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quarta-feira, 30 de novembro de 2016
Pré-aula_Lição 10: Adorando a Deus em meio à calamidade (sem edição)
Por: Ailton da Silva - 7 anos (Ide por todo mundo)
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Relembrando - para lição 9
PROPOSTA
•
Milagre: pouco/muito; escassez/abundância;
vazio/cheio;
•
Benção: resposta divina às necessidade humana;
•
Milagres antecedidos por clamores;
•
A viúva quase esqueceu o que possuía;
•
Feche a porta e veja o milagre. Não compartilhe;
•
Instrumentos humanos: portas-vozes de milagres;
•
Palavra de Deus: agente causador de milagres;
•
Objetivo dos milagres: fim do sofrimento humano;
•
Os milagres direcionam nossa atenção para Deus.
INTRODUÇÃO
A multiplicação do
azeite na casa da viúva (2 Rs 4.1-7), é uma das mais surpreendentes passagens
bíblicas, pois o pouco tornou-se muito, o escasso se converteu em abundância e
o vazio ficou cheio. Neste episódio vemos a graça de Deus alcançando os
corações desesperados, uma “revelação do amor, da
compaixão e do cuidado de Deus por uma pobre viúva de um profeta e seus dois
filhos”. Um milagre, que alterou a “natureza criada por Deus, feita pelo
próprio Deus e para glória de Deus”, ocorreu em decorrência da bondade de Deus
e em resposta a uma fé obediente.
Os milagres possuem
um caráter confirmador da Palavra, do amor e poder de Deus (Mc 16.20), mas ele
não é a peça principal, é apenas um coadjuvante, haja vista vir em segundo
plano, sempre após a Palavra, para confirmá-la. Caso isto não ocorra, os
milagres ou operações serão de origem maligna ou frutos da mente humana (2 Ts
2.8).
Eliseu, o sucessor
de Elias, não assumiu sua posição de uma hora para outra, pelo contrário, foi
preparado. Ele foi o profeta que mais fez milagre no Antigo Testamento, depois
de Moisés, exatamente o dobro de Elias. Naquela oportunidade ele foi o
instrumento pelo qual Deus socorreu a viúva do profeta temente. Havia um
milagre na casa da viúva (cf 1 Co 6.19) e dependeria somente dela e de seus
dois filhos para que fosse concretizado. Deus operou muitos milagres através da
instrumentalidade de Elias e Eliseu, justamente para que o povo entendesse que
ainda existia um Deus em Israel e que Ele estava bem presente.
Aquela viúva (2 Rs
4.1-7) se viu em uma situação desesperadora, sem solução, por isto se
apresentou a Eliseu a fim de receber algum conforto ou orientação. Sobre isto o
professor Luciano de Paula Lourenço escreveu:
“[...] Achando-se incapaz de saldar a dívida, enfrentou a possibilidade do
credor tomar seus dois filhos para um período de escravidão. O texto em
Levítico 25:39-42 determina que se o devedor não pudesse pagar a sua dívida,
ele era obrigado a servir ao credor como escravo até o ano do jubileu. Deus,
porém, interveio e concedeu-lhe a provisão suficiente para atender a
necessidade urgente dela e de seus dois filhos. De acordo com o historiador
Flavo Josefo, “a viúva desta história era a esposa de Obadias, o mordomo de
Acabe em 1Reis 18. O motivo de a família estar endividada era que Obadias havia
sustentado os 100 profetas do Senhor que ele escondera de Acabe e Jezabel.”
a) A dívida do
marido:
Conforme relata
Flávio Josefo, o marido da viúva, Obadias (1 Rs 18.4, 13), contraiu aquela
dívida, justamente em virtude do socorro prestados aos profetas perseguidos por
Jezabel, uma causa nobre. Aquela dívida não fora resultado de ganância,
egoísmo, materialismo ou exagero da parte dele, tampouco o da viúva, haja vista
que elas não tinham credito ou por não receberem confiança da sociedade
judaica, certamente não teria como contrair tamanha divida, após o falecimento
do marido.
A pobre viúva não
conseguiu saldar a divida, motivo pelo qual seus filhos seriam levado como
pagamento, já que a Lei mosaica permitia a escravização de um judeu, que não
conseguisse saldar suas dívidas, mas por apenas seis anos (Ex. 21.7; Lv. 25.39;
Ne. 5.5; Is. 50.1; Jr. 34.8-11).
I. A MOTIVAÇÃO DO
MILAGRE
As bênçãos de Deus
vêm em resposta a uma necessidade humana. O milagre ocorrido na casa da viúva
de um dos discípulos dos profetas confirma esse fato (2 Rs 4.1-7). Aquela
mulher perdera primeiramente o marido e agora estava na iminência de ver seus
dois filhos serem levados pelos credores, caso não quitasse a dívida e para
ajudar, a sua condição perante a sociedade judaica não permitia criar
expectativas.
O credor não estava
fazendo nada de anormal, imoral ou desumano, haja vista sua ação estar
respaldada na Lei Mosaica (Ex. 21.7; Lv. 25.39; Ne. 5.5; Is. 50.1; Jr.
34.8-11). Um credor poderia obrigar um devedor a saldar a sua dívida através do
trabalho servil ou escravo (2 Rs 4.1b).
Essa mulher,
portanto, necessitava urgentemente que algo fosse feito para tirá-la daquela
situação. Sabedora que o profeta Eliseu era um homem de Deus, recorreu a ele
(v.1). Ela buscou algo além da Lei e deu
de cara com a misericórdia de Deus. A Escritura mostra que o Senhor socorre o
necessitado (Sl 40.17; 69.33; Is 25.4; Jr 20.13), batendo de frente contra as
tradições, costumes e injustiças. Sobre isto o professor Luciano de Paula
Lourenço escreveu:
“Eliseu era compromissado com Deus, não com as tradições, por isso não
se calou frente à injustiça, nem se deixou moldar pela teologia deturpada
daqueles dias. Em seu ministério, mais do que no de qualquer outro profeta, a
mulher foi valorizada e seus direitos respeitados. [...] (Tg 1:27). Foi naquele
difícil contexto que a esposa de um seminarista ficou viúva. Como herança, o
aprendiz de profeta deixou-lhe dois filhos para criar e uma dívida para saldar.
