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sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

A restauração nacional e espiritual de Israel - plano de aula (Lição 10)

INTRODUÇÃO

O vale de ossos secos nos traz uma mensagem de esperança e restauração. Na ocasião Deus perguntou ao profeta se aqueles ossos poderiam reviver e o silêncio reinou. Ezequiel não disse sim ou não, simplesmente deixou Deus responder. Qualquer um de nós teria a mesma reação. Fé no impossível é para poucos.

Antes e falarmos de restauração nacional e espiritual de Israel, é necessário lembrarmos da queda e da situação que vivam. No exílio, sem território queriam retornar à terra dos antepassados, porém o espirito nacionalista estava esquecido.

O objetivo era novamente reaver a soberania, já que da forma como estavam não havia como o mundo reconhecê-los como nação. Preservaram a cultura, idioma, religião e até mesmo possuíam uma forma de governo humano precária, através dos profetas levantados por Deus, mas faltava o principal para serem reconhecidos como nação, o território.

No exílio estavam dispersos e espiritualmente não tinham esperança, mas havia promessa de solução para os dois problemas. Deus primeiro trabalhou na vida do profeta Ezequiel para que então ele pudesse transmitir as boas novas para o povo, tal como fizera com Moisés quando primeiramente o tirou do Egito para depois trazê-lo de volta para guiar os hebreus até a Terra Prometida. Não tinha cabimento Deus usar um homem qualquer para determinada tarefa sem antes separá-lo e prepará-lo. Ezequiel viu primeiro o impossível para depois pode declarar com toda fé que havia possiblidade de restauração para Israel.

 

I – SOBRE O SIGNIFICADO DO VALE DE OSSOS SECOS

1) Os ossos secos (Ez 37.1-2)

Deus mostrou ao profeta uma situação que em nada poderia animar o quase morto Israel. Em que uma visão aterrorizadora poderia motivar o povo a buscar uma solução para os problemas?

Profetizar para um monte de ossos secos na vã esperança que pudessem se realinhar novamente, em um movimento nunca visto antes para que pudessem se levantar corpos restaurados e vivificados, realmente essa não seria uma tarefa fácil.

Voltar de forma organizada e restabelecer sua soberania como nação era um desejo que para muitos se assemelhava a visão do vale de ossos secos. A primeira pergunta que fatalmente surgiria era: “mas como”? A mesma pergunta que deve ter surgido na mente do profeta: “mas como ossos podem se ajuntar aos tendões, carne e sangue”?

Os ossos secos representava a condição material e espiritual de Israel, que não significava nada para o sistema político mundial da época, tal como estavam antes do retorno para a Terra Prometida em 1948, pois foram pouco mais de 1800 anos no ostracismo, no anonimato, escondido e ignorado pelas nações da época. A restauração de Israel significou o grande sinal para o inicio da vitória plena da Igreja que será arrebatada logo.

 

2) O significado

Os ossos secos representavam toda a casa de Israel, que estava dispersa e sem esperança de retorno. Era como se estivessem gritando: “os nossos ossos secaram, estamos destruídos, nossa nação acabou”, expressões que significavam a destruição definitiva, tanto do espirito nacionalista quanto do próprio sentido espiritual.

Quando entendemos o vale de ossos secos como um local geográfico e específico, certamente nos depararemos com muitas especulações sobre o local e principalmente sobre a origem dos ossos.

As vezes pode parecer que se tratava de um local preparado por Deus para falar com o profeta, mas o aceitável é que se tratou de uma visão, tal como Ezequiel teve (cap 8), quando a Mão de Deus (linguagem antropomórfica, que realça a passagem do mundo material para o visionário) tomou o profeta e lhe mostrou em visão todas as abominações que eram cometidas no Templo em Jerusalém, conforme visto na lição 3 do trimestre:

 

