Foram várias as gerações que se passaram
após José e muitos deles não conheciam Deus ou tampouco tiveram conhecimento
das promessas feitas aos patriarcas, o que dirá então do exercício da fé, algo
que, na verdade, estava ainda nascendo em muitos.
Ainda no Egito, tinham a rara comida e
bebida nas horas certas, habitação e principalmente tinham terras para os seus
túmulos garantidos. Como poderiam largar esta certeza para acreditarem piamente
nas palavras do recém-chegado Moisés. Como confiariam naquilo que não viam ou
conheciam?
O sofrimento aumentou depois da
manifestação de Deus e da primeira visita de Moisés como embaixador da Terra
Prometida, mas não tanto quanto o temor que floresceu na vida dos hebreus, que
experimentavam uma transformação, algo maravilhoso, nunca visto antes, porém
nada acontecia no coração duro de Faraó.
Após a praga das moscas, Faraó se viu em
condições de apresentar algumas propostas indecentes a Moisés. Foram quatro ao
total. Em qualquer uma delas estava bem visível a liberdade para os hebreus, no
entanto, alguns pontos obscuros impediam que o povo pudesse cantar o hino da
vitória.
A primeira proposta autorizava os hebreus
a sacrificarem a Deus, mas ali mesmo em terras egípcias, não muito longe deles,
em meio aos falsos deuses. Faraó se imaginou no direito de escolher o local do
sacrifício. Seriam libertos para sacrificarem, porém não poderiam sair do
Egito. Moisés temeu por uma possível retaliação dos egípcios, que poderiam
considerar aquilo como uma afronta.
Faraó não queria perder a mão de obra
escrava e barata. Sua intenção era fazer com que os hebreus pensassem que
estivessem agradando a Deus, mas na verdade estavam ainda ligados ao passado. A
qualquer momento voltariam à condição anterior.
Caso a proposta fosse aceita, os hebreus
viriam para os sacrifícios do jeito que estavam e não haveria transformação,
talvez fosse isto o que realmente queriam. Moisés disse não.
Faraó então fez outra proposta a Moisés,
pela qual autorizava a saída do povo para sacrificarem a Deus, porém não
poderiam ir muito longe, deveriam sacrificar ali perto e caso desejassem
poderiam retornar. Sairiam do Egito, mas o Egito não sairia deles.
Israel não poderia se afastar dos olhos e
exército egípcio. Faraó queria vigiar e controlar os passos dos hebreus. Esta
proposta era maligna, pois os hebreus sacrificariam ali nas imediações da
sedutora nação e estariam com um olho em Deus e outro naquelas terras.
Facilmente seriam seduzidos e retornariam. “Olhos nos sacrifícios no deserto e
coração nos palácios do Egito”. Seria um interminável vai e vem de hebreus, ora
lá, ora cá, sem rumo, sem identidade. Moisés também não aceitou.
Pela terceira proposta sairiam somente do
Egito os chefes de família e demais adultos, sem as suas respectivas esposas e
filhos. Moisés não aceitou, pois conhecia a importância da instituição
familiar. Todo o conhecimento que possuía foi fruto da coragem e ações da mãe e
irmã na ocasião do primeiro livramento.
Esta proposta foi um verdadeiro golpe de
mestre, pois as esposas ficariam desprotegidas no Egito juntamente com os
jovens e crianças, enquanto que os chefes de família e demais adultos seriam
libertos.
Os hebreus viviam organizados em famílias
e em casas paternas. A saída parcial do povo, como queria Faraó, resultaria no
fracionamento e fragilização das famílias, dividindo-as. Neste caso veríamos um
número elevado de viúvas de maridos vivos e de órfãos de pais vivos. A proposta
de Faraó traria resultados nefastos para o povo de Deus. Vejamos:
- Famílias sem o governo dos pais, sem provisão, sem proteção, sem direção;
- Maridos sem as esposas; homens viajando no deserto e as crianças sem os pais no Egito;
- Miscigenação devastadora. Os adultos solteiros sozinhos no deserto a caminho de Canaã se casariam com moças pagãs, idólatras. Por sua vez, as jovens deixadas no Egito se casariam com os incrédulos egípcios. Enfim, haveria uma total perda de identidade dos hebreus.
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