Não havia pensão, não havia seguro de vida e não havia ninguém por ela. Por
isso, não tardou surgirem os “abutres do lucro fácil”, ávidos por confiscar-lhe
os filhos. Não tendo a quem mais recorrer, a pobre viúva apelou ao profeta
Eliseu, apesar de saber que este também não possuía recursos financeiros.
Confiava que ele encontraria em Deus uma saída para a crise. Ela sabia que o
profeta Eliseu era um homem de Deus, por isso recorreu a ele (2Rs 4:1).
O milagre ocorrido
na casa da viúva aconteceu como resposta a uma carência humana, mas também
graças à compaixão divina. Não foi somente por ser pobre ou pela sua situação
que ela foi socorrida, ou tampouco por ter sido esposa de um dos discípulos dos
profetas (2 Rs 4.1), mas sim porque ela clamou (do hebraico tsa aq, clamar por
ajuda, chorar em voz alta) ao profeta Eliseu (2 Rs 4.1), sensibilizando-o. Deus
se compadeceu daquela mulher sofredora. O Senhor é compassivo, misericordioso e
longânimo (Êx 34.6; 2 Cr 30.9; Sl 116.5).
II. A DINÂMICA DO MILAGRE
1. UM POUCO DE
AZEITE.
Diante do clamor da
viúva, o profeta Eliseu perguntou-lhe: “Que te hei de eu fazer? Declara-me que
é o que tens em casa. E
ela disse: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite” (2 Rs
4.2).
Eliseu não sabia o
que fazer, de início, mas como fora discipulado por Elias, logicamente percebeu
que aquela situação era parte integrante de um possível milagre, tal como
aconteceu com a viúva de Sarepta, que estava em situação pior que aquela (1 Rs
17.9-12). Quando ela disse que ainda tinha uma pequena botija de azeite, tal
com a de Sarepta, que tinha somente um punhado de farinha e um pouco de azeite
(1 Rs 17.12), rapidamente a ordenou que fosse e tomasse vasos emprestados dos
vizinhos, muitos, e que depois entrasse em sua casa, juntamente com os filhos e
fechasse a porta. Pronto, o milagre estava a caminho. A chave da vitória
daquela mulher não foi no recebimento das bênçãos, mas sim na sua atitude após
o recebimento, pois ela novamente se apresentou ao profeta e pediu orientações.
Ela ouviu: “vá, vende, pague a dívida e viva do resto”.
O milagre aconteceu
na esfera familiar, já que os seus filhos também creram na palavra do profeta.
A benção saiu do interior de sua casa, não veio de longe ou das mãos de
terceiro. A multiplicação do pouco caracteriza milagre na vida do homem. Sempre
tem que existir o pouco para que o muito fique evidente após a ação de Deus.
“Do nada para o muito, somente foi visto no momento da criação, quando Deus
ordenou que existissem”. O ponto de partida do milagre para as nossas vidas
sempre é o pouco que temos, mesmo que seja como aquela mulher, que de tão pouco
que possuía, não se lembrava.
2. UMA FÉ
OBEDIENTE.
As orientações do
profeta Eliseu foram muitas claras e audíveis, não teria como aquela mulher
questionar ou cumprir somente a metade na esperança de resultado.
A solução para o
problema da viúva estava nas próprias mãos dela, bastava seguir à risca as
ordens reveladoras do profeta (2 Rs 4.3-5), tal como Eliseu faria mais tarde
com o leproso Naamã, chefe do exercito sírio, o qual também recebeu do profeta
ordens que no início pareciam estranhas e desnecessárias, mas vinham do próprio
trono do Altíssimo (2 Rs 5.10):
a) Em primeiro
lugar, Eliseu chamou a mulher à ação: “Vai, pede para ti vasos emprestados”. A
fé é demonstrada pela ação (Tg 2.17), tal como demonstrado pelos amigos do
paralítico de Cafarnaum que os conduziram a presença de Jesus (Mc 2.1-12). Ela
poderia ter resistido a esta ordem, haja vista que já era do conhecimento de
seus vizinhos a sua situação precária. Seria possível que alguns deles se
recusassem a emprestar-lhe os vasos, pois ela poderia pegá-los e vendê-los. “A
ocasião poderia fazer uma ladra”.
b) Em segundo
lugar, o milagre deveria acontecer de portas fechadas: “Fecha a porta”, disse o
profeta. Outro ponto que ela poderia questionar, pois até então a sua vida fora
um livro aberto. Todos sabiam de seu sofrimento e viam a sua precariedade,
porque então no momento da vitória, no momento em que a sua tristeza seria
transformada em alegria, deveria ser às portas fechadas? Porque aqueles que a
apontaram, riram, zombaram não poderiam então contemplar Deus trabalhando em
sua vida? Os curiosos ou os mais próximos devem ter ficado em frente esperando
o resultado. De repente surge a mulher com um semblante diferente, jovial,
alegre, com voz trêmula, e ao lado os seus filhos, que não se contiveram e
saíram correndo. A notícia se espalhou rapidamente. Jeová é Deus, Jeová é Deus.
Porta fechada (cf
Mt 6.6) é antônimo de publicidade desenfreada. Jesus nunca precisou disto, Ele
“não fez propaganda de suas curas com o intuito de criar uma reputação
sensacionalista, nem como pretexto para arrecadar dinheiro”, pelo contrário,
pois em alguns casos, os que recebiam as curas foram orientados a não contarem
para ninguém (Mt 8.1-4, 9.27-31), bem diferente dos homens, que buscam a
notoriedade, gosta de aparecer e vangloriar-se. Deixam a porta aberta para
serem vistos!
A mulher obedeceu
ao profeta, e o azeite começou a fluir. E, assim, salvou seus filhos da
escravidão, pagou as dívidas e viveu dignamente.
III. OS
INSTRUMENTOS DO MILAGRE
1. O INSTRUMENTO
HUMANO.
Eliseu foi um
grande homem de Deus (2 Rs 4.7, 9, 16; 6.9), um instrumento para operação dos
milagres. Deus sempre usou homens valorosos, corajosos, que não mediram
esforços durante a execução de seu plano. Sobre isto o professor Francisco de
Assis Barbosa escreveu:
“Na galeria dos varões
valorosos de Deus não há lugar para covardes, tímidos, omissos, nem
acomodados! De pronto o Senhor mandou Gideão dispensar os medrosos
da luta (v. 3). Em Deuteronômio 20, temos instruções do Senhor para
seu povo em guerra. Eis as palavras que o sacerdote deveria dizer ao
povo [...] (vs. 3 e 4). Deus ainda instruiu os oficiais a falarem ao
povo [...] (V. 8). Observe os exemplos de confiança no poder do
Senhor e coragem para lutar em Davi (I Sm 17:24 e 42-44) e Jônatas (I Sm 14:6 e
14). Em Levítico 26, nós aprendemos que o medo é conseqüência de desobediência
ao Senhor! No verso 12, Deus promete: Andarei no meio de vós, e
serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo. Entretanto, o Senhor
avisa das conseqüências de o seu povo não obedecer a seus mandamentos [...]
(vs. 36 e 37). O homem de Deus é um soldado corajoso porque o Espírito que está
nele não é o espírito de covardia. Em II Tm 1:6-8, o apóstolo
Paulo afirma que Deus nos deu o Espírito: de poder, de amor e de
moderação. Isto é suficiente para nos capacitar a testemunhar de
nosso Senhor corajosamente e a enfrentar toda e qualquer adversidade. [...] Em
1Tm 6.11, o apóstolo Paulo usa a expressão – “HOMEM DE DEUS” - dirigindo-se a
um jovem chamado Timóteo. Timóteo talvez estivesse passando por muitas pressões
e possivelmente era um jovem com muitas fragilidades, mas certamente elas não
podiam impedir que ele fosse esse Homem de Deus. Paulo via a Timóteo como um
Homem de Deus”
Deus usou Abraão,
para formar a uma nação (Gn 12) e para através dela revelar seu plano de
salvação à humanidade. Usou Moisés para tirar os israelitas do Egito (Êx
4.1-17). Paulo foi escolhido para levar a mensagem do Evangelho aos gentios e
nobres (At 9.15), tal como Pedro (At 10 — 11) e Jesus, encarnado, glorificado
foi o instrumento maior que nos proporciona a salvação (Jo 1.1,18; Fp 2.1-11).
No episódio da
viúva, Deus usou muitos de seus vizinhos como instrumentos e alguns sequer
perceberam. Eles confiaram nas palavras da viúva e de seus filhos e emprestaram
seus vasos.
2. O INSTRUMENTO DIVINO.
Quando uma grande
fome assolava Samaria, o profeta Eliseu profetizou abundância de alimentos (2
Rs 7.1), algo pouco provável para a época, a ponto de o capitão, em cujo braço
o rei se apoiava, dizer ironizado que seria impossível que aquilo se cumprisse,
mesmo que janelas fossem abertas no céu (2 Rs 7.2), mas a profecia cumpriu-se
exatamente como Eliseu havia predito (2 Rs 7.16-20).
Este fato ocorrido
em Samaria, tanto quanto o caso daquela viúva, colocam a Palavra do Senhor como
agente causador do milagre e este por sua vez é colocado como agente
confirmador. Tudo aconteceu “segundo a palavra do Senhor” (2 Rs 7.16). O que o
Senhor faz, Ele o faz através de sua Palavra.
IV. O OBJETIVO DO
MILAGRE
1. UMA RESPOSTA AO
SOFRIMENTO.
Todos os milagres
realizados por Eliseu deixam bem claro que eles ocorreram em resposta a uma
necessidade humana e também ao sofrimento (2 Rs 4.1-38; 5.1-19; 6.1-7), prova
de que Deus nos assiste em nossas limitações e dificuldades. O Novo Testamento
mostra-nos que o Senhor Jesus libertava e curava porque se compadecia do
sofrimento humano (Lc 13.10-17; Mc 1.40-45).
2. GLORIFICAR A
DEUS.
Os milagres,
portanto, são respostas de Deus ao sofrimento humano, todavia, eles não se
centralizam no homem, mas sim, em
Deus. Os milagres narrados nas Escrituras objetivam a glória
de Deus. Em nenhum momento, encontramos os profetas buscando chamar a atenção
para si através dos milagres que realizavam nem tirarem proveitos deles,
promovendo espetáculos. Quem tentou fazer isso e beneficiar-se de forma
indevida foi Geazi, o servo de Eliseu. Entretanto, quando assim procedeu foi
severamente punido (2 Rs 5.20-27).
CONCLUSÃO
O milagre da
multiplicação do azeite é um testemunho do poder de Deus, que se compadece dos
sofredores que o buscam de todo o coração. O foco, portanto, dessa bela
história não é a viúva nem tampouco o profeta Eliseu, mas o Senhor que através
da instrumentalidade do seu servo abençoa essa pobre mulher. A história faz-nos
lembrar um outro feito extraordinário e muito mais relevante do que esse: a
multiplicação dos peixes e pães por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ele
foi, é e sempre será a resposta a todo sofrimento humano.
Por: Ailton da Silva - 7 anos (Ide por todo mundo)
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
1º Trimestre 2017 - Lições Bíblicas
1º trimestre de
2017
As Obras da Carne e
o Fruto do Espírito. Como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual
travada diariamente.
Comentarista: Pr.
