O arrebatemento de Elias não significava o
fim do ministério profético em Israel. O profeta foi levado vivo para o céu
para que todos entendessem que o trabalho de restauração ainda não havia
terminado.
Prova disto é que Elias, juntamente com
Moisés, esteve presente no monte da Transfiguração para atestar a messianidade
de Jesus. A presença dos neste evento serviu para confirmar que a Lei e os
Profetas se cumpriram em Cristo, o Messias prometido.
A transfiguração de Jesus, a forma humana
de se transcender ou se transfigurar em algo sobrenatural, relatada nos
evangelhos sinóticos, é um dos mais emblemáticos acontecimentos registrados em o
Novo Testamento (Mt 17.1-13; Mc 9.2-8; Lc 9.28-36).
Além de Moisés e Elias, estiveram também
presentes Pedro, Tiago e João e nenhum deles aparece como a figura central.
Naquele dia, as atenções foram tiradas do profeta de Tisbe e direcionadas ao
profeta de Nazaré.
a) A convocação:
Somente Deus sabe onde e em quais
condições se encontravam Elias e Moisés[1], pois nossa imaginação
jamais conseguiria ir além para entender este mistério (cf I Co 2.14). O certo
é que os dois foram avisados da obrigatoriedade da presença no monte da
transfiguração, por isto não criaram obstáculos ou questionaram.
Tudo o que aconteceu ali, foi para
edificação de todos, por isto não havia motivos para que não atendessem a tão
sublime convocação. Depois da glorificação de Jesus diante dos dorminhocos
discípulos (Lc 9.32), os dois convidados ilustres apareceram e iniciaram uma
conversa sadia, gostosa e edificante (Lc 9.31). Que privilégio, pois muitos
outros fiéis e piedosos desejaram aquele momento e não foram agraciados.
Ao final, se Moisés tivesse ousado
perguntar a Jesus, se poderia então descansar em paz, devido a sua condição,
digamos de falecido (Dt 34.7), a resposta seria afirmativa, já Elias ouviria um
sonoro não, mesmo porque ainda estava vivo e tinha outra missão na terra (Ap
11.1-13).
b) Frustrações de dois homens:
Como havia sido difícil o ministério de
Moisés e Elias. Confronto com governantes e reis (Ex 5.1; I Rs 17.1; 18.1;
21.19), revolta do povo (Nm 11.4-5; 14.22), desvio espiritual (Ex 32.1),
apostasia (Ex 32.8; I Rs 12.28-29), descrença (I Rs 18.24) e outras tantas
ações do povo que a cada dia mais se afastava de Deus, mas estes dois gigantes
da fé, foram até ao final e contemplaram parte da benção.
Um chegou e contemplou a bênção, mas não
colocou os pés, viu a porta fechada que não se abria, mesmo diante de seu
clamor, enquanto que o outro havia lutado tanto e quando tudo parecia correr
para um desfecho feliz, Deus o tomou desta terra.
Não era justo que não recebessem suas
respectivas bênçãos. O plano de Deus previa, um dia, mostrar para os dois e ensinar
para a sua igreja, que a justiça Dele é breve e certa.
Parece que ouço Moisés gritando bem alto:
“Eis que estou às portas [...] se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta eu
entrarei”. Deus ouviu sua voz (Dt 3.23-26), mas não abriu a porta (Dt 34.4-7). Então
o grande profeta não pisou na Terra Prometida (Gn 15.13-16; 26.3; 28.14-15; Gn
50.25).
Com Elias aconteceu algo semelhante,
ousadia e coragem no início do ministério (I Rs 17.1; 18.1), problemas e
dificuldades materiais (I Rs 17.3, 9), longas viagens seguindo orientações de
Deus:
- Saiu de Gileade e foi até a presença do rei Acabe, para se apresentar e dizer que ainda havia Deus em Israel;
- Foi até Querite, para conhecer o Deus da provisão e para ficar do tamanho certo;
- De Querite à Sarepta, para apresentar o Deus da provisão e da vida à uma estrangeira necessitada;
- No monte Carmelo, onde quase cuspiu fogo, pois foi agressivo, direto (I Rs 18.22-40) e honrado por Deus;
- Do monte Carmelo até Jezreel, para conhecer na pele as consequências de atitudes impensadas (I Rs 18.46), de decisões precipitadas e fora da direção de Deus;
- De Jezreel até Berseba para conhecer a solidão e ver Deus agindo em seu favor;
- Foi até Horebe para ter um reencontro com Deus, uma volta às origens, que fortaleceu sua fé para receber a maior de todas as revelações. Algo que foi capaz de colocá-lo em pé imediatamente (I Rs 19.18);
- Pelo Deserto de Damasco, para ungir dois reis, um para a Síria e outro para Israel e o seu sucessor, Eliseu;
- Foi para Gilgal, enquanto preparava Eliseu para a sucessão, justamente no local onde o povo de Deus havia acampado (Js 4.19) logo depois da entrada triunfal na Terra Prometida, sobre às águas repartidas do Jordão;
- Foi para Betel, o lugar de oração, onde Abraão edificou um altar ao Senhor (Gn. 12.8);
- Foi até Jericó, o lugar da primeira batalha pela Terra Prometida (Js 6), pois até então, durante a caminhada, Israel havia se deparado com alguns inimigos que tentaram impedir a caminhada, mas agora o inimigo queria impedir a posse;
- No rio Jordão (II Rs 2.1-6) se deu a última parada de Elias.
Parecia que Elias havia chegado ao topo
do seu ministério, pois parecia ter visto Israel restaurado, buscando e
adorando o verdadeiro e único Deus e não mais iludidos com as estátuas de Baal,
mas foi neste momento que ouviu o “vem” de Deus e não resistiu ao chamado.
Elias desejou tanto ver Israel livre da idolatria
e apostasia, mas foi tomado por Deus e imaginou ter deixado o caminho livre
para Jezabel continuar com seu ardiloso plano de laicizar Israel, impondo-lhe a
sua religião vã com seus ídolos quebráveis, no entanto, o seu sucessor daria
continuidade ao seu serviço profético nas mesmas condições (I Rs 19.17).
A revelação do Horebe deixava claro que os
que escapassem de Jeú, certamente conheceriam a espada de Eliseu. A rainha
idólatra escapou do primeiro e deu de cara com o profeta sucessor de Elias (II
Rs 9.30-35) e não escapou.
continua...
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