Trechos do livro: Onde estão os 7000 que não dobraram os joelhos a Baal?
Autor: David Botelho
A mídia tem bombardeado e investido muito para que consumamos mais e mais. Com muita sutileza, a cada dia uma nova necessidade é inventada. Lembro de uma história que ilustra bem como isso funciona. Certa fábrica de pasta de dente concluiu que tinha condições de produzir o dobro que estava produzindo. Seguindo a sugestão de um funcionário ampliou o orifício de saída do produto. O resultado? Hoje usamos mais pasta de dente do que o necessário para a nossa higiene bucal. É comum nos comerciais vermos uma escova de dente com uma quantidade exagerada de pasta de dente, sugerindo um padrão de uso. Nem mesmo os dentistas têm conseguido sucesso em mudar este quadro. Que tristeza!
Em 2001, entramos num hipermercado em São Caetano do Sul, São Paulo, na época da Páscoa. Ficamos tremendamente surpresos com o que vimos. O verdadeiro sentido da páscoa havia sido totalmente deturpado. Hoje em dia até mesmos os crentes estão celebrando a Páscoa com ovos de chocolate caríssimos! Isso ocorre devido ao grande investimento em marketing das fábricas de chocolate. Naquele mesmo ano, uma grande fábrica de cerveja também se aproveitou do marketing da época da páscoa. Foi lançado um ovo cheio de latas de cervejas. O sucesso foi total. Quanto absurdo! O mais triste foi testemunharmos naqueles dias um famoso jogador evangélico comemorando um gol saltando com as mãos dobradas para baixo, representando um coelhinho. Quanta burrice!
Mas isso não é tudo. Diariamente todos os brasileiros, inclusive muitos evangélicos ficam assistindo as novelas perniciosas da Rede Globo e tantas outras imundícies exibidas nas TVs. Inclusive aos domingos quando parece haver uma seleção do que há de pior para ser exibido.
Isso acaba afetando o crescimento intelectual e espiritual dos cristãos evangélicos. Uma pesquisa mostrou o brasileiro assiste televisão, em média, cinco horas diárias. Que absurdo ver que esta é a babá eletrônica do Brasil!
Essa situação se reflete na Igreja Brasileira como um todo. Ela acaba se revelando muito superficial, faltam-lhe conhecimento bíblico e comprometimento com o Senhor. Prova disso é que vemos muitos jovens vindo estudar no seminário da Missão que nunca leram um livro de missões transculturais sequer. O triste é que outros tantos estudantes jamais leram a Bíblia inteira. Por que os cristãos trocam os valores do Reino por esse tipo de coisa? Temos que parar isso. É preciso orar mais do que nunca para que o Senhor levante profetas na Igreja Brasileira para combaterem tais absurdos.
A DESTRUIÇÃO DE UMA GERAÇÃO
Dados recentes de uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e de outros institutos de ponta mostram que o brasileiro tem diminuído sua leitura significativamente nos últimos 20 anos. Atualmente, uma quantidade muito menor de livros, jornais e revistas é vendida quando comparamos com a proporção de pessoas alfabetizadas. Todas as manhãs e, mais atrevidamente aos domingos, programas dirigidos para crianças e adolescentes que tratam
de temas sexuais como se fosse uma seção de terapia de casais. Existe um descontrole e imoralidade quase tão grande quanto os filmes pornográficos e de baixíssimos nível apresentados durante as madrugadas. Basta ligar a televisão para presenciarmos cenas e abordagens impróprias sobre o relacionamento sexual.
A maioria das apresentadoras desse tipo de programa não tem qualquer formação acadêmica que as habilite para tratar com crianças e muito menos para abordar tais assuntos. Elas acabam vivendo, na verdade, do comércio de produtos licenciados com seus nomes e imagens. Beneficiam-se com a falta de cultura das crianças, jovens e de seus pais. Nos anos 60 e 70, meninas e meninos eram educados lendo, conversando e discutindo assuntos. A partir dos anos 80, as crianças passaram a ser criadas vendo televisão. Isso aconteceu porque os pais trabalhavam mais e deixavam o entretenimento de seus filhos a cargo da TV? Ou será que o problema é que essas crianças de livre e espontânea vontade optaram por ficar assistindo TV ao invés de ler revistinhas e livrinhos?
