A preocupação de Deus com a humanidade foi tão grande que o levou
a planejar criteriosamente cada ato durante os dias da criação. O homem foi
criado após todas as outras criaturas, uma honra? Ou favor? O certo é que o
homem não conseguiria viver nas condições primárias da Terra.
Deus criou o homem
somente depois de propiciar todas as condições de vida e mordomias[1], porém mesmo diante de
tamanha revelação ainda nos perguntamos se não teria sido melhor criá-lo no
primeiro, antes do surgimento da luz, do sol, do ajuntamento das águas, do
aparecimento da porção seca, do mundo botânico, dos animais, peixes e aves?
Quem sabe assim a coroa da glória da criação seria capaz de visualizar todo o
amor e preocupação dispensados a ele, ou então valorizaria mais todo o esforço
Divino.
MELHOR DIA PARA CRIAR O HOMEM!
O plano de Deus já
previa a criação do homem somente no sexto dia, pois sabia que ele não
sobreviveria às condições originais apresentadas pela Terra.
Dentro dos seis
primeiros dias seria necessário o estabelecimento das condições mínimas de
sobrevivência para que então a coroa da glória da criação não encontrasse
dificuldades.
O planejamento foi
necessário, pois não haveria uma segunda chance ou opção para reforma. A grande
certeza é que Deus não queria deixar brechas para contestação ou o direito para
que algum homem pudesse tomar para si a glória por todo o trabalho realizado.
Não havia obstáculo para que a singela[2] e bonita criação não se
adaptasse à sua nova morada.
O homem não poderia ter
sido criado no primeiro dia, pois a Terra estava sem forma, vazia e em trevas. Certamente
ele ficaria em uma completa escuridão, perdido, sem rumo, isto contraria um dos
princípios básicos da salvação[3].
É inadmissível
imaginarmos Deus dando vida a sua criação e a colocando nas trevas para ficar
esperando pelos seus tropeços e erros, pois o seu maior desejo é que o homem
ande na luz assim como Ele está.
Que decepção seria para
o homem quando abrisse os seus olhos e se deparasse com as trevas? Era aquilo
que Deus havia preparado para ele? O que dizer então do tempo que ficaria
esperando para que a terra atingisse o estágio final, após todo o processo de
criação? Certamente reclamaria do período de espera[4] entre a primeira
declaração Divina para que houvesse luz e a última, lá no sexto dia. Se lhe
fosse permitido diria a Deus: “Se possível, afasta[5] de mim este cálice”!
Se tivesse criado o
homem no segundo dia, este encontraria dificuldades para sua adaptação, pois
não existiria nenhum tipo de proteção contra os elementos ardentes dos céus,
ainda que Deus não tivesse criado o sol, mas a falta da proteção seria sentida
a partir do momento em que fosse atacado pelo inimigo, que não se cansaria até
vê-lo caído.
Certamente ele
reclamaria para si uma proteção, um campo de força para protegê-lo. Quem sabe
não diria: “Pai, eu sou teu servo, não mereço isto”.
No terceiro dia o homem
estaria na claridade, já protegido[6], mas estaria em um local
tomado pelas águas sem terra firme, sujeito às correntezas, ondas, tempestades,
etc., sem contar que a falta de solo firme inibiria a presença das árvores
frutíferas, de onde proveria o seu sustento.
Faltaria ao homem asas
para sobrevoar sobre aquele inóspito ambiente ou ele não atentaria para este
detalhe? Muitos não suportariam esta situação e cobrariam mudanças.
Israel, diante do cerco
egípcio, não recebeu asas para sobrevoar o mar Vermelho, mas ao contrário do
que ocorreu na criação, as águas[7] foram separadas para que
os israelitas atravessassem a seco, pisando em solo firme.
Se fosse criado no
quarto dia ele ficaria perdido no tempo, não teria o sol para determinar dias e
anos e tampouco a lua e as estrelas para clarear a sua noite.
No quinto dia o homem
não encontraria os peixes e animais marinhos e aves do céu, potenciais
alimentos.
Já no sexto dia era
preciso que Deus criasse primeiro os animais em espécie e tão logo visse a
Terra oferecendo condições dignas de vida poderia então dar vida ao homem, ou
seja, jamais o colocaria em um lugar onde não pudesse, ao menos, buscar o seu próprio
sustento.
