TEXTO ÁUREO
“De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: [...] se é ensinar, haja dedicação ao ensino” (Rm 12.6,7).
VERDADE
PRÁTICA
Os vocacionados por Deus para o
ministério do ensino são por Ele chamados para edificar a Igreja de Cristo.
LEITURA
BIBLICA EM CLASSE - Mt 7.28,29; At
13.1; Rm 12.6,7; Tg 3.1.
Mt 7.28 - E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou
da sua doutrina,
Mt 7.29 - porquanto os ensinava com autoridade e não como os escribas.
At 13.1 - Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a
saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora
criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo.
Rm 12.6 - De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se
é profecia, seja ela segundo a medida da fé;
Rm 12.7 - se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao
ensino;
Tg 3.1 - Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos
mais duro juízo.
PROPOSTA
•
Jesus transforma a consciência do acomodado;
•
E aquieta o coração do perturbado;
•
O “Deus conosco” encurvou-se diante dos homens;
•
Atos: registro da obediência dos primeiros
apóstolos;
•
Doutrina dos apóstolos: conjunto de ensinos de
Cristo;
•
A igreja começou nas casas. Ensino para poucos;
•
Ministério eficaz: é preciso pessoas vocacionadas;
•
O discipulado não termina no batismo;
•
Existem pessoas que não creem no que ensinam?
INTRODUÇÃO
O ministério do ensino da Palavra é
primordial para a igreja exercer o discernimento no que tange ao tempo em que
vive (culturas, teologia, filosofias etc.). Se torna um grande desafio colocar
em prática este dom diante das urgências existências dos dias contemporâneos. A
tarefa do educador cristão é levar os alunos a pensarem as demandas da
existência à luz do Evangelho e segundo os aspectos positivos e negativos do
Reino de Deus (Mt 5-7).
Tão importante é a função do mestre
na igreja que as Escrituras declaram o quanto ele deve esforçar-se intelectualmente
para exercer tão nobre tarefa (Rm 12.7; 1 Tm 4.13). É uma tarefa importante e
indispensável que exige muito de quem a desempenha. Jesus é o grande exemplo a
ser seguido no tocante ao assunto, pois durante seu ministério terreno observou
a situação e se esmerou em ensinar com propriedade acerca da política e contra
o materialismo e mostrou aos discípulos o verdadeiro sentido da vida humana,
segundo a perspectiva do Reino de Deus.
O dom ministerial de Mestre é
concedido por Deus para que os portadores trabalhem a fim de instruírem o
rebanho do Senhor durante os ataques do Maligno. É portanto um dom que vem do
alto e não de baixo, vem de Deus e não dos homens. É uma capacitação espiritual
e não terrena.
Nunca foi tão atual e necessário a figura do mestre cristão na igreja,
pois os crentes devem ser ensinados e levados a estudarem a Bíblia para
compreenderem o mundo e a cultura bíblica e relacioná-la com o mundo do século
XXI, aplicando-a de maneira coerente para não sofrerem com as conseqüências dos
ataques maléficos ou para serem amenizados seus efeitos.
I. JESUS, O MESTRE POR EXCELÊNCIA
1. O MESTRE DA GALILEIA.
Doutor incomparável, “percorria
Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do
Reino [...]” (Mt 4.23). Ele nunca recusou ser chamado de Mestre (Jo 13.13),
haja vista ser o ensino um dos pilares de seu ministério terreno.
Sua missão foi apresentar a si mesmo
e o Pai aos judeus. Materializou na terra o amor do que veio do céu, por isto
seus sermões, ensinos e discursos foram inflamados pelo amor às pessoas.
Diferente dos escribas, Ele ensinava como quem tinha autoridade (Mt 7.28,29). A
verdade emanava da pessoa de Jesus! Os que o ouviam só tinham duas opções:
amá-lo ou odiá-lo. Era impossível ouvi-lo e ficar indiferente. Jesus
transtornava a consciência do acomodado e aquietava o coração do perturbado.
