TEXTO ÁUREO
“Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da
incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (1Pe 1.23).
VERDADE PRÁTICA
Somente
aqueles que foram gerados pela Palavra da Verdade são guiados pelo Espírito
Santo.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE – Tg 1.9-11,16-18.
9 - Mas glorie-se o irmão abatido na sua
exaltação,
10 - E o rico em seu abatimento; porque ele
passará como a flor da erva.
11 - Porque sai o sol com ardor, e a erva seca, e
a sua flor cai, e a formosa aparência do seu aspecto perece; assim se murchará
também o rico em seus caminhos.
16 - Não erreis, meus amados irmãos.
17 - Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem
do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de
variação.
18 - Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela
palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas.
PROPOSTA
•
Os pobres gerados pela Palavra foram
inseridos na igreja;
•
Riqueza x ricos: a dificuldade para se
desprender é grande;
•
Na família de Deus há lugar para todos
(justificados);
•
Não podemos dar ouvidos a voz da
concupiscência;
•
Vida espiritual: relacionamento livre e
sincero com Deus;
•
Não há sombra de variação no Pai das
luzes;
•
Deus nos gerou pela Palavra da verdade;
•
Fomos gerados e enxertados pela Palavra
que salva;
•
A salvação é a maior benção de Deus para a
humanidade.
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje vamos estudar acerca da
qualidade relacional da igreja nos diversos níveis de interação entre pessoas
geradas pela Palavra. Veremos a Epístola de Tiago apontando as distorções
sociais que podem existir em um ambiente eclesiástico ou de convivência entre
irmãos. A nossa perspectiva é a de que possamos nos relacionar com o outro
independente da sua condição econômica e social. Ligados, sobretudo, pelo
Evangelho.
O ideal seria uma
igreja livre dos problemas relacionais, fossem eles de ordem financeira ou
sociais, porém estamos de frente com dificuldade diárias e constantes que
teimam em abalar a comunhão no Corpo de Cristo. Para que isto não venha a
acontecer, devemos nos espelhar em Cristo e imitá-lo (1 Co 11.1), para assim
não abrimos brechas para o Maligno. Jesus em seu ministério terreno sempre
abraçou os pobres, ricos, doentes, sadios sem distingui-los, porque não podemos
fazer o mesmo? O difícil, para nós, é lidarmos com esta variação, ora bom, ora
vingativo, ora parcial. Em Deus não vemos tal situação, pois Ele é bom e pela
sua sabedoria faz o bem até mesmo para nos reconciliar consigo mesmo.
Corremos sério
perigo por não sabermos lidar com as nossas emoções e situações. Facilmente
ficamos propensos à inveja ou ao orgulho, respectivamente males provenientes da
pobreza ou da riqueza, caso não sejamos vigilantes.
I. A RELAÇÃO ENTRE OS POBRES E OS RICOS DA IGREJA (Tg 1.9-11)
1. Os pobres na Igreja do primeiro século.
Do ponto de vista social, a pobreza exclui o
ser humano dos direitos básicos necessários à sua subsistência. Não é difícil
reconhecer que a Igreja do primeiro século era constituída por duas classes
sociais: a dos pobres e a dos ricos, tendo evidentemente mais pobres em sua
composição. Uma vez que não podemos fazer acepção de pessoas (Rm 2.11; Cl
3.11), os pobres daquela época, que foram gerados pela Palavra e inseridos no
corpo de Cristo — a Igreja — tinham motivos de alegrar-se no Senhor, pois além
do novo nascimento, eles eram acolhidos pela igreja local (Gl 2.10).
Apanhamos constantemente na vida em todas as esferas sociais, família,
trabalho, escola/faculdade, o bom seria nos sentirmos bem e felizes no seio da
igreja, o lugar de iguais, que não se rendem ao indiferentismo. Agora somos um
em Cristo, gerados pela Palavra da verdade e inseridos no Corpo de Cristo,
portanto não há motivos para deixarmos que os abismos sociais interfiram em
nossa comunhão.
Quando os irmãos de José foram reconhecidos por ele, havia uma grande
distância entre eles, mas que foi facilmente transposta pelo único, que mesmo
na riqueza, tratou seus irmãos pobres com o mesmo amor e igualdade. Naquele
momento no Egito havia 1 no trono e 10 na lona, mas o bonito da história é que
eles formaram o grupo dos 11 iguais.
