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sábado, 28 de setembro de 2013

121 - Atos 16 - projeto piloto, como tudo começou


1) O PASTOR CHEGOU ANTES DA SEPARAÇÃO DOS NOVOS OBREIROS (16.1, 12)
E lá se foi Paulo (15.40; 16.12), rumo a uma parte dos confins da terra não visitado na primeira incursão e que, provavelmente, não estava em seus planos. Se dependesse dele ficaria ali mesmo em terras asiáticas, percorrendo as cidades e visitando as igrejas já fundadas por ele anteriormente.

Durante aquela viagem ele aguçou sua visão espiritual para enxergar os futuros novos obreiros. Não importava em quais condições estavam ou que problemas enfrentavam. O primeiro a ser selecionado foi Timóteo, filho de uma judia com um grego. Paulo enfrentaria os murmuradores e sacrificaria o conceito, que defendeu no primeiro concilio em Jerusalém (15.1-31). Que dilema: Circuncidar e correr o perigo de ser repreendido por ter mudado de ideia ou perder um grande obreiro que estava ali à sua frente? Ele decidiu pela primeira opção. Sacrificou-se pelo jovem promissor obreiro e não se arrependeu.

2) DESEJO HUMANO (VISÃO LIMITADA) E O DESEJO DO CONTROLADOR  (CONFINS  DA TERRA)  - A QUEM OBEDECER? (16.7)
Seguir o desejo do coração ou ouvir as orientações do Espírito Santo? “Vá para onde Deus deseja ampliar a obra e não para onde a sua limitada visão humana alcança”. O plano de Paulo para expor o Evangelho na Ásia, foi mudado, pois Paulo intentou uma direção, mas Deus já havia estabelecido outra rota para o grupo de missionários. Frígia, Galácia, Mísia, Bitinia e até mesmo Troâde (16.6-8), de certo, poderiam esperar um pouco mais, já que oportunidades não faltariam, muito menos pregadores e evangelistas para serem enviados no futuro. Isto prova que a obra tem direção e propósitos e que não depende da vontade, vigor ou planejamento humano.

O ponto chave da viagem foi Troâde, o fim dos limites asiático, local onde Paulo não poderia contemplar o seu destino final, pois sua visão alcançava somente Bitinia, jamais passou pela sua cabeça navegar pelo mar Egeu em direção ao leste europeu. Sua visão apontava para a direita (16.8), enquanto que a de Deus apontava para a frente, Macedônia, em especial Filipos. Os presos aguardavam para um grande culto de louvor e momentos de oração.

3) A REVELAÇÃO/VISÃO – O GRITO MACEDÔNICO (16.9)
“Passa a Macedônia e nos ajuda” – para depois nós ajudarmos você (Fp 1.7; 2.25). Esta segunda parte da revelação não fora entregue de imediato, demorou um pouco para que ele entendesse.

O grito macedônico foi bem audível. Bastava Paulo atender ao chamado. Eles estavam precisando de Palavra, de paz, de felicidade e de ensino. A instrução grega, reforçada então pelos “senhores do mundo”, os romanos, os privilégios concedidos, a riqueza e o status não supriam a falta da Graça, do amor de Deus.

Aquela visão (16.9) não fora fruto de seu cansaço físico, consequência da longa viagem terrestre, ela foi espiritual, haja vista, o clamor visto no pedido “ajuda-nos”, e a disposição dos missionários que não mediram esforços para materializarem a resposta e se levarmos em conta o resultado final, a conversão da família do carcereiro, dos presos e o assombro da multidão no dia seguinte ao “culto de louvor e adoração na prisão”, não teríamos como não corroborarmos com a origem divina da visão/revelação.

Venha e sofra por nós, para depois sofrermos e sacrificarmos por você. Um dia aquela igreja, inaugurada e ensinada por Paulo, a socorreu em seu ministério e aflições, enviando recursos através de Epafrodito, que não mediu esforços para cumprir as ordens da igreja. Foi muito mais obediente na volta, depois de aprender com o professor Paulo, pois colocou em prática tudo o que aprendeu. Nasceu e foi forjado mais um obreiro.

4) A IDA – TUDO DARIA CERTO, DEUS ESTAVA NO CONTROLE (16.10)
Imediatamente após a revelação/visão, eles seguiram viagem em direção ao local indicado. Que maravilha, que confiança, diante de tal visão, o próprio escritor deixou claro ao afirmar que imediatamente partiram em direção a Macedônia (16.10). Estavam certos de que tudo daria certo, pois Deus garantiria o sucesso da viagem. A escolha foi a correta.

