Jacó: Terceiro patriarca. Deus falou com ele.
“Saia do meio da sua parentela”
Pela tradição da época, o primogênito Esaú, deveria ser estimado de modo especial por seus pais para receber a porção dobrada da herança, porém esta situação não foi valorizada e o privilegio e as bênçãos oriundas da primogenitura foram repassadas para seu irmão Jacó, que recuperou o direito perdido em seu nascimento.
Isto aconteceu quando Isaque, o pai, pediu
para Esaú lhe preparar um guisado de suas caças, mas Rebeca, a mãe, astutamente
arquitetou um plano para que Jacó enganasse o pai.
Jacó temeu pelas consequências, mesmo sua
mãe assumindo toda responsabilidade[1], mas
não receou as arcar com as represálias por tomar a bênção[2] de seu irmão. Esaú se
tornava vitima de Jacó, enfurecendo-o a ponto de jurá-lo de morte.
De qualquer forma a bênção principal
deveria ser de Jacó[3],
pois dias antes Esaú havia desvalorizado a sua primogenitura. A inversão da
ordem dos filhos foi concretizada por Deus. Pena que faltou a Isaque o
discernimento para evitar a separação entre seus filhos.
Após o ocorrido, Isaque abençoou Jacó e
enviou-o para casa de Labão em Padã-Arã, até que Esaú se acalmasse. Assim como
Abraão o havia instruído a não se misturar com as filhas dos cananeus, também
orientou seu filho a não cometer a mesma ofensa a Deus. Jacó obedeceu
prontamente.
Esaú desejou muito vingar-se de seu irmão
e, chateado com seu pai, agiu de forma contrária, pois desceu a terra dos
ismaelitas e tomou diversas mulheres abomináveis (Gn 28.9), dando origem a
várias nações que no futuro se tornariam sérias inimigas de Israel, este fato
aborreceu a Isaque e muito mais a Deus.
Coincidências ou repetições da história?
Assim como seu avô havia deixado para
trás o padrão de vida no meio de sua parentela, Jacó viu sua vida mudar de uma
hora para outra, pois tornou-se fugitivo, peregrino e deixou herança para seu
irmão. Enfrentou o trabalho pesado, foi enganado pelo sogro e se tornou alvo da
disputa entre as irmãs.
Isaque avançado em idade, contemplou seus dois
filhos separados, se tornando inimigos mortais e ao abençoar Jacó, antes da
partida, pensou que nunca mais tornaria a vê-lo, por causa do juramento de
morte feito por Esaú.
Este pensamento o atormentava, por saber
que tinha sido o causador daquela desavença. Este foi o momento de maior
tristeza de sua vida, nada poderia ser comparado com aquilo, estava angustiado
e sem motivo para viver, esperava somente um milagre de Deus, o único que
poderia unir a família.
Isaque questionava a Deus a respeito
deste episódio, pois como se cumpririam as promessas caso Jacó morresse pelo
caminho ou se Esaú o matasse. A sua geração ficaria marcada pela tragédia,
sendo que desde o princípio foram tão abençoados e protegidos.
Jacó não teve alternativas, pois Esaú o
mataria tão logo seu pai morresse. Na verdade o medo de morrer foi bem maior
que suas esperanças em Canaã, por isto decidiu não arriscar.
Fugitivo, entristecido e ameaçado, desta
forma Jacó viu o fim de tudo, mas durante a fuga, sonhou, recebeu a visita de
Deus. Parecia que tudo estava correndo bem. Em seu entendimento havia acertado
na decisão.
No sonho viu os anjos subindo e descendo,
tipificando as bênçãos e provisões em sua vida. Poucos contemplaram tamanha
demonstração do amor e preocupação de Deus, o primeiro foi seu avô, Abraão,
visitado no meio do caminho para ratificar a sua chamada e confirmar as
promessas.
Naquele vazio, buscou refúgio em Deus.
Mas o que lhe fez acreditar que poderia ser ouvido depois de todo o ocorrido? O
Deus imanente se manifestou ao pobre fugitivo e enganador.
O início de sua vitória não se deu no
momento da fuga ou tampouco na revelação contida no sonho, mas sim quando
resolveu não se aparentar aos cananeus, já que poderia, pois tudo estava
perdido mesmo.
Conseguiu se esquivar das cananéias e
esperou com paciência até que se encontrou com Raquel, uma de suas futuras esposas. A certeza da providência de Deus se
confirmou quando soube que era filha de seu tio Labão, por isto, astutamente,
tentou ganhar a confiança dela, revolvendo a pedra para dar de beber as suas
ovelhas. Repetindo assim o gesto de sua mãe quando deu água para os camelos do
servo de Abraão, antes de ser levada para Isaque. Depois se apresentou e chorou.
Tudo estava dentro dos seus planos.
A certeza e tranquilidade desapareceram
no momento em que conheceu Léia, irmã de Raquel, pois se tornou alvo das duas,
além de ter enfrentado outros problemas que as irmãs causaram.
Mesmo diante de tanta turbulência, Jacó
soube se portar como um verdadeiro patriarca, pois em nenhum momento, fez
menção de fugir, mesmo porque uma nova e patética fuga não fazia parte do plano
de Deus.
continua...
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