a) O primeiro “não”:
O primeiro “não” foi quando Deus quis
aniquilar os hebreus após terem confeccionado o bezerro de ouro e tê-lo elegido
como o responsável por tirá-los do Egito com mão forte.
Moisés disse não e pediu para Deus
se lembrar da aliança feita com Abraão, Isaque e Jacó, na verdade era como se
ele tivesse dito: “O Senhor prometeu a eles e não a mim”.
Agora, pois, deixa-me, para que o meu furor
se acenda contra ele, e o consuma; E EU FAREI DE TI UMA GRANDE NAÇÃO. Moisés,
porém, suplicou ao Senhor seu Deus e disse: Ó Senhor, por que se acende o teu
furor contra o teu povo, que tiraste da terra do Egito com grande força e com
forte mão? Por
que hão de falar os egípcios, dizendo: Para mal os tirou, para matá-los nos
montes, e para destruí-los da face da terra? Torna-te do furor da tua ira, e
arrepende-te deste mal contra o teu povo. LEMBRA-TE DE ABRAÃO, DE ISAQUE, E DE ISRAEL, os teus servos, aos quais por ti mesmo tens
jurado, e lhes disseste: Multiplicarei a vossa descendência como as estrelas
dos céus, e darei à vossa descendência toda esta terra, de que tenho falado,
para que a possuam por herança eternamente. Então o Senhor arrependeu-se do mal que dissera que havia de fazer ao
seu povo (Êx 32.10-14).
Deus desejou consumir a todos e iniciar, a partir de Moisés, uma nova nação, um novo povo (Êx 32.10). Moisés sabia que a promessa havia sido feita a Abraão (Gn 12.1-2) e sabia também que se aceitasse estaria anulando a história e importância de Isaque (Gn 21.12b), Jacó (Gn 49.28) e José (Gn 50.25), no entanto, por outro lado, poderia assumir uma nova posição no plano de restauração da humanidade e teria seu nome grande, eternizado e respeitado. Enquanto pensava na resposta, o Maligno deve ter atacado sua mente para influenciá-lo.
Deus estava testando Moisés para ver até onde iria o seu amor pela obra, pelas ovelhas e ver se tinha outros objetivos além de somente conduzir o povo até Canaã, por isso deveria responder com sabedoria, pois não haveria tempo para consertar erros caso dissesse sim e depois se arrependesse. A grande questão, na mente do patriarca, era visualizar garantias de que a nova geração, a partir dele, pudesse ser diferente das anteriores.
A geração antediluviana foi marcada pela maldade que havia no coração do homem (Gn 6.5) a ponto de Deus se arrepender de tê-lo criado.
A geração pós dilúvio também errou, pois deixou nascer no coração a idolatria (Gn 10.8), através das ações de Ninrode, o grande responsável, que foi exaltado e idolatrado pela sua habilidade de caçador. Seu reino e ensinamentos, em Babel, se espalharam pela Assíria e mundo.
A geração pós Sodoma e Gomorra também errou, pois as filhas de Ló deram origem, através do incesto, aos moabitas e amonitas (Gn 19.37-38). As irmãs imaginaram que não existiam mais varões entre os seus familiares, no entanto, não perceberam que os possíveis pretendentes poderiam estar além do rio Jordão, no clã do tio Abraão.
Este foi o filme que passou pela mente de Moisés, por isto sua resposta não foi imediata. Em vez de sonhar com a fama, resolveu suplicar, clamar e zelar pelo povo que Deus havia confiado em suas mãos.
b) O segundo “não”
O segundo
não foi depois dos espias retornarem de Canaã com a notícia que os cananeus
eram fortes e numerosos (Nm 14.12-30).
Com pestilência o ferirei, e o rejeitarei; e
te farei a ti povo maior e mais forte do que este. E disse Moisés ao Senhor: Assim os egípcios
o ouvirão; porquanto com a tua força fizeste subir este povo do meio deles. E dirão aos moradores desta terra, os quais
ouviram que tu, ó Senhor, estás no meio deste povo, que face a face, ó Senhor,
lhes apareces, que tua nuvem está sobre ele e que vais adiante dele numa coluna
de nuvem de dia, e numa coluna de fogo de noite. E se matares este povo como a um só homem,
então as nações, que antes ouviram a tua fama, falarão, dizendo: Porquanto o Senhor não podia pôr este povo
na terra que lhe tinha jurado; por isso os matou no deserto. Agora, pois, rogo-te que a força do meu
Senhor se engrandeça; como tens falado, dizendo: O Senhor é longânimo, e grande em
misericórdia, que perdoa a iniquidade e a transgressão, que o culpado não tem por inocente, e visita a
iniquidade dos pais sobre os filhos até a
terceira e quarta geração. Perdoa, pois, a iniquidade deste povo, segundo a grandeza da tua misericórdia; e como também
perdoaste a este povo desde a terra do Egito até aqui. E disse o Senhor: Conforme à tua palavra lhe
perdoei. (Nm 14.12-20)
A revolta foi geral e tentaram apedrejar Josué e Calebe, os únicos que conseguiram enxergar que os cananeus poderiam ser derrotados. Isto irou a Deus a ponto de dizer a Moisés que consumiria a todos ali mesmo e que faria dele uma nova nação.
Moisés clamou em favor daquele povo obstinado e de dura cerviz (Nm 14.19) e como argumento usou o perigo das outras nações dizerem que Deus eliminou os hebreus no deserto, pois não havia sido capaz de colocá-los na Terra Prometida. A resposta dos céus foi imediata: “Conforme a tua palavra, lhe perdoei” (Nm 14.20).
Receberam livramento, porém se entristeceram ao ouvirem de Moisés que não entrariam na Terra Prometida, já que os contados de vinte anos para cima, morreriam todos no deserto, exceto Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num (Nm 14.29-30). Foram surpreendidos com aquela notícia tão desagradável.
Se a história da libertação e posterior perda de acesso à Terra Prometida tivesses sido apresentadas somente nos treze primeiros capítulos do livro de Êxodo e nos vinte e dois capítulos finais do livro de Números, fatalmente enxergaríamos uma grande injustiça da parte de Deus com aquele povo.
Poderiam até classificar a decisão como injusta, mas os vinte e sete últimos capítulos do livro de Êxodo, todo o livro de Levíticos e os treze primeiros de Número trazem à tona toda a verdade e nos mostram o verdadeiro caráter dos hebreus e os motivos, as murmurações (Nm 14,22) que fizeram Deus tirar do seu povo o direito à entrada em Canaã.
Somente Josué e Calebe reuniam condições para receberem a bênção, inclusive Moisés também estava na lista dos que não entrariam, por mais que tenha tentado mudar esta situação sem sucesso (Dt 3.23-26).
Não perceberam que o passado deveria servir de experiência, o presente deveria ser vivido e o futuro deveria ser aguardado. A lembrança do passado e a murmuração do presente interferiram na bênção do futuro.
Foram trinta e oito anos para que aquela geração de murmuradores fosse consumida (Dt 2.14) e não tinha como alguém esconder ou mentir a idade, pois Deus sabia muito bem que eram os de vinte anos para cima que perderiam a benção.
Por: Ailton da Silva - 15 anos (Ide por todo mundo)
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