A comitiva de missionários seguiu radiante, certos da vitória e com Deus no controle. Poderia alguém, em sã consciência ou no curso pleno de suas faculdades mentais, pensar diferente? Ainda mais um com as credenciais, experiências e objetivos como Paulo?

Qualquer um de nós faria o mesmo, iria radiante, feliz e confiante no resultado imediato, com tudo facilitado. Com Deus na frente nos tornamos corajosos.

5) A PRIMEIRA CIDADE. NÃO ERA PONTO FINAL ERA O PONTO DE PARTIDA (16.12)
A ordem era para atravessarem a Macedônia (antiga província romana ao norte da Grécia que abrangia a cidade de Filipos, Tessalônica e Beréia). Passou pela ilha de Samotrácia e Neapoles, mas não permaneceu nestas localidades. O objetivo era outro, era a primeira cidade daquela parte da Macedônia, Filipos, onde estavam os ouvintes ansiosos aguardando a chegada dos pastores.

Quem sabe não teria um grupo organizado, livre, esperando o socorro como os que estariam em Éfeso (At 19.1-6)? Quem sabe não teria um salão[1] preparado, esperando somente os valentes para erguerem e fixarem uma “imaginária placa”, com os dizeres: PRIMEIRA IGREJA EVANGÉLICA DE FILIPOS – O VERDADEIRO “CAMINHO” PARA JESUS.

6) A CHEGADA! NADA ESTAVA DANDO CERTO, MAS É DEUS O CONTROLE (16.13-14)
Durante a primeira viagem missionaria alguns eventos alegraram o coração dos pregadores e confirmaram suas chamadas e autoridades, mas em Filipos, até então não havia acontecido nada, momento ideal para aparecerem as murmurações do tipo: “será que fizemos a escolha correta? Será que foi de Deus aquela visão/revelação?”

As dúvidas começaram a surgir nas mentes. Será que seria diferente se tivessem optado pela direção apontada pelo coração deles? Ao chegar em Filipos, Paulo não encontrou portas abertas para pregar, como na primeira viagem missionaria (At 13.14-15), muito menos pessoas sedentas e atentas, rogando para que retornasse para dizer as mesmas coisas (13.42), pelo menos até então na havia encontrado os ouvintes.

“Não havia sinagoga na cidade, porque o número de judeus era pequeno. Os poucos que havia se reuniam todos os sábados para orar num lugar afastado, fora da cidade, às margens de um rio. O pequeno grupo compunha-se em sua maioria de mulheres. Algumas delas eram prosélitas que, abandonando a idolatria haviam encontrado na religião de Israel algo infinitamente melhor”. BALL (1998, p. 71).

Paulo não contemplou conversões em massa como as vistas nas pregações de Pedro (2.41; 4.4; 5.14; 6.1, 7), não foi testemunha ocular de curas como em sua primeira viagem missionária (14.8-10), tampouco viu a confirmação de sua autoridade e chamada tal como acontecera também na primeira oportunidade em que correra o mundo para pregar o Evangelho (13. 8-11). Mas como sempre existe o lado bom nas coisas ruins, até então, por que não demoraria, ele não havia experimentado ainda um livramento de morte como o recebido por ele e Barnabé (14.19-20).

Que recepção estranha, mas nada de desanimar o grupo de missionários, pois eram conhecedores que o próprio Jesus também não havia sido recebido de bom grado pelos seus. Ele não voltou para o céu, de onde havia vindo (Jo 3.13), Ele não antecipou seu retorno com Glória (At 1.9), diante da nefasta e grotesca recepção dispensada pelos judeus ao seu Rei.

Jesus, jamais tomaria esta decisão, mesmo não tendo a recepção devida em seu nascimento. Ninguém lhe rendeu a glória devida, não teve banda musical, mídias, flores, fila para presentes, vídeo comemorativos, desfile em carro aberto, blindado e etc. Estiveram presentes somente os anjos enviados para anunciarem e glorificarem (Lc 2.13-14) e o pastores/magos (Lc 2.8; Mt 2.1-12).

