Páginas

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Elias, o profeta da chuva e do fogo. Capítulo 8

d) Eliseu atento aos últimos de Elias na Terra:

Elias levou Eliseu a vários lugares diferentes e em cada um deles colocou o sucessor à prova. Este momento antecedeu o seu arrebatamento e também serviu de preparação para o discípulo (II Rs 2.1-8), que resistiu as provas, pois desejava algo a mais em sua vida.

Eliseu demonstrou estar familiarizado com aquilo que o Senhor estava prestes a fazer (II Rs 2.1) em sua vida. Estava consciente que algo extraordinário, envolvendo o profeta Elias, poderia acontecer a qualquer momento (II Rs 2.3), por isto ficou atento para fazer parte da história.

Também demonstrou perseverança quando se recusou a largar Elias, acompanhando-o até Gilgal, local onde Josué acampou com o povo de Israel (Js. 4.19). Depois continuou com o mestre até Betel, um lugar de oração, onde Abraão edificou um altar ao Senhor (Gn. 12.8). Firme como sempre, partiu com Elias até Jericó, o lugar da primeira batalha antes dos hebreus entrarem na Terra Prometida (Js 6) e por fim esteve junto ao mestre até que chegasse a sua última parada, o rio Jordão (II Rs 2.1-6).

O mesmo local onde Elias havia aparecido, para se apresentar ao rei Acabe (I Rs 17.1), servia agora para ser o palco do encerramento do ministério do profeta do fogo. Se Eliseu tivesse ficado pelo caminho, não teria sido o homem de Deus que foi!

Por fim Eliseu provou ser um homem vigilante e atento às oportunidades. O seu pedido, quando presenciou Elias ser levado aos céus (II Rs 2.12), foi ousado, algo que merece uma reflexão à parte, pois revela a nobreza da sua chamada. Diante de uma oportunidade única, não teve dúvidas, e pediu: “que haja porção dobrada do teu espírito sobre mim” (II Rs 2.9). Excelente obra desejou Eliseu (I Tm 3.1-2).

O discípulo queria fazer parte daquela história, queria também deixar o seu legado, fazer mais do que o mestre, para tanto seria necessário que iniciasse com chave de ouro. 

Sua intenção era requerer o direito à primogenitura sobre os demais profetas da escola de Elias. Quem deveria ser o substituto com a vacância do cargo? Quem deveria dar continuidade? Quem deveria assumir o controle sobre os demais e futuros profetas? Não poderia ser qualquer pessoa.

Eliseu fez o pedido baseado na Lei Mosaica (cf. Dt 21.17), que garantia ao filho primogênito o direito a porção[1] dobrada da herança, porém isto implicava em maior responsabilidade.

Deus agradou-se do pedido de Eliseu como se agradara do pedido de Salomão (I Rs 3.10). Muitas vezes as pessoas preferem aquilo que e medíocre em vez do que é nobre. Preferem escolher o que satisfaz o ego em vez de escolher o que agrada e alegra a Deus

 

e) Elias e Eliseu – diferenças e semelhanças:

Elias apareceu do nada no cenário mundial, um verdadeiro “estranho” (I Rs 17.1) e ficou conhecido como o "arrebatado”, pois sumiu diante dos olhos de Eliseu (II Rs 2.11), mas foi visto por Tiago, Pedro e João (Mc 9.4) no monte da Transfiguração. Por todo este tempo, o profeta do fogo, esteve "ausente da terra, mas presente no céu".

Já Eliseu, que teve pai e mãe (I Rs 1.29), esteve até o último momento de sua vida preocupado e trabalhou em prol de Israel (II Rs 13.14.19). Morreu e foi sepultado como qualquer outro ser humano (II Rs 13.20).

Acabe não conseguiu encontrar o esconderijo de Elias em nenhum lugar dentro do território de Israel, já o profeta Eliseu foi facilmente encontrado pelo rei Jeoáz (II Rs 13.14).

Elias, corajoso, se apresentou ao rei Acabe (I Rs 17.1), sem temer as represálias. Eliseu se apresentou a Jorão e a Josafá (II Rs 3.14) e não temeu repreendê-los diante do rei de Judá. Se apresentou também a Hazael, futuro rei da Síria, que faria muito mal a Israel e o ungiu como rei (II Rs 8.11-12).

Mas, um dia Elias temeu Jezabel (I Rs 19.2-3) e fugiu, bem diferente de Eliseu, que não teve medo de afrontar o filho dela, o rei Jorão (II Rs 3.14), tampouco o capitão de Samaria (II Rs 7.2).

Elias foi visto pela penúltima vez no Monte da Transfiguração (Mc 9.4), pois retornará para ser uma das duas testemunhas do Apocalipse (Ap 11.3-6). Já Eliseu não retornará mais, pois já conheceu a morte (Hb 9.27).

Elias procurou e encontrou seu sucessor trabalhando (I Rs 19.16-19) e formou com Eliseu, a dupla dinâmica, amigos inseparáveis até ao momento do arrebatamento.

 

f) Elias e Eliseu – Jesus e igreja:

Elias e Eliseu não desenvolveram seus ministérios concomitantemente (II Rs 2.14). Um somente entrou em cena depois que o outro foi tirado deste mundo (II Rs 2.11), da mesma forma a igreja somente iniciou o exercício de sua função depois que Jesus subiu aos céus e logo após ser cheia do Espírito Santo (At 1.9; 2.1).

Elias foi tirado de Eliseu, foi separado pelos carros, fogo e levado pelo redemoinho. Estavam andando e falando um com o outro, quando isto aconteceu. Os discípulos também estavam conversando com Jesus quando o viram se tornar assunto aos céus (At 1.3-8).

Jesus havia avisado seus discípulos que iria (Jo 16.18; At 1.10), o mesmo foi feito por Elias que também avisou Eliseu (II Rs 2.9,12).

Elias preparou Eliseu para sucedê-lo, um ensinava e o outro aprendia (I Rs 19.21), assim como os discípulos aprenderam[2] com Jesus.

Eliseu foi cheio (II Rs 2.12-14), na descida da capa de Elias sobre ele, enquanto que os discípulos foram cheios (At 2.1-4) na descida do Espírito Santo.

Eliseu desejou a porção dobrada, conforme a herança reservada para o filho primogênito (Dt 21.15-17). Desejou a continuação do ministério profético. A igreja sucederia Jesus no ministério de socorro aos gentios e daria continuidade ao que foi iniciado (Mt 8.5-13; Mt 15.21-28).

Faltou somente ter aparecido dois varões de branco, tal como aconteceu com os apóstolos (At 1.11), para animarem o coração de Eliseu após o arrebatamento de Elias. Certamente diriam: “Assim como você o viu subir, um dia voltará, para ser uma das duas testemunhas do Apocalipse (Ap 11.2), mas antes voltará para conversar um pouco com Jesus e Moisés no monte da Transfiguração (Lc 9.31).



[1] A porção dobrada, a principio, significava mais poder acompanhado de mais responsabilidades.

[2] Os discípulos foram ensinados (Mt 11.29; Jo 9.2) e colocaram em prática logo na primeira oportunidade (At 3.4).

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário