PROPOSTA DA LIÇÃO:
• “Vinde benditos de meu Pai”
• A Igreja deve se preocupar com as necessidades do povo;
• A agência do reino possui uma responsabilidade social;
• De um lado os pobres, marginalizados e de outro os ricos e poderosos;
• E a igreja? De que lado fica? Qual a sua posição?
• Fome espiritual, material e miséria social apareceram após o pecado original;
• Pela Lei Mosaica, os ricos deveriam socorrer os pobres (Dt 15”11);
• Os escravos judaicos tinham direitos (Lei). Os de outras nações não;
• “Aprendei a fazer o bem, praticai o que é reto e ajudai o oprimido” - Is 1”17;
• “Fazei justiça aos órfãos, tratai a causa das viúvas” (Is 1”17);
• A igreja primitiva desempenhou o trabalho social. E a atual?
INTRODUÇÃO
A lei mosaica previa que os pobres, estrangeiros, servos, viúvas, órfãos e outros não poderiam ser desprezados, antes deveriam ser atendidos em suas necessidades (Dt 15”7-11; Ex 22”22; Dt 10”18; 14”29). Alguns pontos deveriam ser observados, tais como:
• O preconceito em relação às necessidades especiais (Lv 19”14);
• Em relação ao idoso (Lv 19”32);
• Na aplicação da justiça (Lv 19”35,36);
• Contra a opressão ao assalariado (Dt 24”14-15);
• No cumprimento das promessas (Pv 3”28);
• No engano ao próximo (Pv 1”11);
• No cuidado aos pobres (Pv 14”20-21);
• Como ajuntar riquezas sem oprimir outros (Is 5”8).
No Novo Testamento, a igreja foi conclamada a resistir às injustiças sociais que predominavam na época. Sua missão abrangia:
• O atendimento aos pobres, enfermos, deficientes físicos, crianças, idosos, desamparados, desabrigados, encarcerados e outros que não tinham condições de retribuírem os favores recebidos;
• O socorro aos necessitados (At 4”32-35; At 6”1-7);
• A luta contra o preconceito ao pobre;
• O auxilio para o sustento (Tg 2”15-17);
• Sua luta contra a opressão do pobre pelos ricos (Tg 5”1-6).
Assim como Jesus não se esqueceu dos pobres, da mesma forma a igreja não pode desprezá-los (Lc 4”18-19) ou esquivar-se ante esta sua obrigação social. O imperativo da grande comissão implica no anúncio da mensagem do evangelho, mas também no socorro aos necessitados (Mt 25”35-40; Jo 13”14,15), portanto o fato de evangelizar, não nos isenta desta responsabilidade, pois as duas caminham lado a lado.
I. POBREZA: UMA REALIDADE SEMPRE PRESENTE
1. Os pobres.
O crescimento da igreja, pós pentecostes, foi notório a todos, porém não foi somente os números que se destacaram, pois os problemas também se apresentaram tão logo os crentes foram se agregando. Os pobres, os despojados de bens ou vitimas das inúmeras tragédias ou injustiças sociais fizeram parte da igreja e esperavam, de alguma forma, um atendimento, ou pelo menos um alento em suas sofridas vidas. De um lado estavam os pobres e marginalizados e de outro os ricos e poderosos.
Ao longo da história, a pobreza, se tornou a principal testemunha que evidencia a limitação humana para tratar das desigualdades sociais. A função da igreja não é denunciar a pobreza, a miséria ou a fome, consequencias da queda humana, mas sim propor soluções para estes problemas. O crescimento foi necessário, mas o socorro e a ajuda espiritual o era muito mais.
2. O problema da fome.
Todos os meios para sobrevivência foram dados ao homem no momento da criação da terra, ou seja, ele não foi criado para confiar ou ficar a mercê de sua sorte, ou para ficar nas densas trevas do início, Deus já havia planejado tudo. A condição primeira de santidade não desobrigava o homem de cultivar e cuidar da terra, a fim de obter seu próprio sustento, mas após o pecado a terra passou a negar seus frutos, as dificuldades apareceram, os recursos tornaram-se escassos. Ela se tornou maldita por causa dele (Gn 3”17-19).
Com o decorrer da história o homem foi se adaptando para obter o seu sustento, alguns se deslocavam para longínquas terras e outros resolviam seus problemas tomando posse do que não lhes pertenciam (Jz 6”1-6). Quem mais sofreu com esta situação foram os israelitas, após a entrada em Canaã.