7) O PRIMEIRO SALÃO (16.13) – À BEIRA DO RIO (EMBRIÃO DA PRIMEIRA IGREJA EVANGELICA DE FILIPOS – “O CAMINHO VERDADEIRO PARA JESUS”)
Mas o grupo de missionários encontrou, depois de alguns dias, somente algumas mulheres à beira do rio, que os ouviram de bom grado, entre elas Lídia, que os constrangeu a visitarem sua casa. Fato bem diferente do ocorrido em sua primeira viagem missionária, quando as cidades se reuniam para ouvi-lo (13.13-15; 14.1; cf 16.13). Lídia foi a única manifestação de conversão pública, até então.

Os vizinhos estranhariam a chegada daqueles homens, mas logo saberiam que se tratava de homens de Deus, enviados para alcançarem suas almas sedentas. Eles não perderam a oportunidade para pregarem o Evangelho. Faltava apenas um salão para iniciarem os trabalhos.

“Os quatro missionários encontraram este lugar de oração (beira do rio, acréscimo meu) num sábado pela manhã, logo depois de chegaram a Filipos, sentaram e conversaram com as mulheres, compartilhando as boas notícias que tinham trazido. A líder dessas mulheres era Lídia, uma temente a Deus da cidade de Tiatira, [...]. Como havia uma colônia judaica em Tiatira, é provável que ela se tornara temente a Deus. Ao ouvir o Evangelho, foi convencida da sua verdade e batizada, junto com os da sua casa. Depois disto, ela insistiu que os missionários fossem seus hóspedes pelo resto do tempo em que ficassem em Filipos”. BRUCE (2003, p. 250).

Lídia, uma vendedora que interrompeu seus afazeres comerciais para ouvir a Palavra e acolher os missionários em sua casa. Realmente havia pessoas de bem em Filipos e de lá viria muitas outras. A mulher de Tiatira, que assim como aquela igreja, que um dia seria formada em sua cidade, teve suas últimas obras maiores que as primeiras e que foram reconhecidas por Deus (Ap 2.19).

8) A JOVEM POSSESSA – O TESTEMUNHO DE DEMÔNIOS (16.16-18)
Quantos tormentos na vida de Paulo e Silasdurante aquelas manhãs e tardes atribuladas, enquanto eles andavam a procura de ouvintes (cfe Rm 10.14). Aquela jovem apareceu no momento em que se dirigiam à oração, nada mais lógico.

O espírito de adivinhação, que a tomava, testemunhou por vários dias que o grupo de missionários estava na direção de Deus (At 16.17) e que eram servos do Deus Altíssimo, que coisa linda, mas que não possuía nada de revelação e muito menos era de origem ou permissão Divina. O Maligno foi de uma sutileza e esperteza nunca vista até então. Não havia outra coisa a dizer deles, jamais Paulo e seus companheiros seriam afrontados ou acusados publicamente, pois o Maligno sabia muito bem com quem estava mexendo (19.15).

Os elogios dela pareciam tão tentadores, na verdade eram, mas foram repreendidos, pois os missionários não precisavam de testemunhos e elogios de demônios. Paulo não deixou aquela seta maligna entrar em seu coração. No início talvez não tenha percebido o perigo, demorou um pouco. Sua intenção era impedir que aquela falácia demoníaca atrapalhasse os trabalhos da noite que se iniciariam tão logo adentrassem no local do culto, a prisão de Filipos. Como se soubessem do que estava preparados para eles aquela noite.

Paulo sabia muito bem em quem cria (2 Tm 1.12), não necessitava de testemunho de demônios, por isto ele repreendeu e não deixou com que entrasse em seu coração aquela declaração maligna, mesmo que parecesse boa, de Deus.

9) A REVOLTA QUE VEIO DO INTERIOR, DOS ESPÍRITOS MAUS (16.19)
Aquela jovem era muito valiosa, não para seus senhores exploradores, mas para Deus, por isto foi liberta. A esperança do lucro se foi, mas para ela, renasceu. A revolta nasceu e veio a partir dos espíritos maus que estavam perdendo terreno, depois se estendeu aos donos da jovem, até então, e por fim alcançou a multidão.

Após serem usados como instrumentos para a libertação da jovem, Paulo e Silas imaginavam que, pelo menos os familiares e amigos se renderiam a Jesus ou que, pelo menos, dariam crédito à Palavra. O que eles temiam era que fossem novamente tomados como deuses humanos pelos moradores da cidade, tal como ocorrera na primeira viagem com o próprio Paulo e Barnabé (14.13-18).

