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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Elias e Eliseu - pérolas do trimestre

ELIAS
Elias não descendeu de figuras importantes tal como os profetas Sofonias, Zacarias (Sf 1.1; Zc 1.1; Ne 5.1) e não foi tão importante como Isaías, filho de Amós (Is 1.1), provável sobrinho do rei Uzias.

Elias apareceu do nada no cenário bíblico (1 Rs 17.1). Saiu do anonimato do dia para a noite (1 Rs 17.1), mas não fez uso da fama em nenhum momento. Quando se tornou conhecido pelo rei Acabe, obedecendo às ordens de Deus, se escondeu no ribeiro de Querite e ficou solitário esperando novas coordenadas divinas. Depois que o ribeiro seco, ele foi enviado a Sarepta para ser sustentado por uma viúva que estava em condições piores que ele.

Ele sabia muito bem de onde havia vindo, de Tisbe, mas não imaginava para onde iria (2 Rs 2.11; cf  Jo 14.4; Gn 16.8), quem o sabe? Da mesma forma, não tinha onde reclinar a cabeça, tal como Jesus (1 Rs 17.1, 4, 9; 19.4, 8, 9, cf Mt 8.20). As duas raposas, Acabe e Jezabel, tinham seus palácios para descansarem.

Devido a profecia entregue como cartão de visita (1 Rs 17.1), Elias não possuía transito livre nos palácios acabianos, como teve Isaias, Sofonias, Jeremias, na verdade, ele não poderia sequer passar pelas ruas ao entorno, marcar audiências, muito menos sentar-se à mesa para ser seduzido pelas ofertas jezabélicas, que não eram poucas (Ap 2.20).

Surgiu como fogo, com uma palavra que queimava como tocha e que durante seu ministério protagonizou um dos fatos mais impactantes da historia de todo o Israel (considerando as doze tribos unidas), através do fogo (1 Rs 18.39), o mesmo elemento visto na sua partida (2 Rs 2.11).

A FUGA
Elias fugiu e se escondeu justamente na terra da mulher que estava lhe perseguindo, Sarepta de Sidom. Esta foi uma das fugas mais espetaculares da história humana, pois se escondeu na cidade onde jamais seus inimigos pensariam em procurá-lo (1 Rs 17.9).

Acabe, o procurou em todo o território de Israel, mas para esta tarefa ele designou “um dos tais, um dos 7000 fiéis”, Obadias, o que havia escondido e sustentado com pão e água os cem profetas que foram poupados da morte (1 Rs 18.1-3; 13). Neste meio tempo o profeta estava escondido no quintal da casa de Jezabel.

PRÉ E PÓS MONTE CARMELO
Após o glorioso desfecho do sacrifício do Carmelo, Elias não se aproveitou da situação e não fez uso da fama (1 Rs 18.38-39), pois se existisse alguém que não o conhecesse em Israel certamente passou a conhecê-lo, depois daquele episódio. Naquele dia ele quase se transfigurou, estava cuspindo fogo.

Anos mais tarde apareceu juntamente com Moisés, como representante dos profetas, para atestar a messianidade de Jesus e para contemplar a restauração total de Israel. Recebeu um presente de Deus ao contemplar o Messias. O que ele tanto desejou ver em Israel, restauração, viu ali no monte da transfiguração na pessoa de Jesus.

Elias apareceu aos assustados Pedro, Tiago e João, talvez pela penúltima vez (Mc 9.4), pois é um forte candidato a ser uma das testemunhas do Apocalipse (Ap 11.1-6), já que pelas evidências, um destes mártires terá o poder para fazer descer fogo do céu para consumir os inimigos (1 Rs 19.38; 2 Rs 1.9-14) e para fechar os céus para que não haja chuva (1 Rs 17.1), tal como fizera Elias (Tg 5.17).

CURIOSIDADES
Um dia Elias suportou receber e comer alimentos trazidos por corvos, ave imunda, pois estava forte e se fosse preciso o enxotaria, conforme aviso recebido de Deus, mas quando ele estava fraco (1 Rs 19.3-4) Deus enviou um anjo, pois se fossem novamente aquelas aves certamente ele sairia correndo e não se alimentaria, já que ficara com medo de se contaminar.

Um profeta corajoso e audacioso, mas que um dia fugiu temendo as ameaças de uma única mulher, que ao menos se deu ao luxo de ir pessoalmente ameaçá-lo, mandou um mensageiro (1 Rs 19.3).

Foi um profeta presente na história de Israel, mas um dia se tornou ausente (1 Rs 17.3, 9; 2 Rs 2.11), de uma hora para outra, inclusive deixando seu discípulo falando sozinho (2 Rs 2.12). Desapareceu diante dos olhos arregalados de Eliseu (2 Rs 2.11), da mesma forma como apareceu, de súbito.

Elias não conheceu a morte, até então. Provavelmente isto acontecerá por ocasião de sua morte no cumprimento de seu ofício ministério de combate à apostasia (Ap 11.3-6), como uma das duas testemunhas.

