Qual a origem da violência? Após a expulsão?
Nos primeiros dias de convívio em grupo? No seio da primeira família? Entre
dois irmãos? Os únicos amigos da época (?).
O medo da solidão não foi maior que o desejo de
ser o maior. Então a expulsão do paraíso não foi capaz de resolver os problemas
da humanidade, recém formada? A convivência fora do paraíso serviu para grifar
ainda mais os erros do homem.
Imagino os pais diante de um corpo inerte na
terra, algo inédito para eles, sem atitude e um pouco mais atrás estava o irmão
imaginando que Abel estivesse simulando aquela situação. Ou estava arrependido?
Triste? Talvez naquele momento de reflexão, ele tenha feito propósitos com Deus
ou exposto o desejo de mudança, pois é assim que acontece quando estamos diante
dos “inertes” parentes, amigos ou conhecidos.
Para quem já havia respondido de forma
insolente ao próprio Deus, como estaria arrependido ou demonstrando algum outro
sentimento humanitário? Ele não via a hora de tudo aquilo terminar para dar
continuidade a sua vida.
“E disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu
irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão”? (Gn 4.9)
Pelo menos poderia ter demonstrado uma dor pela
perda do grande amigo, do irmão ou então porque não buscou o perdão de Deus?
Certamente conheceria uma parcela da misericórdia Divina.
A fuga foi a solução encontrada por Caim, que
para trás deixou os pais sem filhos[1],
preocupados com a atitude do então “único filho”, até ao nascimento de Sete (Gn
4.25), o percussor de uma geração que começou a buscar a Deus (Gn 4.26).
Esperança para o caído homem?
Então, a grossos olhos, poderíamos dizer que a
partir deste momento o grande problema da humanidade, até então, estava com os
seus dias contados? O homem voltou a se aproximar de Deus, certamente
reconheceria seus erros e voltaria à comunhão perdida no Éden, pelo menos esta
seria a lógica.
Segundo Josefo, havia na terra, duas raças,
dois grupos de pessoas, assim como frisamos acima, a geração de Sete, os filhos
de Deus (conforme Gn 6.2) e a geração marcada de Caim (Gn 4.15), os filhos do
homem (conforme Gn 6.2), mas um dia, estas duas gerações se encontraram e se
misturaram. A mistura gerou a multiplicação da espécie e da violência.
“Nessa época, havia duas raças distintas: a
descendência de Sete e a de Caim. Os expositores modernos, em sua maioria,
concordam que os "filhos de Deus", citados em Gênesis 6.2,
constituíam a descendência de Sete, e os "filhos dos homens", a
descendência de Caim”. JOSEFO (Livro primeiro, capítulo 2).
Então a fuga e o isolamento do primeiro
homicida não resolveram o maior problema da humanidade? Pelo contrário, parece
que aumentava ainda mais o fascínio humano pela maldade. Os lugares por onde,
ele disseminou o mal que havia em seu coração. A sua história não era segredo
para ninguém.
“Depois de haver atravessado diversos países,
Caim estabeleceu residência em um lugar chamado Node, onde teve vários filhos.
No entanto o castigo, em vez de torná-lo melhor, fê-lo, ao contrário, muito
pior. Abandonou-se a toda sorte de prazeres e até usou de violência,
apoderando-se de bens alheios para enriquecer-se. Reuniu homens maus e
celerados, dos quais se tornou o chefe, e ensinou-os a cometer toda espécie de
crimes e de ações ímpias”.
“Eis como a posteridade de Caim chafurdou-se em
toda espécie de crimes. Não se contentaram em imitar os de seus pais, mas
inventaram outros. Entre eles, havia assassínios e latrocínios, e os que não
mergulhavam as mãos em sangue estavam cheios de orgulho e de avareza. JOSEFO,
(Livro primeiro, capítulo 2).
Quem sabe o extermínio da raça humana pudesse
resolver o problema da maldade? Deus não via mais com bons “olhos” a sua
criação, por isto resolveu por fim a tudo (Gn 6.5), mas era preciso conservar
uma semente, para que a partir desta aparecesse uma nova geração, diferente
daquela corrompida e maldosa.
A semente escolhida foi boa (Gn 6.9), pois Noé
havia achado graça aos olhos de Deus, algo extremamente difícil para os moldes
sociais da época. Diante de toda aquela corrupção existia ainda um fiel, um que
buscava a Deus e que se apartava do mal, aliás sempre houve e sempre haverá,
pois Deus nunca ficou ou nunca ficará sem testemunho na Terra (I Rs 19.18; Ap
7.1-9; 11.1-3).
- Após a saída da arca, aquela família voltou a sua rotina e não demorou para que voltassem a tona os velhos e conhecidos problemas da raça, a violência e maldade, mas com uma nova roupagem, uma nova conotação, que muitos poderiam até classificar como normal, aceitável ou insignificante:
- Uma falta de respeito por um grande patriarca. Isto fundamentou a origem semita e a posição elevada de Israel (Gn 9.26) e por outro lado consolidou a constante presença ao seu redor de seus “inimigos” (Gn 4.25);
- Uma afronta a um trabalhador, que se alegrou pela colheita (Gn 9.20). O trabalho, sucesso e prosperidade eram somente seus ou também de seus filhos? Porque então também não se reuniram a ele para juntos comemorarem o fruto da terra?
- Uma violência moral contra o próprio pai (Gn 9.22). Três filhos, com atitudes diferentes, que agiram como aqueles dois grupos de pessoas que havia na terra, antes do dilúvio (os filhos de Deus e os filhos do homem), pois um não honrou o pai (Gn 9.22), enquanto que os outros dois não permitiram a desonra, a chacota, os risos, a vergonha, o rótulo, a discriminação e qualquer outra consequência que este tipo de violência provoca no homem.
Naquele dia todos estavam reunidos e contemplaram
a alegria de Noé, mas também conheceram um novo tipo de violência, a moral, que
em muitos casos é pior que a física, pois traumatiza, tanto quanto, causa
ferimentos profundos, consequências que somente são sentidas no futuro, por
outras gerações.
O Maligno conseguiu entender desta forma e por
isto mudou os seus planos. A violência física é fácil de se identificar e
evitar, mas a moral, a cruel, a violência branca é muito pior e maléfica.
Portanto o dilúvio também não resolveu o velho
problema da humanidade, pois a maldade ainda imperava e até piorou. Somente o
Sacrifício vicário de Jesus, pode resolver os traumas causados pela violência
social, que tão de perto nos rodeia.
Referências:
Bíblia de
estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003
Bíblia
Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP). Sociedade Bíblica do
Brasil, 2000
Bíblia
Sagrada – Harpa Cristã. Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de
Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2003
JOSEFO, Flávio. História dos
Hebreus. De Abraão a queda de Jerusalém. 8ª Ed. Traduzido por Vicente Pedroso.
Rio de Janeiro. CPAD, 2004
Por: Ailton da Silva - 6 anos (Ide por todo mundo)
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