Alguns dos furiosos filipenses, que participaram da revolta popular levantada contra a ação dos pregadores, rangiam os dentes de tal maneira que devem ter jurado atitudes ainda mais severas contra os missionários no decorrer daqueles dias. Imaginaram se reunindo novamente para contemplarem a execução, após as animalescas torturas dos “corretos e inatingíveis” juízes inquisitores que certamente existiam, os perfeitos da época, os anti-bruxos, os anti-leitura, os queimadores de literatura sacra, os adversários do crescimento pedagógico espiritual, tal como visto na idade escura da humanidade, manchada pelo sangue de inocentes que somente desejavam cumprir o “ide da grande comissão”.

O que poderiam pensar aqueles pobres homens cegos de Filipos? O que poderiam fazer de mal aos enviados de Deus que estavam ali somente para apresentar-lhes a Graça? Será que imaginavam que as furiosas caras e algumas mascaras poderiam esconder o vazio que existia no interior de cada um? Pura ilusão. Eles estavam exteriorizando o amor e zelo pela religião local, talvez a maior da época, a mais antiga, a que se declarava erroneamente como primeira e única, talvez a que batia no peito e declarava: “os filipenses tem a literatura sacra devido a nós (nós – religião)”, ou aqueles que mais entusiasmados diziam: “se não fosse a nossa religião (filosofia barata e ridícula de vida, mistura de misticismo e mitologia greco-romana, traduzindo, uma verdadeira bagunça que perdura nos dias atuais) ninguém teria literatura”. Conversa fiada de quem não tem argumentos para incentivar o povo a buscar na Palavra entendimento e razão para existência e salvação, aliás um emaranhado de paredes brancas (23.3).

10) A PRISÃO INJUSTA – O PEDIDO MACEDÔNICO DE SOCORRO SAIU DAQUELE LUGAR: “PASSE A MACEDÔNIA E NOS AJUDE” AQUI NA PRISÃO (16.23)
Este era o objetivo de Deus. A missão não era atender às mulheres à beira do rio, tampouco socorrer às multidões que encontraram durante o trajeto ou as conversões em massa, as curas públicas etc. O mistério estava na prisão. O motivo da viagem era os presos. O pedido de socorro veio deles. O carcereiro foi alcançado porque estava ali, na linha de frente.

Naquele dia, Paulo e Silas não entraram na prisão boquejando ou jurando vingança, muito menos se declarando inocentes. Eles não ofereceram resistência na entrada. Portando as boas novas observaram o ambiente, os olhares dos presos, futuros ouvintes. Creio que um olhou para o outro e sem palavras entenderam tudo havia sido necessário para que chegassem naquele lugar. Por isto louvaram com alegria e oraram com fé, para que todos ouvissem mesmo.

Mas quem em sã consciência poderia imaginar homens sendo conduzidos para uma prisão sem esboçarem algum tipo de reação? Pelo menos os gritos de: “somos inocentes, não fizemos nada, queremos nossos advogados”, seria normal ouvirmos, o que não dizer então da promessa de retorno, as ditas, conhecidas e tão temidas juras de morte e vingança, as quais na maioria das vezes são cumpridas na integra.

Paulo e Silas foram encaminhados ao interior da prisão tão somente por terem participado da libertação de uma jovem possessa (16.18), que sofria com o tormento provocado por espíritos maus e com os aproveitadores que utilizavam sua vida como trampolim financeiro para manterem suas vidas pecaminosas.

Ora, se Paulo se declarava um imitador de Cristo e se aconselhava a igreja a se portar da mesma forma (1 Co 11.1; Fp 3.17) e por ser instruído em todo conhecimento da Lei e dos Profetas (22.3), o normal seria que as lembranças das profecias messiânicas estivessem gravadas em sua mente, principalmente a que dizia respeito ao caminhar tranquilo de um cordeiro em direção ao matadouro (Is 53.7), passando pela porta do Gado ou das Ovelhas (Ne 3.1), a menor de todas as portas de Jerusalém, justamente por ter sido construído para a passagem destes animais e não para homens[2].

Suas vestes foram arrancadas, rasgadas, sinal evidente do descontentamento e ciúmes da multidão e foram jogadas ao lado para provarem o castigo à aqueles que se atrevessem a proclamar outra religião que não a vista e permitida na cidade, mesmo que viesse com sinais, prodígios e maravilhas. Alias, logo mais a noite os filipenses veriam o agir de Deus. A multidão que auxiliou e os jogou na prisão seria a mesma que pela manhã, boquiaberta testemunharia a transformação que Jesus faria na vida dos presos que ouviriam os louvores e orações dos missionários.

