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terça-feira, 30 de novembro de 2021

Fé e obediência. Abraão, um exemplo para todos os povos. Capítulo 2

O primeiro dia depois do “sim” 

Abraão ouviu, creu, obedeceu sem questionar e foi grandemente abençoado como nenhum outro homem na face da Terra foi até hoje. Entretanto, as consequências pela sua escolha não tardariam a aparecer.

Por outro lado também a satisfação, por crer e obedecer invadiu o coração daquele que seria, mais tarde, respeitado pela sua conduta diante de Deus. Uma bênção não somente para sua geração, mas para todas.

 

1) O “sim” espontâneo

Abraão trocou seu estilo de vida seguro e acomodado em Ur por um relacionamento pessoal com Deus, que havia acabado de se revelar. O fato de crer, sem reservas, lhe permitiu ter uma estreita comunhão com Deus (Gn 15.1-6). É respeitado pelas três maiores religiões mundiais da nossa época, o judaísmo, islamismo e cristianismo.

 A sua resposta foi espontânea, imediata e sem imposição de condições, pois não apresentou dificuldades ou queixas pelos sonhos materiais que ainda alimentava em sua terra natal.

 

2) “Sim” pela curiosidade

A fé foi o ponto forte da trajetória de Abraão, no entanto, é importante destacar sua força de vontade, demonstrada no momento em que decidiu prosseguir rumo às revelações e ao cumprimento das promessas recebidas.

Como não imaginá-lo tomado de curiosidade em relação ao Deus que havia acabado de conhecer? Seria até normal algum tipo de descrença da parte dele, porém não houve.

A grande questão era que ser humano nenhum havia recebido revelações de divindades conhecidas e adoradas, ainda mais revelações daquele porte. 

continua...

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Hermenêutica - aula 3



III – A NATUREZA DA EXEGESE BÍBLICA

1) EXEGESE RABÍNICA

Os judeus interpretavam a escritura ao pé da letra, por causa da noção de inspiração que tinham. Se uma palavra não tinha sentido perceptível imediatamente, eles usavam artifícios intelectuais, para lhes dar um sentido, porque todas as palavras da Bíblia tinham que ter uma explicação. O exemplo do paralítico é antológico: ele passara 38 anos doente. Por que 38? Ora, 40 é um número perfeito, usado várias vezes na vida de Cristo (antes da ressurreição, no jejum) ou também no AT (deserto, Sinai). Dois é outro número perfeito, porque os mandamentos (vontade) de Deus se resumem em "2": amar Deus e ao próximo. Portanto, tirando um número perfeito de outro, isto é, tirando 2 de 40 deve dar um número imperfeito (38) que é número de doença.

 

2) EXEGESE PROTESTANTE

Surgiu do protesto de alguns cristãos contra a autoridade da Igreja como intérprete fiel da Bíblia. Lutero instituiu o princípio da "scritura sola" (só a escritura), sem tradição, sem autoridade, sem outra prova que não a própria Bíblia. A partir daquele instante, os Protestantes se dedicaram a um estudo mais acentuado e profundo da Bíblia, antecipando-se mesmo aos católicos. Mas o princípio posto por Lutero contribuiu para um desastre hermenêutico, pois ele mesmo disse que cada um interpretasse a Bíblia como entendesse. 

Isto fez surgir várias correntes de interpretação, que podem se resumir em duas: a conservadora e a racionalista. A conservadora parte daquele principio da inspiração (ditado), em que se consideram até os pontos massoréticos (manuscritos hebraicos) como inspirados. Não se deve aplicar qualquer método cientifico para entender o que está escrito. É só ler e, do modo que Deus quiser. A racionalista foi influenciada pelo iluminismo e começou a negar os milagres. Daí passou à negação de certos fatos, como os referentes a Abraão. Afirmam que as narrações descritas, como provam o vocabulário, os costumes, são coisas de uma época posterior, atribuído àquela por ignorância. Esta teoria teve muito sucesso e começaram a surgir várias “vidas” de Jesus, apresentando-o como um pregador popular, frustrado, fracassado.

 

3) EXEGESE CATÓLICA

Inicialmente, apegou-se muito aos métodos tradicionais: usava mais a tradição e menos a Bíblia. Mesmo no século XIX, a tendência era ainda conservar a apologética, a defesa da fé. Foi o Padre Lagrange quem iniciou o movimento de restauração da exegese católica. Começou a comentar o Antigo Testamento com base na critica histórica. Mas foi alvo de tantos protestos que não teve coragem de continuar. Em seguida, comentou o Novo Testamento, e ainda hoje é autoridade no assunto. A Igreja Católica custou muito a perceber o seu atraso no estudo bíblico. 

Primeiro passo da nova exegese da Igreja Católica foi dado por Pio XII, em 1943, com a encíclica Divino Afflante Spiritu, na qual aprovou a teoria dos vários gêneros literários da Bíblia. Depois, em 1964, Paulo VI aprovou um estudo de uma comissão bíblica a respeito da história das formas (formgeschichte). E hoje em dia, tanto os exegetas católicos como os protestantes são a favor desta, e qualquer livro sério sobre o assunto traz este aspecto. Protestantes citam católicos e vice-versa, sem nenhuma restrição. 

