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sábado, 27 de abril de 2013

O ataque do Maligno aos filhos dos grandes patriarcas

1) O PERIGO NO JARDIM DO ÉDEN:
Enquanto o casal, de origem perfeita, estava no paraíso, usufruindo dos benefícios concedidos por Deus a eles, certamente não imaginaram a possível, trágica e inevitável tragédia que se aproximava, rastejando. Já eram conhecedores da ordem de Deus (Gn 1.28), no tocante a multiplicação depois da frutificação. Eles a cumpririam tão logo demonstrassem um crescimento, que viria com o passar dos anos, pois de que adiantaria encherem o então “paraíso” de filhos se não tinham condições ou se ainda eram “emocionalmente limitados[1]”. A confirmação da ordem da multiplicação se daria na ocasião da entrega da sentença divina, após o erro primário[2].

Assim como eles estiveram frente a frente com o mal, mesmo em um ambiente favorável à santidade e obediência, certamente seus filhos, casos os tivessem ali, também estariam sujeitos aos ataques do Maligno, muito mais estariam fora do Éden, uma vez que ele fica ao derredor bramando, como[3] leão, espreitando as brechas e aproveitando os vacilos dos homens.

2) O ATAQUE AOS FILHOS DE ADÃO – DECEPÇÃO E CIÚMES:
Tão logo saíram do paraíso e deram inicio a novidade[4] de vida, eles sentiram a necessidade de educarem seus filhos para que andassem no caminho correto (Pv 22.6). Então entenderam o quão difícil seria manterem seus filhos longe dos ataques dos inimigos, o mesmo bombardeio que sofreram no Jardim. A preocupação assaltou o coração dos pais, pois como ninguém sabiam que o inimigo, responsável pelas perdas, até então, era implacável e não costumava errar em suas investidas.

O secularismo e carnalidade não eram tão evidentes na humanidade, na época, haja vista, que o grande problema[5] da geração pré diluviana foi a maldade no coração (Gn 6.5), portanto o ataque deveria ter requintes de ineditismo. Hedonismo? Desejo de se sentir satisfeito com seus atos? Desejo de ser o único a agradar a Deus? Seria prazeroso ver o fogo do céu descer e consumir um primitivo holocausto oferecido a Deus? Alias o prazer residia justamente na visão e satisfação de ver o seu sacrifico ser aceito, e o do outro ser rejeitado.

“Sereis iguais a Deus” já era coisa do passado, pois os pais, Adão e Eva, devem ter falado algo a seus filhos a respeito desta trapaça maligna, portanto estavam vacinados contra esta praga, mas não foram preparados, tanto um quanto o outro, para a decepção, tristeza, frustração diante de um serviço sacrificial, propositadamente não atentado por Deus. Para aqueles[6] que imaginavam que o Maligno não teria mais argumentos ou inspiração para seus ataques se enganaram completamente. Eis ai o ineditismo. Decepção, perda de controle e um crime.

2) O ATAQUE AOS FILHOS DE NOÉ – “A MALDIÇÃO: UM FILHO MAIOR QUE O OUTRO?”
Quando Deus anunciou o diluvio para Noé[7], deixou bem claro que somente sua família seria salva. Esposa, filhos e as mulheres dos filhos (Gn 6.18), portanto não adiantaria querer incluir alguém que não estivesse previamente nesta lista. Isto não era acepção de pessoas, uma vez que Deus não faz uso desta ferramenta dos “poderosos humanos”, mas sim, foi uma resposta à maldade dos homens e principalmente ao desprezo e zombaria, já que não acreditaram nas palavras do patriarca, que não deve ter se furtado ao direito de anunciar[8] a sentença divina, enquanto construía a arca. Ele não suportaria ficar de “boca fechada”, guardando somente para si e sua família. Certamente deve ter anunciado a muitos o plano de Deus.

Ao desembarcarem da arca e contemplarem toda aquela enorme fazenda a disposição deles, aliás de propriedade deles, os grandes e novos fazendeiros, não entenderam o plano de Deus e não agiram em conformidade com a bênção recebida. Não foi à toa que foram livrados do grande dilúvio, havia um proposito divino.

Mas o que poderia influenciar os filhos de Noé, se somente havia eles na terra? O que poderia ter manchado a vida dos filhos de Adão, se somente existiam os dois[9]?

A maldade do coração do homem havia ficado no barro, na lama diluviana, mas surgia no cenário mundial outro grande mal, tão cruel quanto o primeiro, que fatalmente atingiria os filhos de Noé, mesmo porque não havia outras potencias vitimas.