11) A ENTRADA DA TROPA DE CHOQUE. OS PASTORES CHEGARAM.  CULTO VAI COMEÇAR (16.24)
Eles foram lançados na prisão, pela porta da frente e encaminhados ao local de pregação e louvor, mas enquanto se dirigiam ao cárcere interior, Paulo e Silas observaram os semblantes dos presos, uns tristes, outros solitários, carentes, sem perspectivas, sem esperanças de salvação, olhos lacrimejados, revoltados, desiludidos e tudo mais o que pode haver de sombrio na vida de um homem sem Deus. Parece que ouço um dizendo ao outro: “Oh! Glória”. Este é o lugar da benção. “Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus”. Quem mais poderia ter este tipo de discernimento, senão verdadeiros evangelistas[3]?

A tropa de choque, liderada por Paulo, entrou na prisão para dar vida e não para reprimir. Em vez de bater, apanhou para depois oferecer o conforto. Aliás, a tropa de choque chegou bem antes dos acontecimentos (16.23). Eles foram recepcionados na cidade e depois de calorosos abraços, (16.22) foram lançados na prisão para darem inicio aos trabalhos. Como de costume, entraram sérios, procuraram lugares adequados, onde poderiam ser vistos e bem ouvidos. “Sabe como é”, verdadeiros evangelistas de ofício, e não de carteiras, sabem muito bem como trabalhar, pois não dependem de equipamentos radiofônicos, satélites, empresas, grupos de comunicação com seus inúmeros diretores executivos que vivem somente para aumentarem índices e agradarem anunciantes de cigarros, bebidas e prostituição. Eles sabiam que tudo aquilo não era em vão, havia propósitos (9.16).

12) A 1ª IGREJA EVANGÉLICA DE FILIPOS PAULO ENTENDEU O PLANO DE DEUS – TUDO DEU ERRADO FORA, PARA DAR CERTO DENTRO (16.24)
Tudo parecia estar dando errado no inicio, pois o plano de Deus não era com aqueles que estavam supostamente livres, mas sim com aqueles que estavam presos. Neste momento Paulo compreendeu. Não havia sido em vão sua viagem para aquela cidade. Ele estava agora no melhor lugar para se pregar o Evangelho. Tudo deu errado fora para dar certo dentro. Os convertidos estão presos, por enquanto.

Eles estavam cansados, foram pregações à beira do rio, dias atribulados, nos quais o grupo de missionários ouvia constantemente palavras que pareciam boas, pareciam de Deus, mas que na verdade eram verdadeiras setas malignas que atrapalhariam o louvorzão noturno na prisão, então aproveitaram aqueles momentos iniciais do culto na prisão para recuperarem o folego e as forças.

Através daquela jovem, o Maligno tentou se antecipar para atrapalhar o culto da noite, porém encontrou um homem vigilante. Se Paulo estivesse aceito aquelas palavras demoníacas, certamente a noite sua oração seria bem diferente, tipo: “Jesus, prova para mim, para Silas, para os presos, para a multidão, para a cidade que eu sou teu servo. Exploda as paredes, faz algo grandioso, nunca visto, mostra que Maligno estava certo quando afirmou que EU te sirvo”. Uma oração para que a palavra do maligno se cumprisse em suas vidas.

Se fosse nos dias atuais, muitos se alegrariam com as declarações malignas e quando fossem louvar não veriam o agir de Deus em suas vidas. “Mostra Deus que eu sou teu servo, mostra Deus que eu sei te louvar, pregar e ensinar, mostre que não há outro como EU”.

13) CUMPRIMENTO DA VISÃO/REVELAÇÃO – O PRIMEIRO GRUPO DE LOUVOR DA IGREJA PRIMITIVA. O LOUVOR CHEGOU AO CÉU E ATINGIU O ALVO NA TERRA (16.25)
O louvor e oração de Paulo e Silas deram inicio ao cumprimento da visão/revelação. Eles não perceberam, devido a fraca iluminação, que os presos estavam atentos. Talvez imaginaram que estivessem dormindo, por isto começaram a orar e louvar bem baixinho, um olhando para o outro, como que falando pelos olhos: “faça a primeira voz que eu faço a segunda, ou então um pedindo para solar[4]”.

Os presos não estavam dormindo, estavam congelados, atentos e alegres com aquele louvor suave, tal como os ouvintes de Paulo em sua primeira viagem missionária (At 13.15-44). Certamente eles disseram ao final: “voltem na próxima semana, pois estaremos aqui esperando vocês”, duvido que não disseram isto (cfe 13.42).

