CAPÍTULO 12
SITUAÇÃO MINISTERIAL APÓS A RECONSTRUÇÃO
1. SEGUNDO ESTADO DE JERUSALÉM (Ne 10:37-39):
O fruto
do concerto agora seria visto na atenção que os judeus dispensariam ao Templo,
pois resgataram a alegria pela contribuição para a manutenção da Casa do
Senhor. Eles ofertaram voluntariamente e regularmente e trouxeram os dízimos da
terra para a manutenção do culto divino (10.32-38).
Todos
reconheceram a importância do Templo de Jerusalém, até mesmo os estrangeiros
que tinham a garantia de serem ouvidos, caso houvesse sinceridade e conversão
em seu coração (II Cr 6.32-33).
A
destruição do Templo e cidade se deu por mãos de Nabucodonosor, por permissão
divina, como punição pela apostasia judaica e após os 70 anos de cativeiro (II
Cr 36.21), eles receberam a permissão para retornarem a Jerusalém (II Cr
36.23). Zorobabel, Esdras e Neemias foram os responsáveis por três grandes
obras: reconstrução do Templo, muros, portas e cidade pelo resgate dos ritos e
ensinos da Lei. Bastava aos judeus conservarem, pois estava em questão não
somente o presente, mas o futuro daquela nação.
No ano
70 d.C., o Templo foi novamente destruído, agora pelos romanos, sob o comando
do general Tito e já se foram muitos dias sem o Templo, sem sacrifícios e sem
sacerdotes (Os 3.4).
a) Nova tarefa: Organização do
serviço religioso:
Templo
reconstruído por Esdras (restabelecida o canal de comunicação com Deus), o muro
erguido e as portas levantadas (cidade protegida), povo avivado e um concerto
foi firmado com Deus (reaproximação), estes acontecimentos selavam definitivamente
o fim cativeiro, mas a cada momento surgia uma nova tarefa para Neemias e em
todos estes momentos não foi visto sinal de vaidade, gravação de nomes em
colunas, portas ou fixação de placas para que ficassem registrados nos anais da
história judaica os feitos humanos.
Era
necessário o pronto restabelecimento e organização do ministério levítico. Aos
poucos Neemias foi avançando para aquele que sempre foi o alvo principal de sua
missão, o Templo. A reconstrução do muro foi sim para proteger a cidade, o
avivamento foi para alegrar o povo e o concerto teve as suas beneficies, mas a
suma de sua tarefa era o resgate do serviço religioso
para que então a nação se reaproximasse do seu Deus.
Uma santa convocação reuniu
todos os responsáveis para que o serviço religioso do Templo fosse restaurado.
Todos se purificaram, sacerdotes, levitas, cantores e o povo, para então
oferecerem grandes sacrifício em meio a jubilo e alegria. O lamento
inicial do povo foi transformado em regozijo, pois houve alegria, louvor e
cânticos em ações de graças ao Senhor (Ne 12.43).
b) Importância do Templo
(10.32-39):
Todos
reconheciam a importância do Templo e estavam cientes de que a questão envolvia o presente e o futuro de
todos, por isto se empenharam ao máximo e não permitiram que aventureiros,
interesseiros ou politiqueiros se aproveitassem do esforço em prol da reconstrução
espiritual da nação. Os líderes serviram de exemplos e não deixaram suas
vaidades dominarem-nos, não foi vista mudanças
na engenharia do Templo e tampouco foram incluídos novos ornamentos visíveis,
monumentos, etc. A preocupação foi em manter todas as diretrizes entregues por
Deus a Moisés ainda no deserto na ocasião da construção do Tabernáculo (Êxodo
caps. 25, 26, 27). Não houve inovações e invenções.
Será que os que ajudaram
Zorobabel não questionaram a sua intenção de reconstruir o Templo primeiro?
Erguer a nossa maior riqueza espiritual e deixar os nossos tesouros expostos
aos nossos inimigos? Eles sabem que sem Templo não somos nada. Não seria melhor
murar a cidade e proporcionar o mínimo de segurança?
Era necessário que o povo visse
o Templo reerguido, para que sentissem a presença de Deus constante. O plano de
Deus era: o povo ao ver o símbolo de sua religiosidade erguido certamente não
colocará obstáculos para reconstruir a cidade.
2. OS QUE RETORNARAM COM
ZOROBABEL (12.1-25):
Deus instituiu uma
responsabilidade aos levitas, nomeando-os como sacerdotes e auxiliares para
trabalhos contínuos a fim de manterem a ordem e administrarem os sacrifícios no
Tabernáculo.