3. Precisamos ouvir a voz de Deus.
As respostas para todos os problemas sociais são encontrados na Palavra de Deus, por isto a igreja deve cumprir a risca a sua missão em obediência as ordens da grande comissão. Ela deve se preocupar com a situação espiritual dos pecadores, mas não pode, em hipótese alguma, desprezar os necessitados, sob pena de não estar cumprindo, na integra, a sua missão. A igreja primitiva, desde o principio, sempre se importou com o próximo, tanto que os primeiros crentes venderam suas propriedades e depositaram o dinheiro aos pés dos apóstolos, que certamente usavam de forma a suprir as necessidades da igreja (At 2.44,45; 4.34-37) e não para satisfação de suas vaidades individuais.
II. QUESTÕES SOCIAIS NO ANTIGO TESTAMENTO
1. Os ricos e os pobres em Israel.
A sociedade judaica era dividida em quatro grandes grupos socioeconômicos:
• Classe alta: os ricos, grandes proprietários, comerciantes e integrantes do alto clero;
• Classe média: sacerdotes, pequenos e médios proprietários rurais ou comerciantes;
• Classe baixa: os pobres, trabalhadores em geral;
• Os miseráveis: mendigos, escravos, os excluídos sociais e os ladrões.
A pobreza, sempre esteve presente em Israel (Dt 15”11; Jo 12”8), não por imposição de Deus, mas sim em decorrência de catástrofes naturais, colheitas desfavoráveis, guerras com os seus vizinhos e ferrenhos inimigos ou pelos desvios espirituais do povo que sempre culminavam com a correção divina. Nestes casos, a lei mosaica previa que os ricos deveriam atender a estas vitimas.
No Antigo Testamento, a riqueza também estava concentradas nas mãos de alguns poucos, na maioria integrantes da realeza, que impunham pesados tributos em seus súditos a fim de financiarem seus caprichos e ostentarem o luxo. Esta situação revelava a existência de dois grupos de pessoas, uns desfavorecidos e outros que concentravam as riquezas em suas mãos (Is 3.14-15, Am 4.1; 5.10-12). Amós, foi um dos profetas, levantados por Deus, para denunciar estas e outras injustiças sociais em Israel.
2. A escravidão em Israel.
A escravidão era proibida em Israel (Lv 25”42), mas havia algumas exceções como nos casos das punições a criminosos para restituírem o roubo (Ex 22”3) ou nos de extrema pobreza para obterem o sustento pelo trabalho (Lv 25.39). os escravos hebreus poderiam ser vistos como uma espécie de trabalhador livre, um empregado remunerado (Lv 25.39,40; Mt 24.45).
a) Direitos dos escravos hebreus:
• Um dia de descanso como qualquer outro trabalhador (Ex 20.10; 23.12, o sábado);
• Recebiam salário (Lv 25.40);
• Casamento com filhos ou filhas de seus senhores, fazendo parte da família (Ex 21.9);
• A lei não permitia maltratos aos escravos;
• Se recapturados, após fuga, não poderiam ser devolvidos aos senhores antigos, pois estes perdiam o direito sobre eles (Dt 23.15-16);
• Através de profissão de fé, um escravo poderia se tornar membro de uma família e ter os mesmo direitos, negados a outros membros (Lv 22.10-13);
• No ano sabático e no ano do jubileu os senhores dispensavam os seus escravos, exceto os que, por opção, resolviam permanecer, desta forma se tornavam servos para sempre (Ex 21.2,5).
Por estes motivos não era tão vantajoso o comércio de escravos israelitas, pois as outras nações escravizavam para exploração do ser humano, enquanto que entre os israelitas ela tinha teor sócio econômico, como quitação de dívidas, mas respeitando-se o período de 6 anos, quando então o escravo era liberto (Ex 21.2; Dt 15.1-18).
3. O socorro aos pobres.
Ao entrarem na Terra prometida, os israelitas deveriam ajudar uns aos outros em suas necessidades, pois a pobreza seria uma constante (Dt 15:11). Esta afirmação não nos remete a idéia de que Deus possa fazer acepção de pessoas, pelo contrário, mostra toda a sua atenção a este grupo de necessitados.
a) Como a lei mosaica previa o socorro aos pobres:
• O ano do jubileu (Lv 25:10-23). No final do período de 50 anos a terra voltava aos donos originais sem qualquer pagamento, mesmo aquelas vendidas, pois a compra não garantia a posse, somente o direito ao usufruto;
• O Ano Sabático (Ex 23:10,11; Lv 25:1-7). Ao final do período de 6 anos a terra deveria repousar e o que estivesse plantado não poderia ser colhido pelo proprietário. A colheita ficaria a cargo dos pobres para se alimentarem. Também eram libertos os escravos e as dividas canceladas (Dt 15:1-18).;
• O Dízimo Trienal (Dt 14:28,29). Trienalmente o povo deveria tirar o dízimo de toda a produção para que os levitas, estrangeiros, órfãos e as viúvas se alimentassem;
• A Lei da Rebusca (Lv 19:9,10). Na época da colheita o proprietário não deveria efetuar a colheita na sua totalidade, mas sim deveria deixar aos pobres.
