CAPÍTULO 11
C.A.C.A.
CONFISSÃO – ARREPENDIMENTO – CONCERTO – AVIVAMENTO
1.
CONFISSÃO (ANTECEDEU O ARREPENDIMENTO):
Israel sempre foi alertado sobre o perigo da
desobediência, mas ignoraram estes avisos imaginando que não estariam assim tão
próximos do juízo de Deus. Após o avivamento, algo que como escamas lhes caíram
dos olhos, e entenderam que o tempo do cativeiro houvera sido uma consequência
da apostasia, idolatria, imoralidade e injustiça.
O convívio com os babilônicos foi um período de
muitas perdas e prejuízos à identidade de Israel, mas por outro lado foi um
tempo de refrigério e concerto para eles.
Os judeus não resistiram ao quebrantamento
promovido pela exposição da Palavra (leitura, ensino, explicação, entendimento
e aplicação), pois Ela é viva, eficaz e penetrante (Hb 4.12), tanto que firmaram um novo concerto com o Senhor.
Tradicionalmente havia somente uma forma de demonstrarem que estavam realmente
avivados e arrependidos dos seus pecados, que era o jejum e as vestes de panos
de sacos (9.1-3). Isto era prova de que o avivamento havia produzido o efeito
desejado. O verdadeiro arrependimento seria fruto do verdadeiro avivamento.
A leitura da Lei gerou uma contrição e resultou
na confissão dos pecados (Pv 28.13), por isto o avivamento espiritual não
demorou a acontecer. Entenderam a Palavra, choraram pelos pecados (8.9), se
humilharam e quebrantaram os corações diante de Deus, ações suficientes para
que evitassem novamente os erros. Naqueles dias houve mudança de vida e
quebrantamento, sinais evidentes do verdadeiro arrependimento (abandono do
pecado para voltar-se a Deus) que é uma das doutrinas fundamentais da fé cristã
(Rm. 2.4; II Pe. 3.9).
a)
Resgate da história:
Eles poderiam até esquecido da história de seus
antepassados, mas os lideres fizeram questão e tiveram o zelo em lembrar-lhes. Resgataram a história e trouxeram a memória
somente o que aumentava a esperança deles (Lm 3.21), pois reconheceram Deus
como Criador, lembraram das promessas a Abraão, das misericórdias e operações
no Egito e no deserto, da glória no Sinai, das provisões mesmo diante da dureza
dos corações e das inúmeras vitórias antes e depois de entrarem em Canaã. Na saída do Egito
foram cerca de três milhões, felizes com a libertação, mas com
Zorobabel, Esdras e Neemias menos de cinqüenta mil retornaram que aliados com o
restante que não foram levados cativos (1.3) reconstruíram o muro, viveram o
verdadeiro avivamento seguido do arrependimento e firmaram o novo concerto com
Deus.
b) A súplica dos judeus:
Diante do arrependimento demonstrado bastava
aos judeus suplicarem pela misericórdia de Deus (9.32) para serem novamente
visitados, agraciados e libertos, de uma vez por todas, das consequências do
cativeiro (9.32-37). Eles ainda se encontravam na situação de escravidão, mesmo
estando em seu próprio território.
A aliança feita com Abraão, Isaque e Jacó
sempre foi mais forte do que qualquer ato impensado dos judeus e não poderia
ser quebrada por qualquer manifestaçãode insanidade judaica. O que diriam as outras
nações, caso Deus interrompesse a sua misericórdia para com Israel devido aos
seus constantes erros?
2. ARREPENDIMENTO – (ANTECEDEU O CONCERTO):
O verdadeiro arrependimento move o coração de Deus e implica em mudança de vida e não em remorsos. O resultado
destas atitudes humanas é a restauração. Vestir-se de panos de sacos e trazerem
terras sobre si (Jó 2.12; 1 Sm 4.12; Lm 2.10) eram sinais de profunda
humilhação diante de Deus, mas não caracterizavam o verdadeiro arrependimento
(Jl 2.12-13).
