INTRODUÇÃO
Epistole (gr.) epístola, remete a uma comunicação escrita, carta ou missiva, de natureza formal, umas dirigidas a Igrejas, outras a indivíduos. São vinte e uma cartas, sendo treze escritas por Paulo e oito por outros autores (Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito, Filemon, Hebreus, Tiago, I e II Pedro, I, II e III João, Judas).
As epístolas são textos divinamente inspirados, que instruem o povo de Deus quanto a formação do caráter do crente salvo ao mesmo tempo que prepara a igreja para volta de Jesus.
I
– COMO AS EPÍSTOLAS PAULINAS NOS INSTRUEM
1.
Instruções salvíficas
a) Romanos:
- Para quem foi escrito este livro? Para os cristãos de Roma;
- Por quem foi escrito (autor)? Paulo;
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 55 d.C.;
- Por que este livro foi escrito? Porque Paulo queria evangelizar a Espanha e na viagem de ida conhecer os irmãos de Roma, e ganhar a ajuda deles como igreja de apoio (15.24);
- Para quê este livro foi escrito? Paulo escreveu este livro para apresentar aos cristãos de Roma suas credenciais apostólicas e sua teologia (2.16; 16.25), na esperança que eles reconhecem a autenticidade do seu ministério (uma vez que eles não conheciam Paulo pessoalmente e muitos ainda tinham medo dele) e o apoiassem em sua viagem à Espanha;
- Mensagem: “Porque Nele (Cristo) se descobre a justiça de Deus em fé em fé...mas o justo viverá da fe”.
b) Gálatas:
- Para quem foi escrito este livro? Para as igrejas do Sul da Galácia (Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe);
- Por quem foi escrito (autor)? Paulo;
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 49 d.C.;
- Por que este livro foi escrito? Porque surgiram judeus agitadores entre os gálatas, tentando desacreditar o apóstolo Paulo com o objetivo de implantar nestas igrejas uma forma distorcida de cristianismo (um “evangelho” legalista, que requeria a circuncisão para a salvação – 6.12);
- Para quê este livro foi escrito? Para defender o apóstolo Paulo de suas falsas acusações; para defender a “verdade do evangelho” (2.5, 14); e, para instruí-los a resistir aos corruptores da verdade a todo o custo (1.8-9);
- Mensagem: A fidelidade a Deus é a fonte da vida de todos os cristãos que terão à disposição o gozo da vida eterna.
c) I Corintios:
- Para quem foi escrito este livro? Para os cristãos de Corinto, capital da Acaia;
- Por quem foi escrito (autor)? Paulo;
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 55 d.C.;
- Por que este livro foi escrito? Porque a igreja de Corinto dividiu-se em dois grupos, um que defendia que a associação do cristão com os pecadores era permissível e necessária (despencando para uma extrema frouxidão moral), e o outro, que defendia que um certo isolamento era essencial para preservar a santidade (despencando para um ascetismo doentio), julgando-se um mais inteligente ou espiritual que o outro, ameaçando o futuro daquela congregação;
- Para quê este livro foi escrito? Paulo escreveu este livro para tratar dos problemas daquela igreja (desafio à autoridade de Paulo, orgulho sobre a espiritualidade pessoal, falta de amor); para repreendê-los por terem deixado a situação chegar ao ponto em que chegou; e, para instruí-los doutrinariamente;
- Mensagem: Os judeus se escandalizavam na salvação por meio da morte em cruz, enquanto que os gregos consideravam loucura.
d)
II Corintios:
- Para quem foi escrito este livro? Para os cristãos de Corinto, capital da Acaia;
- Por quem foi escrito (autor)? Paulo;
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 55 d.C.;
- Por que este livro foi escrito? Porque a carta anterior do apóstolo Paulo (I Coríntios) havia alcançado seus objetivos, levando aquela congregação ao arrependimento;
- Para quê este livro foi escrito? Para expressar a alegria de Paulo com o genuíno arrependimento da igreja de Corinto e da sua profunda afeição e lealdade a ele (7.6-15); para defender seu ministério apostólico contra acusações de “falsos apóstolos” (11.13) em Corinto (que desafiavam sua autoridade e a integridade de seu ministério); e, para instruí-los doutrinariamente;
- Mensagem: Paulo apresentou o ministério da reconciliação ao homem, que vivia na inimizade com Deus, que estava disposto a perdoar.