Osiel Gomes
Lição 1 - As Obras
da Carne e o Fruto do Espírito
Lição 2 - O
Propósito do Fruto do Espírito
Lição 3 - O Perigo
das Obras da Carne
Lição 4 - Alegria,
Fruto do Espírito; Inveja, Hábito da Velha Natureza
Lição 5 - Paz de
Deus: Antídoto contra as Inimizades;
Lição 6 -
Paciência: Evitando as Dissensões
Lição 7 -
Benignidade: um Escudo Protetor contra as Porfias
Lição 8 - A Bondade
que Confere Vida
Lição 9 -
Fidelidade, Firmes na Fé
Lição 10 -
Mansidão: Torna o Crente Apto para Evitar Pelejas
Lição 11 - Vivendo
de Forma Moderada
Lição 12 - Quem Ama
Cumpre plenamente a Lei Divina
Lição 13 - Uma Vida
de Frutificaçãofonte: http://sub-ebd.blogspot.com.br/2016/10/licoes-biblicas-do-1-trimestre-de-2017.html
Por: Ailton da Silva - 7 anos (Ide por todo mundo)
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
Viuvez - conceito e algumas observações - material utilizado no 3º trimestre de 2012
- É o estado social e psicológico de um dos cônjuges quando da morte do outro, que não contrai novas núpcias;
- É uma situação esperada, mas não planejada. “Uma transição de identidade”, pela qual os viúvos passam a desempenhar um novo papel na sociedade aderindo a novos grupos de relações. Surgem novos atores sociais;
- Desde os primórdios é um assunto de interesse público, por vezes não percebido, mas era uma preocupação constante, pois o socorro era imprescindível;
- A solidão, provocada pela perda, é um dos pontos críticos desse estado, que pode comprometer a vida da viúva ou do viúvo com a depressão, tristeza e medo do futuro;
- Outro fator que comprometia a família era a condição de pobreza que fatalmente atingia a família das viúvas, pois tais eram negligenciadas, ignoradas e esquecidas;
- A lei Mosaica previa o atendimento a estes casos (Ex 22.22-24; Dt 14.28-29) e a outros especificamente;
- As viúvas tinham duas opções: o direito de retornarem à casa do pai (socorro de Deus) ou poderiam permanecer na casa dos sogros (Gn 38.11; Rt 1.16). Como segunda opção poderiam se sujeitar à lei do levirato (Dt 25.5-9), pela qual um irmão ou parente próximo do falecido a desposaria para dar continuidade ao nome do extinto. Nestes casos o filho desta nova relação matrimonial era considerado filho do marido anterior, para que a família continuasse unida e para que não tivessem problemas com a partilha;
- A lei impedia o casamento de sacerdotes e sumo sacerdotes com viúvas (Lv 21.14);
- As viúvas de reis, em muitos casos, permaneciam em seu estado de viuvez, pois contrair casamento com elas era o mesmo que “reivindicar o reino” (I Rs 2.23, cfe I Rs 1.1-4), segundo o entendimento do rei Salomão.
Por: Ailton da Silva - 7 anos (Ide por todo mundo)
Aflições da viuvez - material utilizado no 3º trimestre 2012
Encontramos
na Bíblia Sagrada diversos exemplos de superação da viuvez, entre os quais
citamos:
a) Profetisa Ana:
SOFRIMENTO:
Viveu apenas sete anos com o seu marido, antes da viuvez;
DECISÃO:
não se afastou do Templo (Lc 2.36-37). Serviu ao Senhor dia e noite, mesmo com
sua idade avançada. Ela e Simeão tiveram o privilegio de verem de perto o Messias;
VOCÊ, NO LUGAR DELA: O que
faria? Questionaria a Deus, pela sua soberana decisão (recolhimento). Se
isolaria ou se furtaria aos deveres espirituais e materiais?
b) A viúva de Naim:
SOFRIMENTO:
Perdeu o seu único filho (Lc 7.11-17), sua única fonte de sustento até então.
Estaria fadada a pobreza e ao desprezo;
DECISÃO:
Confiou na palavra de Jesus, “não chores”;
VOCÊ, NO LUGAR DELA: O que
faria? Questionaria a Deus, pela sua soberana decisão (recolhimento).
Continuaria no lamento pela condição de extrema necessidade que se aproximava?
c) A viúva pobre:
SOFRIMENTO:
Mulher com poucas posses, possivelmente vitima do desprezo judeu e fatalmente
enfrentava necessidades, pois isto foi atestado por Jesus, quando Ele disse:
“... mas esta, da sua pobreza, deitou todo o sustento que tinha”;
DECISÃO:
Mesmo diante de sua condição ofertou no Templo;
VOCÊ, NO LUGAR DELA: O que
faria? Questionaria a Deus, pela sua soberana decisão (recolhimento). Reteria
parte da oferta devido ao temor pelas suas condições? Ou exercitaria a fé,
assim como esta viúva?
d) A viúva de Sarepta, a gentia (... vive o Senhor, TEU Deus) que
não era o mesmo dela:
SOFRIMENTO:
Estava ajuntando lenha para a última refeição sua e de seu filho. Somente tinha
os ingredientes para o bolo, a farinha e o azeite. Faltava apenas um motivo
maior, sustentar o profeta;
DECISÃO: Foi escolhida, por Deus, para servir Elias por um tempo
determinado (Lc 4.25,26). Ela acolheu o profeta que estava ameaçado pelo Rei
Acabe (I Rs 17.1). Mesmo não conhecendo Deus, pois sua fala a denunciou: “vive
o Senhor, TEU Deus”, resolveu atender ao pedido do faminto e cansado Elias.
Enquanto uma gentia sustentava o homem de Deus os judeus estavam ocupados
demais adorando Baal, o deus de Jezabel;
VOCÊ, NO LUGAR DELA: O que faría? Daría a alguém o seu
“último” bocado (I Rs 17.12)? Acreditaria na “escolha” de Deus?
e) Rute (a moabita) e Noemi:
SOFRIMENTO:
perdas, filhos e maridos (Noemi). Marido, cunhado e sogro (Rute). Voltaram
pobres (cfe 1.21);
DECISÃO:
Noemi decidiu pelo retorno à Judá e acolheu sua nora (Rute) após sua conversão
(1.16). Rute decidiu aceitar “Jeová como Salvador” de sua vida. Mesmo sabendo
que enfrentaria obstáculos e rejeição dos judeus permaneceu ao lado de sua
sogra;
VOCÊ,
NO LUGAR DELA: O que faria? Ficaria nas terras de Moabe, com vergonha da
situação financeira (1.21)? Ou mudaria de vida, crença e enfrentaria os
obstáculos e rejeição, assim como fez Rute?