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

domingo, 28 de novembro de 2021

Os patriarcas. Coincidências ou repetições da história? – Capítulo 15

A situação era tão caótica no Egito que o próprio Faraó procurou Moisés e fez a sua última proposta: “Ide, servi ao Senhor; somente fiquem as ovelhas e vossas vacas”. A ovelha e a vaca eram animais cerimonialmente “limpos” para oferendas de sacrifícios a Deus na época da Lei. Sem as ovelhas e vacas não haveria sacrifícios. Não haveria entrega ao Senhor. Seria uma liberdade sem sacrifícios.

Sairiam sem provisão, sem rebanho e provavelmente sem as recompensas que foram prometidas a Abraão (G 15.13-16). Caso esta proposta fosse aceita, na primeira vez em que o estômago doesse, os hebreus voltariam famintos para o Egito. Uma verdadeira cilada, pois facilmente seriam abatidos quando retornassem para mendigarem o pão.

A intenção era que no início da caminhada, sofressem baixas ou deserções, haja vista a falta de alimento e os que resistissem ao retorno seriam facilmente vencidos pela fraqueza. Uma libertação sem sacrifícios. Moisés não aceitou esta proposta também.

Após as dez pragas, Faraó não suportando mais as consequências de sua teimosia, não somente permitiu a saída, como também expulsou aquele povo para adorarem no deserto, em liberdade. Durante todo o tempo em que ficaram escravizados se distanciaram de Deus e agora estavam se aproximando novamente. Levaram família, gado e tudo o que os egípcios lhe deram como recompensa pelos quatro séculos de trabalho. O último pedido do opressor foi: “abençoai-me também a mim”.

Uma alegria nunca vista na terra. Que satisfação! Os egípcios contemplaram o desfile dos vitoriosos, alguns rangeram os dentes de raiva, outros juraram vingança, muitos desejaram boa viagem: “vão com seu Deus e sumam daqui”.

Mas alguns temerosos pais e mães egípcios, que ainda choravam a morte de seus primogênitos, balançavam os lenços e toalhas brancos em suas janelas, como sinal de rendição. Estavam glorificando o verdadeiro e único Deus.

Os hebreus passaram pelas ruas e desafiaram os egípcios com seus olhares, agora altivos, se sentiram fortes. A conversa foi diferente. Gritaram em bom e alto som para todos ouvirem: “Quem mandou mexer com o nosso Deus”.

Saíram realizados, confortados, sarados espiritualmente, fortalecidos, renovados. Havia somente uma coisa maior que toda aquela alegria, a certeza de que a caminhada seria curta e que chegariam logo ao destino, a Terra Prometida.

Acreditavam que depois de tamanha demonstração de poder, seriam facilmente[1] direcionados à Terra Prometida.

Queriam ser transladados e ou arrebatados como Enoque (Gn 5.24)? Sairiam voando, criariam asas? Teriam à disposição, após a primeira duna, os carros de Israel e seus cavaleiros (2 Rs 2.12) para transportá-los? Seriam elevados às alturas como Jesus (At 1.9)? Encontrariam logo na saída uma comitiva de boas vindas ao deserto, composta por anjos, assim como encontrou Jacó (Gn 32.1-2)?

Os patriarcas anteriores pagaram o alto preço, por que então o filho (Ex 4.22) não pagaria? Por que desejaram o caminho mais curto? Mal sabiam que se margeassem o Mediterrâneo certamente encontrariam os avançadíssimos e temidos filisteus.

Quando saíram do Egito, cheios de vigor e alicerçados por grandes promessas, não imaginaram uma viagem tão longa e de fato não teria tal necessidade, mas o caminho foi prolongado ao máximo, para que revelassem seu verdadeiro caráter, para aprenderem a diferenciar o carnal do espiritual, para conhecerem (Dt 8.2-14) e se tornarem conhecidos de Deus (Os 13.5) e por fim para desenvolverem a dependência total dos recursos divinos.

A saída foi incondicional, mas a entrada em Canaã foi bem diferente. Durante o caminho, Israel conheceu as condições.

Deus por várias vezes afirmou que se tornariam uma grande nação, mas como poderiam crer com convicção diante daquela situação tão precária? Multidão de famintos, pobres, medrosos, alguns doentes, outros com intenções diferentes. Somente Deus poderia trabalhar em favor de pessoas nestas situações.

No deserto adquiririam forças, valentia e principalmente se mostrariam fiéis e dignos, desde que olhassem para alto, para os montes, pois de lá viria o socorro para todos.

Assim como os patriarcas anteriores que foram direcionados para o deserto a fim de buscarem suas respectivas bênçãos, estava agora Israel, prestes a percorrer os mesmos caminhos para tomar posse da promessa maior.


[1] Se entrassem facilmente em Canaã, certamente se considerariam pequenos deuses (cfe Sl 82.1-8)

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

sábado, 27 de novembro de 2021

Elias, o profeta da chuva e do fogo. Capítulo 1

a) O surgimento do grande profeta:

Se era para Elias ser conhecido, então que fosse por um grande feito, por um grande ministério e assim toda a humanidade saberia que existia um grande profeta em Israel.

Não precisava se preocupar com a promoção, ou como se tornaria conhecido, pois os inimigos fariam isto (cf Mt 8.4). As pessoas que mais fizeram propaganda de graça foram justamente os que o consideravam perturbador da nação e inimigo, o próprio Acabe e Jezabel.

Elias foi um homem comum, sujeito as mesmas paixões (Tg 5.17), mas que durante sua trajetória de vida e ministério profético apresentou algumas características que comprovam que Deus chama, levanta e capacita homens, de lugares inexpressivos, sem muitas perspectivas ou ambições, para fazer algo grandioso e extraordinário.