Apresentadoras ou "Atrasadoras"?
Os programas matinais mostraram durante quase duas décadas um mundo de fantasia para as crianças, que as cativava, porém não ensinava absolutamente nada de útil. Seu único objetivo parecia ser aumentar o faturamento da emissora, pois nesse período essa "fatia de mercado" infantil e juvenil foi descoberta. Além de engordar, naturalmente, as contas bancárias das apresentadoras. Milhões de horas foram desperdiçadas por essa geração em frente à TV. Loiras e morenas de valores culturais desprezíveis brotavam em todos os canais, sempre destacando brincadeiras e ensinamentos de gosto e utilidade duvidosos.
Xuxa, a "rainha" dessas apresentadoras tentou a vida com seus programas fora do nosso país. Nos EUA, não funcionou. Ela quase foi expulsa de lá, porque para os padrões infanto-juvenis americanos, sua imagem era vista como sendo completamente indecente, quase pornográfica. No Chile, eles conhecem Xuxa como a "rainha dos grandinhos" pois é sexy demais para os meninos. Na Argentina ela também não deu certo.
Certamente as apresentadoras não podem ser apontadas como as responsáveis por termos escolas e professores medíocres. Mas elas deram uma contribuição fundamental para a criação de uma geração que vive de fantasia, de sonhos que não serão realizados, que só se interessa por pagode e axé music, sem responsabilidade e sem objetivos sérios.
O mal que essas apresentadoras e seus programas fizeram a uma geração inteira de tantos que hoje têm entre 14 e 34 anos é irreparável. Elas os tiraram do mundo maravilhoso dos livros, da cultura, da escola para se tornarem verdadeiros fanáticos, adoradores do mundo irreal. É claro que essas crianças iam (e ainda vão) às aulas, mas parece que por um mero cumprimento de dever.
Influências em Nossa Cultura
Já é tão difícil para os pais insistirem com seus filhos para que eles estudem, façam a lição de casa e freqüentem a escola regularmente. Imagine eles tendo de lutar contra formadoras de opinião tão poderosas como essas animadoras de programas infantis. O leitor duvida disso? Faça uma pesquisa entre seus familiares, amigos ou no seu local de trabalho. Basta perguntar a qualquer pessoa entre 14 a 34 anos quem foi Balzac, Machado de Assis ou Monteiro Lobato. Questione se eles sabem quem foi Mozart, Beethoven ou mesmo Rembrandt, Renoir e Tarsila do Amaral.
Parece-lhe muito difícil? Vamos facilitar. Pergunte para os membros da geração atual se eles sabem o que é uma paroxítona, quais são os quatro pontos cardeais ou qual é a capital da Bolívia. Garanto que terá uma surpresa ao ouvir suas respostas. Recentemente, em um desses programas de auditório vi três artistas-cantores e bailarinas de axé e pagode tentando responder a essas perguntas. Ao ouvir a questão sobre paroxítona, a bailarina, de 25 anos aproximadamente, comentou: "É um remédio novo?"
Procurando descrever os quatro pontos cardeais, o sambista, com cerca de 30 anos, disse: "Frente, verso, traseiro e dianteiro". Procurando apontar a capital da Bolívia, o mesmo músico respondeu: "Venezuela". O apresentador ficou perplexo.
Tenho ouvido em pesquisas no rádio, TV e jornais, que adolescentes na faculdade escrevem "profição" ao invés de profissão e "séquiço" ao invés de sexo. O resultado da doutrinação de loiras e morenas sobre os "baixinhos" dos anos 80 e 90 não tem limites. Pessoas na TV respondem os maiores absurdos sobre qualquer assunto. Isso é um reflexo do nível cultural do nosso povo. Não creio que a cultura seja tão importante assim para o bem viver dessas pessoas. Talvez honestidade e boa educação estejam um passinho à frente.
Porém, a falta de leitura e de uma boa educação cultural prejudica o próprio sujeito. Isso limita suas possibilidades escolares e profissionais, afetando seu desenvolvimento junto à comunidade e retardando o desenvolvimento do país.
Extraído do livro: ONDE ESTÃO OS 7000 QUE NÃO DOBRARAM OS JOELHOS A BAAL?
David Botelho
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