Ezequiel foi transportado em espírito da Babilônia para o Templo de Jerusalém, mas há quem afirme ter sido em corpo, incorpore. Era uma visão em tempo real (11.1), mas não foi física, e isso fica claro porque o profeta diz “me trouxe a Jerusalém em visões de Deus” (8.3), e depois ele retorna à Caldeia (11.24). Essa é a mesma experiência do apóstolo João em Apocalipse (Ap 1.10). Deus introduz o profeta no interior do Templo e lhe mostra quatro dos oficiais da Casa de Deus e algumas mulheres praticando o mais baixo grau de idolatria, razão pela qual a sua destruição se torna inevitável.” Lição 3


A partir do momento que entendemos que o Espírito de Deus tem poder para colocar algo ou alguém em movimento sem necessariamente sair do local e se entendermos como meio de transporte, pois leva e traz literalmente pessoas a lugares para especificas missões ou que aponta direções e caminhos onde não existem, então podemos afirmar que a visão aconteceu no mesmo local onde Ezequiel estava, pois Deus não disse: “levanta, sai e vai e depois retorna”, como ordenou em outra oportunidade quando queria falar com o profeta:

 

“E a mão do Senhor estava sobre mim, e ele me disse: Levanta-te e sai ao vale, e ali falarei contigo. E levantei-me e sai ao vale...” Ez 3.22-23

Ou tampouco tomou e ordenou ao profeta “levanta-te e vá e depois Eu trarei você de lá” tal como aconteceu com Filipe:

 

“E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: LEVANTA-TE, E VAI para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta. E LEVANTOU-SE E FOI” (At 8.26-27)

 

“E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor ARREBATOU a Filipe, e não o viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho. E Filipe se ACHOU em Azoto”. (At 8.39-40)

 

Outro ponto importante diz respeito ao tempo em que os ossos estiveram ali depositados no vale, uma vez que, na visão do profeta, eram numerosos e estavam sequíssimos, como se estivessem ali há muito tempo, porém diante da magnitude da revelação e do impacto que ela causaria em Israel, essa questão toma ares secundários. O certo era que se tratava de um amontoado de ossos, um grandiosíssimo auditório que estava lotado à espera da ação do Espírito de Deus.

 

“Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em que não se chamará mais Tofete, nem Vale do Filho de Hinom, mas o Vale da Matança; e enterrarão em Tofete, por não haver outro lugar. E os cadáveres deste povo servirão de pasto às aves dos céus e aos animais da terra; e ninguém os espantará”. (Jr 7.32-33)

 

“O rei profanou também os altos que estavam defronte de Jerusalém, à mão direita do monte de Masite, os quais edificara Salomão, rei de Israel, a Astarote, a abominação dos sidônios, e a Quemós, a abominação dos moabitas, e a Milcom, a abominação dos filhos de Amom. Semelhantemente quebrou as estátuas, cortou os bosques e encheu o seu lugar com ossos de homens”. (II Rs 23.13-14)

 

Na verdade, se essa visão foi uma experiência física ou apenas uma visão é certo que foi uma das mais notáveis, principalmente pelo motivo de sua ocorrência, que foi justamente a situação calamitosa de Israel, que estava desnacionalizado e semi-destruído no exílio.

 

3) As promessas de Deus

O mesmo Deus que fez a ferida e que advertiu os hebreus ainda no tempo de Moisés (Dt 28.25,36-37), foi o mesmo que curou (Os 6.1) e o mesmo que prometeu trazer de volta Judá e Israel para habitarem na Terra Prometida, mas não como reinos separados e sim como nação unida e espiritualmente um povo sadio. A visão do vale de ossos secos serviu para aumentar a esperança do povo durante os séculos de perseguições entre as nações.

 

A vivificação dos ossos, pela ordem profética de Ezequiel, se deu em duas etapas:

  • Restauração nacional (37.7-8): retorno da Babilônia, organização de um sistema político, estruturação militar, reconstrução da cidade, muros e Templo, tudo isso representado pelo ruído que se ouviu, pelo rebuliço, pelos ossos que se achegaram a cada um, pelos nervos que foram se alinhando à carne e finalmente a pele que foi se estendendo sobre a carne;
  • Restauração espiritual (37.9-10): após a reconstrução do Templo houve o resgate da Lei e do sacerdócio levítico e Israel começou a se preparar espiritualmente para a vinda do Messias. Ezequiel profetizou o Espirito de vida sobre o exército que estava esperando o vento de Deus para se colocarem em pé.