f) Abraão:
SOFRIMENTO:
perda de sua esposa Sara (Gn 23.2);
DECISÃO:
Mesmo diante da dor, lembrou-se de Isaque, sabia que tinha que dar continuidade
à sua semente, por isto ordenou a seu servo que fosse buscar uma esposa para o
filho (Gn 24.4);
VOCÊ NO
LUGAR DELE: O que faria? Ficaria lamentando a perda e esqueceria da linhagem,
do seu futuro? Ou aproveitaria a viagem do servo e pediria duas esposas, uma
para o filho e outra para você? Ele ainda era viúvo.
g) Ló:
SOFRIMENTO:
perda de sua esposa irresponsável (Gn 19.26);
DECISÃO:
Continuou a jornada com as filhas, não ficou esperando a restauração da mulher
(Gn 19.30), um grande “milagre”;
VOCÊ,
NO LUGAR DELE: O que faria? Ficaria lamentando diante da estátua de sal? A
mulher que atrapalhou sua jornada.
Por: Ailton da Silva - 7 anos (Ide por todo mundo)
Relembrando a história de Rute segundo Josefo
CAPÍTULO 11
HISTÓRIA DE RUTE, MULHER DE BOAZ, BISAVÔ DE DAVI.
Depois da morte de Sansão, Eli, sumo sacerdote, governou o povo de Israel. Houve no seu tempo uma grande carestia. Abimeleque, que morava na cidade de Belém, na tribo de Judá, não a podendo suportar, foi com a mulher, Noemi, e seus dois filhos, Quiliom e Malom, para o país dos moabitas. Ali tudo correu perfeitamente bem, e ele casou o mais velho dos filhos com uma jovem de nome Orfa e o mais moço com outra, de nome Rute.
Dez anos depois, pai e filhos morreram, e Noemi, cheia de aflição, resolveu voltar para o seu país, que então estava em situação melhor que a de quando ela o havia deixado.
As noras quiseram segui-la, porém, como as amasse demais para tolerar que sofressem a mesma infelicidade, rogou-lhes que ficassem, pedindo a Deus que as fizesse mais felizes no segundo matrimônio, pois não o haviam sido no primeiro. Orfa consentiu naquele desejo, mas a extrema afeição que Rute devotava à sogra não lhe permitiu abandoná-la e desejou ser sua companheira também na adversidade. Assim, chegaram ambas a Belém, onde veremos em seguida que Boaz, primo de Abimeleque, as recebeu com grande bondade.
Noemi dizia aos que a chamavam por esse nome: "Deveríeis antes chamar-me Mara" — que significa "dor" — "e não Noemi" — que quer dizer "felicidade".
Rute 2. Chegou o tempo da ceifa, e Rute, a fim de obter alimento, foi respigar, com licença da sogra. Entrou por acaso no campo que pertencia a Boaz. Ele che¬gou pouco depois e perguntou ao administrador quem era aquela moça. Ele o informou de tudo o que sabia, dito por ela mesma. Boaz louvou muito o afeto que ela nutria pela sogra e pela memória do marido e desejou-lhe toda sorte de felicidade. Disse ao administrador que permitisse a ela não somente respigar, mas levar o que desejasse, e que lhe dessem ainda de beber e de comer, como aos ceifadores.
Rute guardou um caldo para a sogra, que levou para ela à tarde, com o que havia recolhido. Noemi, por seu lado, guardara para Rute parte do que os vizinhos lhe haviam dado para o jantar. Rute contou-lhe o que se havia passado, e Noemi disse-lhe que Boaz era um parente e homem de bem, tanto que esperava que ele tomasse cuidado dela, Rute, que em seguida voltou a respigar no campo dele.
Rute 3. Dias depois, quando toda a cevada já estava batida, Boaz veio à sua propriedade e deitou-se na eira. Quando Noemi o soube, julgou vantajoso que Rute se prostrasse aos pés dele para dormir e disse-lhe para fazer o que pudesse para consegui-lo. Rute não ousou desobedecê-la e assim, mansamente, esguei-rou-se até os pés de Boaz. Ele não a percebeu no momento, porque estava muito adormecido, porém ao acordar, pela meia-noite, percebeu que alguém estava deitado junto dele e perguntou quem era. Ela respondeu: "Sou Rute, vossa serva, e rogo-vos que consintais que eu repouse aqui".
Nada mais ele perguntou e deixou-a dormir, mas a despertou bem cedo, antes que os empregados se tivessem levantado, dizendo-lhe para apanhar quanta cevada quisesse e então voltar para a casa da sogra, antes que alguém percebesse que ela passara a noite junto dele. Porque era necessário, por prudência, evitar qualquer motivo de comentários, principalmente em assunto daquela importância. Ele acrescentou: "Aconselho-vos a perguntar a alguém que vos seja mais próximo que eu se vos quer tomar para esposa. Se ele estiver de acordo, podereis desposá-lo. E, se recusar fazê-lo, eu vos desposarei, como a Lei me obriga". Rute narrou à sogra esse fato, e ambas conceberam então firme esperança de que Boaz não as abandonaria.
Rute 4. Ele voltou à cidade pelo meio-dia e reuniu os magistrados. Mandou chamar Rute e seu parente mais próximo, ao qual disse: "Não possuis os bens de Abimeleque?" Respondeu ele: "Sim, eu os possuo pelo direito que a Lei me dá, sendo o seu parente mais próximo". Boaz replicou: "Não basta cumprir parte da Lei, deve-se cumprir toda ela. Assim, se quiserdes conservar os bens de Abimeleque, é necessário que desposeis a viúva, que vedes aqui presente". O homem respondeu que já era casado e, tendo filhos, preferia ceder-lhe os bens e a mulher. Boaz tomou os magistrados como testemunhas dessa declaração e disse a Rute que se aproximasse daquele parente, descalçasse-lhe um dos sapatos e lhe desse um tapa no rosto, como a Lei determinava. Ela o fez, e Boaz então desposou-a.