Como Israel não deu crédito as palavras deste profeta? Para combater tamanha apostasia era necessário um homem de pulso forte, audacioso, um corajoso, que não temesse autoridade (I Rs 18.17), que não tivesse papa nas línguas e que não temesse as consequências.

 

b) A cidade natal do profeta:

Não encontramos registros sobre a genealogia de Elias nos escritos bíblicos, como era comum nos casos de alguns profetas e dos próprios israelitas que sempre valorizaram e destacaram seus ascendentes. Assim se deu a inserção do profeta no cenário bíblico, que teve uma vida retirada de sua comunidade.

Natural de Tisbe, um lugarejo inexpressivo, situado na região de Gileade e a leste do rio Jordão, atual território da Jordânia, local onde as tribos[1] de Ruben, Gade e metade de Manassés, pediram para habitar (Nm 32.1-5), antes de tomarem posse da Terra Prometida.

As referências a esta cidade estão sempre ligadas a Elias (I Rs 21.17; II Rs 1.3,8; 9.36), que conseguiu tornar Tisbe conhecida no mundo.

Os habitantes de Tisbe não se destacavam pela educação, sofisticação ou diplomacia e Elias não fugiu à esta regra. Falava a verdade, apresentava a quem devia se apresentar e não rodeava para tratar entregar a mensagem de Deus.

continua...



[1] As tribos pediram autorização para acamparem nas terras aquém do Jordão.

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Prefiro murmurar no deserto. As dez murmurações do primogênito. Capítulo 6

6ª MURMURAÇÃO. MOTIVO: RECLAMARAM DO MANÁ

O pior já havia passado, pelo menos os hebreus imaginavam ou esperavam isto. Em questão de tempo, o que temiam estava prestes a acontecer. Mas o que poderia tirar a paz de todos em meio ao deserto? O que poderia afetar a comunhão com o Deus Libertador, que esteve por vezes comprometida? O que era para ser uma viagem tranquila, às vezes, tomava ares de terror, devido as consequências pelos erros dos viajantes.

Os hebreus no inicio da jornada apresentaram muita resistência para se adaptarem às mudanças vivenciadas após a libertação da escravidão, pois aquela zona de conforto pintada na mente de alguns nunca existiu. Aquela falsa sensação de segurança proporcionada pelo Egito havia ficado para trás e a nova forma de alcançarem a Terra Prometida era encararem de vez aquela realidade. A força para lutarem deveria ser maior que o medo e a falta de vontade.

Deixaram para trás o trabalho garantido, mesmo que forçado, moradias, mesmo que precárias e comida, mesmo que raras e em quantidade duvidosa, mas agora estavam em pleno deserto, sem algo para preencher o tempo, sem moradia fixa e sem alimentos, o que poderia se esperar de um grupo grande de pessoas nesta situação? Um povo ainda apegado a velhos costumes e totalmente sem fé.

Sede, fome, medo, solidão e falta de perspectiva de mudanças. O quadro no deserto parecia o mesmo do tempo da escravidão no Egito, no entanto, havia um diferencial, agora estavam livres, amparados e guiados por Deus.

Depois de já terem alcançado marcantes vitórias através do clamor de Moisés, queixaram-se novamente, sem saber que isto poderia trazer sérias consequências. Deus faria arder o fogo de sua ira, não pouparia ninguém e consumiria todos, a não ser que se arrependessem ou se alguém clamasse por suas vidas.

 

A MURMURAÇÃO

Quando Israel saiu do Egito uma grande parte de não hebreus aproveitou a oportunidade e os acompanhou, motivados pelas operações, prodígios e maravilhas de Deus (Ex 12.37-38).

Talvez estes estrangeiros não tenha acreditado em tudo o que viram e ouviram durante as pragas, certamente não clamaram no início, mas quando viram as portas abertas rapidamente se juntaram aos hebreus, porém não demorou muito para que aquele grupo inflamasse o restante. Isto prova que a libertação da escravidão foi uma benção incondicional, sem necessidade de fé.

Mais cedo ou mais tarde aquela mistura acabaria revelando a sua parte tendenciosa e maldosa. Demorou, mas a falta de vigilância hebraica culminou com as consequências. Agora Israel entendia que era uma nação diferente de todas as outras e que jamais poderia se misturar. 

“E o vulgo, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos. Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos” (Nm 11.4-6). 

Três fatores importantes devem ser considerados nesta murmuração:

  • A lembrança da suposta abundância gratuita do passado e a alma que secava diante do maná. Foram três tentativas para que Moisés autorizasse o retorno ao Egito;
  • A rebelião não surgiu exatamente dos hebreus e sim foi fruto do ajuntamento dos estrangeiros que aproveitaram a oportunidade de liberdade apresentada pelo “Eu Sou”. O veneno contaminou rapidamente e se espalhou;
  • O velho costume de se alimentarem em horários definidos pelos egípcios ainda seduzia a todos. Por que não esqueciam? Será que o som das grandiosas panelas do Egito era mais reconfortante que o cair silencioso do maná sobre a terra? O cheiro do tempero dos opressores era mais atrativo que o aroma do socorro que vinha de Deus?
  •  Agora o que se tornou imperdoável[1] foi o fato de reclamarem do alimento enviado por Deus para socorrê-los. Como tiveram coragem de dizer que suas almas secavam diante do socorro de Deus, se o maná era enviado justamente para fortalecê-los.

