CAPÍTULO 5
S.M.D.U. (SABEDORIA, MOTIVAÇÃO, DEDICAÇÃO E UNIÃO)
1. SABEDORIA DIANTE DAS INSINUAÇÕES E CALÚNIAS:
Porque se intimidar diante dos opositores? Neemias
tinha autorização para reconstruir os muros e os judeus já confiavam em sua
liderança. Ele sabia que ninguém poderia impedir aquela obra, haja vista estar
a serviço do Rei dos reis, portanto não poderia perder tempo com falatórios dos
opositores. A sua resposta foi imediata (2.20).
Foi incisivo ao afirmar que se levantariam e edificariam e que a oposição não
teria parte, justiça ou memória na historia da cidade.
Movidos pela inveja, os
inimigos não
esperaram o início da obra para manifestaram-se como opositores. O sucesso de
Neemias poderia ser o fracasso de qualquer um deles. Eles sabiam que deveriam
correr contra o tempo, pois se iniciassem certamente a finalizariam, devido ao
ânimo do povo e a intervenção de Deus. A
intenção era impedir que Neemias ganhasse força diante do rei. A nação estava
falida, oprimida, sem autonomia política e não se unia para mudar aquela
situação.
O plano era levantarem falsas acusações e
prová-las, para assim paralisarem as obras novamente e para condenarem a morte,
por traição ao rei, Neemias e seus auxiliares.
Mas,
se Neemias estava de posse de cartas autorizando a reconstrução e se por elas
foi possível convocar e animar o povo a obra, então partindo deste principio,
quem estava realmente traindo as ordens do rei? Não seriam os três que se
colocavam como oposição as ordens do rei?
2. MOTIVAÇÃO DE NEEMIAS À SEUS LIDERADOS:
Quando chegou em Jerusalém, Neemias entendeu que a sua luta
não seria contra a carne ou contra o sangue, pois a sua preocupação não deveria
ser com aqueles que se levantariam em oposição ao seu projeto, mas sim com um
inimigo pior, que deveria ser combatido e vencido, a apatia dos judeus.
Como um líder, já que não foi à toa o sentimento nascido em
seu coração ainda na Pérsia, sentiu a necessidade de motivar o coração daquele
povo para que se comprometessem com a obra (4.6). Todos os anos em que ficaram
desprezados, solitários e sem esperanças foram suficientes para minar-lhes a
fé, por isto era necessário que primeiramente se sentissem importantes no plano
de Deus.
A sua preocupação não era apenas com a cidade, ainda que parecesse,
pois era evidente que o comprometimento da situação espiritual dos judeus e das
suas futuras gerações. Os opositores imaginavam que a reconstrução visava
apenas prover Jerusalém de proteção contra os ataques externos, mas na verdade
Deus estava trabalhando naqueles corações enfraquecidos de forma a
proporcionar, a todos, a oportunidade de adentrar as dimensões espirituais, que
não seriam alcançadas caso continuassem naquele conformismo.
Para dar exemplo aos demais, Neemias renunciou a privilégios
que tinha como governador (5.14) e conseguiu motivar o sumo sacerdote, os (3.1), os sacerdotes (3.22,28), os ourives (3.8,31) e todos os
moradores da cidade que se envolveram na obra, deixando de lado suas desculpas,
fraquezas e prioridades. Exceto os nobres de Tecoa que se recusaram a
participarem da reconstrução do muro (3.5).
3. DEDICAÇÃO TOTAL AO TRABALHO:
De fato ele percebeu logo de inicio que a tarefa não seria
fácil. A cena, de destruição, por si só não seria motivo para desânimo, mas a
situação do povo sim era capaz de desanimar qualquer um que tentasse algo
naquela cidade. A tudo isto juntava-se ainda a ação dos inimigos que se
levantaram após a proclamação de seus intentos.