A exposição da Palavra (leitura, ensino,
explicação, entendimento e aplicação) produziu o efeito desejado no povo (8.9)
e permitiu uma aproximação a Deus. Neemias e Esdras estiveram preocupados,
desde o início, com o entendimento e não com o sentimento e agora diante do
resultado contemplavam o povo agindo com a consciência e não movidos pelo
emocionalismo. Algo como escamas caíram de seus olhos e não resistiram diante
de tanto quebrantamento. Isto por si só já seria suficiente para evitarem erros
no presente e futuro.
a)
Sinais do verdadeiro arrependimento:
O arrependimento e posterior mudança de
vida foi notado entre os judeus naquele dias. Foi uma ação consciente e não
mero fruto da emoção pelos últimos acontecimentos.
b) Apartação de povos idólatras (9.2):
O grande problema de Israel após a sua entrada
em Canaã foi a relação com os seus vizinhos e com os povos que não foram
expulsos, pois sempre ficaram propensos a idolatria, abominação para Deus (Dt
18.9-12). Uma das principais evidências de que estava ocorrendo uma mudança no
povo foi justamente o fato de se colocarem em posição para agradarem a Deus,
desta forma se afastariam de outros povos e de seus inúmeros deuses.
A grande preocupação de Esdras, o sacerdote, foi
com os casamentos mistos, por isto determinou que os judeus despedissem suas
mulheres estrangeiras (Ed 10), pois elas não tinham a mesma fé e o mesmo Deus
(II Co 6.14; Jo 3.19-21). Isto não caracterizava um conflito racial, mas sim
uma preocupação teológica (10.28). A união com outros povos abria as portas
para a idolatria e para o maldoso sincretismo disfarçado. Apartando destes
povos, os judeus, ficavam livres de seus costumes pagãos. O resultado desta
atitude foi o despertamento espiritual de todos.
O casamento misto foi um dos grandes problemas
do rei Acabe que casou-se com Jezabel, uma estrangeira (I Re 16.31) e o
mesmo fato foi repetido pelo rei Salomão que se casou com muitas mulheres
estrangeiras, pervertendo o seu coração (I Re 11.1-2).
3.
CONCERTO (ANTECEDEU O AVIVAMENTO):
A alegria, pós reconstrução de Jerusalém, levou os judeus a
firmarem um novo concerto, pelo qual se comprometiam em obedecerem a vontade de
Deus, sendo que uma das principais promessas foi em não contraírem casamento
com seus vizinhos pagãos (10.30) e observarem o sábado (10.31) entre outras
obrigações.
A exposição da Palavra (leitura, ensino, explicação,
entendimento e aplicação) fez com que os judeus não ficassem somente reféns da
emoção, mas serviu para que exteriorizassem todo o desejo por mudança. Um
avivamento sem Palavra, experiências e prática não produz o resultado esperado,
apenas aprisiona o povo a uma dimensão sentimental.
A
reforma espiritual foi concretizada no momento da efetivação do concerto. Esta
foi a prova de que o avivamento foi capaz de produzir mudança de vida, dando
condições para requisitarem as bênçãos de Deus. A única exigência de Deus (Dt
10.12-13) neste caso foi a obediência, justamente o ponto fraco deles (Dt 8.20;
Dn.9.11; At 7.39).
Os sacerdotes, levitas e os lideres do povo
(9.38) se uniram em prol de um concerto pelo qual se comprometeriam em andar
segundo a lei de Deus. As conseqüências pós exílio ainda perturbavam a mente
dos judeus, por isto eles mesmo enxergaram a necessidade de mudança em suas
vidas, ainda mais após o extenso e detalhado histórico de queda de Israel e das
providências de Deus (9.4-38).
a) Os
lideres como exemplo (10.28,29):
O
exemplo deveria partir da liderança e eles se portaram exemplarmente
demonstrando todo o interesse pelo concerto. A resposta foi imediata do povo,
que admiraram aqueles homens e seguiram-nos. A conduta no caráter falou mais
alto que muitas palavras (I Pe 5.3).
Os
judeus jamais teriam tomado a decisão caso não tivessem visto a liderança se
apresentando diante de Deus, desejosos pela mudança (I Tm 4.12).
Neemias, líder político e Esdras no campo religioso foram os primeiros a selarem o concerto (10.1), logo após foram os sacerdotes (10.2-8), depois os levitas (10.9-13), os chefes de famílias (10.14-27) e finalmente todo o povo (10:28). A assinatura de todos validou aquele documento.
4.