Os olhos carnais viam somente maná, por isto a alma secava, porém o quadro bonito pintado pela história desde a saída do Egito mostrava outra realidade que não queriam enxergar. As inúmeras intervenções de Deus eram evidentes e claras, mas enxergavam somente aquela coisa miúda como recurso ou comida.

Nesta ocasião, registraram nos anais da história as três maiores mentiras já ditas e defendias entre os humanos. Para alguns teria sido melhor terem ficado servindo no Egito. Pior foi quando disseram que havia carne e pão em fartura e que nunca pagaram pela comida durante a escravidão. O conjunto de asneira foi encerrado com a lembrança dos peixes, pepinos, melões, cebolas e alhos que estavam a disposição deles (Ex 14.12; 16.3; Nm 11.5).

Aproveitaram a oportunidade e expuseram a Moisés o desejo de comerem algo diferente, tipo carne. Todos os dias colhiam, moíam, coziam e comiam o maná, isto cansou. Que incomodo, que trabalho, não seria pior se tivessem que caçar, matar ou pescar? Enfrentariam florestas, rios, mares e perigos.

Porém, dois detalhes diferenciavam esta situação das anteriores, pois o líder exagerou em um de seus comentários. Na ânsia de resolver o problema ou de se esquivar por completo, Moisés errou ao apresentar a Deus o resultado de uma conta, uma equação que ninguém na Terra seria capaz de solucionar.

Pelos seus cálculos havia seiscentos mil homens de pé e como seriam saciados com carne por um mês inteiro? No seu entendimento nem mesmo todas as ovelhas, vacas e peixes do mundo inteiro seriam capazes de saciar a fome dos hebreus (Nm 11.13)

Moisés, no primeiro momento, duvidou[2] que o povo pudesse receber a tão solicitada carne, mas Deus não cobrou dele tal como cobrou quando disse a infeliz frase: “porventura tiraremos água desta rocha para vós” (Nm 20.7-12; Dt 3.23-26).

O segundo deslize de Moisés foi quando cometeu um dos erros primários de qualquer líder despreparado, que é o de monopolizar as atenções em torno de seu nome. Era um instrumento de Deus em meio ao povo, mas não era o dono ou o único que poderia resolver os problemas. Este conceito errado que brotava em sua mente deveria ser mudado.

Isto não significava que fosse um mau líder, apenas lhe faltou a percepção para separar auxiliares. Se continuasse naquele pique, fatalmente sofreria um esgotamento físico e mental ou o povo logo se cansaria.

continua...


[1] Imperdoável ao nosso entendimento, pois Deus ainda concedeu o perdão a eles.

[2] O mesmo erro foi cometido pelo capitão em Samaria (II Rs 7.2), que duvidou que o povo pudesse ser saciado. Deus cobrou e muito. Ele foi pisoteado pela alegria dos samaritanos quando receberam a bênção.

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Jó - bens materiais x bem espiritual

O Maligno tocou em todos os bens materiais de Jó (ovelhas, camelos, bois, jumentas, propriedades e servos), mas no BEM ESPIRITUAL não chegou nem perto.

O bem espiritual de Jó (Jó 1.1) foi relacionado muito antes de seus bens materiais (Jó 1.3).

 

“Jó, um homem sincero,

reto, temente a Deus

e que  desviava-se do mal”

 

a) Confirmação do bem espiritual:

O bem espiritual foi confirmado por Deus (Jó 42.7 – “... porque não dissestes de mim o que era reto, como meu servo Jó. "Como reto era meu servo Jó (acréscimo meu).


b) Restauração dos bens materiais:

Já os bens materiais foram restaurados por Deus (Jó 42.10).

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Grandes verdades em poucas palavras - 0045

“O orgulho é intolerável para o orgulho”. Richard Sibbes

“O orgulho é o pecado mais antigo do universo e não demonstra sinais de estar enfraquecendo com a idade”. J. Blanchard

“O orgulho é a própria imagem do diabo”. Thomas Boston

“Assim como a morte é o último inimigo, o orgulho é o último pecado que será destruído em nós”. John Boys

“O orgulho lançou o orgulhoso Nabucodonosor para fora da sociedade dos homens, o orgulhoso Saul para fora do seu reino, o orgulhoso Adão para fora do paraíso, o orgulhoso Hamã para fora da corte e o orgulhoso Lúcifer para fora do céu”. Thomas Adams

“O orgulho é uma erva daninha tão sufocante que nada cresce perto dele”. Joseph Alleine

“O orgulho começa onde termina o amor”. Johann C. Lavater

“Assim como o primeiro passo na direção do céu é a humildade, o primeiro passo na direção do inferno é o orgulho”. John Mason

“A obra-prima do diabo é levar-nos a ter um bom conceito de nós mesmos”. Anônimo

“O orgulho é para o caráter o que o sótão é para a casa - a parte mais alta e, geralmente, mais vazia”. Sydney H. Gay

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Fé e obediência. Abraão, um exemplo para todos os povos. Capítulo 1


4) O desafio de acreditar

Como não crer na chamada e nas promessas? Mas como crer logo de principio? Seria necessário que Abraão conhecesse antecipadamente o plano de Deus? Não, a sua parte era somente crer e obedecer.

Deus se encarregaria de tudo o que fosse necessário, desde o inicio da caminhada até a chegada em Canaã. Tudo se fez novo na vida de Abraão, novas aspirações e perspectivas. Pela primeira vez um homem então começava a ser guiado por Deus. 


5) A Bênção local

Não adiantaria Abraão ser tão abençoado se não proporcionasse aos que estavam ao seu redor os mesmos benefícios. Sem as bênçãos de Deus, Abraão e todos os que estavam aos seus cuidados não teriam suportado as lutas, dificuldades e desafios que surgiram enquanto caminharam e no tempo em que aguardaram o cumprimento das promessas em Canaã.

 

6) Bênção global

Pela obediência de Abraão todas as famílias da Terra, no futuro, seriam abençoadas, mas para isto, deveria atentar primeiramente para a situação e necessidades daqueles que estavam ao seu redor para depois então estender as bênçãos para todos os povos da Terra. A trajetória inicial de Abraão foi marcada pela fé e obediência, justamente os pontos que agradam a Deus.

O patriarca seguiu confiante sua viagem, crendo no fiel cumprimento das promessas recebidas e desde então se tornou exemplo de fé e obediência para todas as famílias da Terra e para a igreja de Jesus nos dias atuais.


Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Hermenêutica - aula 2

II – REGRAS DE INTERPRETAÇÃO

1ª REGRA: INTERPRETAR SEGUNDO O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS

Enquanto for possível, é necessário tomar as palavras no seu sentido usual e comum. Regra natural e simples, porém importantíssima, pois caso ignorada, fatalmente muitas partes da Escritura não terá o devido sentido. A interpretação deve ocorrer levando em conta o significado das palavras.

Um exemplo é a palavra carne, que algumas vezes pode ter um sentido comum (Ez 11.19), mas em outros significa a natureza humana (Jo 1.14; Rm 1.3) e em outros casos faz alusão à natureza pecaminosa do homem (Rm 8.5, Ef 2.3). Em Gênesis 6.12, lemos que toda carne havia corrompido, portanto, quando tomamos as palavras “carne” e “caminho” no sentido figurado facilmente entenderemos que se tratam, respectivamente, de pessoas e costumes, modo de proceder ou religião. 

Sangue é outra palavra que pode tomar significados diferentes dependendo da correta interpretação, exemplo: “Caia sobre nós o seu sangue" (Mt 27.25), nesta passagem toma o sentido de culpa. “Sendo justificados pelo seu sangue" (Rm 5.9), traz o sentido da obediência de Jesus até a morte. “...o sangue de Cristo purificará a nossa consciência das obras mortas" (Hb 9.14), isto é, o sacrifício de Jesus é o fundamento da justificação e o instrumento e o motivo da santificação.

 

2ª REGRA: INTERPRETAR SEGUNDO O OBJETIVO DO LIVRO

Esta regra de interpretação é útil e nos leva a conhecer o objetivo dos livros. Por exemplo: a carta aos Gálatas foi escrita porque membros da igreja, influenciados por mestres judaizantes, pensavam em ser justificados guardando a lei e observando os ritos judaicos (Gl 2.16; 3.1-6). A carta de Tiago teve por objetivo provar que ninguém podia ser justificado por uma fé passiva, uma fé que não produza boas obras. Nesta regra é importante considerar o desígnio ou objetivo, tanto do livro, quanto das passagens. Os diferentes autores da Bíblia viveram em tempos, culturas, situações sociais e regiões diferentes. Os livros foram escritos por sacerdotes, Sumo-sacerdote, reis, copeiro, escribas, profetas, governador, pastores, cobrador de impostos, agricultores, médico, pescadores, entre outros, portanto, eram culturas distintas que atendiam os anseios de cada época, mas que também visualizavam o cenário da humanidade ao longo da historia.

 

3ª REGRA: CONTEXTO

É importantíssimo a observação da parte que vem antes ou depois do texto, por isso não se deve interpretar um texto sem o auxílio do contexto, para não se inventar um pretexto (Lc 19.8-44; At 8.30-31; Is 53.7). Esta regra diz ser necessário tomar as palavras no sentido indicado no contexto, consultando sempre os versículos que precedem, quanto os que se seguem. Exemplo: "Quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo" (Gl 4.3, 9-11), nesta passagem o que são os rudimentos do mundo? O que vem depois da palavra nos explica que são práticas de costumes judaicos. 

Outro exemplo: “e também os que dormiram em Cristo estão perdidos” (I Co 15.18). Se lermos apenas este versículos teremos a certeza de que todos os que morreram em Cristo estão perdidos, no entanto se lermos os versículos anteriores e posteriores entenderemos a ideia de Paulo.

 

4ª REGRA: INTERPRETAR A BÍBLIA PELA PRÓPRIA BÍBLIA

Quando o conjunto da frase ou o contexto não bastam para explicar uma palavra duvidosa, procura-se às vezes adquirir seu verdadeiro significado consultando outros textos. O principio desta regra é interpretar a Bíblia pela própria Bíblia e é também chamado de consulta às passagens paralelas. Se este princípio fosse sempre seguido muitos erros seriam evitados. 

A revelação de Jesus dada aos discípulos: "tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" (Mt 16.18), quando comparamos esta passagem com a afirmação de Paulo de que o único fundamento da Igreja é Cristo, fica clara a correta interpretação (1 Co 3.11). 

