CAPÍTULO 13
A SITUAÇÃO MINISTERIAL NA AUSÊNCIA DE NEEMIAS
1. A
PROFANAÇÃO DO SÁBADO (13.16):
Os
filhos de Israel foram ordenados por Deus a guardarem o sábado, o dia do
descanso, para repouso para se dedicarem a adoração, oração, louvor. (Ex 16.23;
20.11, porém Deus não ordenou que o mundo inteiro o guardasse). Neste dia as
atividades em Israel seriam interrompidas, pois nenhum trabalho deveria ser realizado (Ex 16.23; 35.2,3; Jr 17.22; Mc 16.1), até mesmo o
comércio estava proibido (Am 8.5).
Após a
reconstrução do Templo, os inimigos perceberam a mudança no padrão de vida dos
judeus. A cidade sem o muro e as portas era alvo fácil de doenças e ladrões,
mas agora os vizinhos os viam com outros olhos. Estava bonita, frondosa,
exuberante, alegre, bem diferente do estado anterior (1.1-3). O problema agora
seria outro, os mercadores e aproveitadores. Os judeus eram potenciais
consumidores.
Tudo
isto não teria problema se estes mercadores não insistissem na venda justamente
no dia de dedicação a Deus, mas eles não respeitaram, por isto Neemias ordenou
que as portas da cidade fossem fechadas para que o sábado não fosse profanado.
a) A ganância dos mercadores:
Em sua
chegada à cidade Neemias observou a ignorância do povo em relação a Lei e foi
percebendo, no decorrer de sua permanência, que eles deixavam muito a desejar
no tocante ao cumprimento das ordenanças. Sua função primária dizia respeito a
reconstrução da muralha da cidade, mas não resistiu ao contemplar o povo
desgarrado, sem pastor, sem estrutura, conhecimento e alheios aos mandamentos
perpétuos, entre eles a guarda do sábado. Ele compreendia que não era uma opção
de vida respeitar a Lei, mas sim um dever.
Neemias
enxergou que os mercadores de Tiro, autorizados (Ne 13.17-18), conseguiam
ajuntar os judeus, aos sábados, justamente os que deveriam estar no Templo
adorando, louvando, orando, ouvindo a leitura da Lei. Seria possível esta cena?
Como perdiam facilmente a identidade.
Esta
havia sido uma das causas do cativeiro (Jr 17.27), por isto Neemias agiu, pois compreendeu o perigo que todos estavam correndo
de novamente voltarem às velhas práticas. As consequências seriam inevitáveis (Lv 26.13-33). Ele repreendeu os mercadores,
avisando-os para que não profanassem o Dia do Senhor (Ne 13.21).
A
reação de Neemias foi tão enérgica e radical quanto as anteriores, pois queria
cortar o mal pela raiz. Ele protestou contra os negociantes (de outras terras)
que desconheciam a importância do sábado e por isto o desrespeitavam (Ne
13.20-21). Da mesma forma como não compactuou com os que se deram aos
casamentos mistos e com os que permitiram a morada do amonita do Templo, estava
ele agora tomando a frente do povo para despertá-los ao perigo que corriam.
As
mercadorias eram necessárias? Eram de ótima qualidade? Os vendedores eram bons?
Os judeus ficavam satisfeitos com as negociações? Então porque não fizeram todo
este alvoroço no estado anterior da cidade (1.1-3), quando ela e o povo estavam
em miséria e esquecidos? A alegria espiritual chamou os mercadores, pois eles
entendiam que Jerusalém estava usufruindo de uma prosperidade material, aliás, estavam
bem visíveis, o Templo (riqueza maior) e os muros reconstruídos e as portas
levantadas, prosperidade para qualquer um ver. Os mercadores pensavam que os
judeus estivessem nadando em dinheiro, por isto faziam questão de acampar em
suas portas.
b) Neemias proíbe o comércio aos
sábados:
As
sextas-feiras, ao pôr do sol, os portões da cidade deveriam ser fechados e
permaneceriam desta forma até ao final do sábado, mas os mercadores insistentes
continuaram fora da cidade, na esperança de ainda efetuarem suas vendas.
