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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A fé se manifesta em obras. Plano de aula

TEXTO ÁUREO 
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus (Mt 5.16).

VERDADE PRÁTICA 
Uma vez salvos em Cristo, o amor, materializado por meio das boas obras, torna-se a nossa identidade cristã.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE – Tg 2.14-26
14 - Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo?
15 - E, se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano,
16 - e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentar-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá dai?
17 - Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.
18 - Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
19 - Tu crês que há um só Deus? Fazes bem; também os demônios o creem e estremecem.
20 - Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta?
21 - Porventura Abraão, o nosso pai, não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho lsaque?
22 - Bem vês que a fé cooperou com as suas obras e que, pelas obras, a fé foi aperfeiçoada,
23 - e cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.
24 - Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé.
25 - E de igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os emissários e os despediu por outro caminho?
26 - Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.

PROPOSTA
         Paulo se preocupou com a causa da salvação;
         Tiago se preocupou com os efeitos da salvação;
         Fé viva: manifestação de amor ao próximo;
         Fé morta: fé desacompanhada de ações;
         Crença teórica: os demônios também a tem e estremecem;
         Abraão: uma fé levada até as últimas consequências;
         Raabe: uma gentia e prostitua teve fé no Deus de Israel;
         Sem o espírito o ser humano não é nada;
         Assim também a fé sem obras é morta.

INTRODUÇÃO
A lição de hoje trata da fé manifestada através das obras (Tg 2.14-26). Além de tal assunto ser imprescindível à vida cristã —, pois, sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6) —, é preciso reafirmar que o crente é salvo pela graça, por meio da fé (Ef 2.8,9). Devendo o cristão andar por ela (2Co 5.7), tendo em vista de que tudo aquilo que não é de fé, culmina em pecado (Rm 14.23). Entretanto, a fé não é uma fuga da realidade. Por isso, Jesus ensinou que a fé deve ser praticada (Mt 5.22-48). Nesta lição, igualmente, Tiago mostra que uma fé viva é autenticada pela produção de boas obras, pois não há antagonismo algum entre ambas — fé e obras. Conforme aprenderemos, na vida cristã, fé e obras não são distintas, mas complementares.

Reconheceríamos Abraão como o pai da fé, caso ele não tivesse manifestado sua fé diante dos homens? Ele partiu para Harã e depois para as terras de Siquém. Deixou para trás um passado idólatra e de ignorância. Ele creu e saiu primeiro para ver bem depois, pois a visão das terras se deu logo após a sua chamada. Isto lhe foi imputado por justiça. A sua jornada seria longa, cansativa e, pela fé, pois não fora revelado a ele o local exato, a latitude, longitude, direção e tampouco a duração da viagem, apenas ainda ecoava em sua mente: “largue, saia, vá que eu te mostrarei”. Deixou amigos, parentes e peregrinou por terras desconhecidas. Habitou entre os cananeus que eram considerados pessoas de má fama. Enfrentou a fome ao chegar a Canaã, e peregrinou ao Egito.

I. DIANTE DO NECESSITADO, A NOSSA FÉ SEM OBRAS É MORTA (Tg 2.14-17)
1. Fé e obras. 
Ao ler desavisadamente a Epístola de Tiago o leitor pode afirmar que ela contradiz os ensinamentos do apóstolo Paulo quanto à doutrina da salvação pela fé (Rm 4.1-6). Todavia, ao estudarmos cuidadosamente o tema em questão, veremos que os ensinos paulinos e os de Tiago em hipótese alguma se contradizem. Quando Paulo escreve sobre as obras, ele se refere à Lei — o orgulho nos rituais judaicos e na obediência a um sistema de regras religiosas — enquanto que Tiago, às obras de misericórdia ao próximo necessitado. O meio-irmão do Senhor não se opôs ao apóstolo dos gentios. Enquanto Paulo anunciava ao pecador a salvação pela graça mediante a fé (Ef. 2.8), Tiago doutrinava os crentes sobre a impossibilidade de vivermos a fé de Cristo sem manifestar os frutos de arrependimento (Mt 3.8). O primeiro preocupou-se com a causa da salvação e o segundo, com o efeito dela.

