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sábado, 30 de agosto de 2014

Neemias: como sair do anonimato? Capítulo 5


CAPÍTULO 5
S.M.D.U. (SABEDORIA, MOTIVAÇÃO, DEDICAÇÃO E UNIÃO)

1. SABEDORIA DIANTE DAS INSINUAÇÕES E CALÚNIAS:
Porque se intimidar diante dos opositores? Neemias tinha autorização para reconstruir os muros e os judeus já confiavam em sua liderança. Ele sabia que ninguém poderia impedir aquela obra, haja vista estar a serviço do Rei dos reis, portanto não poderia perder tempo com falatórios dos opositores. A sua resposta foi imediata (2.20). Foi incisivo ao afirmar que se levantariam e edificariam e que a oposição não teria parte, justiça ou memória na historia da cidade.

Movidos pela inveja, os inimigos não esperaram o início da obra para manifestaram-se como opositores. O sucesso de Neemias poderia ser o fracasso de qualquer um deles. Eles sabiam que deveriam correr contra o tempo, pois se iniciassem certamente a finalizariam, devido ao ânimo do povo e a intervenção de Deus. A intenção era impedir que Neemias ganhasse força diante do rei. A nação estava falida, oprimida, sem autonomia política e não se unia para mudar aquela situação.

O plano era levantarem falsas acusações e prová-las, para assim paralisarem as obras novamente e para condenarem a morte, por traição ao rei, Neemias e seus auxiliares.

Mas, se Neemias estava de posse de cartas autorizando a reconstrução e se por elas foi possível convocar e animar o povo a obra, então partindo deste principio, quem estava realmente traindo as ordens do rei? Não seriam os três que se colocavam como oposição as ordens do rei?

2. MOTIVAÇÃO DE NEEMIAS À SEUS LIDERADOS: 
Quando chegou em Jerusalém, Neemias entendeu que a sua luta não seria contra a carne ou contra o sangue, pois a sua preocupação não deveria ser com aqueles que se levantariam em oposição ao seu projeto, mas sim com um inimigo pior, que deveria ser combatido e vencido, a apatia dos judeus.

Como um líder, já que não foi à toa o sentimento nascido em seu coração ainda na Pérsia, sentiu a necessidade de motivar o coração daquele povo para que se comprometessem com a obra (4.6). Todos os anos em que ficaram desprezados, solitários e sem esperanças foram suficientes para minar-lhes a fé, por isto era necessário que primeiramente se sentissem importantes no plano de Deus.

A sua preocupação não era apenas com a cidade, ainda que parecesse, pois era evidente que o comprometimento da situação espiritual dos judeus e das suas futuras gerações. Os opositores imaginavam que a reconstrução visava apenas prover Jerusalém de proteção contra os ataques externos, mas na verdade Deus estava trabalhando naqueles corações enfraquecidos de forma a proporcionar, a todos, a oportunidade de adentrar as dimensões espirituais, que não seriam alcançadas caso continuassem naquele conformismo.

Para dar exemplo aos demais, Neemias renunciou a privilégios que tinha como governador (5.14) e conseguiu motivar o sumo sacerdote, os (3.1), os sacerdotes (3.22,28), os ourives (3.8,31) e todos os moradores da cidade que se envolveram na obra, deixando de lado suas desculpas, fraquezas e prioridades. Exceto os nobres de Tecoa que se recusaram a participarem da reconstrução do muro (3.5).

3. DEDICAÇÃO TOTAL AO TRABALHO:
De fato ele percebeu logo de inicio que a tarefa não seria fácil. A cena, de destruição, por si só não seria motivo para desânimo, mas a situação do povo sim era capaz de desanimar qualquer um que tentasse algo naquela cidade. A tudo isto juntava-se ainda a ação dos inimigos que se levantaram após a proclamação de seus intentos.