Esta foi a primeira oportunidade concedida ao primeiro grupo de louvor e intercessão da igreja primitiva. Louvaram com alegria, com a alma, não deixaram o interior, a tristeza, a lacuna da fé, as dores interferirem nos trabalhos daquela noite. O louvor deles chegou ao céu e atingiu o alvo na terra.

“Passe a Macedônia e nos ajude” era o mesmo que dizer: “Será que Deus vê algo de bom em nossas vidas, pois a sociedade filipense não enxerga, nos ajude, queremos ser transformados”. Nos ajude, nos mostre o caminho”.

14) O TERREMOTO (16.26). ALICERCE REMEXIDO (INVÍSIVEL A OLHOS HUMANOS) E PAREDES INTACTAS (VÍSIVEL A OLHOS HUMANOS)
Este foi o único terremoto da história da raça humana que não destruiu paredes, que não deixou desabrigados, pessoas tristes, mortos e etc, apenas abriu as portas da prisão, cadeados e algemas. Tudo isto aconteceu pois, durante o dia, o grupo de missionário resistiu aos elogios malignos e não permitiram que entrassem em seus corações, tampouco ficaram orando pedindo a Deus que explodisse ou abrisse buracos na parede, para que todos viessem que realmente eram servos do Deus Altíssimo.

Deus começou a agir no alicerce da prisão, um lugar onde a visão do homem não alcança. No invisível, onde somente Ele pode chegar. O terremoto mexeu no alicerce e manteve as paredes intactas. Deus mexeu na estrutura, mas manteve as paredes, assim como age em nossa vida, quando trabalha em nosso interior nos mantendo vivos.

O homem atual certamente gostaria de ver as paredes ruindo, explodindo, pois assim todos veriam Deus agindo em sua vida, jamais optariam pelas ações primárias na estrutura, no interior, no invisível.

15) OS PRESOS QUE NÃO FUGIRAM E O ÚNICO HOMEM LIVRE QUE ESTAVA PRESO FOI LIBERTO (16.27)
Homens, que até então, antes deste acontecimento, não tinham valor algum para a sociedade, principalmente a de Filipos, cidade moderna, vaidosa, intelectual, segura, bem vigiada, refúgio de soldados e oficiais reformados leais ao império. Creio que passavam por aquele edifício e meneavam suas cabeças, como não acreditando que pudesse tal escória ainda estar com vida mantida naquelas condições.

Aqueles presos foram transformados durante o culto, prova disto foi a declaração paulina: “Não faças isso! Todos nós estamos aqui”. (16.26-27 – NTLH). Em outras palavras era como se ele tivesse dito: “ei carcereiro, quem está preso é você e aqueles a quem você não credita nada bom, ainda estão aqui”.

Mas o que prendeu aqueles homens, se eles já estavam libertos? A porta se abriu, as correntes caíram de todos. Por quais cargas de águas, eles ainda permaneceram como que congelados diante do louvor celestial que Paulo e Silas entoavam?  Qualquer um de nós fugiria, diante da cena, ainda mais se estivéssemos sendo injustiçados. Creio que diríamos: “mais um livramento de Deus, Ele é fiel”. Os criminosos não fugiram, por que fugiríamos?

Isto prova que aqueles homens estavam com os corações inundados pela graça de Deus. Duvido que muitos não estavam ali refletindo, de cabeça baixa chorando, orando junto com os apóstolos (únicos e nomeados por Deus). Tal como acontecera com o próprio Paulo, que ficou fascinado com a pregação de Estevão (o primeiro soco que levou na cara), tanto que não foi embora, esperou pela benção final. Para a agitada turba, o apedrejamento do pregador foi alegria, sensação de dever cumprido, mas para Saulo foi diferente, ele não ouviu os gritos de alegria e ódio, ouviu somente alguém dizendo em seu coração a famosa e graciosa frase: “que o grande amor de Deus, a graça de Jesus Cristo e as consolações o Espírito Santo estejam com todos e todos digam, amém”. Depois ouviu bem lá no fundo: “Até daqui há pouco lobo, te encontro à caminho de Damasco, para te transformar em ovelha”.

Aqueles presos não tiveram tempo suficiente ou conhecimento para gritarem de dentro de suas portinholas: “Onde encontramos água para batismo, para que assim possam acreditar em nossa conversão (cfe At 8.36)? Eles permaneceram presos, mas em Jesus, e o único homem livre desta história que estava preso foi liberto naquela noite.

