INTRODUÇÃO
Em o Novo Testamento (o Mirante do Avivamento) em todos os livros, temos um panorama geral a respeito do avivamento trazido por Jesus aos homens que foram, por Ele, comissionados para proclamarem a mensagem do Evangelho ao mundo.
Pela narrativa bíblica, o avivamento vem sempre após um aviso e Deus sempre avisou antes. Avisou Adão, Noé, Abraão, Moisés, Davi e outros. Jesus avisou seus discípulos (Lc 24.49). Foram avisados e pela obediência foram avivados. Deus avisou até mesmo o incrédulo Faraó: “Já lhe disse que deixe o meu filho sair a fim de me adorar. Mas você não deixou, e por isso eu vou matar o seu filho mais velho.” (Ex 4.23 – NTLH)
I – O AVIVAMENTO NOS EVANGELHOS
1) O avivamento em João
O Novo Testamento é a revelação última de Deus para o mundo. Esta revelação veio acompanhada da Graça e da promessa e cumprimento de um grande avivamento. Por ser algo inédito, na época, provavelmente muitas dúvidas devem ter surgido na mente dos apóstolos. Certamente entenderam, desde o início, que aquilo tudo não poderia ser obra deles mesmo, da igreja, pois não seriam capazes de produzir, agendar, programar ou serem os agentes do avivamento. Somente poderiam buscar, pois a soberania de Deus jamais anula a responsabilidade da igreja.
O Evangelho, segundo a visão de João, o Evangelho revelado ao mundo, foi escrito entre os anos 80 e 95 d.C. e apresentou Jesus como: o Deus Forte, o Verbo de Deus, o Renovo do Senhor, que veio para os seus. O seu público alvo foi o mundo em sua totalidade e suas principais características foram a evangelização e a encarnação de Deus, que amou o mundo e tabernaculou (habitou) entre os homens.
Sua abordagem difere dos outros três evangelistas. João abordou a missão redentora de Jesus (Jo 4.14), que se resume em preencher o vazio da alma com a salvação e sanar as necessidades espirituais e emocionais do ser humano.
A alma enche o corpo, mas o que pode encher uma alma? Só Jesus pode fazer isso. Esse encontro entre o Salvador e a mulher samaritana mostra que o fruto da mensagem divina traz vida aos que estão mortos espiritualmente (Cl 2.12,13). Esse é o maior de todos os avivamentos que uma pessoa pode experimentar.
2) O avivamento em Mateus
O Evangelho, segundo a visão de Mateus, o Evangelho revelado aos judeus, foi escrito cerca de 60 – 65 d.C. e apresentou Jesus como o Rei, o Forte, o Leão da tribo de Judá, o Renovo, o Justo. Seu público alvo foram os judeus, que historicamente não queriam “dar a outra face”, enquanto que Jesus não ofereceu resistência.
O propósito primário de Mateus é revelar aos judeus, e depois ao mundo, que Jesus é o Messias prometido no Antigo Testamento por meio dos profetas. Assim, Mateus revela o real avivamento que o mundo poderia vivenciar (Mt 4.13-17).
3) O avivamento em Marcos
O Evangelho, segundo a visão de Marcos, o Evangelho revelado aos romanos, foi escrito entre 55 - 65 d.C. e apresenta Jesus como o Servo, o Trabalhador obediente (até a morte), o Exemplo, o Fiel. O seu público alvo foram os romanos, que justamente desejaram que Jesus reagisse ao flagelo, em outras palavras, os algozes queriam “briga”, enquanto que Jesus veio para trazer a paz.
- Marcos também apresentou Jesus como o Servo em três aspectos:
- Servo vencedor sobre as enfermidades, os demônios, as forças da natureza e a morte;
- Servo sofredor, maltratado pelos líderes judaicos, sacerdotes, traído por Judas, um de seus discípulos (Mc 14.10,11), e humilhado pelos soldados romanos (Mc 15.1-20);
- Servo triunfante. A mensagem do anjo às mulheres, que foram ao seu túmulo, afirma: “[…] Já ressuscitou, não está aqui” (Mc 16.6-8). Assim, nosso Senhor foi morto, mas ressuscitou triunfante ao terceiro dia, vencendo a morte, o pecado, o mundo e o Maligno.
4) O
avivamento em Lucas
Lucas, o “medico amado” (Cl 4.14), grego, companheiro de Paulo, escreveu sua visão do Evangelho por volta de 60 d.C., e também o livro de Atos dos Apóstolos, ambos citando Teófilo (Lc 1.3; At 1.1).
O Evangelho segundo a visão de Lucas, foi revelado aos gregos e apresentou Jesus como o Homem Perfeito, o Renovo. De onde não se esperava é que veio a salvação. Os gregos não entendiam como um Deus poderia se encarnar, amar e morrer pela humanidade.
