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sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Prefiro murmurar no deserto. As dez murmurações do primogênito. Capítulo 4

4ª MURMURAÇÃO - MOTIVO: SEDE 

Na região do Sinai, o povo avançava em direção a Terra Prometida, porém houve necessidade de uma breve parada no monte Horebe[1], o mesmo local onde Moisés havia encontrado, pela primeira vez, o “Eu sou”, fato que concretizou e oficializou sua chamada e onde mais tarde o profeta Elias também ouviria a voz de Deus (I Rs 19.13), portanto era e seria um lugar especial para Israel.

A caminhada continuava a passos largos, porém sem avanço satisfatório que pudesse animar ou acalmar aquele povo. A experiência frustrante em Mara e a posterior fartura vivida em Elim, o lugar de tranquilidade e repouso, com suas doze fontes e setenta palmeiras, abriam precedentes para novas situações, fossem agradáveis ou não.

Os mais ansiosos aguardavam, a qualquer momento, mudanças, decepções, alegrias ou intempéries. Outros imaginavam que o mar de rosas os seguiria até a entrada na Terra Prometida.

Então o que temiam aconteceu, a situação inesperada ou esperada por alguns, sofreu alteração. De uma hora para a outra, a alegria e confiança adquiridos após a última intervenção de Deus em Mara deu lugar ao desespero e descontrole. Em Refidim[2] pode se ouvir os primeiros choros e reclamações pela falta de água.

Esta foi a primeira vez que reclamaram pela falta de água, pois em Mara a reclamação foi pela qualidade.

A sede atacou e não poupou a ninguém. Era de se esperar que este problema alcançasse aquele povo. Os hebreus saíram do Egito com uma larga distância dos problemas, mas aos poucos foram perdendo a vantagem que tinham e se deixaram alcançar pelo medo, murmuração, fome e sede, os fatos geradores de muitos problemas.

Refidim, que deveria ser um local para descanso e não para contenda, logo se tornou um inferno a céu aberto, como poderia ser este local de refrigério se não havia como saciar a sede? A esperança seria os céus disponibilizassem chuvas em abundância, ou o solo permitisse que águas brotassem do subterrâneo, mas ninguém pensou no improvável, no inédito ou em algo que somente poderia ser feito por Deus. Realmente era muito pouco para quem já havia visto muito.

A situação era grave e Moisés sentiu o peso da responsabilidade. Afinal todos esperavam alguma reação dele diante do caos. Como de costume murmuraram e o caso foi levado ao conhecimento de Deus.

 

A MURMURAÇÃO

Quanto seria necessário para suprir a sede de todo aquele amontoado de gente e animais? Será que o ajuntamento de toda a água potável do planeta seria capaz de saciar o povo? Independente de onde poderia vir ou a quantidade, o certo é que um culpado foi novamente eleito e colocado à parede para apresentar soluções.

O mais estranho era que, por mais que presenciassem a manifestação do poder de Deus, não conseguiam crer com convicção, pois a fé a cada dia diminuía e o temor, aos poucos, desaparecia. Era para ser ao contrário, mas os corações duros se revelavam e contagiavam um a um.

 

“Tendo, pois ali o povo sede d’agua, o povo murmurou contra Moisés e disse: Porque nos fizeste subir do Egito, para nos matardes de sede, a nós e aos nossos filhos e ao nosso gado?” (Ex 17.3).

 

Todas as vezes que iniciavam uma reclamação faziam questão de mencionarem o Egito e a suposta fartura que tinham ou tiveram naquela nação. “Porque nos fizeste subir do Egito?” Como tiveram coragem de perguntar isto? Moisés os fez subir do Egito por que clamaram e foram ouvidos e também por que Deus havia decidido pela libertação, nada mais do que isto. Não foi Moisés que pensou, sonhou, planejou a saída. Todos tinham conhecimento desta situação.

Aquela situação era fruto da ignorância espiritual, da dureza do coração e das incansáveis murmurações. Não foram libertos para morrerem de sede, fome ou nas mãos dos inimigos.

Nenhum deles morreria de sede, nem seus filhos ou muito menos os rebanhos, seria uma incoerência da parte de Deus caso permitisse isto. A promessa da saída e chegada foi feita e não poderia ser mudada ou anulada. 

Ou mudavam o curso daquela caminhada, voltando para o Egito, ou matavam o líder e elegeriam outro. Coragem para isto teriam, pois a revolta era grande e serviria de combustível para que o caos se instalasse. Seria apenas uma questão de tempo. A presença e atuação de um homem de pulso firme era necessário.

continua...



[1] Horebe: seco e desolado em hebraico

[2] Refidim: local de refrigério, porém não tinha água

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

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