16) O CARCEREIRO QUE TEVE O EMPREGO MANTIDO. “MATO ELES OU MATO EU?” (16.27-29)
Deus opera para a vida e não para morte. O carcereiro não entendeu. Em vez de agradecer e glorificar a Deus pela manutenção do seu emprego, preferiu tentar o suicídio. Ou morria ele ou os presos, que congelados apenas testificavam a transformação ocorrida em suas vidas. Bastou apenas um pequeno diálogo com Paulo para ele também experimentasse a alegria do novo nascimento. Evangelista é evangelista e ponto final.

Esta mesma história se repetiria anos mais tarde e com o mesmo personagem. Seria possível? Poderia um raio cair duas vezes em um mesmo lugar? O que pode ser impossível a Deus?

Durante o naufrágio, Paulo experimentou novamente a mesma sensação. Os soldados desejaram matar todos os prisioneiros para que não fugissem e para assim manterem seus empregos, tal como imaginou o carcereiro de Filipos (27.42-22; cf 16.27). Apenas alguns detalhes diferenciaram e ao mesmo tempo tornavam semelhantes estas duas ocorrências:

a) Na primeira havia apenas um carcereiro, na segunda muitos soldados;

b) Na primeira um carcereiro foi salvo da morte por Paulo e na segunda um centurião desejou salvar a vida do apóstolo;

c) Na primeira uma porta foi aberta e correntes caíram ao chão, na segunda havia uma imensa porta aberta, o mar;

d) Na primeira os presos não tiveram pedaços de correntes, algemas para lutarem ou salvarem suas vidas, na segunda havia pedaços de madeira, do barco ou poderiam nadar para salvarem suas vidas;

e) Na primeira os presos ficaram parados ouvindo o louvor e orações, na segunda os prisioneiros obedeceram Paulo, comeram e confiaram em suas palavras, “nenhum se perderá”;

f) Na primeira o carcereiro cuidou de Paulo depois dos fatos, na segunda o centurião cuidava dele antes, pois temia que algum mal lhe acontecesse. Deus cuida antes e depois;

g) Na primeira um terremoto abalou o alicerce da prisão, na segunda houve agitação no alicerce dos mares;

h) Na primeira as paredes foram preservadas, mesmo com o terremoto, na segunda o barco não suportou o tremor das águas;

i) Em ambos os casos o que deveria estar desesperado, estava calmo, confiando em Deus, esperando pelo livramento;

j) Na primeira não havia água por perto para batizar os presos, na segunda não podemos dizer o mesmo. Quem sabe aquele balançar do barco para jogá-los na água não foi uma espécie de batismo informal (sic);

k) Na primeira os presos ficaram congelados dentro das celas e não fugiram, na segunda os prisioneiros nadaram em direção à terra firme e também não aproveitaram a oportunidade para fugirem, queriam ficar perto do verdadeiro evangelista;

l) Na primeira houve louvor e adoração, na segunda uma prévia de uma ceia com 266 almas (At 27.34-37).

17) O CARCEREIRO QUE VIROU ENFERMEIRO. EMPREGO MANTIDO GRAÇAS A DEUS (16.30-34)
Bastou aquela rápida conversa com o apóstolo para o carcereiro entender o agir de Deus. Quando viu a salvação sua e da família ele rapidamente se transformou em um bom socorrista. De carrasco a enfermeiro em poucos minutos.

O carcereiro, que quase se suicidou, depois da manifestação do poder de Deus, agora desempenhava outra função. Parece que as palavras de Paulo ainda soavam bem fortes em seus ouvidos: “Homem, entenda, quando Deus trabalha é para proporcionar vida e não morte”.

18) MULTIDÃO: ENFURECIDA E BOQUIABERTA EM MENOS DE 24 HORAS – CHEGOU A HORA DE DEUS TRATAR COM OS FILIPENSES (16.36-40)
Os mesmos que acusaram os missionários no dia anterior, enfurecidos, foram os que no outro dia, boquiabertos e admirados, não entenderam nada do que havia ocorrido durante a noite naquela prisão. Se os presos tivessem fugido certamente a cidade teria acusado Paulo e Silas pela tragédia e ninguém estaria admirado.

Eles tomaram conhecimentos de todos os fatos, logo pela manhã, pois a noticia deve ter corrido como relâmpago, de boca em boca. Louvores, oração, terremoto, conversão de presos, carcereiro e família, não era todo dia que uma cidade era tomada por fatos tão relevantes e de máxima grandeza.