Como esperar a salvação somente pelas obras? Como imaginar estas obras como condição essencial para salvação? Ou quem em sã consciência poderia pregar ou sustentar tal ideia? Foi exatamente isto que Tiago combateu em sua carta. O legalismo dos judeus ortodoxos ainda falava muito alto nos corações dos que estavam abraçando a fé, portanto era necessário em ensino mais contundente por parte do colegiado apostólico.

2. O cristão e a caridade. 
“A fé não acompanhada de ação é morta”, declara Tiago. “Fazer”, “realizar” e “agir” são atitudes que integram a religião pura e imaculada: ajudar os necessitados nas suas necessidades. A fé, quando não produz tais frutos, é morta. A fim de ilustrar tal verdade, Tiago inquire retoricamente os servos de Deus dizendo que se oferecermos, a um irmão ou a uma irmã, que estejam padecendo necessidade, apenas uma palavra de “incentivo” e não lhes dermos as coisas de que eles necessitam, isso não resolverá o problema. Diante de alguém necessitado, o que precisa ser feito? Orar e despedi-lo sem nada? Se assim procedermos, nossa oração não servirá para nada. Aliás, como ensina João, a pessoa que não se compadece dos necessitados não tem o amor de Deus em sua vida (1Jo 3.17,18). Tal aspecto já havia sido ensinado por Jesus ao dizer que, no socorro àqueles que precisam de ajuda, acolhemos o próprio Senhor (Mt 25.40).

Despedir o necessitado sem oferecer algo a ele? Somente lhe dar algumas palavras de incentivo? Relembremos uma história do passado muito conhecida: E disse o governador do Egito aos dez homens famintos hebreus que apareceram em sua sala de audiência: “Yes, we can”, sim nós podemos. José quando reconheceu seus irmãos tratou de socorrê-los, apesar que titubeou um pouco, mas sabia de onde havia vindo, o sofrimento que passara. Em vez de despedi-los somente com palavras de incentivo ofereceu o melhor, muito mais do que imaginavam.

3. A “morte” da fé. 
A concepção de fé apresentada na Epístola de Tiago é a confiança em Deus: “Tu crês que há um só Deus?” (v.19). Logo, as obras de que Tiago fala, consistem na expressão da vontade de Deus, ou seja, amar o próximo, visitar os enfermos, defender os direitos dos pobres, praticar a justiça, etc. Esta é a fé viva em Deus! A epístola nos ensina que se amamos o outro, não amamos segundo as nossas concupiscências, mas segundo o amor de Deus por nós. Este amor nos estimula a amar o ser humano independentemente de quem ele seja. Ame o próximo e mostrará uma fé viva. Não ame, e se confirmará: a tua é fé está morta.

Conheço a história de um homem que demonstrou amor pelo próximo independente de quem fossem eles. José amou seus irmãos como nunca, no momento que os viu com rostos no pó implorando por alimentos. Ele os amou segundo o amor de Deus, já que se fosse segundo as suas concupiscências fatalmente seus irmãos teriam descido às gélidas e sombrias prisões egípcias.

II. EXEMPLOS VETEROTESTAMENTÁRIOS DE FÉ COM OBRAS (Tg 2.18-25)
1. Não basta “crer”. 
Tiago afirma que a crença teórica em Deus não significa muita coisa. Os demônios, igualmente, creem e estremecem diante do Altíssimo (Lc 8.26-33; Mc 5.1-10). Em outras palavras, eles “creem”, ou sabem, que Jesus é o Filho de Deus. Entretanto, a confissão dos demônios não implica um compromisso de obediência a Deus. A verdadeira fé, porém, manifesta-se na prática coerente do servo de Deus com tudo aquilo em que ele diz crer. O autor da epístola demonstra que a fé não consiste em um discurso, mas em convicção autêntica, seguida da prática de obras de amor, pois é justamente isso que Jesus fez e ainda faz (At 10.38; Hb 13.8). Exemplificando esse ensino da fé compromissada com a ação, Tiago utiliza dois ricos exemplos do Antigo Testamento.

