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sexta-feira, 11 de abril de 2014

O propósito dos dons espirituais. Plano de aula


TEXTO ÁUREO
Assim, também vós, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a edificação da igreja (1 Co 14.12).

VERDADE PRÁTICA
Os dons são recursos concedidos por Deus para fortalecer e edificar a Igreja espiritualmente.

LETURA BÍBLICA EM CLASSE – 1 Coríntios 12.8-11; 13.1,2.
12.8 - Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
12.9 - e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
12.10 - e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.
12.11 - Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.
13.1 - Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
13.2 - E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor; nada seria.

PROPOSTA
·         Igreja de Corinto: “nenhum dom lhe faltava”;
·         Mas a igreja não usava corretamente os dons recebidos;
·         Dons espirituais não garantem espiritualidade genuína;
·         Os que falam línguas estranhas edificam a si mesmo;
·         Todos devem ser edificados, crentes ou não;
·         Corinto: exerciam vários dons, mas esqueceram do amor;
·         Se não houver amor, certamente não haverá edificação;
·         Os ministros devem cuidar das “pedras assentadas”;
·         Cada um administre aos outros o dom como o recebeu.

INTRODUÇÃO
Qual é o real propósito dos dons espirituais? Muitos estão se utilizando dos dons de forma interesseira e egoísta. Os dons não são para elitizar o crente, segregar ou criar tribos na igreja, tal como: os que trabalham nas “tardes da benção, cultos de libertação, reuniões de orações, campanhas domiciliares” entre outras atividades, das quais, particularmente eu excetuo a Escola Bíblica Dominical, haja vista ser inadmissível que um professor com bagagem teológica e espiritual venha usar o dom recebido, da parte de Deus, para proveito próprio ou para exibicionismo, mesmo porque este seria o último lugar que um cidadão, totalmente desprovido de um caráter espiritual sadio, poderia pensar em ajuntar em torno de si ávidos expectadores sedentos por aprenderem com suas experiências e conhecimentos. A EBD não pode se tornar um palco para intermináveis aplausos e ovações por parte dos alunos, pelo contrário, pois este departamento objetiva a estruturação da igreja, para que ela suporte os ventos de doutrina que tão de perto teimam em rodeá-la.

Os dons não são aferidores de espiritualidade, não são sinais de superioridade espiritual. São dádivas divinas nos concedidas pela graça e devem ser utilizadas com sabedoria e santidade a fim de que o nome do Senhor seja exaltado e todos os membros do Corpo de Cristo sejam edificados. São recursos imprescindíveis do Pai para os seus filhos. O seu propósito é edificar-nos e unir-nos, fortalecendo assim a Igreja de Cristo (1Tm 3.15).

I. OS DONS NÃO SÃO PARA ELITIZAR O CRENTE
1. A IGREJA CORÍNTIA. 
A Igreja em Corinto localizava-se numa cidade comercial, economicamente rica, cosmopolita, próxima do mar, uma das mais importantes do Império Romano, porém marcada pela idolatria, paganismo e imoralidade. “Ser um crente fiel naquela cidade não era fácil”, por isto era necessária a manifestação dos dons, mesmo que estes não aferiam a espiritualidade da igreja.

Durante a segunda viagem missionária de Paulo, a igreja recebeu a visita do apóstolo (At 18.1-18). Por conhecer muito bem a comunidade cristã em Corinto foi que o apóstolo dos gentios tratou, em sua Primeira Epístola dirigida àquela igreja, sobre a abundância da manifestação dos dons do Espírito, chegando a afirmar daquela igreja que “nenhum dom” lhe faltava (1 Co 1.7).

2. UMA IGREJA DE MUITOS DONS, MAS CARNAL. 
Os dons do Espírito concedidos por Deus à igreja de Corinto tinham por finalidade prepará-la e santificá-la para o serviço do evangelho: a proclamação da Palavra de Deus naquela cidade, por isto Deus concedeu dons à igreja para que “tivessem condições de lutar contra a idolatria, a imoralidade e permanecessem em santidade”.

Mesmo de posse dos dons, a igreja de Corinto estava longe de ser considerada uma igreja espiritual, pois não usava corretamente os dons que recebera do Pai e, além disto, tinha em seu meio divisões, inveja, imoralidade sexual, etc. Havia quatro grupos dentro da igreja: “os de Paulo, de Cefas, de Apolo e os de Jesus”, sendo este último grupo o mais perigoso, já que não se submetiam à autoridade humana e não recebiam as orientações. Como pode uma igreja evidentemente cristã ser ao mesmo tempo carnal e imoral? Por isso Paulo a chama de carnal e imatura (1 Co 3.1,3).