 

No retorno do exílio em Babilônia e a retomada do território em 1948, foram situações que caracterizaram a restauração de Israel de forma parcial, mesmo que tenha sido sob cânticos de júbilo, pois a restauração plena acontecerá somente na ocasião do retorno de Jesus, ao final da Grande Tribulação, para testemunhar o arrependimento da nação, pondo fim a infidelidade e dando um coração e um espírito novo para os judeus (cfe Ez 36.26-27).


 

II – SOBRE A DISPERSÃO DOS JUDEUS ENTRE AS NAÇÕES

1) As diásporas de Israel e Judá

O primeiro distanciamento forçado de Israel, diáspora, ocorreu em 605 a.C. quando o rei Nabucodonosor levou cativo o reino do Sul para a Babilônia (II Rs 24.1-2; Dn 1.1-2), como consequência da idolatria e rebeldia dos dois reinos. Com o fim do cativeiro 538 a.C. (II Cr 36.20-22; Ed.1.1-2), a maioria dos judeus não retornou à terra de Israel, pois continuaram, por opção, dispersos.


Na primeira diáspora a Assíria e Babilônia foram meras coadjuvantes na história do então reino do Norte e do Sul, pois os protagonistas foram justamente os que não retornaram para Jerusalém quando autorizados. A maioria permaneceu no que hoje entendemos por Irã e outra parte se espalhou pelo mundo conhecido da época. Segundo estimativas a população judaica é cerca de 13 milhões, sendo 41% destes vivendo no território de Israel e a outra parte está espalhada pelo mundo.


A segunda diáspora, anunciada por Jesus, aconteceu no ano 70 d.C. (Lc.21.24), ocasião em que os romanos destruíram Jerusalém e espalharam os judeus pelo mundo. Essa diáspora foi marcada pela humilhação, perseguição e quase aniquilamento total dos judeus por ordens de Hitler, o grande inimigo de Israel.

 

2) Renasce Israel

O retorno dos judeus, segundo a revelação contida visão do vale de ossos secos, diz respeito à segunda diáspora anunciada de antemão por Jesus (Lc 21.24), que teve inicio no ano 70 d.C. e se findou em 27 de novembro de 1947 (na 1ª Assembleia Geral das Nações Unidas) e em 14 de maio de 1948 (publicação do primeiro diário oficial De Israel). Desde então, Israel se tornou uma nação soberana.


A figueira estava seca, mas não estava morta (Mt 21.19). Foram mais de 1800 anos sem território, sem pátria e totalmente dispersos pelo mundo, mas em momento nenhum deixaram morrer a tradição, costumes e tentaram de todas as formas preservar a linhagem e um pouco da religião. A esperança era que, mais cedo ou mais tarde, a figueira floresceria novamente. Até que em apenas um dia, um dia somente, Deus ajuntou todo seu povo na Terra Prometida (Is 66.1; 60.8), mas não foi fácil.


O retorno de Israel ao seu território, em 1948, se deu através do cumprimento de cada ponto da revelação recebida por Ezequiel no vale de ossos secos:

 

a) Ruídos:

  • 1º ruído – reunião da ONU 27/11/1947
  • 2º ruído – reconhecimento de Israel 14/05/1948

 

b) Rebuliço:

  • Reunião extraordinária dos vizinhos inimigos de Israel

 

c) Ossos reunidos:

  • Retorno dos judeus (em um único dia – Is 66.8)

 

d) Nervos:

  • Organização política e militar de Israel

 

e) Carne crescendo em volta dos ossos:

  • Exército se preparando para a guerra

 

f) Pele estendida:

  • Resgate do sentimento nacionalista

 

g) Espírito de Deus soprado sobre os “mortos”

  • Ação, força sobrenatural, avivamento, luta e ajuda de Deus

 

A figueira floresceu primeiramente com o retorno do exilio babilônico, a segunda parte aconteceu em 1948 e a terceira se dará na ocasião da vinda de Jesus para testemunhar o arrependimento coletivo de Israel.