Entra
em cena o pastor cuidadoso, que mesmo com as barreiras fechadas, saiu para
averiguar a situação, foi quando constatou que aqueles aproveitadores ainda
estavam ao derredor. Uma única frase que não precisou ser repetida, pois foram
embora diante do ultimato de Neemias (Ne 13.19-21).
Os
comerciantes, atemorizados, fugiram e os judeus, abismados, olhavam uns para
outros como se auto condenando por mais um erro diante de Deus.
c)
Porque deveriam guardar o sábado:
Enquanto
estiveram em terras estranhas, principalmente no Egito, não conheceram este
mandamento, mesmo porque se conhecessem, certamente não dependeria deles para
que fosse guardado, mas sim dos egípcios, que certamente não autorizariam.
Após a
passagem do mar Vermelho já foram alertados quanto à observância do sábado (Ex
16.23), sendo depois foi ratificado na ocasião da entrega do dez mandamentos
(Ex 20.11). Daquele momento em diante não teriam mais desculpas para
apresentarem diante de Deus.
A guardar do sábado era uma exigência
cerimonial da lei, enquanto que os outros nove eram princípios morais. Representava
o selo da aliança mosaica (Ex 20.10; 23.12; 31.15; Dt 5.15; Is 56.4-6). Era um
dia santo (Ex 16.23-29; 20.10-11; 31.17).
d) O
propósito divino da guarda do sábado:
- Neste dia cessavam todos os trabalhos, um dia de descanso para o
homem para a terra (Ex 16.29-30; Lv
25.4);
- Os israelitas se voltavam a
adoração, ao louvor, a leitura, oração e santificação. Um
dia de adoração e serviço exclusivo a Deus, sacrifícios e ensino aos
sábados (Lv 23.3; Nm 28.9; Dt 5.12; Ez 46.3,12; Lc 4.31; 13.10);
- Este era o sinal de que Israel era um povo santo, diferente,
separado das outras nações e propriedade peculiar de Deus (Ex 19.5). Nenhuma
outra nação da terra ou instituição foram incluídas
neste contexto, tanto que deveria se observados por eles somente em todas as
gerações, ou seja, era um mandamento perpétuo, para sempre (Ex 31.17);
- Lembrava a criação
original e a redenção de Israel do Egito (Dt 5.5);
- Era um sinal de lealdade entre Israel e Deus (Is
56.2; Ez 20.12).
e)
Consequências para Israel pelo desrespeito ao sábado:
Quem não observasse este mandamento era severamente punido (Ex
31.14-15; Nm
15.32-36; Jr 17.19-27), pois eles deveriam mostrar aos seus vizinhos idólatras toda a sua
fidelidade aos mandamentos do seu Deus, assim como a igreja de Cristo que
também dedica integralmente a adoração, louvor, leitura da Palavra e oração.
Esta falha foi uma das causas do cativeiro na Babilônia (Jr 17.27).
f)
Preceitos eternos, que os judeus respeitavam:
Outros preceitos previstos na Lei Mosaica era também eternos
e respeitados pelos judeus, entre eles a circuncisão ao 8º dias de vida (Gn
17.7-13), a unção dos sacerdotes (Ex 40.15) e a celebração da páscoa (Ex 12.14),
todos eles dispensáveis à igreja.
g)
Jesus e o dia de descanso:
Quando
Jesus ouviu as queixas dos fariseus pelo suposto desrespeito dos discípulos ao
colherem espigas no sábado (Mc 2.23-28), Ele deixou claro que nenhum ponto da
lei estava sendo transgredido. Ora, se o dia do descanso era para dedicação a
Deus e zelo do corpo, então o que os discípulos estavam fazendo de errado?