Como Abraão e os outros grandes patriarcas de Israel e os muitos heróis da fé, cabe a cada um de nós não somente crer, mas participar, entrarmos na história, mergulharmos de cabeça, vivermos.

2. Abraão. 
O patriarca Abraão, conhecido como “pai da fé”, obedeceu a Deus quando o Senhor lhe pediu seu amado filho, Isaque. O patriarca de Israel já havia demonstrado confiança em Deus quando decidiu, por um ato de fé e obediência, partir para uma terra desconhecida (Hb 11.8,9). Agora, Abraão estava diante de uma prova de fé ainda mais dura: imolar o seu filho amado e oferecê-lo em sacrifício a Deus. Uma fé levada até as últimas consequências! A obra de Abraão demonstrou a sua confiança em Deus independente das circunstâncias. E nós, como estamos diante de Deus? Cremos quando vai tudo bem, e está tudo certo ou cremos apesar das circunstâncias?

Abraão, o primeiro patriarca de Israel foi resgatado de sua vã maneira de viver e, pela fé, guiado para uma terra que, sequer imaginava, mas que lhe seria mostrada com o tempo. Largou tudo e partiu rumo ao cumprimento das promessas. Ele quase sacrificou aquele que seria o segundo patriarca para que a sua fé fosse provada diante de Deus.

Mas que espécie de sacrifício racional era aquele que Abraão quase ofereceu a Deus? Tristeza em vez de alegria? Choro no lugar de júbilos? Perdas em lugar de ganhos? Derrotas e não vitórias? Era isto que receberia por ter posto a mão no arado? E o que recebia por toda a sua dedicação? Rótulo de assassino, louco, fanático, extremista entre outros. Sara o apoiaria? E os parentes o taxariam ainda mais, dariam graças, aos seus inúmeros deuses, por Abraão estar tão longe. Ninguém entendia o que a fé manifesta em obras poderia proporcionar, mas a partir deste episodio tudo ficou mais claro.

3. Raabe. 
Outro exemplo apresentado por Tiago é o de Raabe, uma mulher gentia e prostituta que vivia em Jericó durante a conquista da terra de Canaã pelos judeus. Quando Josué enviou os espias para olharem a terra, Raabe os escondeu e, mais tarde, os ajudou a escapar dos guardas de Jericó. A atitude de Raabe levou os espias a prometerem que nenhum mal aconteceria a ela quando os israelitas tomassem a cidade (Js 2.1-24). Raabe teve fé no Deus de Israel! Na certeza de que Deus daria aquela cidade ao seu povo, ela agiu para proteger os espias enviados por Josué. Por isso, Raabe, a prostituta de Jericó, foi justificada e constituída na linhagem do nosso Salvador, Jesus Cristo (Mt 1.5). É uma grande mulher que consta como a heroína da fé (Hb 11.31).

Esta história se espalhou por toda aquela região: “Um Deus poderoso libertou um povo do Egito e eles estão vindo para cá”. Raabe tinha ciência disto e temeu pela fé, ainda mais quando se deparou com os espias, que na verdade não foram espiar, eles foram enviados como portadores de boas novas para os que cressem.

A fé de Raabe, manifesta em obras, proporcionou a salvação para sua família, em meio a muitas que lá existiam. A principal personagem desta história não foi Josué, os espias ou os guerreiros de Jericó, que sequer apareceram, mas sim foi Raabe, que creu no que ouviu e obedeceu pela fé. Uma prévia do que seria sustentado pelo apóstolo Paulo em Filipos: “Crê e serás salvo tu e a tua casa” (At 16.31).

