TEXTO ÁUREO
“Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu
próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas,
cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores” (Tg
2.8,9).
VERDADE PRÁTICA
Não podemos fazer acepção
de pessoas, pois o Senhor não fez conosco.
LEITURA BIBLICA EM CLASSE – Tg 2.1-13
1 - Meus irmãos, não
tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de
pessoas.
2 - Porque, se no vosso
ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com vestes preciosas,
e entrar também algum pobre com sórdida vestimenta,
3 - e atentardes para o que
traz a veste preciosa e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui, num lugar de honra,
e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé ou assenta-te abaixo do meu estrado,
4 - porventura não fizestes
distinção dentro de vós mesmos e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?
5 - Ouvi, meus amados
irmãos. Porventura, não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos
na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?
6 - Mas vós desonrastes o
pobre. Porventura, não vos oprimem os ricos e não vos arrastam aos tribunais?
7 - Porventura, não
blasfemam eles o bom nome que sobre vós foi invocado?
8 - Todavia, se cumprirdes,
conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem
fazeis.
9 - Mas, se fazeis acepção
de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores.
10 - Porque qualquer que guardar
toda a lei e tropeçar em um só ponto tornou-se culpado de todos.
11 - Porque aquele que
disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se tu, pois, não
cometeres adultério, mas matares, estás feito transgressor da lei.
12 - Assim falai e assim
procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade.
13 - Porque o juízo será sem
misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa
sobre o juízo.
PROPOSTA
•
Discriminação: inaceitável e inadmissível
em nosso meio;
•
A igreja deve produzir um ambiente de amor
e acolhedor;
•
“Juízes de maus pensamentos”: pura
discriminação;
•
Deus escolheu aos pobres para serem ricos
na fé;
•
Desonrar o pobre é pecado;
•
Discriminação/favoritismo/parcialidade:
combatamos;
•
Lei Real: “amarás o teu próximo como a ti
mesmo”;
•
Lei Mosaica: não ao adultério e sim a
acepção de pessoas;
•
Lei da Liberdade: “assim falai, e assim
procedei”.
INTRODUÇÃO
A discriminação contra as
pessoas de classe social inferior é vergonhosa e ultrajante, principalmente,
quando praticada no âmbito de uma igreja local. Nesta lição estudaremos sobre a
fé que não faz acepção de pessoas. Veremos que erramos — e muito — quando
julgamos as pessoas sob perspectivas subjetivas tais como a aparência física,
posição social, status, a bagagem intelectual, etc. Isso porque tais
características não determinam o caráter (Lc 12.15). Assim, a lição dessa
semana tem o objetivo de mostrar, pelas Escrituras, que a verdadeira fé e a
acepção de pessoas são atitudes incompatíveis entre si e, justamente por isso,
não podem coexistir na vida de quem aceitou ao Evangelho (Dt 10.17; Rm 2.11).
A discriminação é vista quando ocorre
um pré-julgamento, de cunho negativo, sobre indivíduos de determinada raça,
religião, sexo, posição ou “departamentos”, momento em que são comparados ou
quando recebem características que não são as suas. Este mal vem de pessoas que
se julgam ser dominantes, quase perfeitas e são baseadas em crenças, tradições
ou pensamentos discriminatório. Tais ações provocam reações das vítimas, em
respostas ao julgamento a que são submetidas, mas todo este processo
discriminatório é mascarado pelos agentes ditos dominantes, já que tais negam
suas práticas preconceituosas, atribuindo toda a culpa à sociedade, no caso a
religiosa, no entanto os tais se esquecem que fazem parte ou pelo menos estão
inseridos nesta sociedade e que todos tem a suas parcelas de culpa.
Quem é o pobre, gordo, feio, analfabeto
ou letrado? Estas diferenças não poderiam existir entre aqueles que já
experimentaram o novo nascimento. As diferenças sociais, competições,
hostilidade e soberba infelizmente teimam em rodear as igrejas. Em vez de
perdermos tempo para classificarmos os tais, bom seria que saíssemos em socorro
a eles conforme nos determina a Palavra pois o nosso bem maior é e sempre será
a igualdade, enquanto que a visão do mundo decaído ainda continua sendo a
riqueza (ordens e possessão), a beleza (conquistas e carnalidade) e a
inteligência (humilhação e triunfo diante da competitividade).
