O
grande problema não são os nove mandamentos, mas sim um em especial, o quarto, a PEDRA
DE TROPEÇO de muitos (muitos judeus), que deveriam guardar e não conseguem,
mesmo com a intensa vigilância de seus sacerdotes, levitas, autoridades e
simpatizantes, vide caso ocorrido após a reconstrução do Templo, muro e portas
de Jerusalém (Ne 13). Aquela geração ainda respirando ares abençoados de
vitória, não conseguiu se manter fiel a uma ordenança, digamos “simples”,
bastava se trancarem em suas redomas de vidros e permanecerem em oração, louvor
ou outra atitude que pudesse agradar a Deus.
1) OS MANDAMENTOS FORAM CUMPRIDOS OU RESUMIDOS
EM DOIS?
Ora,
qual seria então o grande mandamento na Lei, conforme perguntado para Jesus? “Amarás seu Deus de todo o teu coração, de toda a
tua alma, e de todo o teu entendimento”. Não vejo problema em afirmar que a
partir do momento em que um homem, judeu ou gentio, ame a Deus de todo coração,
possa ter, por isto, um padrão de santidade, uma comunhão vertical sadia, uma
vez que jamais procurará outro (Senhor), seja lá quem for, com sinais,
prodígios e maravilhas ou não.
O certo é que se os judeus observassem este primeiro
grande mandamento, ensinado por Jesus, não terão outro Deus, não fariam imagens
de escultura, não tomariam o Santo Nome de Deus em vão e por fim, ELES não teriam
problemas em guardar o sábado, somente aqueles que devem, por obrigação,
justamente ainda por não terem se libertados do jugo pesado da Lei, por não
crerem no Messias e por levantarem um falso testemunho que perdura por quase
dois milênios (eles afirmaram que os discípulos de Jesus foram ladrões de corpo
de cemitério). Se já tivessem permitido tal liberdade estaria agora livres de um
ou quem sabe dos 613 pesadas ordenanças.
O segundo grande mandamento diz respeito a comunhão
horizontal, relação homem a homem (seres humanos). O que tem de mais em afirmar
que “amando o próximo como a ti mesmo”, não desonraríamos pai e mãe, não mataríamos,
não adulteraríamos, não furtaríamos, não levantaríamos falso testemunho e
certamente não cobiçaríamos, ou seja, não teríamos motivos para profanarmos os
mandamentos escritos nas tábuas.
2)
TÁBUAS ENTREGUES NA CRIAÇÃO E NÃO NO SINAI:
Deus estava pensando somente no homem, quando
modelou, redecorou, reformou a Terra. Se desejarmos uma resposta mais
consistente para este mistério teremos que extraí-la do primeiro capítulo de Gênesis,
versículo zero (Gn 1.0), ou seja, teremos que esperar a eternidade para sanar as
dúvidas quanto a isto.
Quando Deus acabou sua obra, Ele descansou e descansou
mesmo, mas não consigo comungar a ideia de que o primeiro homem tivesse que imitá-lo,
ou que tenha sido ordenado, tal como fomos ensinados pelo apóstolo Paulo: ”Sede
meus imitadores como eu sou de Cristo” (1 Co 11.1).
Sem querer entrar no assunto das dispensações, pois
creio que o próprio texto nos deixa claro qual delas estava ativa na época,
volto a frisar que somente Deus descansou e não vejo entrega de objetos, ditos
“sagrados” que pudessem perpetuar a ordenança, caso ela tenha ocorrido. No caso
das tábuas entregues no Sinai ficou bem claro a presença dos mandamentos e algo
para confirmar, para ser lembrado, para ficar gravado, ou seja, “as tábuas”.
Porque Deus não ordenou que fosse imitado? Havia muita
“inocência” na época, não havia maldade e o homem tinha suas atribuições,
designadas por Deus, deveria lavrar e cuidar do jardim (Gn 2.15), não
necessitavam de correção, ainda, mesmo porque não entenderiam, pois ainda não
tinham consciência do pecado, aliás sequer imaginava algo parecido.
Seria muito penoso, por que não dizer danoso, eles
ouvirem algo do tipo: “É obrigatório a guarda do sétimo dia, caso contrário eu
expulsarei vocês do jardim” – ridículo tal afirmação, jamais Deus requereria
algo tão pesado para sua criação, naquele momento da história.
Deus terminou sua obra, descansou, abençoou o sétimo
dia e santificou, simples, somente isto, não ordenou para suas inocentes
criaturas, recém criadas, que O imitassem. Se tivesse ordenado, o que volto a
frisar não aconteceu, por que não foi feito menção para as outras gerações que
se seguiram pós Éden?