Colheram espigas para semeá-las ao caminho? Ou colheram para saciarem a fome?
Nestas condições a Lei proibia o uso de foices
(Dt 23.25).
Quem estava errado em toda esta história eram justamente os
judeus, pois não aceitaram Jesus como Rei e não lhe ofereceram guarida,
possibilidades, refeições, tanto que os seus discípulos tiveram que fazer uso
de uma permissão da lei para saciarem a fome. Isto foi uma vergonha para Israel.
O mesmo aconteceu com o rei Davi, que em fuga, já ungido, mas sem o
reconhecimento da nação teve que se alimentar de pães da proposição. Será que
foi interrogado também como foi Jesus?
E quanto aos sacrifícios, eles eram realizados aos sábados?
Ou cessavam as atividades no Templo? Os sacerdotes também tinham um dia para
descanso? Os sacerdotes imolavam animais e mantinham suas outras ocupações sem
se sentirem culpados por tais práticas? Por estarem a serviço de Deus (Nm
28.9,10) eram apontados pelos judeus?
Jesus obedeceu todos os preceitos da Lei, pois foi
circuncidado, seus pais ofereceram sacrifícios ao seu nascimento, comemorou a Páscoa,
mas em nenhum momento ordenou a sua igreja que guardasse o sábado, comemorasse
ou praticasse alguns dos ritos de exclusividade judaica. Na verdade Ele é o dia
de descanso que a lei sempre apontou (Mt 11.28-30).
O domingo foi instituído pela Igreja Primitiva como o dia para a
sua principal reunião. O primeiro dia da semana:
- Cristo ressuscitou no primeiro dia da semana (Mt
28.1; Mc 16.9);
- Jesus apareceu 5 vezes no primeiro dia semana outra
vez no domingo seguinte (Lc 24.13; 33-36; Jo 20.19,26);
- A Santa Ceia, as pregações e as ofertas eram
observadas no domingo (I Co 16.1,2; At 20.7).
Não
temos obrigação de guardar o sábado, mas devemos valorizar o descanso semanal,
para adorarmos a Deus e mantermos nossa saúde física, mental e espiritual.
Tampouco devemos instituir o domingo como sagrado sob pena de cometermos o
mesmo erro que outros. “Seria uma incoerência trocarmos a embalagem para
permanecermos com o mesmo produto”.
2.
CASAMENTOS MISTOS – UNIÕES REPROVADAS:
Deus
preparou Israel durante a caminhada no deserto para que não se misturassem aos
imorais que habitavam naquela região, quando adentrassem à Terra Prometida, pois
faziam parte de um povo separado (Js 23.1-13). Isto não se tratava de preconceito
racial, mas sim era um cuidado doutrinário, para que a relação entre Israel e
Deus não fosse afetada.
Uma das
maiores advertências foi em relação aos casamentos mistos (Ex 34.12-16; Dt 7.3;
Ed 9.12-14), que poderia se tornar a grande porta para apostasia, mas eles
fizeram justamente ao contrário e completamente distanciados se uniram aos
pagãos. O resultado final desta prática foi trágico (Os 7.8-16).
Esta
foi a preocupação de Esdras (Ed 9.1-3), Neemias (13.23- 29) e Malaquias (Ml
2.10-16) e alguns exemplos de casamentos mistos nos prova que realmente eram
maléficos para Israel e seus antecessores:
- Na
geração anti-diluviana (Gn 6.1-3) esta união também foi combatida, pois a maldade humana (Gn 6.5) juntamente com estas uniões, pelas
quais os filhos de Deus (os setistas, descendentes de Sete) e os filhos dos
homens (os cainitas, descendentes de Caim) se misturaram (Gn 6.1-3) foram as
causas do dilúvio;
- Rute e
Boaz se casaram (Rt 4.10), mesmo sendo ela uma moabita. Nestes casos quando o
estrangeiro se convertia o casamento era permitido (Lv 21.6-8,13,14; Dt
23.8-11), tanto que ela foi incluída na genealogia de Jesus (Mt 1.5), pois
gerou o avô de Davi (Rt 4.17)
- Rei
Acabe e Jezabel, uma estrangeira (I Re 16.31) que destilou seu veneno no
reino do Norte;
- O rei Salomão que se casou com muitas mulheres
estrangeiras, que perverteram seu coração (I Re 11.1-2);
- Os filhos dos sacerdotes que se casaram com mulheres
estrangeiras (Ed 10.18);
- Um dos
filhos de Joiada, filho do sumo sacerdote Eliasibe (3.1) que havia se
aparentado a Tobias (13.4), casou-se com uma filha de Sambalate, o grande
opositor a toda aquela obra (13.28).