“Os filhos de Noé, que saíram da barca com ele, foram Sem, Cam e Jafé (Caim foi o pai de Canaã). Esses três foram os filhos de Noé, e os descendentes deles se espalharam pelo mundo inteiro. Noé era agricultor; ele foi a primeira pessoa que fez uma plantação de uvas. Um dia Noé bebeu muito vinho, ficou bêbado e se deitou nu dentro da sua barraca. Cam, o pai de Canaã, viu que seu pai estava nu e saiu para contar aos seus dois irmãos. Então Sem e Jafé pegaram uma capa, puseram sobre os seus próprios ombros, foram andando de costa e com a capa cobriram o seu pai, que estava nu, a fim de não verem o pai nu, eles fizeram isso olhando para o lado. Quando Noé acordou depois da bebedeira, soube do que Caim, o filho mais moço havia feito. Ai Noé disse o seguinte: Maldito seja Canaã[10] ele será escravo de seus irmãos, um escravo miserável” (Gn 9.18-25 – NTLH).

O mal que poderia vir sobre os filhos de Noé seria novo, o desejo de um ser maior que o outro, por interpretarem erroneamente uma palavra do pai: “Maldito seja Canaã”. Em uma tradução parcial, seria algo do tipo: “Sem e Jafé, a partir de agora, oprimam seu irmão e você Cam, juntamente com seus descendentes, se preparem para os dias maus”. Guerra[11] declarada e como é duradoura.

Talvez dai se explica o fato do primeiro homem orgulhoso, poderoso e idolatrado tenha surgido da linhagem do então amaldiçoado. Cam gerou Cuxe e que posteriormente gerou Ninrode (Gn 10.8-11). A luta[12] pelo orgulho e resgate do brio dos descendentes de Cam se iniciou na terra de Sinar, região que apresentou ao mundo a prática idolatra que acompanharia o homem desde então. Eis a brecha que o inimigo usou e tem usado para combater e destruir o projeto bem sucedido de Deus, a família. 

3) O ATAQUE AOS FILHOS DE ABRAÃO, ISAQUE E JACÓ – INVEJA, ABORECIMENTO, VINGANÇA ENTRE OUTROS:
A) ISMAEL E ISAQUE – frente a frente: a ansiedade e a paciência:
Seguindo-se a linhagem de Sem, nos deparamos com Abraão, recebendo promessas de Deus, as quais se cumpririam na integra, durante a sua caminhada. Famílias da terra benditas (Gn 12.3), pela sua obediência e crença, terras (Gn 16.5-8), descendentes tantos como a areia do mar e estrelas do céu (Gn15.5; 22.17).

Como não tinha filhos[13], nada mais justo do que pedir ao dono da vida, para que lhe desse um herdeiro legítimo, para que assim as promessas de Deus se cumprissem em sua vida, pois bem deveria pedir ao “dono da vida” um filho e não moldar um, com as próprias mãos e com a ajuda de sua descrente e ansiosa mulher Sara (Gn 16.1, 15).

Ismael, a dor de cabeça de Abraão e de seus descendentes semitas, após ser despedido pelo pai, foi habitar em terras distantes de seu irmão Isaque, o então “filho da promessa” e protegido do pai, o qual não permitiu que se corrompesse com a beleza das cananeias (Gn 24.3). Como foi obediente este jovem, esperou a bênção que foi trazida e colocada à sua frente. O seu irmão, Ismael, o “filho da escrava” não recebeu o mesmo tratamento (Gn 21.14-21) e como o Maligno deve ter trabalhado este tema em sua mente. “Está vendo, a acepção. Seu pai, Abraão, te desprezou, te mandou embora. Isto é consequência da maldição homofóbica de Cam. Busque os seus direitos, lute pela minoria”.

B) JACÓ E ESAU – a recompensa que foi dada para quem não fez por merecer:
Como foi conturbada a história dos filhos de Isaque. Desde o ventre foi desenhada a trajetória dos dois (Gn 25.24-26) e posteriormente redesenhada pelos caminhos seguindo e pelas atitudes tanto de um quanto do outro. O primeiro conflito, pós ventre foi ainda nos áureos anos de juventude, pois enquanto Esaú enfrentava os perigos da caça, se aperfeiçoando cada vez mais e orgulhando seu pai (Gn 25.28a), na contramão estava Jacó, “entrufado e enfiado” o dia todo em sua tenda, arquitetando seus planos e alheio aos desejos do pai, mas isto alegrava, em parte, sua mãe (Gn 25.28b). Em outras palavras, poderíamos dizer que a guerra estava declarada naquela família. Era o maligno agindo, dividindo o amor dos pais e permitindo que os irmãos pudesse atentar um para a porção do outro.

Esaú perdeu a sua porção dobrada da herança para Jacó. Na primeira oportunidade foi por sua própria iniciativa (Gn 25.29-34), mas na segunda, foi enganado e mesmo chorando, implorando pela “benção resto da panela” (Gn 27.38) não a teve de volta ou tampouco foi recompensado pelo seu incansável trabalho e presteza[14].

Que brecha tremenda para o Maligno trabalhar entre aqueles irmãos. Um saiu à caça, conforme pedido do pai e ao retornar de seu trabalho se viu ante a decepção da perda de algo que considerava sua, impossível de ser perdida. Fiz[15] tanto pelo “Pai” e não recebi a bênção. Jurar o irmão de morte e cumprir sua promessa maligna, tão logo o pai fosse recolhido às mansões celestiais, foi o único recurso para acalmar seu coração.