Ao fim de um ano, ela teve um filho, do qual Noemi teve o encargo de cuidar e a quem chamou Obede, na esperança de que ele a ajudaria em sua velhice, pois Obede, em hebreu, significa "auxílio". Obede foi pai de Jessé, pai do rei Davi, cujos filhos até a vigésima geração reinaram na nação dos judeus.
Extraído: História dos hebreus. De Abraão à queda de Jerusalém. Flávio Josefo.
Por: Ailton da Silva - 7 anos (Ide por todo mundo)
A HISTÓRIA DE RUTE - Amparo da Lei - lei da Rebusca - Dez mandamentos
Por: Ailton da Silva - 7 anos (Ide por todo mundo)
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
As injustiças na vida de José e sua vitória
Recomendo a leitura deste texto
fonte: Os Patriarcas - coincidências ou repetições da história?
JOSÉ:
“EIS ME AQUI”
DEUS NUNCA FALOU COM
ELE!
A grande verdade é que Jacó, assim
como seu pai e avô, também enfrentou problemas familiares, pois não soube criar
seus filhos, por isso Deus requisitou um, José, para prepará-lo para uma grande
obra e para preservá-lo.
Deus tirou o filho de
Jacó para cuidar dele pessoalmente, para ensiná-lo e prepará-lo para governar o
Egito. Se continuasse no meio daquela família desestruturada, certamente, José
seria um mero pastor de ovelhas envolvido em constantes conflitos familiares.
A prova de que Jacó não soube criar
seus filhos foi justamente o fato de ter repetido os mesmos erros de seus
antepassados, pois amou mais a José, despertando desta forma ciúmes e acirrando
a rivalidade entre seus filhos. Ele não teria como disfarçar este sentimento,
na verdade, não existe possibilidade do homem demonstrar atenção a um, sem
provocar ciúmes em outros.
Somente Deus é capaz de atender
necessitados, em particular, sem magoar os outros. Este sentimento humano é
alimentado pelos nossos olhos, pois o ciúme nasce no momento em que enxergamos
a atenção Divina sendo dispensados a outros. Isto soa como concessão de
privilégios e não como socorro de Deus aos necessitados.
A história da família deste
patriarca foi conturbada, uma vez que sempre ficou caracterizado a preferência
de Jacó, que fez questão de conceder alguns privilégios a José, sem contar
outros acontecimentos, que diferenciava o seu filho predileto:
- Era o filho da velhice de Jacó;
- Era filho da mulher que Jacó amava;
- Ficava no conforto enquanto seus irmãos trabalhavam;
- Recebia os melhores presentes;
- Conhecia a vontade de Deus para a sua vida através da revelação recebida em seus sonhos;
- Espiava seus irmãos no trabalho, mas não ficava entre eles.
José estava sempre ao lado de seu
pai ouvindo suas histórias sobre as chamadas de seu avô e bisavô, Isaque e Abraão,
respectivamente. Aprendia, servia e alegrava o velho coração de Jacó, enquanto
seus irmãos pastoreavam o rebanho em terras distantes, talvez para ficarem
alheios a diferenciação demonstrada pelo pai.
Todos os problemas de José foram com
os seus dez irmãos mais velhos, já que o menor, Benjamim, não teria como
reivindicar algo, pois era o último filho. O fato de contar os seus sonhos[1]
e a preferência explícita de seu pai aumentavam ainda mais a rivalidade entre
eles, que de tanto ciúmes não se sujeitavam a autoridade potencial e inevitável
na vida do futuro patriarca.
De fato os irmãos de José não
estavam errados, pois no contexto social e familiar os privilégios deveriam ser
do primogênito e não de outros filhos. Isto somente seria possível por uma intervenção
de Deus, uma inversão da ordem dos filhos[2].
OBEDECER SEM QUESTIONAR - “EIS ME
AQUI”
Jacó enviou José para verificar a
situação de seus irmãos, pois estavam distantes. O certo é que não precisavam
pastorear tão longe, mas o que motivou este repentino afastamento? Falta de
pasto ou o ciúmes e inveja? A preocupação do pai era a mesma com todos eles,
apesar de deixar bem evidente a sua preferência.
José foi enviado para o lugar onde,
supostamente, estavam seus irmãos, se ele não havia ido antes para ajudar no
trabalho iria agora com outra missão, ver como estavam e voltaria para dar
notícias ao seu pai.
Ver seus irmãos trabalhando seria
uma forma de José aprender com eles, ou seja, ele veria como não deveria se
portar, pois a visão que teve foi deplorável, assustadora, medonha, viu dez
homens sentados, murmurando, reclamando da vida, arquitetando o mal. O fato de
ter ido ao encontro deles foi justamente para ver, aprender e para ser
diferente.
Mas se fosse ao contrário, se José
estivesse pastoreando sozinho e se os irmãos fossem enviados para verificarem
sua situação, eles iriam? Ou na metade do caminho voltariam com falsas noticias
para Jacó? O mesmo aconteceu com Davi[3]
que pastoreava o rebanho de seu pai enquanto seus irmãos aguardavam ansiosos
pela unção que seria ministrada pelo profeta Samuel.
Eles largariam aquela festa para se
preocuparem com o irmão? Nenhum deles mexeria uma única palha para mudarem a
situação de Davi, muito menos os irmãos de José fariam algo por ele.
Isto prova que não são todos os que
respondem “eis me aqui” quando são incumbidos de uma missão. Não restava outra
resposta de José ao seu pai. Os que respondem prontamente são os que:
- Estão constantemente na presença do pai;
- Gostam de seus irmãos;
- Tem interesses, objetivos e metas;
- Não temem o perigo, as distâncias ou dificuldades.
José foi enviado como um cordeiro
inocente para encontrar lobos famintos. Esta era a chance que eles tanto
esperavam para resolverem as diferenças.
Jacó era conhecedor do plano que
Deus tinha com sua família, por isso, zeloso, ordenou ao seu filho que fosse
averiguar, espiar a situação de seus irmãos, mas não imaginava que ao pedir que
voltasse logo, estaria na verdade se despedindo de seu filho, não era um até
logo, mas sim um: “até daqui uns anos”.
COINCIDÊNCIAS OU REPETIÇÕES DA
HISTÓRIA?