I. A FÉ NÃO PODE FAZER ACEPÇÃO
DE PESSOAS (Tg 2.1-4)
1. EM CRISTO A FÉ É
IMPARCIAL.
O primeiro conselho de
Tiago para a igreja é o de não termos uma fé que faz acepção de pessoas (v.1).
Mas é possível haver favoritismo social onde as pessoas dizem-se geradas pela
Palavra da Verdade? As Escrituras mostram que sim. Aconteceu na igreja de
Corinto quando da celebração da Ceia do Senhor (1Co 11.17-34). Hoje, não são
poucos os relatos de pessoas discriminadas devido a sua condição social na
igreja. Ora, recebemos uma nova natureza em Cristo (Cl 3.10), pois Ele derrubou
o muro que fazia a separação entre os homens (Ef 2.14,15) tornando possível a
igualdade entre eles, ou seja, estando em Jesus, “não há grego nem judeu,
circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo
em todos” (Cl 3.11). É, portanto, inaceitável e inadmissível que exista tal
comportamento discriminatório e preconceituoso entre nós.
Jesus não fez acepção de
pessoas, conversou com os pecadores, atendeu os doentes, conversou com os
leprosos, andarilhos, os desprezados pela sociedade perfeita da época e nunca
despediu quem o procurou crendo em pelo menos na sua atenção. Quantos hoje não
viraram as costas para esta classe de necessitados?
2. O AMOR DE DEUS TEM DE
SER MANIFESTO NA IGREJA LOCAL.
Havia na congregação, do
tempo de Tiago, a acepção de pessoas. Segundo as condições econômicas, “um
homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos” era convidado a
assentar-se em lugar de honra, enquanto o “pobre com sórdido traje” era
recebido com indiferença, ficando em pé, abaixo do púlpito (vv.2,3). Tudo isso
acontecia num culto solene a Deus! A Igreja de Cristo tem como princípio eterno
produzir um ambiente regado de amor e acolhimento, e para isto “não há judeu
nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós
sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).
O cenário de
discriminação visto na igreja primitiva difere dos padrões atuais? Políticos,
ricos, poderosos e influentes tomam as decisões baseadas em partidarismo e
interesses de classes. Tomando por base
os fatos ocorridos com os irmãos de José podemos afirmar que em nenhum momento
houve favorecimento, pelo contrario, eles receberam uma boa terra e trouxeram
consigo seus rebanhos para trabalharem (Gn 46.31-34). Se fosse hoje, certamente
seus irmãos ficariam no palácio e
receberiam os melhores cargos remunerados.
3. NÃO SEJAMOS PERVERSOS
(V.4).
A expressão “juízes de
maus pensamentos” aplicada no texto bíblico para qualificar os que
discriminavam o pobre nas reuniões solenes, não se refere às autoridades
judiciais, mas aos membros da igreja que, de acordo com a condição social, se
faziam julgadores dos próprios irmãos. O símbolo da justiça é uma mulher de
olhos vendados, tendo no braço esquerdo a balança e, no braço direito, a espada.
Tal imagem simboliza a imparcialidade da justiça em relação a quem está sendo
julgado. Portanto, a exemplo do símbolo da justiça, não fomos chamados a ser
perversos “juízes”, mas pessoas que vivam segundo a verdade do Evangelho. Este
nos desafia a amar o próximo como a nós mesmos (Mc 12.31).
Quando José reconheceu
seus irmãos, que estavam na lona, será que deu vontade de vingar-se pelo
passado? Ele poderia ter agido de forma perversa, mas preferiu colocar em
prática um pensamento que muitas vezes ignoramos hoje: porque zombar ou
desprezar as pessoas que estão ladeira abaixo? Hoje encontramos tais enquanto
estamos subindo, mas amanhã elas poderão nos encontrar enquanto estivermos
descendo. José não agiu desta forma, ele ouviu uma voz mansa e suave que lhe
dizia: “você conhece esta situação, já viveu tudo isto”.
II. DEUS ESCOLHEU OS
POBRES AOS OLHOS DO MUNDO (Tg 2.5-7)
1. A SOBERANA ESCOLHA DE
DEUS.
É bem verdade que muitas
pessoas ricas têm sido alcançadas pelo Evangelho. Mas ouçamos com clareza o que
a Bíblia diz acerca dos pobres. Deus é soberano em suas escolhas. E de acordo
com a sua soberana vontade, Ele escolheu os pobres deste mundo. De maneira
retórica, Tiago afirma: “Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo
para serem ricos na fé, e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?”
(v.5). É possível que as igrejas às quais Tiago dirigiu a Epístola talvez
tivessem se esquecido de que é pecado fazer acepção de pessoas. Ainda hoje não
podemos negligenciar esse ensino! O Senhor Jesus falou dos pobres nos
Evangelhos (Lc 4.18; Mt 11.4,5) e, mais tarde, no Sermão da Montanha repetiu:
“Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus” (Lc 6.20).
Como os pobres deste mundo podem se tornar ricos? Pela soberana
escolha de Deus os pobres deste mundo podem se tornar ricos, mas ricos na fé e
não e tão somente ricos materiais desesperados e ávidos cada vez mais pelas
riquezas.
2. A PRINCIPAL RAZÃO PARA
NÃO DESONRAR O POBRE (V.6).
Apesar de Deus ter
escolhido os pobres, a igreja do tempo de Tiago fez a opção contrária.
Entretanto, o meio-irmão do Senhor traz à memória da igreja que quem a oprimia
era justamente os ricos. Estes os arrastaram aos tribunais. Como podiam eles
desonrar os pobres, escolhidos por Deus, e favorecer os ricos que os oprimiam?
É triste quando escolhemos o contrário da escolha de Deus. As Palavras de Jesus
ainda continuam a falar hoje: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me
ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração,
a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os
oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18,19). Somos os seus
discípulos? Então para sermos coerentes com o Evangelho termos de encarnar a
missão de Jesus. Desonrar o pobre é pecado!
José, um pobre homem que
sofria no Egito. Mal remunerado, condenado à prisão, devido a uma cilada,
afastado da família, muito longe do exercício mínimo de sua dignidade. Um pobre
que não poderia ser desprezado ou desonrado. Os soldados ou qualquer outro
egípcio olhava para ele e meneavam a cabeça. O que esperar daquele projeto
falido de homem? Não desonre um pobre, amanhã a situação pode se inverter. Vide
caso daquele “presidiário” que acordou nas frias prisões e dormiu no palácio
tomando decisões.
3. DESONRARAM O SENHOR.
Após lembrar a igreja da
escolha de Deus em relação aos pobres deste mundo, Tiago exorta os irmãos a
reconhecerem o favoritismo que há dentro da comunidade cristã: “Mas vós
desonrastes o pobre” (v.6). Já os ricos, são recebidos com toda a pompa. No
versículo 7, o meio-irmão do Senhor pergunta: “Porventura, não blasfemam eles
[os ricos] o bom nome que sobre vós foi invocado?” (v.7). Estamos frente a algo
reprovável diante de Deus: a discriminação social na igreja. Por isso é que o
favoritismo, a parcialidade e quaisquer tipos de discriminação devem ser
combatidos com rigor na igreja local, principalmente pela liderança. Esta deve
dar o maior dos exemplos. Quem discrimina não compreendeu o que é o Evangelho!
Quando José adentrou os
palácios egípcios, totalmente trêmulo, assustado, pois não imaginava o que lhe
esperava. Olhou ao seu redor, percebeu o desprezo dos egípcios, mas caminhou em
direção ao que lhe havia sido proposto. O prêmio da “soberana vocação” lhe
esperava logo ali, que honra estar diante do Faraó. Naquele momento ninguém lhe
dava nada, ninguém lhe honrou. Nenhum dos presentes lembrou que atrás de toda
esta história havia um Deus, Todo Poderoso, que estava trabalhando na vida
daquele pobre homem.