Muitos
destes casamentos visavam a vantagens financeiras e ascensão social e política,
por isto aigreja foi advertida pelo apóstolo Paulo a não adotar esta prática
(II Co 6.14- 17).
a) Casamentos proibidos:
Desde a
saída do Egito, os israelitas foram ordenados a não se misturarem as nações que
eles encontrariam na Terra Prometida (Dt 7.1-4), pois todos ali eram idólatras
e abomináveis aos olhos de Deus. A não observância desta ordem poderia
assemelhar a nação santa aos gentios (Dt 7.1-6).
Os asdoditas, moradores de
Asdode, na Filistia (I Sm 6.17), uma cidade idólatra, berço de Dagom (I Sm 5.1-5),
foram eles que roubaram a arca do concerto e a colocaram junto com o seu
padroeiro. Enquanto estiveram com a arca em seu poder não tiveram sossego, pois
enfrentaram pragas e enfermidades (I Sm 5.6-12).
Os amonitas e moabitas,
descendentes do fruto do incesto ocorrido entre Ló e suas filhas (Gn 19.36-37),
se declararam inimigos de Israel, no momento em que não saíram com pão e água,
como deveriam (Nm 22.1-3; Dt 23.3-4), se aliando aos adversários para
amaldiçoarem os israelitas, portanto não poderia haver esta mistura.
Eles tentaram, mas não
conseguiram, então partiram para outra tática, a pior de todas, covarde. A
única forma de derrotarem os judeus seria pela infiltração. Certamente as
mulheres desviariam-nos de seu Deus e profanariam o Templo (Dt 23.3).
Deus não revogou a proibição
quanto aos casamentos mistos, mesmo nesta dispensação, somos alertados e
ensinados quanto ao risco do jugo desigual, pois que comunhão teria a luz com
as trevas (II Co 6.14-15).
b) As consequências do
casamento misto:
Israel não poderia se misturar às nações que já habitavam na
Terra Prometida (Ex 34.12,16), mas contrariando as ordens de Deus eles
apostataram e se aparentaram com o paganismo, imoralidade e idolatria. Foram
anos e anos de fracasso espiritual, apostasia e distanciamento de Deus, que
desaguaram no cativeiro babilônico, mas agora avivados pela exposição da
Palavra entenderam o mal daquelas uniões e se comprometeram a não se misturarem
com os idólatras através do casamento (10.30) ou por qualquer outro artifício.
Os
maiores prejudicados nesta história foram os filhos, justamente aqueles que
deveriam crescer segundo os costumes e tradições judaicos. Eles cresciam
perdendo todas as referências culturais e espirituais, além de serem
testemunhas oculares de conflitos conjugais e étnicos. A influência das mães
estrangeiras era bem maior que a dos pais (13.24), por isto a perda se iniciava
pela língua pátria. Em outras palavras, os filhos não estavam sendo educados no
caminho de Deus (Lv 20.7). No futuro, eles colheriam o fruto deste erro.
A
indignação de Neemias foi tamanha, pois observou que até mesmo a família do
sumo sacerdote se entregando a esta prática e justamente com Sambalate, o
ferrenho opositor (13.28).