O SUCESSOR
Elias foi ordenado por Deus para que saísse a procura do sucessor, o outro profeta que tomaria o seu lugar (1 Rs 19.16). O sucessor não poderia ser um qualquer. Deveria ser um dentre os 7000. Era urgente a continuidade do ministério de afronta à apostasia.

Se fosse alguém fora do grupo dos 7000, certamente deveria destinar um tempo para conversão ou concerto, limpeza geral do coração, da mente, aprendizado, resgate da Lei e renúncias. O tempo deveria ser abreviado. Ele o encontrou trabalhando (1 Rs 19.16-19) e formaram, a dupla dinâmica, amigos inseparáveis até ao momento do arrebatamento.

O aluno disse sim ao mestre, que lhe permitiu despedir de seus pais (1 Rs 19.20, cf Lc 9.59-62). Ele honrou seu pai e mãe, pois queria que seus filhos fossem prolongados (Ex 20.12). Era um moço bem instruído, conhecia a Lei.

O sucessor era bom de espada (1 Rs 19.7b), bem diferente de Pedro (Jo 18.10). O aluno fez mais que o professor? O sucessor fez mais que aquele a quem sucedeu? Fez o dobro de milagres.

Eliseu foi muito usado na questão dos milagres, mas como todos os seres humanos, deixou a desejar em outro ponto. Foi muito bem preparado por Elias, porém não teve o mesmo cuidado na preparação de seus possíveis sucessores. A culpa não foi dele. Geazi era um ótimo candidato à sucessão, mas tinha outras intenções, gostava de correr atrás de carroças de estrangeiros, não pensava duas vezes para isto (2 Rs 5.21). Eliseu deve ter percebido e desta forma não esperou muito ou investiu muito pouco naquele jovem.

ELISEU
De uma hora para outra ficou sozinho, confuso, sem o mestre. De um lado do Jordão e desejou atravessá-lo. Dividiu o rio e não ficou parado admirando as águas, como os “bobos” ficam, olhando, pensando que são obras de suas mãos e acabam perdendo a bênção. Quando o maná caia do céu deveria ser recolhido antes que o sol derretesse (Ex 16.21). Alguns “bobões” ficavam olhando ele na palma da mão, admirando, até que escorresse entre os dedos.

O primeiro milagre de Eliseu foi para que Israel soubesse que ainda existia um Deus e para provar que o ministério de afronta teria continuidade, por isto que este milagre foi visto por alguns filhos dos profetas (2 Rs 2.15), que atestaram a sucessão. Eliseu não percebeu que estava sendo observado.

Depois encontrou águas amargas em Jericó e mesmo conhecendo a história daquela cidade e o que falara Josué (Js 6.26), não teve dúvidas, pois o passado não poderia interferir ou impedir o milagre do presente.

Esteve diante dos rapazinhos zombadores, que intencionaram tirá-lo do sério, pois já sabiam que era o sucessor de Elias. Eles tentaram de tudo para atrapalharem o inicio de seu ministério.

Eliseu se apresentou ao desastrado e atrapalhado rei Jorão (chorão), filho de Acabe e Jezabel e tal como o mestre não rodeou para mostrar toda a sua indignação com os seus erros e desmandos (2 Rs 3.7, 8, 14), mesmo diante do rei de Judá. Sinais da presença da porção dobrada?

Foi pressionado pela viúva de um dos filhos dos profetas, que já chegou intimidando-o, pois o seu marido havia sido um dos alunos das escolas de profetas e como ela disse: “Tú sabes, que ele era fiel”.

Depois se viu às vistas com a cobrança da sunamita (2 Rs 4.28), quando viu seu filho morto. Dividiu vinte pães para cem discípulos. Repreendeu a morte que havia na panela, fico tão indignado quanto Naamã (2 Rs 5.11), mas nada que se compare ao que sentiu diante da mentira e traição de Geazi. As ameaças do rei de Samaria não o intimidaram (2 Rs 6.31), tampouco a zombaria do capitão (2 Rs 7.2). Outro fato marcante foi o seu choro diante de Hazael, futuro rei da Síria (2 Rs 8.12).

O último milagre, depois de morto (2 Rs 13.20-21) serviu para os inimigos vissem que ainda existia um Deus em Israel e que o ministério de afronta à apostasia ainda teria continuidade. Deveriam pensar duas vezes antes de mexer com Israel.

CURIOSIDADES
Eliseu não percebeu que estava sendo observado durante a realização do primeiro milagre. Aquilo atestou a sua missão em substituir Elias. Este primeiro milagre foi visto pelos filhos dos profetas, Israel e o último foi visto pelos moabitas, inimigos.

Eliseu realizou milagres mesmo depois de morto (2 Rs 13.20-21). Este milagre confirmou a duplicidade de vezes que foi usado como instrumentos nas mãos de Deus para realização de milagres. A lógica seria Elias ter feito mais milagres, mas o discípulo realizou mais que o mestre.

Eliseu não resistiu aos pedidos dos valentões, que pediram autorização para procurarem Elias. Eles queriam mostrar serviço ao recém promovido profeta. A teimosia deles fez Eliseu perder muito tempo. Como estava responsável por aquele grupo, certamente não iria embora sem eles.