A inteligência espiritual de Jesus
estava muito além do que se via na época, mas Ele também esteve no exercício da
inteligência múltipla:
- Lógica: Efetuou cálculos rápidos, 1+1=1. “Eu e o Pai somo um” (Jo 10.30);
- Linguística: O pregador por natureza se comunicou com os judeus e gentios. Entendeu, na época, todos os idiomas, conhecia a cultura de cada um deles. Ele foi a luz para os gentios (cf Is 49.6);
- Corporal: Jesus expressou todo o seu amor com o seu corpo na cruz do Calvário;
- Naturalista: soube andar sobre as águas e soube lidar com o vento e o mar que lhes obedeciam (Mc 4.41);
- Intrapessoal: Jesus tomou a atitude correta. “[...] afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres” (Mc 14.36);
- Interpessoal: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundancia” (Jo 10.10);
- Espacial: Jesus sabia muito bem onde posicionar a cruz – em um monte fora de Jerusalem;
- Musical: “e, tendo cantado o hino, sairam para o monte das Oliveiras” (Mt 26.30).
2. O MESTRE DIVINO.
Em visita a Jesus, um mestre da Lei
chamado Nicodemos, educado nas melhores escolas religiosas de Israel e grande
conhecedor das Escrituras hebraicas, reconheceu em Jesus um personagem incomum
de seu tempo (Jo 3.1,2), isto prova que a inteligência espiritual de Jesus era
muito superior a dos homens. Esse mesmo fariseu, que era príncipe dos judeus,
afirmou que o Nazareno não poderia fazer o que fazia se Deus não fosse com Ele.
Jesus é chamado Mestre cerca de quarenta e cinco vezes ao longo do Novo
Testamento. Augusto Cury em seu livro O Mestre da Sensibilidade falou acerca da
inteligência de Jesus:
“Todo radicalismo intelectual engessa a inteligência e fere o bom senso”.
(p. 12).
“Se quisermos observar a inteligência e a maturidade de alguém, não
devemos analisá-las nas primaveras, mas nos invernos de sua existência” (p. 14).
“Na escola da vida, o melhor aluno não é aquele que tem consciência de
quanto sabe, mas de quanto não sabe, não é aquele que proclama sua perfeição,
mas o que reconhece suas limitações. Não é aquele que proclama sua força, mas o
que educa a sua sensibilidade”. (p. 15).
“Dialogava afavelmente com as prostitutas, jantava na casa de leprosos e
era amigos dos publicanos”. (p. 26).
“O mestre dos mestres “conseguia ouvir o que as palavras não diziam”. (p.
28).
“O mestre dos mestres os colocou numa escola sem muros, ao ar livre. E
por estranho que pareça, nunca dizia onde estaria no dia seguinte, onde seria o
próximo encontro, se na praia, no mar, no deserto, na montanha, no pórtico de
Salomão ou no Templo. O que indica que ele não pressionava as pessoas a
segui-lo, mas desejava que elas os procurasse espontaneamente: Quem tem sede
venha a mim e beba” (p. 31).
“Os seus seguidores entraram numa academia de sábios, numa escola de
vencedores. As primeiras lições dadas àqueles que almejavam ser vencedores
eram: aprender a perder, reconhecer seus limites, não querer que o mundo
gravite em torno de si, romper o egoísmo
e amar o próximo como a si mesmo” (p. 31).
Jesus ensinou com autoridade (Mt 7.29) e o seu ensino era fácil de ser
assimilado, pois usava uma linguagem universal, conhecida, usava figuras e
temas do cotidiano (semeador, semente, pastor, ovelha, filho e pai, moeda
perdida, vestido velho e remendo novo, pescador, rede, casas construídas na
rocha e areia), mas Ele também ensinou através do seu exemplo (ortodoxia
– saber fazer o certo. Ortopraxia – viver o que sabemos ser o certo). Um dos
pontos fortes de seu ensino foi justamente o fato de não ser preciso
acrescentar mais nada, Ele revelou e nos ensinou tudo.
3. O MESTRE DA HUMILDADE.
A fim de ensinar os discípulos
acerca da humildade, Jesus “levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma
toalha, cingiu-se. Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos
discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido” (Jo 13.4,5).
Que cena chocante para os judeus! Eles ficaram assombrados. A pergunta de Pedro
descreve essa perplexidade (v.6). Era inimaginável um mestre encurvar-se para
lavar os pés de pessoas leigas. Jesus era um mestre e deu o exemplo aos
discípulos. O Emanuel, “Deus conosco”, encurvou-se diante dos homens! Isso se
deu porque o ensino de Jesus não era mero discurso, mas “espírito e vida” (Jo
6.63), era ortodoxia seguida de ortopraxia. Ele nos convida a fazer o mesmo:
“Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou. Ora, se eu,
Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos
outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós
também” (Jo 13.13-15).
II. O ENSINO DAS ESCRITURAS NA
IGREJA DO PRIMEIRO SÉCULO
1. UMA ORDEM DE JESUS.
Antes de ascender aos céus, de modo
solene Jesus determinou aos seus discípulos que ensinassem “todas as nações
[...] a guardar todas as coisas” que Ele tinha ordenado (cf. Mt 28.19,20). O
livro de Atos registra a obediência dos primeiros apóstolos no cuidado de
cumprir a determinação de Jesus. Após a descida do Espírito Santo (At 2.1-6), o
discurso de Pedro foi um verdadeiro ensino proferido no poder do Espírito Santo
(At 2.14-40), seguido de uma defesa daqueles que estavam experimentando o poder
de Deus, os quais haviam sido taxados de embriagados ainda durante o dia. O
pregador expôs a Palavra e defendeu a sua fé e de seus companheiros.
Tendo em vista a plena edificação da
Igreja na Palavra, o Senhor Jesus, através do Espírito Santo, dotou alguns de
seus servos com o dom ministerial de mestre ou doutor (Ef 4.11). Esse dom é uma
capacitação sobrenatural do Espírito. Isso não significa, porém, que devemos
descuidar de nossa formação intelectual, pois o preparo para o ensino passa
pela capacidade de aprender para posteriormente ensinar.
2. A DOUTRINA DOS APÓSTOLOS.
O texto de Atos 2.42 informa-nos que
os primeiros convertidos “perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na
comunhão, e no partir do pão, e nas orações”. Além disso, acrescenta que em
“cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos”
(v.43). A “doutrina dos apóstolos” aqui referida trata-se do conjunto de
ensinos de Cristo ministrados por eles de forma constante e eficaz para o
crescimento integral dos novos crentes.
A igreja primitiva sentia gosto em
sentar para ouvir a pregação, ensino e testemunho dos apóstolos, afinal não era
todo dia que se podia ouvir o relato de alguém que tivesse andado lado a lado
com Jesus durante seu ministério terreno. Certamente os olhos dos ouvintes e
crentes primitivos enchiam de lágrimas quando ouviam os apóstolos, bem diferente
da igreja moderna que não demonstra o mesmo sentimento e atenção, pois enquanto
a Palavra está sendo ministrada, muitos estão conversando, transitando no
templo, descendo e subindo dos altares em uma total demonstração de falta de
respeito e apreço.
3. ENSINAMENTO PERSISTENTE.
Os primeiros mestres das Escrituras
foram os integrantes do Colégio Apostólico (At 5.42, cf. vv.40,41). A Igreja
começou nas casas, onde o ensino era ministrado a pequenos grupos nos lares. O
interesse era demonstrados pelos ouvintes e crentes primitivos e a motivação
dos apóstolos crescia cada vez mais.
Falando aos anciãos de Éfeso, o
apóstolo Paulo mostrou-se como um verdadeiro mestre que ensinava “publicamente
e pelas casas, testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a
Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (At 20.20,21). Deus havia preparado
homens para ensinar e levantado “doutores” na igreja em Antioquia (At 13.1). O
Pai Celestial igualmente deseja levantar mestres em sua igreja. Vivemos dias em
que este ministério nunca foi tão necessário.
III. A IMPORTÂNCIA DO DOM
MINISTERIAL DE MESTRE
1. UMA NECESSIDADE URGENTE DA
IGREJA.
Para o ministério de ensino ser
eficaz na igreja local é preciso haver pessoas vocacionadas. Não são todas que
reúnem informações exegéticas, históricas e literárias da Bíblia, aplicando-as
como é necessário. Deus concedeu à sua igreja mestres, e é preciso que ela
invista neles também.
Muitas vezes, por absoluta falta de
preparo dos obreiros, predomina a superficialidade bíblica, a infantilidade
“espiritual” e o aumento do engano promovido pelas astúcias dos falsos mestres
(2 Pe 2.1). Esse dom do Senhor é para a igreja amadurecer em todas as dimensões
da vida cristã, ao mesmo tempo em que desmascara os falsos ensinos (Ef 4.14; Os
4.6), livrando assim os crentes da apostasia e da falta de conhecimento.