Como eram facilmente seduzidos
estes judeus. E como se fascinavam com as mulheres asdoditas, moabitas e
amonitas. Será que eram tão belas assim? As egípcias com suas pinturas talvez,
mas quando a maquiagem (capa) caia, então era revelada a verdadeira face.
Portanto
os filhos, frutos dos casamentos mistos, falavam em línguas estranhas, a eles
mesmo, mas que eram entendíveis a algumas pessoas (somente as asdotias,
moabitas, amonitas, horonitas, etc). Os velhos judeus compartilhavam disto?
Aceitavam de bom grado ou reprovavam? Não tiveram forças para impedirem, até o
dia em que Deus reenviou o pastor zeloso que amava aquelas ovelhas e colocou
ordem novamente na congregação de Israel.
c) A
dolorosa separação – sombra de coisa futura:
Esdras
já havia trabalhado este tema entre os judeus durante seu ministério (Ed
9.12,14), mas eles novamente aderiam a esta prática. A decisão de se afastarem
foi traumática, porém necessária (10.28).
Como os
povos envolvidos receberam esta decisão dos judeus? Assombro, descrença ou
indiferença? Laços familiares sendo desfeitos, planejamento e sonhos
bruscamente interrompidos. Tudo em nome da pureza e cuidado doutrinário, mas
acima de tudo, tiveram ciência de que nada daquilo estaria acontecendo caso
tivessem sido fieis a Deus.
Não
havia entre eles filhos para serem entregues as suas filhas e vice versa (Jz
14.3)? Tiveram tanta necessidade de recorrerem à beleza pagã? Os primeiros
casamentos foram acontecendo e não viam manifestação contrária de Deus e assim
foram se acostumando, abrindo as portas para a apostasia e sincretismo.
3. O JUGO
DESIGUAL:
A
igreja é admoestada a fugir de tal prática, pois as conseqüências são
inevitáveis e trágicas, entre as quais destacamos a prostituição espiritual,
apostasia, enfraquecimento e falecimento da fé, esquecimento das obras de Deus
entre outras.
Quando
os israelitas foram introduzidos na terra, prometida aos seus pais, eles se
depararam com povos mais numerosos e poderosos, por isto foram avisados a não
se misturarem com eles (Dt 7.4) para que seus filhos e filhas não fossem
forçados a servirem a deuses estranhos. O certo é que sofreram um choque ao
adentrarem aquelas terra
Por
várias vezes, em sua história, Israel se rendeu as uniões mistas, pelas quais
receberam correções da parte de Deus. Este
foi, durante muito tempo, um grande problema para os judeus, que não souberam
lidar com esta questão. Até mesmo aqueles que deveriam ser exemplos não se
foram capazes de manter a fidelidade.
Os judeus viviam, através
destas uniões, um jugo desigual, pelo qual demonstraram toda infidelidade a
Deus. Neemias, em seu retorno a Jerusalém contemplou muitos nesta prática, pois
se aparentaram com outros povos, mesmo com aqueles, que desde o inicio se
mostravam contrários a reconstrução da cidade. Será que não se lembraram que os
asdoditas (4.7) apoiaram o trio opositor?
Que
outra reação poderíamos ter visto em Neemias? Conivência com o erro? Ele era
sabedor que jamais as bênçãos de Deus seria direcionadas ao povo caso
continuassem daquela forma. Uma ação enérgica, dura, mas necessária (13.25).
O jugo desigual, o oposto da
harmonia (II Co 6.14), se aplica a todos os tipos de uniões com descrentes e
até mesmo entre crentes. Ensinamentos diferentes, pensamentos antagônicos,
diferenciação doutrinária, gosto por um trabalho em detrimento a outro ou até
mesmo oposição, podem ser visto também em um casal que professa a mesma fé.
