d) Eliseu atento aos últimos de Elias na Terra:
Elias levou Eliseu a vários lugares
diferentes e em cada um deles colocou o sucessor à prova. Este momento
antecedeu o seu arrebatamento e também serviu de preparação para o discípulo
(II Rs 2.1-8), que resistiu as provas, pois desejava algo a mais em sua vida.
Eliseu demonstrou estar familiarizado com
aquilo que o Senhor estava prestes a fazer (II Rs 2.1) em sua vida. Estava
consciente que algo extraordinário, envolvendo o profeta Elias, poderia
acontecer a qualquer momento (II Rs 2.3), por isto ficou atento para fazer
parte da história.
Também demonstrou perseverança quando se
recusou a largar Elias, acompanhando-o até Gilgal, local onde Josué acampou com
o povo de Israel (Js. 4.19). Depois continuou com o mestre até Betel, um lugar
de oração, onde Abraão edificou um altar ao Senhor (Gn. 12.8). Firme como
sempre, partiu com Elias até Jericó, o lugar da primeira batalha antes dos
hebreus entrarem na Terra Prometida (Js 6) e por fim esteve junto ao mestre até
que chegasse a sua última parada, o rio Jordão (II Rs 2.1-6).
O mesmo local onde Elias havia aparecido,
para se apresentar ao rei Acabe (I Rs 17.1), servia agora para ser o palco do
encerramento do ministério do profeta do fogo. Se Eliseu tivesse ficado pelo
caminho, não teria sido o homem de Deus que foi!
Por fim Eliseu provou ser um homem
vigilante e atento às oportunidades. O seu pedido, quando presenciou Elias ser levado
aos céus (II Rs 2.12), foi ousado, algo que merece uma reflexão à parte, pois revela
a nobreza da sua chamada. Diante de uma oportunidade única, não teve dúvidas, e
pediu: “que haja porção dobrada do teu espírito sobre mim” (II Rs 2.9).
Excelente obra desejou Eliseu (I Tm 3.1-2).
O discípulo queria fazer parte daquela
história, queria também deixar o seu legado, fazer mais do que o mestre, para
tanto seria necessário que iniciasse com chave de ouro.
Sua intenção era requerer o direito à primogenitura
sobre os demais profetas da escola de Elias. Quem deveria ser o substituto com
a vacância do cargo? Quem deveria dar continuidade? Quem deveria assumir o
controle sobre os demais e futuros profetas? Não poderia ser qualquer pessoa.
Eliseu fez o pedido baseado na Lei
Mosaica (cf. Dt 21.17), que garantia ao filho primogênito o direito a porção[1]
dobrada da herança, porém isto implicava em maior responsabilidade.
Deus agradou-se do pedido de Eliseu como
se agradara do pedido de Salomão (I Rs 3.10). Muitas vezes as pessoas preferem
aquilo que e medíocre em vez do que é nobre. Preferem escolher o que satisfaz o
ego em vez de escolher o que agrada e alegra a Deus
e) Elias e Eliseu – diferenças e semelhanças:
Elias apareceu do nada no cenário
mundial, um verdadeiro “estranho” (I Rs 17.1) e ficou conhecido como o
"arrebatado”, pois sumiu diante dos olhos de Eliseu (II Rs 2.11), mas foi
visto por Tiago, Pedro e João (Mc 9.4) no monte da Transfiguração. Por todo
este tempo, o profeta do fogo, esteve "ausente da terra, mas presente no
céu".
Já Eliseu, que teve pai e mãe (I Rs 1.29),
esteve até o último momento de sua vida preocupado e trabalhou em prol de Israel
(II Rs 13.14.19). Morreu e foi sepultado como qualquer outro ser humano (II Rs
13.20).
Acabe não conseguiu encontrar o
esconderijo de Elias em nenhum lugar dentro do território de Israel, já o
profeta Eliseu foi facilmente encontrado pelo rei Jeoáz (II Rs 13.14).
Elias, corajoso, se apresentou ao rei
Acabe (I Rs 17.1), sem temer as represálias. Eliseu se apresentou a Jorão e a
Josafá (II Rs 3.14) e não temeu repreendê-los diante do rei de Judá. Se
apresentou também a Hazael, futuro rei da Síria, que faria muito mal a Israel e
o ungiu como rei (II Rs 8.11-12).
Mas, um dia Elias temeu Jezabel (I Rs
19.2-3) e fugiu, bem diferente de Eliseu, que não teve medo de afrontar o filho
dela, o rei Jorão (II Rs 3.14), tampouco o capitão de Samaria (II Rs 7.2).
Elias foi visto pela penúltima vez no
Monte da Transfiguração (Mc 9.4), pois retornará para ser uma das duas testemunhas
do Apocalipse (Ap 11.3-6). Já Eliseu não retornará mais, pois já conheceu a
morte (Hb 9.27).
Elias procurou e encontrou seu sucessor
trabalhando (I Rs 19.16-19) e formou com Eliseu, a dupla dinâmica, amigos
inseparáveis até ao momento do arrebatamento.
f) Elias e Eliseu – Jesus e igreja:
Elias e Eliseu não desenvolveram seus
ministérios concomitantemente (II Rs 2.14). Um somente entrou em cena depois
que o outro foi tirado deste mundo (II Rs 2.11), da mesma forma a igreja
somente iniciou o exercício de sua função depois que Jesus subiu aos céus e
logo após ser cheia do Espírito Santo (At 1.9; 2.1).
Elias foi tirado de Eliseu, foi separado
pelos carros, fogo e levado pelo redemoinho. Estavam andando e falando um com o
outro, quando isto aconteceu. Os discípulos também estavam conversando com
Jesus quando o viram se tornar assunto aos céus (At 1.3-8).
Jesus havia avisado seus discípulos que
iria (Jo 16.18; At 1.10), o mesmo foi feito por Elias que também avisou Eliseu
(II Rs 2.9,12).
Elias preparou Eliseu para sucedê-lo, um
ensinava e o outro aprendia (I Rs 19.21), assim como os discípulos aprenderam[2] com
Jesus.
Eliseu foi cheio (II Rs 2.12-14), na
descida da capa de Elias sobre ele, enquanto que os discípulos foram cheios (At
2.1-4) na descida do Espírito Santo.
Eliseu desejou a porção dobrada, conforme
a herança reservada para o filho primogênito (Dt 21.15-17). Desejou a
continuação do ministério profético. A igreja sucederia Jesus no ministério de
socorro aos gentios e daria continuidade ao que foi iniciado (Mt 8.5-13; Mt
15.21-28).
Faltou somente ter aparecido dois varões
de branco, tal como aconteceu com os apóstolos (At 1.11), para animarem o
coração de Eliseu após o arrebatamento de Elias. Certamente diriam: “Assim como
você o viu subir, um dia voltará, para ser uma das duas testemunhas do Apocalipse
(Ap 11.2), mas antes voltará para conversar um pouco com Jesus e Moisés no
monte da Transfiguração (Lc 9.31).
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