Zorobabel
liderou o primeiro grupo de exilados judeus que retornaram a Jerusalém com a
missão de reconstruírem o Templo e restabelecerem a adoração a Deus. O símbolo
maior da religião judaica estava em melhores condições, bem diferente da
cidade, quando Neemias chegou para iniciar a obra, mas somente aqueles que
conseguiram provar a sua ascendência levítica é que foram admitidos para
administração do serviço religioso (12.8-21).
a) O ministério sacerdotal – sacerdotes
, sumo sacerdote e levitas:
Os
sacerdotes eram representantes do povo diante de Deus, descendentes da tribo de
Levi, portanto deveriam ter uma vida santa e irrepreensível (Lv 10.1-3). Eles
não poderiam possuir algum tipo de deformidade e
deveriam preencher uma série de requisitos (Lv 21-17-20), mas isto não fazia ou
capacitava todo levita para que ele fosse um sacerdote.
a.1) As funções dos sacerdotes:
- Fazer mediação entre o povo e Deus e oferecer sacrifícios pelos pecados, visando à reconciliação com o Senhor (Lv 16.11-28; Nm 3.3; II Cr 13.11);
- Consultava a Deus pelo povo, buscando discernir a vontade do Senhor (Nm 27.21);
- Oficiava e ministrava os cultos religiosos;
- Ensinava como professor ou mestre da Lei (Lv 10.10,11);
- Discernia a existência de lepra e efetuavam o rito de purificação (Lv 13.14-15) e determinava castigos por assassinatos e outras questões civis (Dt 21.5; II Cr 19.8-11);
- Tomavam conta do tabernáculo (Nm 18.5-7);
- Conservavam sempre aceso o fogo do altar (Lv 6.12-13);
- Queimavam incenso (Ex 30.7-8);
- Purificavam os imundos (Lv 15.30-31);
- Transportavam a arca (Js 3.6-17; 6.12;
- Encorajavam o povo a ir à guerra (Dt 20.1-4);
- Tocavam as trombetas em várias ocasiões (Nm 10:1-10; Js 6.3-4);
- Não podiam beber vinho ou bebida forte (Lv 10:9).
Era uma posição honrosa, hereditária (Ex 28.43) reservado ao
primogênito, exceto nos de enfermidade, mutilação (Lv 21.17-20) ou na vacância
(Nadabe e Abiú – Nm 3.4), mas de muita responsabilidade e cercada por muitas
restrições, que muitos israelitas não seriam capazes de cumpri-las (Lv
21.1-15).
Deviam estar de prontidão, pois eram os representantes
responsáveis e qualificados para que Deus fosse consultado nas necessidades. Uma
de suas mais importantes funções era a intercessão pelo povo no dia anual da
expiação (aos dez dias deste mês sétimo - Lv 23.27), momento em que o
sumo sacerdote se purificava com água, vestia suas vestes santas de linho,
sacrificava um novilho por si e pela sua família e tomava uma vasilha de brasas
do altar para então entrar no Santo dos Santos.
b) Os levitas – não eram todos
sacerdotes (Nm 1.50-51):
Os levitas, descendentes da
tribo de Levi, sem herança material (Dt 10.9), mas separados por Deus para
serem seus (Nm 8.14), exerciam
o sacerdócio e auxiliavam nos trabalhos contínuos (Nm 3.6-10). Eram os únicos autorizados
a trabalharem no Tabernáculo.
b.1) Funções dos levitas:
- Transporte da Arca da Aliança (I Sm 6.15; II Sm 15.24);
- Serviços no tabernáculo (Nm 1.50-53);
- Responsáveis pela música e liturgia (I Cr 15.16, 17, 22);
- Ensinavam a Lei ao povo (Ne 8.7-8; II Cr 35.3);
- Ministravam aos sacerdotes (Nm 3.6-7; 18.2) e ao povo (II Cr 35.1-6);
- Vigiavam o santuário (Nm 18.3);
- Guardavam os instrumentos, os vasos sagrados (Nm 3.8); os tesouros sagrados (I Cr 26.20); os dízimos e ofertas (II Cr 31.11-19; Ne 12:44);
- Montavam, desmontavam, carregavam e arrumavam o Tabernáculo, etc (Nm 1:50-51);
- Matavam os idolatras e apostatas como o ocorrido no caso do bezerro de ouro, pois foram eles que puniram os apostatas (Ex 32.25-29).