Abraão havia feito o mesmo com
Isaque, quando o levou como um cordeiro para o sacrifício, acreditando que os
dois voltariam sãos e salvos, da mesma forma, Jacó esperava o seu breve
retorno. No seu entender Deus daria mais um livramento para seu filho, durante
o cumprimento desta missão. Somente não esperava que fosse demorar.
José obedeceu prontamente as ordens
do pai e foi ao encontro de seus irmãos, porém no meio do caminho se perdeu,
mas como sempre acontece, nestas circunstâncias, ele foi auxiliado por um varão
que lhe indicou o caminho correto.
A juventude e a inexperiência não
foram obstáculos para impedirem que José contemplasse a intervenção Divina em
sua vida. Aquele varão não era um qualquer, por isso ele creu em suas palavras
e tomou a direção indicada. Em circunstâncias semelhantes aconselharíamos
alguém a agir desta forma? Acreditamos no primeiro que aparece? Somos ensinados
pela Palavra a vigiarmos e sermos prudentes, orarmos e buscarmos em Deus.
Aquele varão conhecia a intenção de
José, sabia o seu destino e o desejo do teu coração, por isto jamais o deixaria
perdido e fora do rumo.
Não precisava ter perguntado o
motivo que levara José aquelas terras, mas era necessário que ele mesmo
declarasse que ainda não havia desistido de sua missão. Encontrar seus irmãos
ainda era o seu grande objetivo.
O varão lhe indicou o caminho
correto, mas ao dizer que ouviu seus irmãos dizerem que iriam para Dotã, ele
estava revelando a sua onisciência, onipresença e onipotência, ou seja, ele não
disse que estava ao lado dos irmãos, disse simplesmente que ouviu. Não restava
dúvida quanto a identidade do varão.
Da mesma forma como acontecera com
seu pai, que um dia optou por um destino para fugir de seu tio Esaú, agora ele
decidia acreditar, naquele varão, para se dirigir ao encontro de seus futuros
algozes.
O seu bisavô Abraão também enfrentou
o mesmo dilema quando escolheu o caminho para se separar de seu sobrinho. Pelos
seus olhos optou pelo lado que lhe poderia oferecer a vitória, pois ele não
estava preocupado com a continuidade de seu rebanho, mas sim com a sua
descendência. José acreditou no varão, não duvidou e seguiu o caminho indicado.
Ora se Deus houvera visitado os teus ascendentes no passado não teria o porquê
de não visitá-lo também.
Seus irmãos o viram de longe e a
princípio, pensaram em matá-lo, mas resolveram somente vendê-lo como escravo
aos midianitas (descendentes do filho de Abraão e Quetura).
Mas antes de concretizarem a venda
jogaram José em uma cova e deixaram-no, sem água, sem comida, humilhado,
tiraram-lhe tudo, exceto a vida. Para completar a crueldade comeram ao lado da
cova sem ao menos demonstrarem preocupação com ele. Cada um pegou as suas duas
moedas de prata e livres de qualquer sentimento de culpa continuaram seus
trabalhos, mas como usaram este dinheiro? Esconderam de Jacó? Rendeu algo?
Prosperaram? Resolveram o problema ou criaram outro pior?
A túnica[4]
manchada e rasgada apresentado ao pai, não atestava[5]
a morte de José, apenas trazia sofrimento, angustia, saudades e dores para o
pai.
Uma história semelhante a de Jó,
inclusive no desfecho final, pois os dois alcançaram a vitória a partir do
momento em que desviaram a atenção de suas respectivas situações para se
preocuparem com os problemas de outros. O primeiro poderia ter se recusado a
orar pelos seus amigos, enquanto que o segundo, um dia teve o poder e todos os
motivos do mundo para se vingar de seus irmãos, porém os dois agiram de forma
diferente da lógica humana.
Ser jogado na cova para ser vendido
como um escravo, igualou José aos seus irmãos, e o desqualificou, tirou-lhe o
valor, cultura, família, as prerrogativas de filho predileto e conforto que tinha
na casa do pai.
José, da mesma forma como seu
bisavô, Abraão, também teve perdas materiais no momento em que disse sim ao
chamado:
- Perdeu a sua túnica, presente de seu pai, que lhe foi tirada bruscamente pelos irmãos;
- Perdeu a liberdade, pois foi jogado em uma cova e vendido como escravo;
- Perdeu sua dignidade, honra, nome, passado e sonhos;
- Foi acusado, sendo inocente, preso sem julgamento e ficou refém da ingratidão.
Este foi o momento de maior tristeza
da vida de Jacó, pois ao ver as vestes ensangüentadas de seu filho julgava que
nunca mais tornaria a vê-lo. Estava passando pela mesma situação de seu pai
quando fugiu para Padã-Arã, ameaçado de morte por Esaú, ficando por muito tempo
sem dar notícias a Isaque, porém entre estes episódios havia uma grande
diferença, o segundo patriarca ainda alimentava esperanças de reencontrar um
dia seu filho, o que seria seu sucessor na linhagem patriarcal, enquanto que
Jacó estava diante da constatação da morte de José, que tanto amou.
Jacó, mesmo depois da trágica
notícia, sabia que a história não terminaria ali, poderia até mesmo demorar,
mas Deus honraria as promessas feitas. Não poderia ser aquilo um pagamento
pelos seus erros e mentiras do passado? A sua consciência o acusava dia e
noite. Assim como enganara seu pai, estava ele sendo enganado pelos seus
próprios filhos.
Mas será que Jacó creu em toda a
história contada pelos seus filhos? Era homem de oração, por isso deve ter
buscado um refrigério para sua alma.
Imaginemos que ele não tivesse
acreditado na história e começasse a interceder pelo filho todos os dias,
pedindo a Deus que guardasse ou trouxesse de volta. Deus teria um argumento
para sossegar o seu coração de pai. Não havia motivos para que o reencontro com
José fosse antecipado, sendo que ele voltaria pobre, doente, sujo, sem
autoridade nenhuma, os conflitos na família continuariam e até mesmo aumentariam.