Eliseu ouviu antes de sua morte a mesma frase dita no dia do arrebatamento do mestre Elias: “Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros”. Foi uma volta ao passado, ao inicio de seu ministério. Serviu como ânimo diante da morte que se aproximava.

Fazia cerca de quarenta e cinco anos que estava ausente, longe dos holofotes, contando os 28 anos de reinado de Jeú (2 Rs 10.36) e os 17 de seu filho Jeoacaz (2 Rs 13.1). Tanto Eliseu quanto Elias souberam sair de cena. Mesmo assim foi encontrado pelo rei Jeoás.

MINISTÉRIOS COINCIDENTES
Amigos inseparáveis, “até que o arrebatamento os separe” (2 Rs 2.11). Os dois não exerceram seus ministérios concomitantemente (2 Rs 2.14).

Os dois ressuscitaram filhos de mulheres desesperadas. A viúva de Sarepta disse: “porque vieste aqui”, enquanto que a sunamita disse: “eu não te pedi filho”. Multiplicaram também azeite para duas viúvas, em Sarepta e para a viúva dos filhos dos profetas.

Os dois abriram o rio Jordão. Foram ameaçados de morte. Jezabel deu apenas vinte e quatro horas de vida a Elias, dizendo “assim me façam os deuses e outro tanto” (1 Rs 19.2) e Eliseu teve sua cabeça posta a prêmio, quando o rei de Samaria disse: “assim me faça Deus e outro tanto” (2 Rs 6.31).

Eliseu não enfrentou Jezabel porque ela não escapou da espada de Jeú, conforme revelado a Elias ainda em Horebe, o monte de Deus (1 Rs 19.17), mas se tivesse escapado certamente encontraria o profeta pela frente.

Eliseu não encontrou a mãe, mas encontrou o filho, o rei Jorão, que da mesma forma era atrapalhado e mau governante, pois culpou Deus pelos seus erros, quando decidiu pela guerra contra os moabitas e pela rota traçada por ele mesmo (2 Rs 3.13).

Elias preparou bem o seu sucessor, mas Eliseu não teve esta mesma felicidade.

Que assombro para a casa de Acabe, pois pensaram: “não tem fim estes homens, um sumiu e dizem que foi levado para o céu e o sucessor perturba Israel até mesmo morto, alias os dois perturbam” (cf 1 Rs 18.17; 2 Rs 13.21).

ADJETIVOS APLICÁVEIS A ELIAS E A ELISEU (ALGUNS SOMENTE A ELIAS E NÃO A ELISEU)
“O ESTRANHO” – Elias apareceu do nada (1 Rs 17.1), já Eliseu teve pai e mãe (1 Rs 19.29).

“O DESAPARECIDO” – Elias desapareceu diante dos olhos dos homens (2 Rs 2.11), um desaparecimento estranho, inesperado. Ele foi visto por Tiago, Pedro e João (Mc 9.4). Eliseu morreu e foi enterrado, teve seu fim como qualquer outro ser humano (2 Rs 13.20).

“MISSÃO IMPOSSIVEL IV” – O rei Acabe não conseguiu encontrar Elias em nenhum lugar dentro do território de Israel. Estava procurando no lugar errado e inutilmente, pois Deus o havia escondido (1 Rs 17.3; 9). Eliseu foi facilmente encontrado pelo rei Jeoáz (2 Rs 13.14).

“O CORAJOSO” – Elias se apresentou ao rei Acabe (1 Rs 17.1), sem temer as represálias. Eliseu se apresentou a Jorão e a Josafá (2 Rs 3.14) e não temeu repreendê-lo diante do rei de Judá. Se apresentou também a Hazael, futuro rei da Síria, que faria muito mal a Israel e o ungiu como rei (2 Rs 8.11-12).

“O MEDROSO” – Elias temeu Jezabel (1 Rs 19.2-3) e fugiu. Eliseu não teve medo de afrontar o filho dela, o rei Jorão (2 Rs 3.14), tampouco o capitão de Samaria (2 Rs 7.2).

“O AUSENTE DA TERRA” – Elias deixou Eliseu a ver navios, sumiu diante de seus olhos (2 Rs 2.11). Eliseu esteve até o último momento de sua vida mostrando sua preocupação e trabalhando por Israel (2 Rs 13.14.19)

“O ARREBATADO” – Elias foi tirado deste mundo (2 Rs 2.11), não pela forma convencional, a morte, diferente de Eliseu que morreu e foi sepultado como qualquer ser humano.

“TRANSFIGURADO, O RETORNO, A TESTEMUNHA” – Elias foi visto pela penúltima vez no monte da transfiguração (Mc 9.4), já que a última será no cumprimento de seu ofício como uma das duas testemunhas do Apocalipse (Ap 11.1-6), uma vez que é um forte candidato, considerando as evidências apresentadas (Ap 11.3-6). Já Eliseu não terá este privilégio de retornar à Terra, pois já conheceu a morte (Hb 9.27).

Por: Ailton da Silva - Ano IV

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