É considerado “o Evangelho do Filho do Homem” (Lc 19.10) e nenhum outro evangelista retrata tão bem a humanidade de Jesus. Lucas registra o nascimento singular do Salvador (Lc 2.1-7), bem como a mensagem dos anjos aos pastores (Lc 2.10-14). Um novo tempo que chegava para Israel e o mundo. Era o avivamento enviado dos céus.
II – O AVIVAMENTO NOS ATOS DOS APÓSTOLOS
1) O avivamento na Igreja Primitiva
A mensagem do livro de Atos transcende a história da Igreja Primitiva, pois ultrapassou as fronteiras de Israel, chegando aos gentios de maneira impactante e avivada, em cumprimento ao profetizado por Jesus (At 1.8).
Os apóstolos foram batizados com o Espírito Santo em cumprimento a promessa (At 1.5), que dizia respeito não somente a eles, mas a toda a igreja e a todos aqueles a quem fossem chamados.
No entanto, com esse avivamento veio também o vento forte da perseguição, que não foi capaz de apagar o fogo que ardia na igreja primitiva, na verdade, ajudou a espalhar as chamas do Evangelho por toda Judéia, Samaria e confins da Terra.
O slogan da igreja primitiva, que também deve ser o da atual era: “Essa igreja passará por um avivamento ou enfrentará um sepultamento”. Os crentes primitivos, sem intenção, nos passaram a visão de que a igreja deve ser vista como um grande jardim cheio de vida e não um cemitério espiritual de crentes. O que poderia abalar o avivamento deles não era a perseguição, que encorajava mais ainda a continuar firmes, nem a heresia, que os levava ao estudo e conhecimento, mas sim o grande problema era o mundanismo.
Antes de serem cheios do Espírito Santo, a igreja estava em conformidade com o pedido de Jesus, estavam em Jerusalém (Lc 24.49), que para eles representava o lugar de fracasso, vergonha e queda. Era um cemitério de sonhos, lugar de dores. Ainda não era tempo de sair, não era tempo de fazer missão ou de exercer alguma atividade, mas sim de auto-avaliação. Eram igreja sem ousadia, coragem e poder.
Do fracasso à restauração no mesmo cenário, pois a obediência precedeu as bençãos do avivamento. Então a igreja começou a exercer suas atribuições, evangelismo agressivo, de porta em porta, todos os dias, no templo, nas sinagogas.
A promessa era para não muitos dias depois. Abraão recebeu mensagem um pouco diferente, mas que tinha o mesmo final “saia de vossa cidade e então lhe mostrarei a terra” (Gn 12. 1), enquanto que para os discípulos foi “ficai em vossa cidade”.
2) A descida do Espírito Santo
O batismo no Espírito Santo, registrado em Atos 2, é o comprimento da promessa de Deus feita em 835 a.C (Jl 2.28,29). Esse evento trouxe um avivamento espiritual no nascimento da Igreja. Antes da chegada do Espírito Santo, nosso Senhor reuniu os discípulos e deu-lhes “a Grande Comissão” (Mc 16.15-18), mas não autorizou o início dos trabalhos.
Dias depois, receberam o cumprimento da gloriosa promessa, quando foram cheios do Espírito Santo (2.1-3), para executar “a Grande Comissão”. Para pregar o Evangelho é preciso receber o avivamento que vem do alto.
Pregar, fazer discípulos, batizar e ensinar não é uma opção para a igreja, simplesmente foi o artifício utilizado por Jesus para tirá-la das quatro paredes, para que seu reino fosse expandido. A igreja primitiva cumpriu na integra esta tarefa, pois os crentes saíram, após o revestimento do Espírito Santo, por todas as direções testemunhando, anunciando e pregando a Palavra com ousadia.
O avivamento na igreja primitiva criou uma barreira entre ela o mundo (Ef 4.25-31) e motivou um aprofundamento no estudo da Palavra (Jo 6.63). desta forma houve um crescimento abundante da fé, das orações, louvores e temor a Deus (Rm 10.17; At 2.42; 3.1; 12.12-13; 2.47; 2.43). Todos cresceram e não apenas um ou alguns (At 1.14; 1.24; 2.1; 2.4; 2.7; 2.12; 2.32; 2.39; 2.44; 2.45; 3.18; 3.24; 4.6; 4.33; 5.5; 5.11; 5.42 etc.).
Na regeneração nos tornarmos servos e na capacitação nos tornarmos soldados. O servo vai para onde o seu senhor mandar e o soldado não foge à batalha. O propósito da Grande Comissão é fazer discípulos e com qualidade, de forma que observem os mandamentos de Cristo (Mt 28.18,19). Aceitar Jesus como Salvador requer a crença na veracidade do Evangelho e o compromisso de negarmos a nós mesmos e tomarmos nossa cruz a cada dia (Lc 9.23).
Pedro antes de receber a virtude do Espírito Santo temeu ser testemunha de Jesus. Negou ter estado com ele. Negou ser seu discípulo. Negou conhecê-lo (Mt 26:69-74). Negou uma, duas, três vezes e imediatamente o galo cantou. O que poderia se esperar de um homem tão fraco?