Com este relato, aprendemos que as manifestações espirituais na igreja local não são propriamente indicadoras de seriedade, espiritualidade e santidade. Uma igreja onde predominam a inveja, contenda e dissensões, nem de longe pode ser chamada de espiritual, e sim de carnal.

3. DOM NÃO É SINAL DE SUPERIORIDADE ESPIRITUAL. 
Muitos creem erroneamente que os irmãos agraciados com dons da parte de Deus são, por isso, mais espirituais que os outros. Todavia, os dons do Espírito são concedidos pela graça de Deus e não pelos méritos, por isto o propósito dos dons espirituais é a edificação e não a exibição. Isto faz parte do projeto de Deus, a sua resolução, o seu decreto que não pode ser mudado pelo homem.

Que a mensagem de Jesus possa ressoar em nossa consciência e convencer-nos de uma vez por todas de que os dons não são garantia de espiritualidade genuína, nem da igreja, muito menos do individuo: “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.22,23).

Se os dons pudessem, um dia, aferir a espiritualidade de uma igreja, a Corinto, estaria sob um pedestal, e seria intocável. Aquela congregação possuiu muitos dons, mas cometeu inúmeros erros, os mesmos que estão presentes na atualidade, entre os quais destacamos o pior e o mais grave, que foi o de imaginar que as ferramentas espirituais destinadas à igreja fossem para exibição humana.

II. EDIFICANDO A SI MESMO E AOS OUTROS
1. EDIFICANDO A SI MESMO. 
Paulo diz que quem “fala língua estranha edifica-se a si mesmo” (1 Co 14.4), edificação esta que auxiliará no cumprimento da Grande Comissão, mas nunca, em nenhum momento pode ser considerada como de vital importância para a pregação do Evangelho, uma vez que novos convertidos e até mesmo aqueles que não foram agraciados com dons também podem desempenhar suas funções a contento.

Paulo estimulava os crentes da igreja de Corinto a cultivarem sua devoção particular a Deus através do falar em línguas concedidas pelo Espírito, com o objetivo de edificarem a si mesmos. Isto não significa que o apóstolo dos gentios proibia o falar em línguas publicamente, mas ao fazê-lo de maneira devocional o crente batizado com o Espírito Santo edifica-se no seu relacionamento com Deus. Falar ou orar em línguas provenientes do Espírito é uma bênção espiritual maravilhosa.

2. EDIFICANDO OS OUTROS. 
Os crentes de Corinto falavam em línguas e exerciam vários dons espirituais, mas parece que eles não se preocupavam muito em ajudar as pessoas, por isso, Paulo lembra que os dons só têm razão de existir quando o portador preocupa-se com a edificação da vida do outro irmão em Cristo (1 Co 14.12). "O amor pensa nos outros, e não em si mesmo. Se for usado em amor, o Dom de Línguas beneficiará os outros, e não apenas o indivíduo que fala”.

Em lugar de buscarmos prosperidade material, como se pudéssemos barganhar com Deus usando dinheiro em troca de bênçãos, busquemos os dons espirituais. Agindo assim edificaremos a nós mesmos e também aos outros.

Paulo não tentou limitar o Dom de Línguas, pois sabia da origem divina do dom. Se esta fosse a sua intenção, ele estaria sendo conivente com os “grupinhos” que já existia na igreja. Seria um absurdo, o apóstolo, defender a ideia de que os dons somente poderiam ser usados por aqueles que já eram possuidores, enquanto que aqueles que ainda não haviam sido agraciados deveriam ficar de lado, na verdade, ele queria que muitos falassem, mas antes era necessário que entendessem o propósito de Deus embutido nos dons. Tal como Moisés, que um dia desejou que todos fossem profetas de Deus entre os congregados de Israel, Paulo também tinha a mesma intenção.

3. EDIFICANDO ATÉ O NÃO CRENTE. 
Embora o apóstolo dos gentios estimulasse todos os crentes a falarem em línguas, isto é, a edificarem a si mesmos, seu desejo era que também esses mesmos crentes profetizassem a fim de que a igreja toda fosse edificada. O comentário da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal diz sobre esse texto: “Embora o próprio Paulo falasse em línguas, enfatizava a profecia, porque esta edificava a Igreja inteira, enquanto falarem línguas beneficiava principalmente o falante”.