Na igreja primitiva havia pobres e ricos, que não se isolavam em grupos,
tampouco eram segregados, pois todos tinham consciência que eram lavados pelo
Sangue de Jesus, por isto não permitiam esta mazela social entre eles.
2. Os ricos na Igreja Antiga.
Por vezes, os ricos são identificados na
Bíblia como judeus proprietários de muitos bens e que negligenciavam as
obrigações que pesam sobre os que desfrutam de tal condição (Lv 19.10;
23.22,35-55; Dt 15.1-18; Is 1.15-17; Mq 6.9-16; 1Tm 6.9,17-19). Por cuja razão,
e pelas suas atitudes, eles eram frequentemente repreendidos pelas Escrituras
(Am 3.10; Pv 11.28; 1Tm 6.17-19; Lc 6.24; 18.24,25). Os ricos e abastados têm a
tendência a desenvolverem a arrogância, a autossuficiência e a postura de
senhores poderosos, que pensam poder comprar as pessoas a qualquer preço. As
Escrituras são claras em afirmar que o Reino de Deus não pode ser comprado por
dinheiro algum. É possível o irmão rico ser gerado pela Palavra e tornar-se um
filho de Deus? Sim, claro (Lc 18.25-26). Porém, ele pode encontrar maior
dificuldade para desprender-se de suas riquezas (Mt 19.23-26, cf. v.11). É
imprescindível que os mais abastados compreendam que após entregarem-se a
Cristo, obedecerão ao mesmo Evangelho a que os irmãos pobres submetem-se. Aqui,
torna-se ainda mais clara a verdade bíblica: para Deus não há acepção de
pessoas (Rm 2.11; Cl 3.11).
É fácil encontrarmos na igreja moderna grandes empresários, proprietários
de terras e imóveis, profissionais liberais, pessoas bem sucedidas na vida, que
estão muito preocupadas com a própria subsistência, nada de extraordinário
nisto, a não ser que tais estejam lutando contra um sentimento muito peculiar naqueles
que possuem recursos infinitos e que estão nas mãos do Maligno, o orgulho, que
é o grande perigo que ronda as riquezas. Este sentimento nasce a partir do
momento que a consciência do ter e poder invadem o coração do homem. O poder de
decidir, resolver, influenciar, comprar pessoas ou a certeza da
autossuficiência, alimentam a ganancia e tais agem de forma a manter este
suposto poderio e posição acima dos outros.
Na igreja primitiva havia também grandes proprietários de terra e de
imóveis que, ao abraçarem a fé, vendiam tudo e depositavam o dinheiro aos pés
dos apóstolos.
3. Perante Deus, pobres e ricos são iguais.
A igreja local deve receber a todos no
espírito do Evangelho, isto é, como membros da família de Deus, pois através da
salvação em Cristo, independentemente da condição social, todos têm a Deus como
Pai (Rm 8.14), e a Jesus como irmão (Lc 8.21). Somos coerdeiros, juntamente com
Cristo, de uma herança eterna (1Pe 1.4), pertencentes à santa família de Deus
(Ef 2.19) e cidadãos de um reino imutável (Hb 12.28). Na família de Deus há
lugar para todo ser humano justificado por Cristo. Portanto, o irmão pobre e o
irmão rico não devem se envergonhar de suas condições sociais. Se o Evangelho
alcançou seus corações, o rico saberá biblicamente o que fazer com a sua
riqueza. E o pobre, de igual forma, como viverá sua pobreza. O importante é que
Cristo em tudo seja exaltado!
Deus olhou dos
altos céus e não viu um diferente sequer na terra, pois aos seus olhos somos
todos iguais, sejam brancos, negros, magros, gordos, ricos, pobres, lideres ou
liderados, sadios, doentes, pastores, membros, grandes dizimistas, pequenos
ofertantes, judeus ou gentios. Seria possível vermos uma igreja diferenciando
pessoas? Talvez por intermédio de uma patética cobrança de indulgencias, em
pleno século XXI, seria possível seria possível vermos esta aberração em nosso
meio, haja vista, que alguns fariam das tripas coração para atingir status.