III. A LEI REAL, A LEI
MOSAICA E A LEI DA LIBERDADE (Tg 2.8-13)
1. A LEI REAL.
A lei real é esta: “Amarás
o teu próximo como a ti mesmo” (v.8). Essa é a conclamação de Tiago a que os
crentes obedeçam a verdadeira lei. O termo “real”, no versículo 8, refere-se
àquilo que é o mais importante da lei, a sua própria essência. Portanto, quem
faz acepção de pessoas está quebrando a essência da lei. O amor ao próximo é o
coração de toda lei: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que
vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. [...] O
amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm
13.8,10). Só o amor é capaz de impedir quaisquer tipos de discriminação. Quem
ama, não precisa da lei (Gl 5.23).
Será que os mais revoltosos
egípcios aprenderam a amar José depois de sua belíssima administração? Pelo
menos por gratidão poderiam demonstrar alguma reação. Não era todo dia que
aparecia um estrangeiro desvalido para socorrê-los.
2. A LEI MOSAICA.
Na época em que a Epístola
de Tiago foi escrita, os judeus faziam distinção entre as leis religiosas mais
importantes e as menos importantes, segundo os critérios estabelecidos por eles
mesmos. Os judeus julgavam que o não cumprimento de um só mandamento
acarretaria a culpa somente daquele mandamento desobedecido. Mas quando a
Bíblia afirma “Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse:
Não matarás”, está asseverando o aspecto coletivo da lei. Isto é, quem
desobedece um único preceito, quebra, ao mesmo tempo, toda a lei. Embora os
crentes da igreja não adulterassem, faziam acepção de pessoas. Eles não
atendiam a necessidade dos órfãos e das viúvas e, por isso, tornaram-se
“transgressores de toda a lei”. No Sermão da Montanha, nosso Senhor ensinou
sobre a necessidade de se cumprir toda a lei (Mt 5.17-19; cf. Gl 5.23; Tg
2.10).
Que dilema para a igreja
nos tempos de Tiago: obedecer toda Lei ou observar somente os pontos tidos como
importantes, se é que havia esta divisão. Claro que naquela época, tal como
hoje, muitos ignoravam a unidade da Lei e não a consideravam em sua totalidade.
Cumpriam um e desprezam outros, alias isto foi afirmado por Jesus, durante o
seu ministério terreno (Mt 23.23).
3. A LEI DA LIBERDADE.
A Lei da Liberdade é o
Evangelho. Por ele o homem torna-se livre. Liberto do pecado, dos preconceitos
e da maneira mundana de pensar (Rm 6.18). Quem é verdadeiramente discípulo de
Jesus desfruta, abundantemente, de tal liberdade (Jo 8.36; Gl 5.1,13).
Entretanto, como orienta Tiago, tal liberdade deve vir acompanhada da
coerência: “Assim falai, e assim procedei” (v.12). O crente pode falar, pode
ensinar e até escrever sobre o pecado de fazer acepção de pessoas. Mas na
verdade, é a sua conduta em relação aos irmãos que demonstrará se ele é, de
fato, um liberto em Cristo ou um escravo deste pecado.
O bom é viver segundo a
liberdade que Jesus nos proporciona, livres do peso da Lei e da escravidão do
pecado, vivendo conforme o que pregamos e não pregando o que não vivemos.
CONCLUSÃO
O segundo capítulo da Epístola
de Tiago é uma voz do Evangelho a ecoar através dos tempos. Ele rotula a
acepção de pessoas como pecado, lembrando-nos de que Deus escolheu os “pobres
deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o
amam”. Assim, se a nossa vontade estiver de acordo com a vontade de Deus,
amaremos os pobres como a nós mesmos. E conscientizar-nos-emos de que esse amor
exige de nós ações verdadeiras, sinceras, e não apenas de vãs palavras
religiosas que até mesmo o vento se encarrega de levar (cf. Tg 2.15-17).
OBJETIVOS DA LIÇÃO – FORAM ALCANÇADOS
1) A
igreja deve produzir um ambiente de amor;
2) Os
pobres deste mundo podem se tornar ricos na fé;
3) Amar
a todos e viver em liberdade sem culpas.
REFERÊNCIAS
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003.
Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão
Internacional (NVI). Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008.
Bíblia Sagrada. Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri
(SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Barueri, SP. Sociedade
Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro. Casa Publicadora das Assembleias de Deus,
2003.
Por: Ailton da Silva - Ano VI (desde 2009)
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