Outro exemplo: "Trago no corpo as marcas de Jesus" (Gl 6.17), quais marcas eram essas? A frase e muito menos o contexto nos elucidam a passagem, portanto torna-se necessário recorrer a outras passagens (II Co 4.10; 11.23). O rei Davi que andou segundo o coração de Deus, foi ele portanto um exemplo de perfeição a ser seguido? Não, pois foram muitas suas faltas e erros. Buscando os paralelos encontramos a resposta (I Sm 2.35; 13.14). Outros casos são: (Lc 16.16 x Mt 11.13 e At 2.21 x Mt 7.21).

 

5ª REGRA – INTERPRETAÇÃO DO TEXTO

É aquilo que a passagem quer dizer no tempo, no espaço e nas circunstâncias que foram escritas. O literalismo busca o que o texto quer dizer (Jo 21.6), já o simbolismo valoriza o que a figura quer dizer (Ap 3.20).

 

6ª REGRA: APLICAÇÃO DO TEXTO

Um mesmo texto pode ser aplicado à pessoas ou clãs, independente de épocas ou situações geográficas (Mt 13.24-30). O texto facilmente será entendido, pois independe de época ou localização geográfica.

 

7ª REGRA – FIGURAS DE  RETÓRICA 

  • Metáfora: semelhança entre dois objetos ou fatos, caracterizando-se um com o que é próprio do outro. Quando Jesus disse que é a videira verdadeira e os discípulos eram as varas, na verdade Ele estava dizendo que era tronco verdadeiro que transmite vida e forças aos crentes para produzirem frutos. Outros exemplos: “Eu sou a porta; Eu sou o caminho; Eu sou o pão vivo; Vós sois o sal, edifício, etc”.
  • Sinédoque: quando se toma a parte pelo todo ou o todo pela parte, o plural pelo singular, o gênero pela espécie, ou vice-versa. Exemplos: “Minha carne repousará segura", poderia ter dito o meu corpo repousará, mas optou por usar carne.  “Este homem é uma peste e promove sedições entre os judeus dispersos por todo o mundo”, estava falando apenas do mundo conhecido e dominado pelo Império romano alcançado por Paulo;
  • Metonímia: quando se emprega a causa pelo efeito, ou o sinal ou símbolo pela realidade que indica o símbolo. Exemplo: Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos", poderia ter dito: “eles tem os escritos de Moisés e dos profetas”;
  • Prosopopéia: personificação de coisas inanimadas, atribuindo-lhes os feitos e ações das pessoas. Exemplo: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão”? (1 Co 15.55). “O amor cobre multidão de pecados" (1 Pd 4.8). “Os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas";
  • Ironia: quando se expressa o contrário do que se quer dizer, porém sempre de tal modo que se faz ressaltar o sentido verdadeiro. Exemplo: Paulo emprega esta figura quando chama aos falsos mestres de “os tais apóstolos”, dando a entender ao mesmo tempo que de nenhum modo são apóstolos. (2 Co 11.5,13; 12.11). Elias usou este recurso no Carmelo quando disse aos sacerdotes sobre o falso deus Baal. "Clamai em altas vozes e despertará, ou quem sabe intente alguma viagem", dando-lhes a compreender, por sua vez, que era de todo inútil gritarem. (1 Rs 18.27);
  • Tipo: classe de metáfora que não consiste meramente em palavras, mas em fatos, pessoas ou objetos que designam fatos semelhantes, pessoas ou objetos no porvir. Estas figuras são numerosas e chamam-se na Escritura “sombra de coisas futuras” e se encontram, portanto, no Antigo Testamento. Exemplo: Jesus fez referência à serpente de metal levantada no deserto, como tipo, prefigurando a crucificação do Filho do homem (Jo 3.14). Noutra ocasião Jesus se referiu aos fatos acontecidos com Jonas como tipo, prefigurando sua sepultura e ressurreição (Mt 12.40). Paulo nos apresenta o primeiro Adão como tipo, prefigurando o segundo Adão, Jesus  e o Cordeiro Pascoal como o tipo do Redentor (Rm 5.14; 1 Co. 5.7) Sobretudo, a carta aos Hebreus faz referência aos tipos do Antigo Testamento, como, por exemplo, ao sumo sacerdote que prefigurava a Jesus; aos sacrifícios que prefiguravam o sacrifício de Cristo; ao santuário do templo que prefigurava o céu, etc. (Hb 9.11-28; 10.6-10);
  • Simbolo: espécie de tipo pelo qual se representa alguma coisa ou algum fato por meio de outra coisa ou fato familiar que se considera a propósito para servir de semelhança ou representação. Exemplos: o leão é considerado o rei dos animais, assim é que Jesus é simbolizado. A força se representa pelo cavalo e a astúcia pela serpente. (Ap 5.5; 6.2; Mt 10.16). As chaves, pela importância, nos da ideia de autoridade (Mt 16.19). As portas das cidade e povoados serviam como fortaleza.

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

domingo, 21 de novembro de 2021

Os patriarcas. Coincidências ou repetições da história? – Capítulo 15

Foram várias as gerações que se passaram após José e muitos deles não conheciam Deus ou tampouco tiveram conhecimento das promessas feitas aos patriarcas, o que dirá então do exercício da fé, algo que, na verdade, estava ainda nascendo em muitos.

Ainda no Egito, tinham a rara comida e bebida nas horas certas, habitação e principalmente tinham terras para os seus túmulos garantidos. Como poderiam largar esta certeza para acreditarem piamente nas palavras do recém-chegado Moisés. Como confiariam naquilo que não viam ou conheciam?