C) JOSÉ, RUBEN, SIMEÃO, LEVI, JUDÁ, DÃ, NAFTALI, GADE, ASER, ISSACAR, ZEBULOM E BENJAMIM – dez[16] contra um:
Um caso a parte na história dos patriarcas. Uma intervenção de Deus, um plano maravilhoso que mudou o coração e o caráter deste grupo de dez jovens, opositores de José, a fim de que se tornassem, anos mais tarde, na espinha dorsal da nação que seria eleita por Deus para ser sua propriedade particular (Ex 19.5).

Nunca uma brecha foi tão escancarada para que o Maligno pudesse operar em uma família como nesta ocasião. Se bem há de se convir que tanto Jacó quanto o filho predileto e o grupo dos dez facilitaram um pouco:

“[...] E José contava ao pai as coisas erradas que seus irmãos faziam. E Jacó já era velho quando Jose nasceu e por isso ele o amava mais do que a todos os outros filhos. Jacó mandou fazer para José uma túnica longa, de mangas compridas. Os irmãos viam que o pai amava mais a José do que a eles e por isso tinham ódio dele e eram grosseiros quando falavam com ele” (Gn 37.2b-3 – NTLH).

A preferência escancarada de Jacó, a volúpia animal de José para deixar os pai informado quanto aos passos dos irmão e por fim o ciúmes, traição, mentira[17] e falta de remorsos demonstrados pelo grupo dos dez, deixa-nos bem claro que o Maligno “bailou” durante muitos anos nesta família, mas não contava com uma intervenção de Deus que daria continuidade ao plano divino tão logo os irmãos se reencontrassem em terras egípcias. O perdão e a acolhida de José jogou por terra todo o trabalho maligno de anos.

Tanto José quanto seus irmãos careciam de aprendizado e crescimento para que Deus pudesse usá-los conforme sua vontade. Este foi o lado bom e o lado ruim da família dos patriarcas.

Assim como eles, também estamos sujeitos às mesmas intervenções malignas, muito mais os filhos, jovens e crianças que estão agregados ao rebanho do Senhor. A família dos grandes patriarcas bíblicos não foram poupadas, mostrando que o Maligno não mede esforços e não se cansa em sua trajetória para levar consigo um número maior de almas para usufruírem com eles, por toda a eternidade, das acomodações que estão preparadas, o inferno.

Referências:
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003.

Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003.
  

[1] Eram limitados no tocante a experiência de vida. Muitos dos sentimentos comuns à humanidade eles ainda não conheciam, tais como: ódio, desejo de vingança, traição, ciúmes, decepção, etc. Alguns eles conheceram durante a entrega da sentença, antes da saída do Éden.
[2] Primário, pois se tratou do primeiro e também pela infantil confiança depositada na “conversa fiada” do inimigo: “Sereis iguais a Deus”.
[3] “Bramando como leão”, na verdade, ele imita um leão, para amedrontar suas possíveis presas.
[4] Novidade de vida foi experimentada por eles, pois até então não conheciam o sofrimento para se alimentarem (Gn 3.19) ou as dores para trazerem à vida seus futuros filhos (Gn 3.16).
[5] O problema da geração pré diluviana foi a maldade. A idolatria surgiu após o diluvio (Gn 10.8.11), através da conduta de Ninrode, homem orgulhoso, poderoso, respeitado e idolatrado.
[6] Adão e Eva preparam seus filhos: “Se aparecer alguém e falar que vocês podem ser iguais a Deus, corra dele, não acreditem, é mentira”.
[7] Noé, herói da fé e o “segundo pai da raça humana”.
[8] Anúncio do juízo vindouro diante da descrença e zombaria humana. Algo comum e atual. 
[9] Partindo do principio da composição familiar: pai, mãe e dois filhos. Vindo depois os outros.
[10] Teria sido esta a primeira demonstração de homofobia na raça humana? Claro que não. Noé sabia muito bem o que estava dizendo.
[11] Guerra que se iniciou com um simples de despretensioso copo de vinho.
[12] Ninrode vingaria a vergonha de Cam.  Os descentes de Sem (semitas) e os de Jafé experimentariam na pele, através da opressão e trabalhos forçados, toda a desilusão e vergonha sentidas no passado por Cam.
[13] Abraão tinha somente a promessa (Gn 17.16).
[14] Ele não mediu esforços para cumprir as ordens do pai, mas não recebeu a benção ao final. Sua intenção era somente se tornar maior que seu irmão, em nenhum momento pensou em agradar ao pai.
[15] “Apartai-vos de mim” (Mt 25.41).
[16] O problema de José foi com seus dez irmãos que eram mais velhos e que não eram filhos da mesma mãe. Com Benjamim, filho de Raquel como ele, manteve uma relação sadia e amorosa. Com Diná, sua irmã, não teve desavença (grifo meu).
[17] Quantos anos o grupo dos dez foi capaz de esconder de Jacó a verdade sobre José? Cerca de 13 anos ou mais (Gn 37.2, cf 41.46).

Por: Ailton da Silva - Ano IV

Um comentário:

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