A multidão transitou rapidamente da alegria, pelos açoites aplicados aos missionários, ao assombro diante dos fatos ocorridos na noite anterior. Um grande privilégio para aquela cidade, pois foram poucos os lugares que contemplaram tamanha demonstração do poder de Deus. Em Listra (At 14.11-19), havia acontecido o inverso, pois primeiramente se assombraram com o poder de Deus para depois se alegraram com o sofrimento dos missionários.

19) A CIDADANIA NÃO DECLARADA – PAULO ESQUECEU DE MOSTRAR SEU CARTÃO DE ISENÇÃO E PRIVILÉGIOS? (16.22, 37)
Porque não declarou sua cidadania romana antes (16.22) de ser açoitado e preso? Não deu tempo, diante da fúria da multidão? Se tivesse feito, teria um julgamento digno, pelo menos. Ele somente revelou no outro dia (16.37), após os açoites, prisão e depois da salvação tanto dos presos, quanto do carcereiro e família. Se tivesse aberto sua boca antes e se tivesse levantado seu “cartão de cidadão romano” certamente não teria contemplado tamanha salvação. No outro dia, como bom cidadão romano, exigiu que lhes pedissem desculpas pelo ocorrido e foi embora, tomar posse como primeiro pastor da igreja de Filipos.

O(s) abençoado(s) que aplicou(aram) os açoites, se assombrou(aram) no outro dia quando souberam do ocorrido, aliás eles temeram, ao ouvirem o pedido de Paulo: “que venham eles e tirem-nos para fora”. Eles quem? Os magistrados! Eles apareceram, tiraram os missionários e apresentaram suas desculpas ao cidadão romano, companheiro de Silas. Então eles ficaram diante de magistrados e cidadãos filipenses admirados e boquiabertos com tamanha atitude de um homem, nunca vista antes. Apanharam sem merecer?

Em outra oportunidade, já cansado, pois também era humano como qualquer um de nós, ele não suportou e levantou a mão para apresentar seu cartão de cidadão romano, antes de ser condenado a açoites em pleno perímetro urbano de Jerusalém (At 22.25). Ele não tinha mais o mesmo vigor de antes, mas se sentisse em seu coração faria tudo de novo, sem problemas. Deus olhou do céu e disse: “Paulo, Paulo, está cansado de apanhar, de sofrer, vou te dar um desconto, você tem crédito, vá para Roma para umas merecidas férias”.

20) O PRIMEIRO SALÃO – 16.40
Enfim realizaram um culto no primeiro salão de Filipos, na casa de Lídia com todos os irmãos que estavam maravilhados pelo ocorrido e com muitos da multidão e quem sabe com alguns presos convertidos. A igreja daquela cidade nunca mais esqueceu o que Paulo e Silas fizeram por eles. O primeiro salão somente veio após a pregação à beira do rio, ao louvor, oração e pregação na prisão.

Depois ele enviou a carta a eles agradecendo pelas contribuições e lembrança. A resposta da igreja foi imediata: “nós é que agradecemos a Deus por ter lhe usado em nossa cidade”.

Referências:
BALL, Charles Fergurson. A vida e época do apóstolo Paulo. 1ª ed. , Rio de Janeiro. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1998.

Bíblia de estudo aplicação pessoal - BAP (ARC). CPAD, 2003.

Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional (NVI). Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008

Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje (NTLH). Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003.

A Bíblia Viva. Edição para todos. Associação Religios Editora Mundo Cristão.

MACARTHUR, John. Novo Testamento. Comentários expositivos Filipenses. 1939.

BRUCE, F. F. O apóstolo da graça, cartas e teologia. Tradução: Hans Udo Fuchs. Shedd Publicações. São Paulo. 2003.



[1] O grupo de recepção, homens livres que esperavam Paulo e Silas estavam presos no salão cumprindo pena.
[2] Esta porta era destinada a passagem de animais para o sacríficio e não para homens, a não ser que algum passasse por ela de joelhos, se arrastando ou com a boca no pó. Na época era quase impossível que isto viesse a acontecer. Esta porta foi exclusiva para Jesus.
[3] Se eu estivesse lá, certamente rasgaria meu cartão. Tenho muito o que aprender ainda.
[4] Eles não brigaram para solarem hinos. Grupo de louvor que agradou a Deus, desde a primeira formação.

Por: Ailton da Silva - Ano V

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