O sofrimento aumentou depois da manifestação de Deus e da primeira visita de Moisés como embaixador da Terra Prometida, mas não tanto quanto o temor que floresceu na vida dos hebreus, que experimentavam uma transformação, algo maravilhoso, nunca visto antes, porém nada acontecia no coração duro de Faraó.

Após a praga das moscas, Faraó se viu em condições de apresentar algumas propostas indecentes a Moisés. Foram quatro ao total. Em qualquer uma delas estava bem visível a liberdade para os hebreus, no entanto, alguns pontos obscuros impediam que o povo pudesse cantar o hino da vitória.

A primeira proposta autorizava os hebreus a sacrificarem a Deus, mas ali mesmo em terras egípcias, não muito longe deles, em meio aos falsos deuses. Faraó se imaginou no direito de escolher o local do sacrifício. Seriam libertos para sacrificarem, porém não poderiam sair do Egito. Moisés temeu por uma possível retaliação dos egípcios, que poderiam considerar aquilo como uma afronta.

Faraó não queria perder a mão de obra escrava e barata. Sua intenção era fazer com que os hebreus pensassem que estivessem agradando a Deus, mas na verdade estavam ainda ligados ao passado. A qualquer momento voltariam à condição anterior.

Caso a proposta fosse aceita, os hebreus viriam para os sacrifícios do jeito que estavam e não haveria transformação, talvez fosse isto o que realmente queriam. Moisés disse não.

Faraó então fez outra proposta a Moisés, pela qual autorizava a saída do povo para sacrificarem a Deus, porém não poderiam ir muito longe, deveriam sacrificar ali perto e caso desejassem poderiam retornar. Sairiam do Egito, mas o Egito não sairia deles.

Israel não poderia se afastar dos olhos e exército egípcio. Faraó queria vigiar e controlar os passos dos hebreus. Esta proposta era maligna, pois os hebreus sacrificariam ali nas imediações da sedutora nação e estariam com um olho em Deus e outro naquelas terras. Facilmente seriam seduzidos e retornariam. “Olhos nos sacrifícios no deserto e coração nos palácios do Egito”. Seria um interminável vai e vem de hebreus, ora lá, ora cá, sem rumo, sem identidade. Moisés também não aceitou.

Pela terceira proposta sairiam somente do Egito os chefes de família e demais adultos, sem as suas respectivas esposas e filhos. Moisés não aceitou, pois conhecia a importância da instituição familiar. Todo o conhecimento que possuía foi fruto da coragem e ações da mãe e irmã na ocasião do primeiro livramento.

Esta proposta foi um verdadeiro golpe de mestre, pois as esposas ficariam desprotegidas no Egito juntamente com os jovens e crianças, enquanto que os chefes de família e demais adultos seriam libertos.

Os hebreus viviam organizados em famílias e em casas paternas. A saída parcial do povo, como queria Faraó, resultaria no fracionamento e fragilização das famílias, dividindo-as. Neste caso veríamos um número elevado de viúvas de maridos vivos e de órfãos de pais vivos. A proposta de Faraó traria resultados nefastos para o povo de Deus. Vejamos:

  • Famílias sem o governo dos pais, sem provisão, sem proteção, sem direção;
  • Maridos sem as esposas; homens viajando no deserto e as crianças sem os pais no Egito;
  • Miscigenação devastadora. Os adultos solteiros sozinhos no deserto a caminho de Canaã se casariam com moças pagãs, idólatras. Por sua vez, as jovens deixadas no Egito se casariam com os incrédulos egípcios. Enfim, haveria uma total perda de identidade dos hebreus. 
Os jovens ficariam no Egito, pois Faraó enxergou o potencial deles e por outro lado viu a fragilidade, o que poderia facilitar no caso de um novo período de escravidão, ou seja, a opressão na mente das crianças e jovens produziria mão de obra escrava ou barata no futuro. Era uma espécie de liberdade provisória comemorada no presente, mas que se tornaria um sofrimento garantido no futuro.
continua...
Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

sábado, 20 de novembro de 2021

Elias, o profeta da chuva e do fogo. Capítulo 1

ELIAS – O TISBITA 

Elias, o tisbita, foi muito maior que o meio em que viveu. Tal como os outros profetas, teve uma missão especifica. Sua mensagem visava o arrependimento e teve cunho social e escatológico.

Apareceu no cenário mundial como se tivesse vindo do nada, uma vez que a Escritura se silencia sobre a identidade de seus pais e também de sua parentela, apenas diz que era tisbita, dos moradores de Gileade, muito pouco para o homem que ocuparia um grande e importante espaço na história bíblica.

Este homem enigmático protagonizou um dos fatos mais impactantes da história do profetismo em Israel. Exortou, denunciou os desmandos e repreendeu tanto governantes, que deveriam servir de guias e exemplos, quanto os falsos profetas que infestavam a nação.

Esta atuação corajosa se deu em um dos piores momentos de Israel. Sua intenção era proporcionar o bem estar social e espiritual ao povo, por isto não temeu pelas consequências de seus atos proféticos.

Ficou conhecido como “o profeta do fogo”, apareceu no cenário humano, vestido de forma simples, não tendo onde reclinar sua cabeça (cf Mt 8.20), um homem estranho, que se vestia de pelos de camelos e que dispensava o conforto do cotidiano, mas com mensagem direta e contundente, que atingiu em cheio o seu alvo, o apostata rei Acabe.