II. DEUS SÓ FAZ O BEM (Tg 1.16,17)
1. Não erreis (v.16).
Com essa advertência o meio-irmão do Senhor
não está afirmando a doutrina da “santidade plena” ou perfeccionista: a de que
o homem, uma vez remido, não mais pecará. Tal palavra tem como propósito
conclamar o crente a não dar ouvidos à “voz” da concupiscência carnal.
Recapitulando a mensagem dos versículos 12 a 15, que tratam do tema da
tentação, os versículos 9 a 11 formam uma introdução ao tema da tentação, ao
passo o que versículo 16 é uma advertência para os crentes não se curvarem aos
desejos imorais e infames do mundo, pois Deus é a fonte de tudo o que é bom.
Logo, não podemos dar crédito àquilo que é mau.
“Não erreis”, uma afirmação contundente do escritor
que em nenhum momento fez alusão ao perfeccionismo ou de santidade plena,
pregado e garantido por muitos na atualidade. O mesmo já havia sido manifesto
pelo apóstolo Paulo quando escrevia aos crentes de Filipos (Fp 3.11-14) descrevendo,
sem nenhuma reserva, a sua situação espiritual, mesmo que houvesse uma má interpretação
por parte de muitos quando lessem sua carta. Ele afirmou que ainda não havia
alcançado a o seu maior objetivo, declarando bombasticamente que não era
perfeito, mas deixou claro que devia prosseguir para o prêmio da soberana
vocação, conselho valiosíssimo para a igreja.
2. Todo dom e boa dádiva vêm de Deus.
Um dom de Deus, como a sabedoria que torna
uma pessoa espiritualmente madura (v.4), não pode ser recebido pelo crente
através de esforço humano. Quem o distribui é Deus. Este dom é fruto da graça
do Pai para nós. Num tempo onde o ascetismo religioso tende a tirar o foco da
glória de Deus e da sua benignidade, tornando o ser humano “digno” do céu,
precisamos lembrar que a nossa vida espiritual não depende de disciplinas
humanas para receber dádivas de Deus. Depende de um relacionamento livre,
espontâneo e sincero com o Pai das Luzes mediante o seu Filho, Jesus Cristo, e
na força do Espírito Santo.
O objetivo de Deus é tornar sua igreja madura
espiritualmente para assim prosseguir avante vencendo e resistindo ao Maligno,
porém o que falta às vezes, é a consciência de que este amadurecimento, via
sabedoria de Deus, não é alcançado através de esforços humanos, certamente para
que ninguém venha se gloriar disto um dia. Enquanto uns tentam nos empurrar
este conceito “goela abaixo”, outros ainda esperam em Deus e continuam pedindo
a Ele a sabedoria divina.
3. A origem de tudo o que é bom está no Pai
das Luzes.
Ao escrever que “toda boa dádiva e todo dom
perfeito vêm do alto”, Tiago declara que apenas as boas virtudes vêm de Deus.
Não há sombra de variação no Pai das Luzes, isto é, nEle não há momentos de
trevas e outros de luzes. Só há luz. Ele não muda e é bom! Não faz o mal aos
seus filhos (Lc 11.11-13). Infelizmente, muitos têm uma visão turva de Deus
como se Ele fosse um carrasco pronto a castigar-nos na primeira oportunidade.
Não devemos falar sobre o Pai desta maneira, lembremo-nos do ensinamento
joanino que fala sobre sermos defendidos e advogados por Jesus, o Filho de Deus
(1Jo 2.1,2).
Não há
sombra de variação em Deus, há em nós, que não conseguimos manter uma
regularidade em nossas ações e principalmente em nossas reações. Deus falou
está falado, fez está feito, determinou está determinado, concedeu está
concedido, abençoou está abençoado. Seria uma frustração sem precedentes para
todos nós se recebêssemos algo da parte de Deus sem a garantia de que Ele se
arrependeria e nos tiraria momentos depois. Seria um tal de “dá e toma” que nos
levaria a loucura. Estas variações no humor é algo característico humano,
jamais poderá atingir o Pai das Luzes.