A virtude, ou Poder, não foi dada para ser armazenada dentro do homem, mas para ser utilizada. O mesmo homem que dias atrás negara até mesmo conhecer Jesus, agora, em pé, diante de milhares de pessoas, com ousadia, pregava a Palavra de Deus, como uma verdadeira testemunha de Jesus. Como resultado de sua pregação agregaram-se quase três mil almas (At 2.41).
A capacitação ocorre mediante a concessão dos dons espirituais, ministeriais e de serviço. O primeiro tem o propósito de edificar, exortar e consolar os santos, o segundo são concedidos como uma chamada específica, a fim de promover o aperfeiçoamento dos santos e a edificação do corpo de Cristo (Ef 4.11; I Tm 3.8,12; Tt 1.5-7) e o terceiro serve para socorrer os santos em suas necessidades (Rm 12.5-8).
III- O AVIVAMENTO NAS EPÍSTOLAS E NO APOCALIPSE
1) Nas epístolas paulinas
Após a sua dramática conversão, o apóstolo Paulo passou por uma radical transformação de vida. De perseguidor, Deus o transformou em pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios (2Tm 1.11). Não por acaso, escreveu 13 cartas entre igrejas e pessoas. Em suas epístolas destinadas às igrejas, podemos destacar temas como a “justificação pela fé” (Rm 5.1); a salvação em 1 e 2 Coríntios; a transformação do corpo por ocasião da volta de Jesus em 1 e 2 Tessalonicenses (1Ts 4.16,17); o advento da alegria dos salvos em Filipenses (Fp 4.4). Todavia, e especialmente, vale destacar o apelo do apóstolo aos efésios: “mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).
Essas riquezas contidas nas epistolas continuam a ecoar atualmente e nos revelam características do verdadeiro avivamento, que ocorre por meio do uso correto dos dons espirituais (I Co 12.8-12), dos dons ministeriais (Ef 4.11) e os conhecidos como dons de serviço ou dons espirituais de ministérios práticos (Rm 12.5-8). A Palavra nos revela a estreita ligação entre os dons espirituais e os de serviço (I Co 12.12 – Rm 12.5).
2) Nas epístolas gerais (ou universais)
As epístolas universais apresentam oito documentos. Aparentemente sem perspectivas avivalistas, mas que nos revelam os fundamentos e os princípios que dão suporte à verdadeira vida cristã. Essas epístolas revelam a supremacia de Cristo em todas as esferas da vida; o valor da fé e da salvação, acompanhadas de boas obras; o valor da santificação e do amor de Deus derramados nos corações dos salvos. Esses princípios apontam para uma vida cristã avivada.
Em cada uma delas, os autores procuraram apresentar Jesus com um título e sua respectiva atribuição, revelando aos seus destinatários e mundo os fundamentos do verdadeiro avivamento:
- Hebreus – Jesus é o Sacerdote Eterno;
- Tiago – Jesus é o Legislador;
- I Pedro – Jesus é o Rei;
- II Pedro – Jesus é o nosso Senhor;
- I João – Jesus é o Cristo;
- II João – Jesus é o Filho do pai;
- III João – Jesus é a Verdade;
- Judas – Jesus é o Único Dominador e Senhor;
3) No livro do Apocalipse
O último livro da Bíblia (90-96 d.C.) traz revelações singulares a respeito dos fins dos tempos e dá autenticidade ao singular avivamento que a Igreja arrebata experimentará como recompensa de sua fidelidade:
- Revelação do Cristo glorificado (Ap 1.1);
- Revelação de coisas passadas (Ap 1.19);
- Revelação de coisas em relação a igreja (Ap 2 e 3);
- Revelação de coisas em relação às nações;
- Acontecimentos pós arrebatamento da Igreja, sendo o Tribunal de Cristo (2Co 5.10), a entrega dos galardões, as Bodas do Cordeiro (Ap 4-22).
CONCLUSÃO
O Novo Testamento é o mirante de toda revelação de Deus para a sua Igreja e toda a humanidade. Por isso, ao longo desse divino documento, podemos perceber a vontade de Deus para um avivamento genuíno do seu povo. No geral, o Novo Testamento revela o plano de Deus para o mundo, bem como suas diretrizes para que a Igreja exerça, de maneira avivada, a sua missão na Terra.
Referências bibliográficas:
Bíblia de estudo aplicação pessoal.
CPAD, 2003.
Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional (NVI). Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008.
Bíblia Sagrada. Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
Moura, Josias. Reavivamento ou sepultamento. Disponível em: https://josiasmoura.wordpress.com/2015/04/09/parte-09-apocalipse-31-6-tema-reavivamento-ou-sepultamento/. Acesso em 12 de janeiro de 2023
Silva, Ailton. Espírito Santo - agente capacitador da obra de Deus. Plano de aula. Disponível em: http://ailtonsilva2000.blogspot.com/search?q=agente+capacitador. Acesso em 12 de janeiro de 2023
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