3. A PURIFICAÇÃO DOS SACERDOTES LEVITAS E POVO:
Os
sacerdotes e levitas estavam a frente de toda aquela solenidade, portanto era
necessário que fossem exemplos de pureza e santidade, pois de outra forma como
poderiam purificar o povo? Todos se purificaram para se apresentarem diante de
Deus.
a) Purificação
dos sacerdotes:
Havia necessidade dos
sacerdotes se purificarem? Eles também estavam isentos de falhas como os demais
judeus, tanto que se purificavam antes dos sacrifícios. O sacerdote que não se
purificasse, poderia morrer pela desobediência e serviria de exemplo para o
povo. A purificação representaria a santidade, a separação para uso exclusivo
de Deus.
b) Purificação dos levitas:
A purificação dos levitas se
dava por aspersão com água da purificação (Nm 8.5-7), depois prosseguia o
ritual com a rapagem de todo o corpo com navalha e por fim lavavam as vestes.
c) Purificação
do povo:
Mais uma vez a liderança, agora a
religiosa, deu o exemplo e cumpriu todos os rituais prescritos na Lei, portanto
não havia como o povo não se purificar.
4. FESTA DE DEDICAÇÃO, COMEMOREM:
Porque
esta dedicação não ocorreu logo após o término da reconstrução? Ainda não havia
clima espiritual e conhecimento da Lei necessários para valorizarem todos os
feitos de Deus. Se realizassem esta festa naquele momento certamente
atribuiriam a si o sucesso pelo objetivo conquistado.
Foi preciso o avivamento,
conhecimento, arrependimento, confissão dos pecados, contrição e o compromisso
com Deus, que deveria ser renovado. Após cumprirem todas estas etapas veriam
tudo aquilo como obra das mãos de Deus.
A
dedicação do povo na reconstrução do muro foi algo nunca visto em Jerusalém, o
avivamento de igual modo e posteriormente o concerto anunciava a grandiosidade
daquela festa.
Foram vários anos vivendo entre os escombros, mas agora a
realidade era outra, sinal de vitória, alegria pelas reconstruções (altar,
Templo, muro), por isto a alegria vista naqueles dias foi algo contagiante,
ouvido de longe pelos seus vizinhos (Ne 12.43).
a) A participação dos levitas:
Era
imprescindível a participação dos levitas na condução e adoração no culto ao
Senhor, por isto foi necessária a restauração de seus ministérios para
participarem do culto de dedicação dos muros de Jerusalém.
b) A
participação dos cantores:
Era
essencial a apresentação de cânticos de adoração e louvor a Deus durante a
festa de dedicação dos muros de Jerusalém, para que o povo manifestasse toda a
alegria pelas vitórias e restaurações ocorrida na nação.
Neemias
reuniu os 148 cantores que descendiam de Asafe (Ne 7.44) e mais 245 que
procediam de outras famílias levíticas (Ne 7.67), para que bendissessem ao
Senhor, através da música (a linguagem da alma), o
instrumento pelo qual se comunicaram com Deus (Sl 40.3; Ef 5.19-20).
c) A liturgia correta e santa:
Foram
dois grandes cortejos, um liderado por Neemias e o outro por Esdras, que mesmo
tomando caminhos opostos, encontraram-se no Templo. Participaram os levitas, os
cantores e os príncipes de Judá (Ne 12.27-43) e ali realizaram um grande culto em ação de graças a Deus. Aqueles
cortejos não foram espetáculos e tampouco entretenimento, mas sim foi uma
reunião de profunda reverência ao Senhor.
d) Os
verdadeiros sacrifícios (v 43):
Ao
chegarem no Templo eles sacrificaram em meio aquela grande alegria,
reconhecendo os benefícios recebidos da parte de Deus. Os sacrifícios
representam a entrega que efetuavam naquele momento e eram também sombras de
coisas futuras, que se cumpriram alguns anos mais tarde, no ministério terreno
de Jesus:
- Os sacrifícios do passado não removiam definitivamente os pecados do povo. O sacrifício de Jesus removeu de uma única vez (Hb 10.11)
- Os sacerdotes ofereciam sacrifícios contínuos. Jesus ofereceu-se em sacrifício apenas uma vez;
- Os sacerdotes ofereciam sacrifícios de animais. Jesus ofereceu-se a si mesmo;
- Os sacrifícios cessaram. O sacrifício de Jesus tem eficácia eterna.