A igreja é advertida quanto ao
perigo do jugo desigual (I Co 7.39; II Co 6.14), pois estas uniões são
problemáticas, causam dores e tendem ao fracasso de ambos os lados. Os que já
estão unidos a descrentes, nesta situação, devem se portar com sabedoria,
respeitando o seu cônjuge (I Co 7.12-16). Um dos grandes problemas reside
justamente na criação dos filhos, que caminho tomar? O do pai ou o da mãe?
a) As consequências
do jugo desigual:
Muitos
ignoram as recomendações e se misturam a outros que não professam a mesma fé.
Nestes casos a perda de identidade e referências espirituais são inevitáveis e
alcançam os filhos que preferem, justamente, o estilo de vida e cultura do lado
que ainda não foi regenerado pela Palavra de Deus.
Que
decisão tomar diante desta situação: a separação como propôs Neemias? Hoje a
igreja não está mais sob o jugo pesado da Lei (Rm 6.14). Somos aconselhados a
agirmos com sabedoria (I Co 7.16). Em relação aos solteiros, estes devem buscar
orientação na Palavra para fugirem do jugo desigual (I Co 7.39).
b)
Recomendação bíblica:
A
exemplo de Neemias, devemos agir conforme a vontade de Deus. As consequências
do erro, provocado pelo primeiro passo fora da direção, serão inevitáveis.
Uma boa reflexão, uma análise equilibrada da vida e conduta
do futuro cônjuge é o mínimo que pode ser feito, já que o máximo seria a total
observância das advertências contidas na Palavra. A
recomendação maior é para que evitemos os jugo desigual.
c) A luta de Israel para manter sua pureza:
A
questão da proibição do casamento misto não era motivada apenas por conflitos
raciais. A preocupação era simplesmente doutrinária. Se Israel permanecesse
nesta prática, certamente afetaria a sua relação com Deus, portanto esta
proibição servia para manter a pureza e para protegê-los das consequências
certas e inevitáveis, tais como a idolatria, perda de identidade nacionalista e
religiosa, perversão espiritual, além da adoção de práticas pagãs. Foram
avisados desde a saída do Egito e durante a caminhada Moisés veio reforçando
este mandamento.
Até mesmo a mistura entre as tribos poderia causar algum
desconforto entre eles, principalmente em relação as heranças (Nm 36.6). Se
entre eles haveria problema imaginem a mistura com outros povos?
Se já estava difícil manter a pureza, com 50% judaico e o
restante asdoditas, moabitas e amonitas, imaginem quando os filhos destas
misturas crescessem e se remisturassem tornando 100% estrangeiros? Não
existiria mais Israel?
d) A
constatação do erro:
A ordem de Deus, quando entrassem em Canaã, era para
destruírem aquelas nações, não por maldade, mas para preservação da identidade
religiosa e nacionalista e para proteção contra a idolatria e costumes pagãos
que seriam prejudiciais a Israel.
O
retorno, a reconstrução, o avivamento, o arrependimento, o concerto coletivo e
toda alegria daqueles dias não foram suficientes para impedirem uma antiga e
ilícita prática entre os judeus. Eles prometeram que não entregariam suas
filhas e tampouco tomariam esposas dentre aqueles povos (10.29-30), mas erraram, inclusive aqueles que deveriam ser o
exemplo, a linhagem sacerdotal (13.28). Estavam prestes a cometerem o mesmo
erro do rei Salomão.
O caso deste rei era um bom exemplo a ser citado para
despertar o povo (13.26). A forte influência exercida por suas inúmeras
mulheres estrangeiras foi tamanha e trouxeram graves consequências (I Rs 11.1-8).
Ele chegou a seguir Astarote, deusa dos sidônios, a Milcom, abominação dos amonitas e
a Moloque. Enfim, sabedoria sem obediência é morta.