III. O NOVO TESTAMENTO E A AÇÃO SOCIAL DA IGREJA
1. Nos Evangelhos.
Durante seu ministério terreno Jesus viu a sociedade judaica como um vitima, por isto ensinou a generosidade e a hospitalidade para com os pobres (Lc 14.12-14), atentando para as necessidades de todos os que o procuravam e beneficiou a muitos (At 2”42; 4”32). Deixou claro que a recompensa, por colocarem em prática os seus ensinamentos, não seria visto naquele tempo, mas sim no futuro.
a) O ensino e o serviço social de Jesus:
• Eram recolhidas ofertas e doações para os pobres, que eram administradas por Judas Iscariotes (Jo 12:6; 13:29). Algumas mulheres seguidoras do Mestre colocavam seus bens a serviço dessa causa, a sociedade não (Lc 8:1-3);
• Jesus propôs ao jovem rico (Lc 19:16-22) uma mudança radical de vida, mas ele não quis repartir sua riqueza com os pobres;
• Ao multiplicar os pães e peixes (Mc 6:30-44) Jesus queria mexer com o ego da sociedade, a partilha dos bens ou alimentos não era prática comum deles (vide caso do jovem rico), mas da igreja primitiva foi.
2. Na Igreja Primitiva.
Quando Jesus veio ao mundo, Israel enfrentava as crises, moral, espiritual, social e econômica, de sorte que muitos foram ao seu encontro somente para saciarem a fome ou buscarem algum alento. O mesmo cenário foi visto quando da instituição da igreja primitiva, pois os problemas ainda permaneciam.
Uma prática comum desta igreja foi a partilha voluntária, e não compulsória, dos bens para atender aos necessitados (At 2.44,45; 4.34,35). Esta preocupação diferenciou os cristão de qualquer outro movimento, segmento ou religião, pois quais destes deu tamanha atenção aos órfãos, viúvas, doentes, miseráveis, debilitados, encarcerados e cativos.
Um belo trabalho social foi desenvolvido pela igreja primitiva (At 2.42; 4.32), pois tentaram erradicar as necessidades dos primeiros crentes. Este pensamento também se espalhou entre os gentios convertidos, através do apostolo Paulo, que recolheu ofertas entre estas igrejas para assistir aos crentes em Jerusalém que estavam em necessidade (Rm 15.25-29).
3. Na Igreja Atual.
A única reação possível de Jesus, na condição e no exercício de sua natureza humana, era demonstrar compaixão por aqueles que o procuravam, por isto Ele atendeu a todos, ouviu atentamente a apresentação de suas necessidades, por isto a igreja deve expressar o amor de Cristo de modo que venha a cumprir na integra a sua missão.
A Igreja atual, assim como a primitiva e Israel, tem uma responsabilidade social, da qual ela não pode se esquivar. Ricos e pobres devem viver em harmonia, pois todos foram criados por Deus (Pv 22:2). Diante do radicalismo da Teologia da prosperidade e a passividade da Teologia da Miserabilidade, devemos aplicar as palavras sábias de Agur (Pv 30”7-9).
CONCLUSÃO
A Igreja Primitiva não se amedrontou ante as ferrenhas perseguições e tampouco se omitiu em cumprir sua missão social, tão logo percebeu a necessidade de seus primeiros membros, desta forma o Evangelho foi e continua sendo pregado e os necessitados estão sendo atendidos.
1) SABER: A POBREZA É UMA REALIDADE SEMPRE PRESENTE;
• Os problemas sociais são decorrentes da queda humana;
• A igreja cresceu e os problemas surgiram.
2) COMPREENDER: O SOCORRO AOS POBRES É BÍBLICO:
• Os israelitas deveriam se ajudar uns aos outros;
• Lei: Ano do jubileu, ano sabático, dízimo trienal e rebusca.
3) CONSCIENTIZAR-SE: AÇÃO SOCIAL É RESPONSABILIDADE DA IGREJA.
• Igreja primitiva partilhava e atendia, exemplo para a igreja atual.
Referências:
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