Introdução:
Israel estava
vivendo dias difíceis, principalmente após o aparecimento repentino de Elias. A
mensagem do profeta fazia alusão ao fechamento do céu, para que não
houvesse chuva e orvalho (I Rs 17.1).
Sem chuva não houve
riqueza, colheitas, prosperidade e alegria, mas para Elias não faltou água, pois o profeta esteve luxuosamente
hospedado às margens do ribeiro de Querite (I Rs 17.3), escondido e no anonimato,
justamente um lugar para reflexão, renovo e total dependência de Deus.
Porque não foi
levado até ao mais volumoso e atrativo rio Jordão? Certamente teria mais
recursos à disposição e daria consequentemente mais visibilidade diante dos
olhos dos israelitas.
1) Água potável, via
ribeiro minguado de Querite:
O ribeiro era temporário, pois
dependia das águas da chuva (I Rs 17.7), mas se tornou um lugar de provisões
de Deus. O local de refúgio do profeta, nada lhe faltaria naquele lugar. Tudo
parecia perfeito. Se fosse preciso enfrentaria novamente o rei Acabe e qualquer
outro – pura ilusão.
2)
O Senhor é o meu pastor e nada me faltará – via corvos:
Para os 7000 que
ainda não haviam dobrado seus joelhos (I Rs 19.18) e em especial, para Elias,
durante o período compreendido entre a primeira e segunda aparição diante de
Acabe (I Rs 17.1; 18.1), o Senhor Deus foi o grande pastor e nada lhe faltou.
Lá em Querite teve água em abundância e foi suprido com pão e carne que
eram trazidos por corvos (I Rs 17.6), uma ave imunda (Lv 11.15-16). Aquilo era
uma provisão divina e não uma iguaria, por isso foi entregue daquela forma. O
que aconteceria se os alimentos fossem trazidos por outras aves ou por animais
puros? Certamente seriam mortos pelos famintos israelitas e a encomenda de Deus
não chegaria ao portador das bênçãos.
Logo pelas manhãs
as entregas eram pontuais, garantidas pelo próprio Deus (I Rs 17.4), tal como
aconteceu no deserto com os hebreus que recebiam o maná enviado dos céus (Ex
16.21).
O instrumento era
duvidoso, asqueroso, mas a fonte da benção não! Se fosse outro homem,
certamente recusaria ou relutaria por alguns instantes. Deus havia ordenado aos
corvos e eles obedeceram, uma prévia do que Pedro ouviria e veria com seus
próprios ouvidos e olhos anos mais tarde (At 10.14-15).
Por alguns dias os
corvos se comportaram como aves obedientes, pois as ordens para que entregassem
a provisão para o profeta havia partido do próprio Deus, portanto não tinha
como as aves relutarem ou Elias duvidar (I Rs 17.4-9).
3)
O ribeiro está secando:
O profeta não se preocupou com o
futuro, pois estava recebendo o socorro de Deus e assim não
percebeu que a situação estava aos poucos mudando. Havia água realmente, mas o
ribeiro estava secando, bem diante de seus olhos (I Rs 17.7).
Elias não
questionou Deus sobre a “morte” do ribeiro (I Rs 17.7), pelo contrário, ficou
esperando a Palavra do Senhor, bem diferente de Jonas (Jn 4.7-11), que lamentou
a morte da aboboreira ao mesmo tempo em que não se comoveu com a situação
espiritual de seu público alvo, os ninivitas.
4) “Só eu fiquei por profeta” (I Rs 18.22):
Elias
disse isso ao povo antes do desfecho do desafio contra Baal no monte Carmelo.
Ele se achava o único fiel? Mas o que havia feito de extraordinário para ter
tal percepção? Naquele dia, após os acontecimentos, os israelitas se
concertaram e certamente se juntaram aos 7000 fiéis que não haviam dobrado os
joelhos diante de Baal (I Rs 19.18).