- O concerto do povo não poderia ter sido efetivado logo após a reconstrução? Ainda estavam com o sangue fervendo, não teriam o mesmo resultado? Havia algumas etapas que deveriam ser cumpridas pelo povo, pois não podemos pular etapas em nossa vida;
- Após a reconstrução da cidade, muitos poderiam ter voltado para suas casas, satisfeitos, felizes por terem feito algo para Deus;
- “Terminamos a construção”! Terminaram? A festa será somente após o avivamento e concerto;
- Caso a festa da dedicação dos muros fosse feita após a reconstrução, certamente cunhariam até moedas com as faces de Neemias e Esdras;
- Nemias decidiu reunir os levitas e eles vieram, pois Deus jamais permitira que o líder fosse envergonhado;
- O povo rodeou os muros, um grupo de cada lado, para que contemplassem a grande obra que foi concluída quando acreditaram na possibilidade, antes seria impossível;
- A divisão em grupos foi para ganharem tempo? Tinha muito por comemorarem naquele dia? Ou terá sido por outro motivo? Desavença entre os lideres (At 15.39-40) assim como aconteceu com Paulo e Barnabé, que decidiram pela segunda viagem com companheiros novos, mesmo assim os dois grupos de missionários tiveram o mesmo objetivo: pregação do Evangelho. O que parecia o fim da dupla de missionários se tornou o início do quarteto de pregadores e ganhadores de almas;
- Se tivessemos alguns novos convertidos judeus, recém libertos do jugo da Lei, certamente eles estranhariam quando ouvissem alguns de nós dizendo ou cantando: “Eu estou no altar do sacrifício. Eu estou no lugar santo. Eu estou no santo dos santos”. No mínimo achariam uma falta de respeito, pois eles conhecem o significado de todas estas expressões que hoje são usadas tão naturalmente pela igreja. Mesmo vivendo na atual dispensação e isentos de tal prática é necessário conhecermos o que pregamos. A graça nos permite entrar na presença de Deus? Sim. Sem intermediação? Sim. Para os judeus se imaginarem em um destes três lugares era como se fosse impossível, o que diremos nós, os gentios?
- Patéticamente, se nos dias de hoje o Templo estivesse intacto em Israel e se nos fosse permitido fazer um “tour”, adentraríamos estes lugares santos? Primeiro teríamos que passar pelos levitas (Ex 32.26), neste caso a parada seria indigesta;
- Os levitas esperavam somente o toque da trombeta pelos sacerdotes para então se reunirem;
- Somente os chamados trabalhariam no Templo, mas alguns poderiam dizer: “Eu sou da tribo tal e conheço o trabalho. Já convivi com levitas e tenho boa vontade. Eu sei e quero trabalhar”. Talvez isto tenha acontecido, pois o serviço levítico conheceu a ruína após o exílio, bem possível que alguns tenham sido nomeados para exercerem as funções;
- Não era qualquer um que trabalharia no Templo. Depois da cansativa viagem, da dura reconstrução e da vitória sobre a oposição, jamais Neemias deixaria qualquer um trabalhar no Templo. Somente trabalharia no Templo quem tivesse chamada e provasse a linhagem levítica. Assim como naquele tempo, tem muitos que sequer sabem o significado da palavra trabalho;
- Após o exílio o cargo de sumo sacerdote teve características políticas, o que não víamos antes, pois eles se dedicavam totalmente aos cuidados religiosos;
- Quantos sumos sacerdotes morreram durante o dia da expiação? Ou somente temos o problema ocorrido com Zacarias, pai de João Batista? Neste episódio o povo perguntava para se o problema era devido ao pecado, mas ele não respondia. O problema não foi o pecado, mas a benção que acabara de receber;
- Como foi a despedida de Neemias: Congregação erguida, povo avivadinho, agora era somente retornar depois para ver como estavam, assim como o apostolo Paulo fez nas maiorias das igrejas abertas em suas viagens missionárias, pois abria campos e depois enviava cartas para se inteirar da situação ou corrigir, quando não retornava pessoalmente;
- Jesus restaurou Israel, mas não da forma como esperavam. O mesmo aconteceu com Zorobabel, alguns imaginavam que a reconstrução deveria começar pelo muro e portas para então seguros erguerem o Templo;
- Na nossa conversão em qual campo Jesus opera logo de início? No campo material? Emocional? Ou no espiritual?
- Jerusalém não suportaria uma segunda destruição da cidade e tampouco do Templo. E ainda mais em tão curto espaço de tempo. Isto se os inimigos os atacassem novamente (suposição bem patética);
- Precisamos chegar a este ponto? Destruição total para recomeçarmos do zero novamente? Os judeus esqueceram tudo, língua, lei, parte da história, organização.
Por: Ailton da Silva - 5 anos (Ide por todo mundo)
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