Porque
os judeus se fascinavam tanto com mulheres estrangeiras? Quando Neemias
constatou o erro e apresentou a solução, rapidamente eles aceitaram e as
despediram. Acabou então o fascínio? Cortaram laços familiares para que fossem
novamente abençoados por Deus. Ou por acaso, estas mulheres, se rendiam aos
costumes e tradições judaicas? A união com estrangeiro era proibida pela lei
(Ex 34.12-16; Dt 7.3; Ed 9.12,14), mas se o estrangeiro se convertesse a Deus,
ela então se tornaria lícita. Um bom exemplo foi Rute, a moabita, que casou com
Boaz e foi relacionada na genealogia de Jesus. Ela foi a mãe do avô do rei Davi
(Rt 4.13-22).
4. COMENTÁRIOS
ADICIONAIS:
- Todos deveriam guardar o
sábado, o cidadão israelita, filhos, servas, empregados, animais e
estrangeiros;
- No Egito Deus não cobrou a
guarda do sábado de Israel, pois seria muita injustiça. Certamente o Egito não permitira.
Não guardavam o sábado na liberdade, imaginem na opressão, por isto que
conheceram somente depois da passagem do Mar Vermelho;
- A comitiva de boas vindas
estava enfileirada desde a via Maris até a as terras de Edom, cercando toda a
Terra Prometida, filisteus (com espadas afiadas e polidas), os amalequitas, os
edomitas (que não deixaram passar pelas terras e disseram: “Israel, se você der
o primeiro passo, declararemos guerra), acima os moabitas e os amonitas
(guardiões da porta que havia no rio Jordão que dava acesso a Terra Prometida),
era com estes povos que Israel estava se misturando através dos casamentos
mistos;
- Será que o inimigo de nossas
almas dá trégua enquanto estamos em oração, consagração? Ou perturba em
qualquer momento. Será que Israel tinha sossego enquanto guardava o sábado? Sim;
- Todo o por do sol, as sextas
feiras, era sinal da fidelidade de Deus. Era como se eles ouvissem a voz de
Deus dizendo: “Eu ainda sou fiel a vocês”;
- Os judeus criavam brechas para
burlarem a Lei? Eles não suportavam ficar parados sem fazer nada, alias quem
consegue?
- Se a Lei fosse uma exigência ou
condição para salvação não deveria ser guardada em seu todo? Para guardar a
parte moral e civil não teríamos muitas dificuldades, mas quando voltássemos
para a parte cerimonial ai encontraremos certamente os problemas apareceriam.
Hierarquia sacerdotal, deveres, vestes, local sagrado, ritos e todo aquele
aparato;
- Quem teria coragem e ânimo para
vender algo em Jerusalém na miséria e desprezo. Não tinham ferreiros sequer
para fazer enxadas para manterem suas “hortinhas”;
- Na miséria e desprezo será que
as moabitas e amonitas fizeram filas para se casarem com os judeuzinhos
bonitinhos e cheios de vida?
