c) O primeiro dia do congresso:
A campanha do Carmelo não seria tão
demorada quanto foi a de Jericó (Js 6.1-27). Não seria necessário darem um
grande abraço humano no monte, ou levantarem suas vozes em altos clamores ou
tampouco percorrer toda a sua extensão à procura de gravetos de fogo.
O congresso foi realizado em apenas um
dia, algo bem rápido, direto e sem muita conversa, sem muitos pormenores, mas
este dinamismo somente foi visto quando a oportunidade foi passada para Elias,
pois enquanto os falsos profetas estavam no comando, a luta foi grande, um suplicio
por Baal que não respondia. Muita demora, tanto que muitos foram embora,
inclusive a rainha não estava presente (cfe I Rs 19.1), já que depois o rei lhe
contou tudo o que havia ocorrido com seus profetinhas.
Que decepção, mas nada foi tão triste
quando olharam para o lado e não viram[1] a sacerdotisa principal (I
Rs 19.1 cf I Rs 18.19), a que se dizia profetisa (Ap 2.20 cf I Rs 19.2) e que
profetizou de forma bem clara contra Elias: “me façam os deuses e outro tanto”,
então o Deus verdadeiro e não os deuses delas cumpriu o predito. A rainha foi
morta como seus profetas e o “outro tanto” lhe foi acrescido, pois acabou
virando ração e comida para cães (II Rs 9.35-36).
Correria, trocaram o turno, turma,
equipamentos, literaturas, bezerro, altar, lenha, cânticos, trocaram até mesmo
de posição, ficaram em cima do altar, de cabeça para baixo, pularam, saltaram
(I Rs 18.26), mas nada de Baal responder.
O objetivo principal deste congresso foi
resgatar o monoteísmo hebreu, afetado pelos ensinamentos de Jezabel e sua
turminha, pois conseguiram dividir o coração de Israel. O estrago foi pior,
antes tivessem se desviado por completo (cfe Ap 3.15-16).
Os israelitas, aos poucos, se esqueceram
do que aprenderam na tenra infância, através dos ensinamentos de seus pais, quando
ouviam cheios de orgulho os feitos de Deus no passado em favor da nação, que se
traduzia em: “Shema, Yisrael Adonai Elohenu Adonai Echad – ouve, Israel, o
Senhor teu Deus é o único Senhor” (Dt 6.4).
d) Os resultados positivos do primeiro dia:
Baal não respondia aos clamores de seus
profetas, que então começaram a saltar, pular sobre o altar e gritar para
chamar a atenção do povo.
O questionamento do profeta foi:
"como poderiam crer em deuses que são semelhantes aos homens"? Deviam
confiar em Deus, o onisciente, onipresente e onipotente. Havia muita diferença
entre o verdadeiro Deus e aquilo que era somente fruto da imaginação humana.
Isto provou que Baal era uma imagem do
próprio homem, pois morria, sofria, adulterava, viajava, se distraia, mentia,
era violento e vingativo.
Elias pediu para que clamassem em alta
voz, quem sabe Baal estivesse conversando com alguém, dormindo ou viajando.
Ninguém defendeu a falsa divindade, nem mesmo os seus profetas presentes.
No momento do sacrifico da tarde, Elias
se aproximou e orou diante do povo. Esperou o momento certo, não se adiantou,
esperou a canseira dos profetas e a desilusão do povo.
e) Avaliação final do congresso:
Os hebreus, no Sinai, coxearam entre dois
pensamentos e reclamaram da ausência de Moisés, mas no Carmelo reconheceram
Deus como único e se submeteram à liderança de Elias, por isto estes dois personagens
são fortíssimos candidatos[2] a
serem a dupla de testemunhas nos dias finais da humanidade (Ap 11.3-6).
No deserto os hebreus idólatras se
tornaram semelhantes ao bezerro de ouro (cfe Sl 115.8) e da mesma forma, no Carmelo,
os falsos profetas também se tornaram semelhantes a Baal, pois morreram sem
esperança de ressurreição.
Foram mortos dentro de sua própria nação,
no berço de sua religião, diante dos narizes de seus governantes e até hoje
Israel não sofreu represálias por este ato. Ao final os expectadores declararam:
“Realmente há um Deus em Israel".
f) O vai e vem de Elias:
Elias, após ser usado e exaltado[3] por
Deus diante do povo (I Rs 18.36-39), fugiu quando soube das ameaças de morte
feitas por Jezabel (I Rs 19.3). Certamente todo o respeito adquirido pelo
profeta caiu por terra pelas mãos da rainha.
Caminhou em direção ao deserto e andou o
caminho de um dia para refletir sobre os últimos acontecimentos. Se havia
enfrentado todos os profetas de Baal porque então temeu as ameaças de uma mulher.
Elias estava decepcionado, mas
independente de estar fugindo jamais poderia ter parado no meio do caminho,
teria que ter dado continuidade à sua jornada.
Estava fragilizado, por isto parou e
assentou-se. Isto aconteceu justamente no momento de sua vida em que se julgava
forte, usado por Deus, corajoso, com ânimo, mesmo assim pediu um basta para
toda aquela situação, talvez estivesse querendo expor a Deus o desejo de viver tranquilamente
sem ter que ficar enfrentando perigo.
Então o peso da obra e os últimos
acontecimentos vieram sobre os seus ombros e abriu o caminho para a sonolência.
O cansaço por ter enfrentado a caminhada e a responsabilidade fizeram Elias adormecer.
Elias havia acabado de ser usado como um
instrumento para uma das maiores demonstrações do poder de Deus durante o seu
ministério, porém uma fraqueza o tomou e o levou a agir desta forma, mas temos
a certeza que o plano de Deus não termina com estas atitudes impensadas (I Rs
18.46).
[1] Todos foram convocados. Sem
exceção, inclusive Jezabel, esposa do rei, que fazia parte do reino, mesmo
sendo de outra nação.
[2] Evidências: fogo sairá da
boca deles e devorará o inimigo (cf II Rs 1.9-14). Terão poder para fechar o
céu para que não chova nos dias de sua profecia (cf I Rs 17.1) e poder para
transformar água em sangue (Ex 7.20).
[3] Elias
estava tão cheio de poder, após o Monte Carmelo que quase se auto transfigurou.
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