III. PRIMÍCIAS DE DEUS ENTRE AS CRIATURAS (Tg 1.18)
1. Algo que somente Deus faz.
A regeneração é um milagre proveniente do Pai
das Luzes, segundo a sua vontade (v.17). Foi Ele que nos gerou pela Palavra da
Verdade. Ser gerado de novo é uma ação realizada exclusivamente pelo Pai das
Luzes através do Santo Espírito. Ele limpa o homem dos seus pecados (Is 1.18),
dando-lhe perdão e implantando-lhe um novo caráter. Aqui, acontece o que o
nosso Senhor falou aos seus discípulos: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra,
e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14.23). O Pai
é a fonte de nossa vida espiritual (Jo 1.12,13).
O “nascer de novo”, um grande
presente de Deus dado a nós, se torna o divisor de águas de nossa existência
nesta dimensão carnal. Nenhuma ação humana pode ser comparada com esta dádiva
divina, mesmo que alguns queiram ou teimem neste que se torna o maior erro dos
homens.
2. A Palavra da Verdade.
Naqueles dias, parte da igreja estava
dispersa, sofrendo muitas tribulações. Para superá-las era preciso uma
inabalável convicção de que, apesar das lutas, ela não havia deixado de ser as
primícias do Senhor entre as criaturas. Por esse motivo, Tiago enfatiza a
expressão “Palavra da Verdade”. Fomos gerados e enxertados pela Palavra que
salva a nossa alma (v.21). Assim, a despeito de todas as circunstâncias
difíceis da vida, podemos aplicar essa verdade afirmando que somos filhos de
Deus, as primícias entre as criaturas do Senhor.
O inicio da igreja foi marcado pela
perseguição e dispersão, motivo pelo qual havia necessidade de uma ligação que
fortalecesse os laços entre os membros. A certeza da salvação e da presença de
Jesus entre os que abraçavam a fé era evidente, mesmo porque era muito raro,
para não dizer, quase zero o número dos que negavam a fé para salvarem suas
vidas. Tiago deixou bem claro que diante desta situação calamitosa era
necessário continuarem firmes, pois faziam parte das primícias do Senhor,
portanto não havia o que temerem. A Palavra da verdade os havia enxertado no
Corpo de Cristo, tal como nós fomos.
3. O propósito de Deus.
A salvação é a maior bênção de Deus para a
humanidade. O propósito divino não é primeiramente abençoar o crente com
bênçãos materiais, mas fazer dele primícias de suas criaturas: os salvos pela
graça mediante a fé (Ef 2.8). No Antigo Testamento, as primícias eram a
colheita do melhor fruto (Lv 23.10,11 cf. Êx 23.19; Dt 18.4). Ao referir-se às
primícias, Tiago dizia aos primeiros irmãos, notadamente judeus, que eles foram
escolhidos como primícias do Evangelho. Os primeiros de muitos outros que Deus
havia começado a colher. Alegre-se no Senhor! Você faz parte das primícias da
sua geração. Escolhido por Deus e nomeado por Ele para proclamar as virtudes do
Senhor neste mundo.
Os primeiros que abraçaram a fé fizeram
parte de um seleto grupo, não tão mais importante por isto, ficaram conhecidos como
as primícias do Senhor, os primeiros a serem usados para propagação do
Evangelho para que outros fossem alcançados pela Palavra.
CONCLUSÃO
Inseridos no processo de aperfeiçoamento
espiritual, sofremos os mais diversos tipos de provações, independentemente de
nossa posição social, econômica e cultural. Tais situações aperfeiçoam-nos e
amadurecem-nos como pessoas. Quando alguém é gerado pela Palavra da Verdade,
ele é chamado pelo Pai a viver o Evangelho em fidelidade. Não podemos nos
esquecer do nosso maior desafio: fazer o Evangelho falar num mundo dominado por
relacionamentos distorcidos. Somos o Corpo de Cristo, a Igreja de Deus: a
coluna e firmeza da verdade (1Tm 3.15).
OBJETIVOS DA LIÇÃO – FORAM ALCANÇADOS?
·
Foram chamados para fazerem parte da
igreja.
·
Toda boa dádiva bem de Deus.
·
Igreja: primícias de Deus entre as
criaturas.
REFERÊNCIAS
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003.
Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão
Internacional (NVI). Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008.
Bíblia Sagrada. Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP).
Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
Por: Ailton da Silva - Ano VI (desde 2009)
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