Mas como Neemias conseguiu atrair a atenção dos judeus e como
foi capaz de fazê-los sentirem a necessidade da mudança? Talvez outros, com
intenções que não a de beneficiarem os judeus, tentaram em vão motivar os
habitantes da cidade, mas faltou-lhes a autoridade, o envolvimento e
comprometimento com a obra, características estas vistas em Neemias, quando
dedicou-se integralmente, tornando-se exemplo para todos, que a principio não
entenderam, o motivo de tamanha preocupação com a cidade. Ele estava mais
envolvido e decidido que os próprios moradores da cidade.
A ação maior deveria partir deles, o desejo de mudança
deveria nascer primeiro naqueles corações, por isto que o sucesso desta obra
não pode ser somente atribuído a Neemias, pois todos participariam e trabalhariam
em conjunto.
Desde o início dos trabalhos Neemias participou ativamente.
Mesmo com a autoridade constituída de governador não ficou somente olhando e
esperando o resultado. Ele sabia que deveria ser o exemplo para os demais. Como
líder, sua intenção era mobilizar o povo para o mutirão. Ele sabia que
não poderia levar a diante o seu plano se não tivesse a cooperação.
Neemias diagnosticou o
problema, incentivou o povo, colocou a mão na obra e nomeou cada pessoa para o
lugar certo. Os muros foram reconstruídos, as portas levantadas e a nação
restaurada em cinqüenta e dois dias, mesmo diante da mobilização contrária.
4. UNIÃO PARA OS FRACOS JUDEUS:
Sambalate e seus companheiros utilizaram de todos
os artifícios para impedirem o início a obra. Ridicularizaram o esforço,
criticaram a atitude (mudança), escarneceram e zombaram da consistência do
trabalho e tentaram abalarem a
auto-estima do povo (4.1-2).
Eles imaginavam que os
judeus fossem reagir da mesma forma como eram atacados, ou seja, com ira, ódio,
agressões e desanimo, mas Neemias buscou a Deus em favor do povo para que não
caíssem nesta cilada, pois se reagissem, conforme era esperado, a obra seria
paralisada.
a) Respostas aos críticos e temores dos
opositores:
- Que fazem estes fracos judeus? Eles temiam que os judeus, mesmo fracos, pudessem se fortalecer com a obra;
- Permitir-se-lhes à isso? Os judeus estavam enfraquecidos, mas por acaso a oposição era forte? Eles eram as raposinhas (4.3);
- Sacrificarão? Sim sacrificarão ao término da obra e com muita alegria (cap. 8 e 9; 12.43). O temor era o resgate religioso;
- Acabá-lo-ão num só dia? Eles sabiam que o inicio precederia o término. Simplesmente estavam adiando temporariamente a derrota;
- Vivificarão dos montões do pó as pedras que foram queimadas? Temiam a transformação de toda a cidade.
Todas as criticas foram respondidas por Neemias em alto
nível, não com calorosas e inúteis discussões, mas sim com uma audaciosa oração
(4.4,5). Esta era a reação esperada de um verdadeiro líder, que não permitiu
que fossem interrompidos.
Os
grandes impérios do passado fizeram uso de mão de obra opressora ou escrava
para construírem suas cidades e monstruosas obras, mas com Jerusalém ocorreu um
fenômeno diferente, pois não foi por força ou muito menos por violência, foi de
coração (4.6).
5. COMENTÁRIOS ADICIONAIS:
- O pensamento dos nobres era o seguinte: Se algo der errado mudamos para outros lugares levando nossos títulos. O povo que se vire e a cidade que continue em escombros;
- Neemias resolveu resgatar as genealogias dos que retornaram do exílio e trabalharam, estes sim eram os verdadeiros nobres da cidade;
- Sambalate, Tobias e Gesem mereciam algum tipo de citação? Ao menos para lembrar Israel da oposição sofrida? Neemias orou (2.20) para que eles não tivessem memória em Jerusalém;
- Neemias não queria meros expectadores, queria trabalhadores responsáveis.
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