Não seria melhor esperar, para que ele voltasse rico, com poder e autoridade,
cheio de vida e saúde? Jacó, espere mais um poucochinho de tempo.
JOSÉ:
REINE SOBRE O EGITO
E SOBRE OS SEUS IRMÃOS
Quantos pensamentos assolaram a
mente de José durante a sua caminhada até ao Egito. Que reviravolta em sua
vida! O que poderia fazer para mudar aquela situação? Jurar fidelidade a Deus,
mudar sua conduta?
Era tarde demais para pensar em
algo? Deveria aceitar a situação e permanecer como uma bênção durante o
trajeto, já que não temos notícias de tentativa de fuga, rebelião, mesmo porque
não teria condições físicas para tal.
Quando José chegou ao Egito como
escravo, foi comprado por Potifar para servi-lo em sua casa e com o passar dos
dias ganhou a confiança do seu senhor, até que este lhe permitiu transitar por
todas as dependências de sua casa.
Sua primeira impressão foi horrível,
pois encontrou um povo estranho, imoral, cultura, tradições e ensinamentos
baseados na idolatria e imoralidade de homens que não respeitavam os bons
costumes, tudo isto contrário ao que havia aprendido de seu pai, porém durante
a adaptação, enfrentou tudo de cabeça erguida e nunca se deixou contaminar por
nada.
Uma luz no fim do túnel se ascendeu
para José, prova de que não estava tudo perdido, mas ainda não era um
livramento. Deus queria testá-lo diante da riqueza e nobreza, já que na pobreza
e miséria havia se mostrado fiel.
Enquanto esteve com seu pai, durante
a caminhada como escravo, nos momentos em que serviu como empregado e nos
longos dias no cárcere, José foi uma benção, mas um dia ele foi preso, vítima
da trama armada pela mulher[6] de
Potifar. Mesmo na prisão teve uma vida regrada aos bons costumes, por
isso ganhou a confiança do carcereiro, portanto
não tinha como Deus não abençoá-lo ou engrandecê-lo.
Todas as pessoas que passaram pela
vida de José ou os que o rodearam, perderam características essências,
justamente as que ele sempre manteve durante o tempo de sua luta:
- Seus irmãos perderam a sensibilidade;
- Potifar perdeu a visão a ponto de não enxergar a inocência de seu empregado;
- O copeiro perdeu a chance de demonstrar toda a sua gratidão a José;
- Faraó perdeu a confiança em seus deuses e a depositou no Deus de José.
Quando o atormentado Faraó não
encontrou respostas para as suas aflições, foi surpreendido com a declaração do
copeiro-mor, que então se lembrou de José, o intérprete de sonhos da prisão.
Sempre tem alguém por perto para dar testemunho das ações de homens de Deus.
Naamã, chefe do exército sírio recebeu sua cura devido ao crédito que deu as
informações de uma de suas criadas[7].
Certamente Faraó deve ter se
inteirado sobre as condições físicas, psicológicas e morais de José, pois não
teria cabimento receber um maltrapilho, um prisioneiro, problemático ou
alucinado, pelo menos este era o protocolo da época. Rapidamente prepararam o
jovem, mudaram suas vestes e o apresentaram diante da maior autoridade daquela
nação.
José entrou escoltado na prisão em
silêncio e foi jogado no xadrez. Durante sua estadia naquele lugar, orava a
Deus pedindo sua liberdade e nada mais, pois é impensável que ele tenha
demonstrado fé suficiente para pedir uma audiência com Faraó ou muito menos o
segundo trono do Egito, sequer pensou em pedir roupas novas, corte de cabelo,
um quarto no palácio e o respeito dos egípcios e de outras nações. Ele pedia
somente uma oportunidade para rever sua família e voltar para sua terra.
Na saída da prisão ele também esteve
ao lado dos batedores e foi levado diretamente para a barbearia, cabeleireiro e
deu volta em uma lojinha de departamentos egípcia para dar uma renovada no seu
guarda roupa, antes do encontro com o desequilibrado Faraó, o que disse de boca
cheia: “não o deixe vir como está[8]”.
Naquele dia ele acordou na fria
prisão com o barulho de alguém batendo em sua cela, chamando-o pela última vez
de prisioneiro. Após o encontro com Faraó, ele seria tratado de outra forma,
deveria ser chamado de “vice-Faraó”, de senhor.
- José levou um susto quando o soldado lhe disse: “Tem alguém querendo lhe falar”. Quem poderia ser? Ele não tinha advogado, os amigos de prisão eram ingratos, a família estava há quilômetros de distância, quem estava ali para visitá-lo? O importante não era com quem iria falar, mas sim quem queria falar com ele. Não era uma visita, uma audiência concedida, era uma convocação. Faraó desejava ardentemente pedir socorro.
A fama de interpretador de sonhos
correu rapidamente e agitou os corredores do palácio egípcio. Como em sã
consciência alguém poderia imaginar a grande e potente nação sendo abalada pelo
temor de uma crise. O pior, para eles, era aceitar que o salvador[9]
da pátria, um simples hebreu, sem qualquer qualificação ou formação, estava ali
nas frias e solitárias prisões, esperando o momento para cantar o hino da
vitória.
José não somente interpretou os
sonhos de Faraó, como também lhe deu uma aula de administração e sábios
conselhos:
- Faraó deveria prover-se de um varão inteligente e sábio[10] e nomear governadores;
- Este homem deveria ser respeitado como uma grande autoridade no Egito;
- A quinta parte de toda a produção egípcia deveria ser retida durante os anos de fartura;
- Deveriam ajuntar o máximo que pudessem de comida e trigo, pois a crise se aproximava.
A preocupação de Faraó era com o
presente, a de José era com os quatorze anos seguintes. Mas porque tanta
preocupação de um simples e desprezado hebreu? Ele estava prestes a sair do
anonimato.
QUEM
É ESTE HOMEM
QUE ESTÁ ASSOMBRANDO O
EGITO?
Todos os sábios e estudiosos do
Egito ficaram alvoroçados com a decisão de Faraó em recompensar um
ex-prisioneiro[11]
pela interpretação e conselhos dados.