Mas como Neemias conseguiu atrair a atenção dos judeus e como foi capaz de fazê-los sentirem a necessidade da mudança? Talvez outros, com intenções que não a de beneficiarem os judeus, tentaram em vão motivar os habitantes da cidade, mas faltou-lhes a autoridade, o envolvimento e comprometimento com a obra, características estas vistas em Neemias, quando dedicou-se integralmente, tornando-se exemplo para todos, que a principio não entenderam, o motivo de tamanha preocupação com a cidade. Ele estava mais envolvido e decidido que os próprios moradores da cidade.

A ação maior deveria partir deles, o desejo de mudança deveria nascer primeiro naqueles corações, por isto que o sucesso desta obra não pode ser somente atribuído a Neemias, pois todos participariam e trabalhariam em conjunto.

Desde o início dos trabalhos Neemias participou ativamente. Mesmo com a autoridade constituída de governador não ficou somente olhando e esperando o resultado. Ele sabia que deveria ser o exemplo para os demais. Como líder, sua intenção era mobilizar o povo para o mutirão. Ele sabia que não poderia levar a diante o seu plano se não tivesse a cooperação.

Neemias diagnosticou o problema, incentivou o povo, colocou a mão na obra e nomeou cada pessoa para o lugar certo. Os muros foram reconstruídos, as portas levantadas e a nação restaurada em cinqüenta e dois dias, mesmo diante da mobilização contrária.

4. UNIÃO PARA OS FRACOS JUDEUS:
Sambalate e seus companheiros utilizaram de todos os artifícios para impedirem o início a obra. Ridicularizaram o esforço, criticaram a atitude (mudança), escarneceram e zombaram da consistência do trabalho e tentaram abalarem a auto-estima do povo (4.1-2).

Eles imaginavam que os judeus fossem reagir da mesma forma como eram atacados, ou seja, com ira, ódio, agressões e desanimo, mas Neemias buscou a Deus em favor do povo para que não caíssem nesta cilada, pois se reagissem, conforme era esperado, a obra seria paralisada.

a) Respostas aos críticos e temores dos opositores:
  • Que fazem estes fracos judeus? Eles temiam que os judeus, mesmo fracos, pudessem se fortalecer com a obra;
  • Permitir-se-lhes à isso? Os judeus estavam enfraquecidos, mas por acaso a oposição era forte? Eles eram as raposinhas (4.3);
  • Sacrificarão? Sim sacrificarão ao término da obra e com muita alegria (cap. 8 e 9; 12.43). O temor era o resgate religioso;
  • Acabá-lo-ão num só dia? Eles sabiam que o inicio precederia o término. Simplesmente estavam adiando temporariamente a derrota;
  • Vivificarão dos montões do pó as pedras que foram queimadas?  Temiam a transformação de toda a cidade.
A união era essencial para que iniciassem a obra. Quando Neemias se deparou com a situação da cidade e do povo, certamente visualizou a possibilidade de mudança, mas o trabalho seria árduo, pois tão fácil seria animá-los para a união, quanto seria para os opositores incitá-los a divisão e confusão.

Todas as criticas foram respondidas por Neemias em alto nível, não com calorosas e inúteis discussões, mas sim com uma audaciosa oração (4.4,5). Esta era a reação esperada de um verdadeiro líder, que não permitiu que fossem interrompidos.

Os grandes impérios do passado fizeram uso de mão de obra opressora ou escrava para construírem suas cidades e monstruosas obras, mas com Jerusalém ocorreu um fenômeno diferente, pois não foi por força ou muito menos por violência, foi de coração (4.6).

5. COMENTÁRIOS ADICIONAIS:
  • O pensamento dos nobres era o seguinte: Se algo der errado mudamos para outros lugares levando nossos títulos. O povo que se vire e a cidade que continue em escombros;
  • Neemias resolveu resgatar as genealogias dos que retornaram do exílio e trabalharam, estes sim eram os verdadeiros nobres da cidade;
  • Sambalate, Tobias e Gesem mereciam algum tipo de citação? Ao menos para lembrar Israel da oposição sofrida? Neemias orou (2.20) para que eles não tivessem memória em Jerusalém;
  • Neemias não queria meros expectadores, queria trabalhadores responsáveis.
Por: Ailton da Silva - Ano VI (desde 2009)

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