O final da criação
culminou com este casamento perfeito, mas bem antes, durante os primeiros
contatos com a Terra, Deus já demonstrou o seu amor e preocupação com o bem
estar do homem, pois ao contemplar um terreno caído, deformado, escuro, o
Grande Arquiteto e Construtor enxergou a necessidade de uma urgente
intervenção, por isto planejou, estruturou, remodelou e decorou.
Assim Deus viu a Terra
sem forma e vazia, arquitetou e executou um plano perfeito, decorou a seu
gosto, para proporcionar meios de sobrevivência para então criar o homem
consolidando assim esta união, que poderia ser eterna se não fosse à
intervenção do inimigo.
Esta harmonia foi
afetada quando o homem caiu no pecado, tendo o inimigo ao seu derredor. Esta
influência foi tão grande que o fez acreditar na auto-suficiência, no seu
limitado conhecimento do bem e do mal e nas suas próprias forças para resolver os
seus problemas, anulando desta forma as providências e as misericórdias de
Deus.
A intenção deste inimigo
foi tão somente destruir, afastar e interromper a comunhão perfeita que existia
entre o homem e o seu Criador, se pudesse ele teria feito isto durante os dias
da criação, porém não pode interferir no momento em que a Terra estava sendo
preparada. Depois de tudo pronto viu o homem perfeito, isto o enfureceu ainda
mais, motivo pelo qual executou o plano da queda humana e até hoje continua
nesta sua batalha pessoal.
Apesar de toda a
interferência maligna é necessário ressaltar que o homem teve a sua parcela de
culpa nesta que foi uma das maiores demonstrações de desobediência, já visto na
história da humanidade.
Diante do pecado consumado
restava somente ao homem admitir, reconhecer e se preparar para as
conseqüências do seu erro, não teria como voltar, ignorar, esquecer, suplicar,
clamar por perdão, misericórdia, tampouco se auto incluir no plano da salvação,
pois o sangue do Cordeiro ainda não havia sido derramado. Prevenir antes, houve
possibilidade, remediar diante desta situação calamitosa já não seria mais
possível. Tudo estava consumado, não restava alternativa a não ser cumprir na
integra a sentença.
Adão teve toda a sua
vida, cerca de novecentos e trinta anos para refletir sobre o seu erro e para
contemplar a misericórdia Divina, que mesmo diante desta situação se fez
presente em sua vida. O passado ainda estava fresco na mente, era pó e
continuava na mesma condição. Não teria como esquecer isto ou mudar esta
situação. Em relação ao presente estava totalmente carente da Glória de Deus,
estava colhendo o que havia plantado no jardim do Éden. Agora teria pela frente
o sofrimento, suor, a dura constatação da perdição acompanhada da certeza do
resgate. Este era o futuro do homem.
As consequências deste
erro perduram até a atualidade, pois o homem se imaginando conhecedor do bem e
do mal, julga, condena inocente, absolve culpado, planeja, arquiteta, executa,
desfaz, mata, rouba, mente, não respeita direitos, não cumpre deveres, busca os
primeiros lugares, são amantes de si mesmo, oprime as viúvas e os órfãos, faz o
bem com uma das mãos e revela com a outra, acredita em fábulas, anedotas, ama
somente os amigos, odeia os inimigos, oprime, blasfema, persegue, rejeita,
endurece o coração para a voz do Espírito Santo, não reconhece o sacrifício do
Calvário, não busca a Deus e faz oposição.
Apesar de todos estes
delitos acima existe um outro pior, o desejo de se igualar a Deus[8]. Desta forma o homem se
imagina em condições de resolver todos os seus problemas e os da criação, que
julga estar imperfeita, inacabada e que necessita de uma urgente reforma.
Mesmo destituído da
glória e expulso do paraíso, o homem ainda estava nos planos de Deus.
[1] Regalias
para se manter integro diante de Deus.
[2] A
perfeita criação se tornaria um monstro após a consumação do pecado.
[3] Andar na
luz, como na luz Ele está (I Jo 1.7)
[4] Seis
dias de 24 horas? Anos? Eras?
[5] Teria
condições de comparar o estado atual com o anterior? Sequer existia.
[6] Dos
elementos ardentes do céu.
[7] Na
criação as águas foram ajuntadas e no mar Vermelho foram divididas e em ambos
os casos apareceram a porção seca para benefício do homem.
[8] O homem
tenta se igualar, pois é impossível se tornar maior.
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