presentes a ponto de
fasciná-los;
- No momento do sacrifico da tarde, Elias se aproximou e orou diante do
povo. Ele esperou o momento certo, não se adiantou, esperou que os profetas se
cansassem e conseqüentemente o povo de se desiludisse.
I. CONFRONTANDO OS FALSOS DEUSES
1. CONHECENDO O FALSO DEUS BAAL.
Baal, proprietário, marido ou senhor, era
uma divindade cananeia (1 Rs 16.31), que fascinava os cananeus e Israel,
exercendo controle e posse não somente sobre o lugar onde se encontrava, mas
também sobre as pessoas. Sobre esta divindade o professor Luciano de Paula
Lourenço escreveu:
“Era o deus supremo dos cananeus. Em hebraico, Baal significa senhor. Seus
adoradores acreditavam que o ídolo fosse o responsável pela abundância da terra
e pela fertilidade do ventre. Sendo o deus da fertilidade, seu culto era
marcado pela crueldade e por uma devassidão que envergonharia até Sodoma e
Gomorra. Em suas cerimônias havia sacrifícios de vítimas humanas, orgias e os
mais inimagináveis desregramentos; e, logicamente, louvores a Baal”.
Os profetas estavam conscientes de que não
se podia admitir tal fato entre o povo de Deus, e por isso levantaram suas
vozes em protesto contra a divindade pagã (1 Rs 21.25,26). O grande problema
deste relacionamento ilícito de Israel com Baal foi o desenvolvimento do
sincretismo religioso, uma espécie “confluência de crenças”, pois alguns
adoravam simultaneamente Yahweh e a Baal.
2. IDENTIFICANDO A FALSA DIVINDADE ASERÁ.
El seria o deus principal, isto é, o pai
dos outros deuses, e Aserá era a deusa-mãe, sua esposa, mãe de Baal. Era
adorada pelos cananeus que teimavam em permanecer entre os israelitas. A
palavra poste-ídolo neste texto é a tradução do termo hebraico `ashera
ou Aserá, e mantém o significado de bosque para adoração de ídolos.
Aserá, conhecida também como Astarote ou Astarte, era uma deusa ligada à
fertilidade humana e animal e também da colheita. Exerceu uma influência
grandemente negativa entre o povo de Deus (Jz 2.13, 3.7; 1 Rs 11.33). Assim
entendemos o porquê da resistência profética a esse culto (Jr 7.18; 44.17-19).
Sobre esta divindade o professor Francisco A. Barbosa escreveu:
“Os israelitas adotaram a adoração a Astarote
juntamente com a adoração a Baal logo após chegarem à terra prometida (Jz
2.13). Era uma adoração comum no tempo de Samuel (1Sm 7.3,4; 12.10), tendo
recebido sanção real por parte de Salomão (1Rs 11.5). Outra expressão
correspondente a Asera é “poste-ídolo”. O Antigo Testamento se refere algumas
vezes ao poste-ídolo como uma deusa (2Rs 23.4 – Almeida Revista e Atualizada),
interessante que a NVI (Nova Versão Internacional) traduz essa mesma expressão
por “Aserá”, o poste-ídolo também é usado acerca de uma imagem feita para essa
deusa (1Rs 15.13 – Almeida Revista e Atualizada). Em hebraico, transliterado,
temos Ashtoreth (em ugarítico ‘Attart e em acádico As-tar-tu).
Era adorada sobretudo na região do atual Líbano (Tiro, Sidom e Biblos), pelos
cananeus (1Rs 11.5), mas também em Malta, Sardenha, Sicília, Chipre e Egito. No
mundo latino foi identificada com Vêneris; no Egito com Ísidis. Em época
helenística foi identificada com Afrodite ou com a deusa Síria. Tinha como
símbolos o leão, o cavalo, a esfinge e a pomba. Era a deusa da fertilidade, do
amor e da guerra. Aparece diversas vezes no Antigo Testamento e o vocábulo
hebraico usado reconduz ao termo hebraico “vergonha”, mostrando o juízo
negativo do povo hebreu em relação ao culto dessa deusa”.
II. CONFRONTANDO OS FALSOS PROFETAS
1. PROFETIZAVAM SOB ENCOMENDA.
Os fatos ocorridos no reinado de Acabe vêm
mais uma vez confirmar uma verdade: nenhum sistema é profético, nenhum profeta
pertence ao sistema (1 Rs 18.19).
Os profetas de Baal eram, “sustentados pelo
Estado (1 Rs 18.19) e tinham como propósito agradar o rei”. De fato eram profetas
de um falso deus e comiam da mesa de Jezabel, alugando desta forma seus ministérios
para Acabe e sua esposa. Eles profetizavam o que o rei queria ouvir, pois
faziam parte do sistema estatal de governo. Nenhum homem de Deus, nem tampouco
a igreja podem ficar comprometidos com qualquer esquema religioso ou político.
Se assim o fizerem, perdem suas vozes proféticas (1 Rs 22.13,14).
Elias corajoso, pois sabia que Deus o
honraria, desafiou estes falsos profetas e soube como lidar com eles desde o
principio. Sua preocupação era com o bem estar espiritual do povo, por isto não
mediu esforços para desmascará-los. Sobre como vencer os falsos profetas e como
lidar com eles na atualidade, o professor Francisco A. Barbosa escreveu:
“A
forma mais eficaz de confrontar os falsos profetas é ensinando incansavelmente
a sã doutrina. Fazer o que o apóstolo Paulo recomendou a Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina;
persevera nestas coisas; porque fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo
como aos que te ouvem” (I Tm 4.16; II Tm 1.13; 2.15). O apóstolo dos
gentios tinha um zelo doutrinário incansável, a fim de preservar a saúde
espiritual do rebanho do Senhor. Por isso, ele dizia a Timóteo: “que pregues a palavra, instes a tempo e fora
de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (II
Tm 4.2; cf. 4.3-5). Quando se ensina a sã doutrina, a boca dos falsos profetas
fica tapada (Tt 1.10-14)”.
2. ERAM MAIS NUMEROSOS.
Acabe e sua esposa, Jezabel, haviam
institucionalizado a idolatria no reino do Norte. Baal e Aserá não eram apenas
os deuses principais, mas também os oficiais. O culto idólatra estava presente
em toda a nação, de norte a sul e de leste a oeste. Dessa forma, para manter a
presença da religião pagã na mente do povo, a casa real necessitava de um
grande número de falsos profetas (1 Rs 18.19). Já o Deus verdadeiro usaria
apenas um, naquela ocasião. Não havia verdade, autenticidade e tampouco
qualidade no falso culto, mas apenas quantidade, enquanto que do lado de Elias
a qualidade se sobressaiu.
O número de profetas de Baal era alto (1 Rs
18.22) em virtude das facilidades e benefícios oferecidos pela casa real, tal
como moradia, alimentação, recompensas materiais, etc. A função deles era
confundir e dividir o coração de Israel, não precisava tomá-lo completamente,
apenas dividir.