AVIVAMENTO (NÃO FOI SUPERFICIAL):
A exposição da Palavra (leitura, ensino,
explicação, entendimento e aplicação) promoveu um grande avivamento entre os
judeus, conduzindo-os ao arrependimento, condição essencial para o concerto.
O avivamento gerado pela exposição (leitura,
ensino, explicação, entendimento e aplicação) da Lei não se restringiu apenas a
cânticos e celebrações, apesar, que eles não encontravam motivos para cantarem
em terras estranhas (Sl 137), então agora poderiam sem nenhum problema. Motivos
para alegria não faltavam, haja vista estarem diante da obra concluída e terem
resgatados parte da tradição, da religiosidade e do nacionalismo. O essencial
era que este avivamento gerasse contrição, confissão de pecados e
arrependimento e foi isto o que realmente aconteceu.
Os judeus reconheceram o desprezo que
manifestaram pela Palavra e que todos os anos em que estiveram no exílio foram
consequências de seus próprios erros, mas tinham ciência que Deus estava lhes
proporcionando uma nova chance, uma oportunidade para se aproximarem (II Cr
7.14) a fim de serem restaurados.
O
exemplo dos líderes que decidiram pela observância integral da lei de Deus foi
o grande fruto do avivamento experimentado pelos judeus, pois todos foram
incentivados a demonstraram o mesmo compromisso incondicional.
Isto
prova que aquele avivamento teve resultados duradouros e não superficiais como
acontecem em muitos casos atuais. O certo é que o segundo estado foi bem melhor
que o primeiro, por isto é que podemos afirmar que Jerusalém não era mais a
mesma, estava bem diferente.
a)
Frutos materiais e sociais do avivamento:
As
melhoras foram vistas em sua estrutura (os muros reconstruídos e as portas
levantadas), na sua economia (os ricos devolveram as terras e casas que haviam
tomado dos pobres e os sacerdotes voltaram a cuidar da Casa de Deus), mas a
mais importante transformação foi no campo espiritual, sem a qual todas as
outras não teriam acontecido.
b)
Frutos espirituais pré avivamento:
A
grande reforma espiritual somente foi possível porque o povo demonstrou fome
pelo ensino da lei, a qual produziu um grande avivamento e, por conseguinte, a
confissão dos pecados. Se estivessem, desta forma, certamente não teriam sido
levados para o cativeiro.
5. COMENTÁRIOS
ADICIONAIS:
- Característica marcante dos judeus daquele episódio: “Maria vai com as outras”, com todo o respeito, mas se Neemias não tivesse colocado a mão na massa, se os obreiros não tivessem se esforçado na leitura e explicação da Palavra e se os levitas, sacerdotes e os lideres não tivessem se purificado, certamente eles estaria até hoje vivendo entre os escombros, mas graças a Deus que esta característica é um bom exemplo a ser seguido;
- Frutos do avivamento: arrependimento, confissão e o concerto;
- Frutos do concerto: zelo pelo Templo, necessidade da adoração (um dia) e preocupação com a manutenção do Templo e do culto;
- Como os judeus gostavam de auto-humilhação, com vestes de pano de saco, terra na cabeça, jogando-a no ar, alguns certamente andariam preparados com seus kits de humilhação, composto de capas e saquinhos de terra no bolso, vai que precisasse em algum momento. Os judeus jogaram quase um caminhão de terra para o ar quando Paulo fazia sua primeira defesa (At 22.22-23);
- Quando os judeus foram lembrados de sua história, das operações de Deus no passado (Ne 9), estavam na verdade, presenciando uma prévia do que seria o sermão de Estevão;
- Quantos não voltariam quando se deparassem com a mesma visão que Neemias teve ao chegar em Jerusalém? Certamente diriam: “Eu, vou embora, este povo que permaneça nesta situação, estou fora, já tentei de tudo”;
- Como os israelitas perturbaram Neemias? Tanto quanto tiraram Moisés do sério. Para isto eles eram especialistas. O próprio Deus deu testemunho deles a respeito disto;
- Quando Neemias voltou a Jerusalém, pela segunda vez (Ne 13.7), correu para conferir o fruto do avivamento e concerto que havia sido testemunha. Ele não suportou a degradação e espancou alguns que estavam misturados aos pagãos (Ne 13.23-25).
Por: Ailton da Silva - 5 anos (Ide por todo mundo)
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