Morava no interior,
em uma fazenda onde passava uma estrada de ferro. Então resolveu fazer sua
trouxa, colocou suas roupas e ficou na beira da estrada. Quando o trem de carga
passou entrou num vagão e foi embora sem se despedir de seu pai e foi vendo
a casa onde morava ficando cada vez mais longe. Havia dito que
nunca mais voltaria.
Foi de cidade em
cidade, de centro em centro e somente encontrou tristeza, dor e lágrimas.
Aprendeu a fumar e se envolveu com drogas e bebidas alcoólicas, mergulhou em
um abismo cada vez maior. Realizou pequenos furtos, vivia sempre fugindo,
correndo, com medo, sempre no escuro, nas trevas. De dia dormia e à noite saia.
Sua vida era andar na escuridão.
E assim foi vivendo até que se cansou e caindo
em si, se lembrou da casa de seu pai e sentiu vontade de largar aquela vida
para voltar: “Mas, meu pai não vai querer me receber, vai me desprezar, é um
homem duro, mesmo assim vou escrever uma carta”.
Escreveu a carta e
enviou:
"Pai, minha vida está destruída,
depois que saí da fazenda vivo em um inferno.
Reconheço que estou de mal a pior. Só existe uma saída:
voltar para a tua casa se o SENHOR me receber
Não sabia que era feliz,
mas agora sei que sou infeliz longe da tua casa.
Se o senhor pudesse me receber
eu seria a pessoa mais feliz do mundo.
Pai, não tenho coragem de ir até aí, mas te peço uma coisa:
vou pegar aquele trem novamente
e se o senhor quiser me receber de volta
coloca um lenço ou um lençol branco amarrado naquela árvore em frente de casa.
De dentro do trem entenderei como um sinal
de que o senhor quer que eu volte para a tua casa,
mas se não quiser, não coloque nada.
Enviou a
carta e esperou uns dias. Então juntou todas as suas coisas, estava
imundo, sujo, barbudo, unhas compridas, magro, doente e fraco. No caminho vinha
pensando qual seria sua reação quando não visse o lenço ou lençol branco
naquela árvore.
E quando o trem passava pela fazenda de seu pai ele avistou uma
árvore com um grande lençol branco amarrado e depois outra árvore que também
estava envolvida com um grande lençol e foi avistando todas as outras árvores com
lençóis.
E o filho chorava a cada árvore que avistava envolta em lençol
branco. Avistou a casa também envolta no lençol e ao lado estava o pai
esperando. O filho saltou do trem e abraçou o seu pai com alegria. E chorava
dizendo: “Pai, me perdoa”.
E o pai não precisava dizer mais nada porque todos aqueles
lençóis brancos já haviam falado tudo.
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