Elias queria
ser o único profeta em Israel? Não havia que
pudesse ser tão fervoroso, temido ou comparado a ele. Na verdade, sua intenção
era formar discípulos e não sucessores.
5) “E eu fiquei só” (I Rs 19.10):
Seria o único
fiel que havia restado: "Eu fiquei só" (I Rs 19.10). Em seu
pensamento Não havia mais fiéis. Deus possuía ainda 7000 (I Rs 19.18).
Elias fugiu com
medo de Jezabel e foi para o deserto. Lá recebeu a visita de um anjo que lhe
mandou que prosseguisse na jornada, mas por conta própria se escondeu em uma
caverna (I Re 19.9-11). Mesmo nessa condição conseguiu ouvir e reconhecer a voz
de Deus, mas disse: “tenho sido zeloso...os filhos de Israel deixaram seus
concertos...e eu fiquei só”.
Elias estava
decepcionado pelo não reconhecimento recebido, fragilizado pelas ameaças de
Jezabel, cansado pelo peso da obra e dos últimos acontecimentos e com sono
devido a sua longa caminhada, situação ideal para o desanimo certeza do término
do ministério.
6) “E eu fiquei só” (I R
19.14)
Elias
disse isso a Deus, logo após ter saído da caverna onde havia se refugiado após
as ameaças de Jezabel (I Rs 19.1-2). Deus falou com ele, não através do vento, fogo ou terremoto, mas por uma voz mansa e
suave que fortaleceu o profeta.
7) E disse Deus: “Saia da caverna, porque você não
está só” (I Rs 19.18)
- Vai e volta pelo caminho que você trilhou (que não era o de Deus)
- Unge um rei para a Síria
- Unge um rei para Israel
- Unge um novo profeta para Israel.
8) Novo profeta? Para que?
Assim como todos os homens, chegou o dia em que
Elias precisou parar, mas antes teve o cuidado de seguir as orientações
recebidas para proceder a escolha correta e para preparar seu sucessor.
Eliseu fazia parte da estatística dos sete mil
fiéis, alias o sucessor de Elias só poderia sair deste grupo, pois se fosse
alguém de fora certamente precisaria de tempo para conversão, concerto, limpeza
geral do coração, da mente, aprendizado, resgate da Lei e renúncias.
Mas Elias deve ter pensado: “novo profeta, para
que? Ainda mais agora que fui renovado? Seria para me auxiliar? Para me
servir? Para ser treinado por mim?
9) E disse Deus:
E Deus
respondeu: “unge um novo profeta para ficar em seu lugar, seu sucessor, pois
você não ficou só, não está só, ainda tenho 7000 fiéis que ainda não haviam
dobrado joelho a Baal, ainda tenho profetas para Israel e para o mundo”.
“Elias, seu ministério terreno está se
findando, temporariamente, tal como temporário é o ribeiro de Querite, que
depende das águas da chuva. Um dia você voltará e cumprirá sua missão, por
enquanto venha para cá – venha para os braços do Pai Eterno e fique comigo” (II
Rs 2.11).
Conclusão:
Israel enfrentou
dias difíceis devido a seca profetizada por Elias, que diferentemente não
sentiu na pele os mesmos problemas, pois foi sustentado por Deus com água, pão
e carne.
Mas o profeta não
percebeu que o ribeiro, de onde saciava sua sede secava aos poucos. Outro
problema foram suas declarações, por três vezes, imaginando que seria o único
fiel ou profeta que havia restado em Israel.
Foi grandemente
usado por Deus, depois foi fugiu covardemente diante das ameaças de Jezabel e
por fim se assombrou quando recebeu de Deus a ordem para ungir um novo profeta
em seu lugar.
Seu ministério
terreno temporariamente se findou, tal como o ribeiro de Querite secou diante
de seus olhos, mas que ao primeiro sinal de chuvas voltou forte e triunfante.
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