2. A RESPONSABILIDADE DE UM
DISCIPULADO CONTÍNUO.
Estamos acostumados a pensar que o
discipulado termina quando o novo convertido é batizado. Não há nada mais
equivocado! O Senhor Jesus chamou-nos para ser os seus discípulos por toda a
vida. Por isso, quem ensina instrui os crentes para a maturidade da fé. É um
aprendizado diário, permanente e contínuo, tanto para quem é discipulado quanto
para quem está discipulando! Devemos agir como os evangelizadores,
discipuladores e pregadores da igreja primitiva, pois eles não se cansavam de
tanto ensina todos os dias em todas as casas (At 5.42).
3. REQUISITOS NECESSÁRIOS AO MESTRE.
Apresentaremos alguns requisitos
importantes para a igreja reconhecer pessoas com o dom ministerial de mestre em
nossa época:
a) Um
salvo em Cristo. Não
pode haver dúvidas quanto à própria experiência salvífica por parte do
vocacionado para o ministério do ensino (2Tm 2.10-13). Infelizmente há pessoas
que não creem naquilo que ensinam. Assim, não há verdade nem firmeza nelas.
b) O
hábito de ler. Em nosso
país, a leitura é um problema cultural. Se as pessoas leem pouco, a igreja
pouco lerá. Entretanto, como ensinaremos se não lermos? O hábito da leitura era
levado a sério no ministério do apóstolo Paulo (1Tm 4.13; 2Tm 4.13).
c)
Preparo intelectual. A
Bíblia é o instrumento de trabalho do ensinador cristão. Considerando este
livro milenar, veremos que a cultura e o mundo da Bíblia são diferentes do
nosso. Por isso, o mestre deve compreender o mundo da Bíblia (suas questões
culturais, linguísticas, exegéticas etc.) para não fazer apelações fantasiosas,
apresentando-as como exposição da Palavra de Deus.
d) Um
coração em chamas.
Martin Loyd-Jones dizia que a verdadeira pregação era teologia em fogo. É
vontade de Deus que o vocacionado ao ensino utilize os avanços das ciências
bíblicas para pregar a Palavra de Deus na força do Espírito Santo. Precisamos
alcançar as mentes e os corações dos nossos dias, e isto apenas será possível
quando tivermos obreiros com uma mente bem preparada e conectada a um “coração
em chamas” e apaixonado por Jesus (At 3.12-26).
Mas também é imprescendível que
aquele que deseje este dom sente-se, um dia, para aprender, tal como fizeram os
discípulos, para que depois possam ser levantados para ensinar a igreja. Deve
demonstrar interesse em aprender, dando exemplo para os seus futuros alunos.
CONCLUSÃO
É preciso desfazer a ideia propagada
ao longo de décadas acerca do preparo intelectual do crente. Não é verdade que
necessariamente ele esfriará na fé se estudar. Se fosse assim Paulo seria o
mais frio dos apóstolos do Novo Testamento, pois não havia obreiro mais bem
preparado que ele (At 17.15-34; Tt 1.12). Este, no entanto, soube conjugar
preparo intelectual e poder do alto. É disso que as nossas igrejas precisam:
homens cheios do Espírito, mas do mesmo modo, com a mente iluminada para
responder, com mansidão e temor, a razão da nossa esperança (1Pe 3.15).
OBJETIVOS
DA LIÇÃO – FORAM ALCANÇADOS?
1.
A inteligência de Jesus é muito superior à nossa;
2.
A ordem de Jesus foi direta e clara: Ensinem a
todos;
3.
Dom ministerial de ensinador: necessário para a
igreja.
REFERÊNCIAS
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003.
Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão
Internacional (NVI). Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008.
Bíblia Sagrada. Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP).
Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do
Brasil, Rio de Janeiro. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003.
CURY, Augusto. O Mestre da Sensibilidade. Editora Sextante. Rio de Janeiro, 2012
LOURENÇO, Luciano de Paula. O ministério de Pastor.
Disponível em:http://luloure.blogspot.com.br/2014/06/aula-10-o-ministerio-de-mestre.html.
Acesso em 05 de junho de 2014.
Por: Ailton da Silva - Ano VI (desde 2009)
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