Visita a ponte Pensil Alves Lima - ida pelo norte do Paraná, passando por Bela Vista do Paraíso, Alvorada do Sul, Sertanopolis, Ibiporã, Jataizinho (rio Tibagi), Cornélio Procópio, Santa Mariana, Bandeirantes (Cachoeira Laranjinha), Andirá, Cambará, Jacarézinho (Rio Ouro Grande), Ribeirão Claro (cachoeira do moinho, e véu da noiva, igrejinha e casa da Farinha). Retorno pela Raposo Tavares
HISTÓRICO
A ponte Alves Lima, que permite a ligação entre Ribeirão Claro (PR), e Chavantes (SP) é uma das três pontes pênseis construídas no Brasil. As mais famosas são: a Hercílio Luz, em Florianópolis, que tem toda a sua estrutura de ferro, a qual foi recentemente interditada para qualquer tipo de tráfego, uma vez que sua estrutura está comprometida devido à corrosão, não oferecendo nenhuma segurança. A outra, por sinal a mais antiga (inaugurada em 1914), situada em São Vicente, permitiu a ocupação e o desenvolvimento de Praia Grande e demais localidades do litoral sul de São Paulo.
Chama-se ponte pênsil aquela cujo tabuleiro é sustentado por cabos ancorados (como diz o Aurélio). Coincidentemente hoje as três pontes são bens tombados, visando assegurar a sua preservação. Também as três assistiram à construção de novas pontes nas suas proximidades, mais modernas, visando desafogar a grande demanda de tráfego que elas mesmas ajudaram a promover.
Ponte Alves Lima.
O Norte Pioneiro foi colonizado através de uma ocupação espontânea de levas de paulistas e mineiros, trazendo a cultura do café para o Paraná. A transposição dos rios, como o Paranapanema, representou uma dificuldade a mais, principalmente na hora de escoar a produção. Meios de transporte precários e a inexistência de estradas eram o tormento daqueles que se estabeleceram nas novas terras que , se por um lado eram dadivosas, por outro dificultavam a transferência de suas riquezas para os centros consumidores.
De início a transposição do rio Paranapanema era feita por balsa, que, além das dificuldades do transporte, não oferecia condições de segurança. Aumentando a produção cafeeira, os fazendeiros da região se movimentaram para superar as dificuldades, construindo uma estrada de ferro.
A construção de uma ponte ligando Ribeirão Claro a Chavantes ocorreu no início dos anos 20, tendo à frente Manoel Antônio Alves Lima, proprietário da fazenda Monte Claro, localizada nas proximidades e à margem esquerda da Paranapanema. Com auxílio financeiro do município de Ribeirão Claro, a ponte foi construída dentro dos planos de ligar essa cidade com a Estação Chavantes da Estrada de Ferro Sorocabana. Embora seja mais conhecida como “Ponte Pênsil de Chavantes”, sua denominação oficial é Ponte Alves Lima, em homenagem ao seu construtor.
Bastante estreita para os padrões atuais, ela representou a “salvação da lavoura” na época em que foi construída. Para comprovar a sua importância, a Prefeitura de Ribeirão Claro chegou em 1926 a dar uma ajuda de três contos de réis para a construção da estrada, no Estado de São Paulo, ligando a ponte até Chavantes.
Destruída três vezes.
A ponte Alves Lima foi vítima de três fatalidades. Sua importância estratégica fez com que ela fosse abatida nas duas primeiras, tendo sucumbido pela terceira vez devido às forças da natureza. Foi destruída pela primeira vez em 1924, durante a Revolução Paulista, quando as tropas do capitão Alberto Costa invadiram a cidade de Chavantes. Laura Garrido, atualmente residente em Ribeirão Claro, lembra perfeitamente do fato: “Correu notícia na cidade de que a ponte estava queimando e viemos ver. Meus pais me trouxeram. Havia muita gente. Chegamos em tempo de ver as vigas caindo na água. Eu era pequena e sentia dó de tudo que estava acontecendo com nossa ponte”. Terminado o conflito, as obras de reconstrução foram iniciadas, terminando em 1928.
Novo confronto armado destruiu, desta vez com dinamite, a “ponte da esperança”. Foi durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Tropas gaúchas ficaram aquarteladas em Ribeirão Claro, requisitando alimentos da população. Pessoas como Manoel Pereira Garrido, dono de uma padaria, armazém e posto de gasolina, chegavam à falência, pois eram obrigados a prover a manutenção dos invasores. Forçados pelos gaúchos, os revolucionários paulistas recuaram e dinamitaram a ponte para impedir a passagem dos sulistas. O governo paulista só veio a reerguê-la em 1936. A terceira tragédia aconteceu em junho de 1983, vitimada pela maior enchente de que se tem notícia na região. Mas ela foi recuperada dois anos depois.
Na realidade ela é uma ponte mista: dos seus 164 m, apenas 82,5 m formam a parte pênsil, com 4,10 m de largura e 2,88 m livres na altura, o que só permite a passagem de veículos de pequeno porte. Uma placa, gravada em letras de chumbo, ilustra bem a trajetória histórica da única ponte pênsil do Paraná: “Em 1924 e 1932 revoluções armadas destruíram esta ponte. Em 1983 uma grande enchente a destruiu. Toda vez que um mal destruir um bem ele será reconstruído, para que não morra no coração dos homens a esperança. Jovens de Chavantes, 1985.”
Para o coroamento de sua história, através da resolução n.º 65, de 2/3/85 a ponte foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo.
fonte: http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=151
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