Todos quantos vierem a frequentar nossas reuniões devem ser edificados, sejam crentes ou não. Por isso, não podemos escandalizar aqueles que não comungam a mesma fé que nós (1 Co 14.23). Como eles compreenderão a mensagem do evangelho se em uma reunião não entenderem o que está sendo falado? (1 Co 14.9).

III. EDIFICAR TODO O CORPO DE CRISTO
1. OS DONS NA IGREJA. 
Paulo mostrou à igreja de Corinto que quando os dons são utilizados com amor o resultado é satisfatório, pois todo o Corpo de Cristo é edificado, o mesmo não acontece quando são usados “para projeção humana” ou quando são tidos como medidores da espiritualidade dos portadores.

Conforme diz Thomas Hoover, parafraseando Paulo em Efésios 4.16, “os membros do corpo, cada qual com sua própria função concedida pelo Espírito, cooperam para o bem de todas. O amor é essencial para os dons espirituais alcançarem seu propósito”. Se não houver amor, certamente não haverá edificação (1 Co 13). Sem o amor de Deus nos tornamos egoístas e acabamos por colocar nossos interesses em primeiro lugar.

O propósito dos dons, que é edificar o Corpo de Cristo, só pode ser cumprido se tivermos o amor de Deus em nossa vida, desta forma haverá um crescimento saudável e todas as necessidades serão supridas em Cristo.

2. OS SÁBIOS ARQUITETOS DO CORPO DE CRISTO. 
Deus levanta homens para edificarem espiritual, moral e doutrinariamente a igreja local. A Igreja é o “edifício de Deus” (1 Co 3.9). Os ministros, sábios arquitetos (1 Co 3.10).

O fundamento já está posto pelos apóstolos: Jesus Cristo (1 Co 3.11). Mas os ministros têm de tomar o cuidado com as pedras assentadas sobre este alicerce, pois eles também tomam parte na edificação espiritual da Igreja de Cristo segundo a mesma graça concedida aos apóstolos. Por isso, Paulo faz uma solene advertência para a liderança hoje: “mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co 3.10,11).

3. DESPENSEIROS DOS DONS. 
O apóstolo Pedro também exortou a igreja acerca da administração dos dons de Deus (1 Pe 4.10,11). Ele usou a figura do despenseiro que, antigamente, era o homem que administrava a despensa e tinha total confiança do patrão, pois ele era o responsável por adquirir os mantimentos e zelava para que não estragassem e os distribuíam para a alimentação da família.

Da mesma forma, os despenseiros da obra do Senhor devem alimentar a “família de Deus” (1 Co 4.1; Ef 2.19). Eles precisam ter o cuidado no uso dos dons concedidos pelo Senhor para prover a alimentação espiritual, objetivando a edificação do Corpo de Cristo. Estes tais aparentemente podem ser vistos como se estivessem no topo, no ápice de uma pirâmide, porém espiritualmente esta pirâmide é invertida e eles acabam por ficar por baixo sustentando uma enorme carga sobre si e devem se preparar para se doarem mais, para fazerem uso correto dos dons que receberam e para contemplar o progresso do reino de Deus. Estes são os adeptos da doutrina da bacia e da toalha, pois antes de serem servidos, eles servem primeiro: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre” (1Pe 4.10,11).

CONCLUSÃO
A igreja de Jesus Cristo tem uma missão a cumprir: proclamar o evangelho em um mundo hostil às verdades de Cristo e descrente de Deus. Diante desta tão sublime tarefa, a igreja necessita do poder divino. Os dons espirituais são um “arsenal” à disposição do corpo de Cristo para o cumprimento eficaz de sua missão na terra. Como já foi dito, o propósito dos dons é edificar toda a igreja, todo Corpo de Cristo para ser abençoado, exortado e consolado. Por isso, nunca devemos usar os santos dons de Deus em benefício particular, como se fosse algo exclusivo de certas pessoas. Somos chamados a servir a Igreja do Senhor, e não a utilizar os dons de Deus para nós mesmos.

OBJETIVOS DA LIÇÃO FORAM ALCANÇADOS?

1) Os dons espirituais não etilizam o crente.
2) Os dons devem ser usados para o bem do reino de Deus.
3) A igreja de Corinto somente ostentava os dons.

REFERÊNCIAS
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003.

Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional (NVI). Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008.

Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003.

LOURENÇO, Luciano de Paula. E deu dons aos homens. Disponível em: http://luloure.blogspot.com.br/2014/04/aula-02-o-proposito-dos-dons-espirituais_6.html. Acesso em 09 de abril de 2014.

Por: Ailton da Silva - Ano VI (desde 2009)

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