Tábuas entregues no final da criação? Isto nos gera
um misto de surpresa e indignação. Fábulas e teorias humanas sem nenhuma
fundamentação bíblica.
3)
PORQUE O QUINTO MANDAMENTO COMEÇA COM A EXPRESSÃO “LEMBRA-TE”?
Talvez deveriam se lembrar do mandamento, que ainda
estava fresco na mente de cada um. Após
a passagem do mar Vermelho eles foram alertados quanto a observância do sábado
(Ex 16.23), mandamento que foi ratificado na ocasião da entrega do dez
mandamentos (Ex 20.11). Daquele momento em diante não teriam mais desculpas
para apresentarem diante de Deus. A não observância caracterizaria a profanação.
Os judeus
guardavam o sábado para ser o dia da cessação de suas atividades e para se
voltarem a Deus em adoração e não somente para DESCANSAREM. Enquanto estavam no
Egito não guardaram o sábado, mesmo porque duvido que os egípcios tenham
permitido. Portanto este mandamento não teve origem no Éden. Os hebreus não deveriam
se “lembrar” do que fora supostamente ordenado para Adão, mas sim o que fora
revelado a Moisés. Era algo do tipo: “lembra-te.....do que aconteceu após a
passagem do mar Vermelho”. Foi nesta ocasião que o sábado foi dado ao homem.
- Na criação, o sábado foi exclusivo para Deus descansar. No Sinai foi estendido aos hebreus, pois:
- Representava o selo da aliança mosaica (Ex 20.10; 23.12; 31.15; Dt 5.15; Is 56.4-6);
- Era um dia santo (Ex 16.23-29; 20.10-11; 31.17);
- Era proibido qualquer tipo de trabalho neste dia (Ex 35.3; Nm 15.32);
- Era um sinal entre Deus e seu povo para sempre (Ex 31.13; Lv 26.14-16; Ez 20.12,20);
- Lembrava a criação original e a redenção de Israel do Egito (Dt 5.5);
- Sinal de lealdade entre Israel e Deus (Is 56.2; Ez 20.12);
- Descanso para o homem (Ex 16.29-30);
- Descanso para a terra (Lv 25.4);
- Adoração e serviço exclusivo a Deus, sacrifícios e ensino aos sábados (Lv 23.3; Nm 28.9; Dt 5.12; Ez 46.3,12; Lc 4.31; 13.10);
- Ofertas, alegria, regozijo, pois não havia outra reação possível de um povo, que reunido, lembrava a libertação da escravidão (Dt 5.15).
A aliança foi entre Deus e Israel, nenhuma outra
nação da terra (Ex. 31.13), ou instituição foi incluída neste contexto, tanto
que deveria se observados por eles em todas as gerações, ou seja, era um
mandamento perpétuo, para sempre (Ex 31.17).
Agora o
que me intriga é que existem uma infinidade de mandamentos, ordenanças e
conselhos na Lei, mas não vejo homens defendendo ou adotando, tais como a
circuncisão aos oitavo dia de vida (Gn 17.7-13), a unção dos sacerdotes (Ex
40.15) ou até mesmo a celebração da páscoa (Ex 12.14), propriamente dita, conforme
tradição judaica.
Não havia outra expressão para iniciar
este mandamento a não ser: “lembra-te”, lembra-te do que ocorreu após o Mar
Vermelho, esqueçam o Éden, lá Deus não requereu nada do homem, apenas pediu
obediência (cf Gn 3.1-3). Realmente aconteceu algo em relação ao sábado para os
hebreus, e fazia poucos dias, pouquíssimos.
4)
O ESQUECIMENTO GENERALIZADO DOS HEBREUS
Eles esquecerem, não do ocorrido com
Adão, mas sim o que havia acontecido com os cinco patriarcas anteriores a eles,
a saber: Abraão, Isaque, Jacó, José e Moisés, como Deus chamou o primeiro,
estabelecendo sua aliança com ele e confirmando depois para todos os outros,
finalizando com o último, que foi o responsável pela entrega da lei ao povo.
Eles se esqueceram, mas não
deveriam, pois se tivessem seguido os costumes da época, dos patriarcas, não
teriam deixado morrer a esperança maior da benção prometida para o primeiro e
cumprida na vida do último patriarca. Os quatrocentos anos foram tão cruéis
para esta geração que saiu do Egito, pois foi preciso que tivessem um encontro
com Deus, que os vissem agindo, falando, sequer sabiam o Seu Nome, por isto que
foi iniciado desta forma o quarto mandamento: “Lembra-te”.
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