Ela soube a quem obedecer (Js 2.14), obedeceu sem questionar (Js 2.15), esteve pronta a obedecer (Js 2.18) e obedeceu com fé (Js 2.21), portanto ela preencheu todos os requisitos para receber sua recompensa (Js 6.21-25), pois foram retiradas e foram agregadas a congregação dos filhos de Israel e ainda para completar a vitória foi incluída na galeria dos heróis da fé (Hb 11.31).

III. A METÁFORA DO CORPO SEM O ESPÍRITO PARA EXEMPLIFICAR A FÉ SEM OBRAS (Tg 2.26)
1. Uma analogia do corpo sem espírito. 
Para os que conhecem a Palavra de Deus, é inconcebível a ideia de um corpo vivo sem o espírito e a alma (At 20.9,10; 1Ts 5.23). O teólogo britânico, John Stott, escreveu: “O nosso próximo é uma pessoa, um ser humano, criado por Deus. E Deus não o criou como uma alma sem corpo (para que pudéssemos amar somente sua alma), nem como um corpo sem alma (para que pudéssemos preocupar-nos exclusivamente com seu bem-estar físico), nem tampouco um corpo-alma em isolamento (para que pudéssemos preocupar-nos com ele somente como um indivíduo, sem nos preocupar com a sociedade em que ele vive). Não! Deus fez o homem um ser espiritual, físico e social. Como ser humano, o nosso próximo pode ser definido como ‘um corpo-alma em sociedade’” (Cristianismo Equilibrado, CPAD). Sem o espírito, o fôlego de vida, o ser humano não é nada. Só podemos ser considerados humanos quando as esferas espiritual, física e social estão inseparáveis. Qual a relação desse assunto com a fé?

Um corpo sem a sua parte espiritual é morto, o primeiro depende do segundo para existir. O que seria do velho Abraão sem seu filho unigênito? Já que Deus havia pedido em sacrifício o filho unigênito dele e não considerava neste contexto Ismael, o filho com a serva que havia sido despedido dias antes.  O que seria de José sem o perdão e a convivência com sua família?

2. Da mesma maneira: fé sem obras é morta. 
“Assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta” (v.26). Tiago nos ensina que não faz sentido expressarmos uma fé verbalmente se ela não tem ação concreta. Como as pessoas constatarão que eu creio de todo coração em Deus? À medida que os meus atos em relação a elas revelarem o amor do Criador. Se não houver obras de misericórdia, amor, honestidade e carinho ao próximo, a nossa fé estará morta, sepultada. Podemos citar de cor e salteado o Credo Apostólico, o credo da nossa demominação e milhares de versículos da Bíblia. Mas se não houver ação, tudo não passará de argumentos sem vida. Deus nos livre dessa ignomínia!

Tudo o que fosse feito a partir de então ou tudo o que acontecesse seria considerado mera obra do acaso e nunca cumprimento do plano de Deus. A fé sem obras é morta, por isto foi necessário que fosse manifesta na vida dos grandes patriarcas e dos heróis da fé, muito mais se torna necessário para a igreja moderna.

CONCLUSÃO
Sabemos que o ser humano está vivo porque ele tem atividade cerebral intacta, os pulmões funcionam rotineiramente, o coração bombeia o sangue, irrigando todo o corpo. Isto é, o corpo humano está se movimentando naturalmente. Da mesma forma é a fé. Uma fé viva em Deus através do seu Filho, Jesus Cristo, justifica o homem de todo o pecado (Rm 5.1; Tg 2.18-25). Mas uma fé sem obras está morta! É como um corpo humano que não tem vida. Não respira mais. Que possamos viver todas as implicações reais de nossa crença em Deus.

OBJETIVOS DA LIÇÃO – FORAM ALCANÇADOS
1) A fé sem as obras se torna morta.
2) Heróis da fé do passado: Abrão, Raabe, José etc.
3) Corpo sem vida está morto, tal como a fé sem obras.

REFERÊNCIAS
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003.

Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional (NVI). Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008.

Bíblia Sagrada. Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003.
  
Por: Ailton da Silva - Ano VI (desde 2009)

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