- Quem estava em Jerusalém via
toda aquela manifestação, alegria e renovo como uma prosperidade espiritual,
mas quem estava fora via somente a prosperidade material;
- Neemias disse somente uma vez:
“Nunca mais voltem aqui no sábado” (Ne 13.21). Ficaram com medo dele. O pastor
desta congregação é muito bravo, não volto mais aqui;
- Quanto oportunismo dos
mercadores: cortavam voltas com suas riquíssimas comitivas enquanto a cidade
estava na miséria e pobreza. Agora estavam todos ouriçados (Ne 12.43). Agora
paravam, porque teriam condições de cobrirem suas cotas;
- O povo já era reduzido,
morreram os de 20 anos para cima, os idólatras, os que não guardavam o sábado,
os que davam-se em casamento mistos, então sobraram poucos? Sim;
- É fácil guardar a lei na sua
totalidade: basta construir um altar, um lugar santinho no fundo de seu
quintal, criar um rebanho de ovelhas e bois, para os sacrifícios contínuos,
aves para os pobres, novilhos, mas tomem cuidado com os vizinhos, imaginem o
cheiro correndo pela vizinhança. Tenho certeza que admirariam a festança,
churrasco um atrás do outro. Também estranhariam as vestes sacerdotais, o choro
do povo, uma vez por ano, no temido e terrível dia da expiação. E para aqueles
que possuem terras, cuidado na observância da lei da rebusca (se cair no chão,
durante a colheita, não será do dono, mas do pobre) e atentem para o
necessitado que invadir sua propriedade e colher com as mãos (não pode ser com
foice Dt 23.25), mas se for para matar a fome poderá. Acho que não mencionei
nem 0,1% da lei;
- Neemias
não estava apresentando para Israel nenhum mandamento novo. Apenas estava
relembrando o que estava escrito na Lei;
- Ele apenas contendeu, arrancou os cabelos e espancou alguns,
não poderiam reclamar disto, pior seria se Neemias tivesse agido como Moisés, que
ordenou a morte aos idólatras (Nm 25.4, Nm 25.7-8);
- Declaração da conversão de estrangeiro: “o teu povo é o meu
povo e o teu Deus é o meu Deus”. Quem atestava esta conversão? Sacerdote, sumo
sacerdote ou o próprio Jeová?
- Um pouquinho só de cananeus era necessário para levedar toda
a massa de judeus;
- Quem disse que somente noticia ruim corre rápido: Israel ainda
estava atravessando o mar Vermelho, estava na metade e reclamando da poeira, e
os edomitas, amalequitas, moabitas, amonitas e principalmente os habitantes de
Canaã já sabiam da aproximação do povo;
- A luta de Israel não era contra o sangue e carne, mas sim
contra a beleza das amonitas e moabitas;
- A guerra de Israel era somente com os habitantes de Canaã
(Dt 7.1), o restante (moabitas, amonitas, edomitas, filisteus, edomitas e
outros) não precisavam se preocupar. Se fosse preciso desviariam o caminho para
não arrumarem confusão (Nm 20.21);
- Como os estrangeiros tinham forças para tirar um judeu do
verdadeiro culto e estes não tinham forças para trazer aqueles para a sua
congregação? Sombra de coisas futuras?
- Segundo Êxodo? Sair de Israel para entrar no mundo do vizinho?
- Nada foi vedado a José: livre
trânsito na casa, autoridade sobre outros servos. José não foi impedido de
conhecer parte da vida de seu senhor e seus negócios. Mesmo não sendo lembrado,
ele sabia que não poderia tocar na esposa de seu senhor.
- Se Salomão resgatasse somente um pouco de sua história
compreenderia os malefícios do casamento misto? Sua mãe havia casado com o
heteu Urias, que foi morto por ordem de Davi. A criança, fruto da relação,
morreu. O pai já havia sofrido com esta questão e ele não percebeu;
- A missão de Israel quando chegasse em Canaã era eliminar os
habitantes, jamais deveriam se misturar a eles;
- Será que as moabitas e amonitas eram pagas para se casarem
com judeus? Ou realmente também se fascinavam com a beleza dos homens hebreus?
Não tinha homens nas terras de moabe e amom para elas? Da mesma forma, não
havia mulheres para os judeus?
- Eles deveriam dar graças a Deus por Neemias não reunir os
levitas e dar fim em meio mundo judaico da época. Caso tivesse ocorrido haveria
um desfecho não muito agradável (Nm 25.7-9);
- Neemias demonstrou autoridade quando reuniu os judeus para
trabalharem, reconstruírem, festejarem e para leitura da Lei, cortejos e quando
também ordenou que despedissem suas mulheres estrangeiras;
- As mães estrangeiras influenciavam mais que os pais judeus?
Inversão de valores judaicos? O negócio já começava errado e não percebiam?
- Nos casos de casamentos mistos todos da família vão para o joelho,
exceto a própria pessoa, Esdras que nos diga isto.
Por: Ailton da Silva - 5 anos (Ide por todo mundo)