 


3) Restauração nacional (vv.6-8).

A restauração de Israel parecia impossível ainda mais após a perseguição nazista durante a II guerra mundial, que veio a se tornar as dores de parto para os judeus. Isso prova que o povo de Israel cresceu e se frutificou justamente nos momentos de maiores sofrimentos e incertezas na sua história, tal como aconteceu após a morte de José, momento em que cresceram as desconfianças do anfitrião que começou a temê-los (Ex 1.7; At 7.17-19) e aumentou o sofrimento.

 

III – SOBRE O MILAGRE DO SÉCULO XX

1) O testemunho de Deus para o mundo. 

Israel é uma testemunha contínua de Deus sobre a Terra e nunca desaparecerá. As potencias que protagonizaram a dispersão judaica desapareceram, conforme profecia de Jeremias (Jr 30.11) ou, no caso dos romanos, sobrevive às minguas sem nenhuma influencia na história ou destino de Israel, no entanto a nação de Deus permanece para sempre. A organização babilônica, a crueldade assíria e a truculência romana deixaram de existir e amedrontar os judeus.


 

2) O status de Jerusalém entre as nações. 

As potências estrangeiras pressionam o governo de Israel sobre o status de Jerusalém, mesmo diante da soberania e reconhecimento pela ONU. A cidade é desejada pelas nações inimigas de Israel.


Jerusalém não é a capital oficial de Israel, mas sempre representou o que de mais digno conhecemos em termos de espiritualidade e contato com Deus. Separada, guardada e preservada por Deus, porém continua sendo pisada pelos gentios e continuará até a vinda de Jesus para estabelecer seu reinado milenial.


Israel é como um remédio, bênção e salvação para todas as nações, mas não pelos seus méritos e sim por causa daquele que veio, se tornou homem e morreu por toda humanidade. É essa a razão de Israel sempre ter existido.

 


3) Restauração espiritual. 

Quando o espírito de graça e de súplica vier sobre os judeus, aí ocorrerá a restauração espiritual (Zc 12.10; Ez 37.23-28). A palavra profética vislumbra essa promessa (v.14). É o que falta no momento em Israel. Devemos amar o povo de Israel e orar pela paz de Jerusalém (Sl 122.6) e para que ocorra o concerto coletivo, pois esse será o sinal do cumprimento da vitória plena da igreja que já estará arrebatada.



CONCLUSÃO

Nem mesmo as duas diásporas dos judeus e as constantes perseguições promovidas pelos antissemitas pude­ram neutralizar as promessas divinas ou aniquilar Israel, que sobreviveu a todas as intempéries da vida e existe como nação soberana desde 1948.

 

A visão do vale de ossos secos revela a situação dos judeus na diáspora e, ao mesmo tempo, anuncia, de antemão, o poder e a misericórdia de Deus em restaurar o seu povo Israel e transformá-lo em uma nação soberana e poderosa no meio da Terra.



REFERÊNCIAS:

Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003

Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional (NVI). Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008

Bíblia Sagrada. Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003

JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. De Abraão a queda de Jerusalém. 8ª Ed. Traduzido por Vicente Pedroso. Rio de Janeiro. CPAD, 2004

LOURENÇO, Luciano de Paula. A restauração nacional e espiritual de Israel. Disponível em: http://luloure.blogspot.com/2022/11/aula-10-restauracao-nacional-e.html. Acesso em 30 de novembro de 2022

SOARES, Ezequias e SOARES, Daniele. A justiça Divina. A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Casa Publicadora das Assembleias de Deus. CPAD. Rio de Janeiro, 2022 


Por: Ailton da Silva - 13 anos (Ide por todo mundo)

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