Elias foi um dos maiores profetas que o Senhor Deus levantou em sua época. Um grande exemplo para nos provar que Deus ainda é o mesmo, ontem, hoje e eternamente e que levanta homens simples para fazer coisas extraordinárias.

continua...

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Prefiro murmurar no deserto. As dez murmurações do primogênito. Capítulo 5

O LIVRAMENTO

Este foi o pecado que mais aborreceu a Deus, isso porque até aquele momento, mesmo diante das murmurações anteriores, ninguém tinha sido castigado ou ferido, porém naquela oportunidade extrapolaram, pois fizeram com que o chegasse aos céus o mau cheiro da idolatria. A ocasião pedia correção.

A partir de agora quem pecasse ou se desviasse do caminho sentiria o ardor da ira de Deus, ou seja, quem plantasse, colheria. Estava instalado o sistema olho por olho e dente por dente. 

“Então disse o Senhor: Aquele que pecar contra mim a este riscarei do meu livro. Vai pois agora, conduze este povo para onde te tenho dito, eis que o meu anjo irá adiante de ti” (Ex 32.33). “Pelo que disse que os teria destruído, se Moisés, seu escolhido, se não pusera perante Ele, naquele transe, para desviar a sua indignação, afim de não os destruir” (Sl 106.23). 

No dia seguinte Moisés entrava em cena, mais uma vez, para levantar um novo clamor pelo pecado do povo. A ousadia foi tamanha que colocou sua vida por lastro, pois se acontecesse novamente algo parecido como se apresentaria e tocaria o coração de Deus? Esta seria sua última cartada.

Todos os seus clamores, até então, foram atendidos por Deus, esperava que desta vez não fosse diferente e realmente não foi, já que mesmo ferindo alguns, Deus providenciou o livramento ao restante do povo. 

“E os filhos de Levi fizeram conforme a palavra de Moisés; e caíram do povo naquele dia uns três mil homens”. Porque eu não subirei no meio de ti, porquanto és povo obstinado, para que não te consuma eu no caminho” (Ex 32.28; 33.3b). 

Na verdade alcançaram mais um livramento, mas sentiram pela primeira vez o ardor da ira de Deus, que foi dividida em duas fases:

  • Castigo aos idólatras. Todos temeram quando viram Moisés dando ordens aos levitas para que matassem todos os idolatras, fossem idosos, mulheres, crianças, filhos, parentes, amigos ou não. Sentiram então a proporção do pecado cometido. Imaginaram que morreriam todos ali, porém pela misericórdia Divina, foram poupados do total derramamento da ira e novamente aquela situação tão delicada teve um desfecho tranquilizador.
  • Perda da companhia de Deus. A partir daquele momento perderiam a constante presença de Deus que não mais estaria à frente deles. Agora o seu anjo os guardaria na caminhada, isto tudo em virtude da infidelidade demonstrada por aqueles que contemplavam as operações de Deus de prodígios e maravilhas.

Mesmo nestas condições não ficaram órfãos ou dependentes de suas próprias forças ou sorte.

Por um momento, Israel esteve na iminência de ser varrido[1] do mapa, antes mesmo de possuir seu território. Quase adotaram um novo deus, a imagem de um bezerro de ouro para suprir a falta de Moisés.

A ironia é que Moisés estava no Monte recebendo a revelação da Lei que, em um de seus artigos, condenava justamente aquele erro.

Israel conheceu a idolatria, em pleno deserto, pois se prostraram diante da imagem de um animal irracional, que nada fez e muitos menos poderia fazer em favor deles.

O erro e as consequências seriam os mesmos caso tivessem feito uma estátua que lembrasse Moisés, Arão ou então uma imagem de querubins, como as que foram confeccionados sobre o propiciatório de ouro (Ex 25.17-22) da arca do concerto.

Por que não esperaram o retorno de todos os que haviam subido com Moisés ao monte (Ex 24.9-10), pois viram e ouviram o extraordinário, algo que o coração deles nunca imaginaram, certamente teriam muitas dicas e informações. Uma imagem de bezerro seria muito pouco para ser associado ao Divino.

A demora de Moisés contribuiu para os clamores tendenciosos dos hebreus por novos deuses. O primeiro da lista foi este animal (Ex 32.8b), que ainda não havia saído da lembrança deles devido ao contágio idólatra do tempo da escravidão.

Ao final deste episódio o prejuízo foi grande. As mulheres, filhos e filhas perderam seus pendentes. A perda foi incalculável, bem maior do que o ganho no momento da saída do Egito (Ex 12.35-36).

O livramento foi real, graças a Moisés que colocou sua vida como garantia diante de Deus.

O grande líder que não aceitou a proposta de Deus, em fazer a partir dele uma nação. Isto teria riscado os hebreus do livro da vida (Ex 32.32) de uma vez por todas.

Moisés foi um pastor de verdade. Amou, lutou, trabalhou, clamou e se alegrou com os livramentos recebidos. Afinal tomar conta e se preocupar com quase três milhões de pessoas não era tarefa para qualquer um.

Alguns gritaram ou devem ter pensado que o pior já havia passado. O bezerro de ouro foi destruído para que o remanescente fiel não fizesse cópias ou repetisse o mesmo erro durante o trajeto.



[1] Se isto tivesse acontecido, Israel não teria colecionado inimigos ao longo de sua história.

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)