2. Instruções a respeito de Cristo
a) Efésios:
- Para quem foi escrito este livro? Para a Igreja de Éfeso, em primeira mão, mas, certamente, também para todas as igrejas da Ásia;
- Por quem foi escrito (autor)? Paulo;
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 60-62 d.C.;
- Por que este livro foi escrito? Porque Paulo queria ensinar para os cristãos o “mistério da igreja”;
- Para quê este livro foi escrito? Para ensinar, dentre outras verdades fabulosas, que: “A Igreja é a nova humanidade de Deus, uma colônia onde o Senhor da história estabeleceu uma amostra da unidade e dignidade renovada da raça humana (1.10-14; 2.11-11; 3.6,9-11; 4.1-6.9)”;
- Mensagem: Paulo afirma que somos exclusivamente abençoados com todas as bênçãos espirituais devido a nossa conexão com Jesus.
b) Filipenses:
- Para quem foi escrito este livro? Para a Igreja de Filipos;
- Por quem foi escrito (autor)? Paulo;
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 61 d.C.;
- Por que este livro foi escrito? Porque os filipenses estavam enfrentando perseguição (1.27-30) e sentindo as pressões exercidas pelos falsos ensinamentos (3.2-21). Os conflitos na igreja puseram em risco o testemunho dos crentes ao mundo e a sua capacidade de suportar seus ataques (1.27 – 2.18; 3.2-3);
- Para quê este livro foi escrito? Para fortalecer e instruir os cristãos quanto à vida cristã; e, para ensiná-los que o sofrimento para o crente é “um prelúdio à ressurreição” (3.10-11);
- Mensagem:
Paulo expressou seu amor, gratidão, ternura,
calor, afeição e entusiasmo em relação ao amoroso zelo que aquela igreja nutria
pelos obreiros do Senhor.
c) Colossenses:
- Para quem foi escrito este livro? Para a Igreja de Colossos;
- Por quem foi escrito (autor)? Paulo;
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 60-62 d.C.;
- Por que este livro foi escrito? Porque os colossenses estavam lutando contra uma estranha forma de filosofia judaica de influência grega que considerava os cristãos ainda vulneráveis às forças espirituais (forças, estas, que precisavam ser aplacadas através da veneração, através de algum tipo de ascetismo em relação a comida e bebida, e pela observação de certos dias prescritos na lei cerimonial do Antigo Testamento);
- Para quê este livro foi escrito? Para ajudar os cristãos a entender que, para ganharem aceitação perante Deus, eles precisam somente de Cristo.
- Mensagem: A igreja esta unida a Cristo, morta para os pecados e mundo e ressuscitada com Cristo. Resumo: Cristo é tudo em todos. Ele é a nossa suficiência.
3.
Instruções sobre as últimas coisas
a) I-II
Tessalonicenses:
- Para quem foi escrito este livro? Para a Igreja de Tessalônica;
- Por quem foi escrito (autor)? Paulo;
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 50-51 d.C.;
- Por que este livro foi escrito? Porque os tessalonicenses continuavam firmes na fé, apesar da partida prematura de Paulo e de seus colaboradores e da perseguição que ainda sofriam de facções hostis. Havia um mal-entendido entre os tessalonicenses de que o “Dia do Senhor” já havia ocorrido.
- Para quê este livro foi escrito? Para expressar a alegria de Paulo com a fidelidade daqueles irmãos; e, para fortalecê-los e instruí-los acerca de algumas questões comportamentais e doutrinárias (p.ex: Acerca dos “últimos dias”) e também para corrigir o mal entendido acerca do “Dia do Senhor”; e, para instruí-los acerca de algumas questões comportamentais (p.ex: alguns queriam deixar de trabalhar);
- Mensagem: A igreja de Tessalônica acreditava que Jesus já havia voltado, por isso Paulo disse: “acerca dos que dormem...não quero que sejais ignorantes”.
4. Instruções pastorais e pessoais
a) I Timóteo:
- Para quem foi escrito este livro? Para Timóteo, o jovem pastor e companheiro de Paulo em suas viagens missionárias;
- Por quem foi escrito (autor)? Paulo;
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 62-64 d.C.;
- Por que este livro foi escrito? Porque Paulo estava preocupado com a pouca experiência de Timóteo, especialmente num momento em que a igreja estava sendo ameaçada com falsos ensinamentos, tais como a proibição de casamento e de certos alimentos, que a ressurreição já acontecera e pondo restrições à oração – uma forma primitiva de gnosticismo (1.7, 20; 2.12; 3.6; 5.19-20);
- Para quê este livro foi escrito? Para orientar o jovem pastor e dar-lhe muitos conselhos práticos sobre como um líder da igreja deve atuar e como devem ser a organização e os relacionamentos na igreja; e, para treiná-lo em vários aspetos da “sã doutrina” para que ele pudesse combater os falsos mestres (1.10; 3.9; 4.6; 6.3);
- Mensagem: Paulo orientou Timóteo a coibir as heresias, fabulas, lendas, ficções, revelações mitos e as espúrias doutrinas que estavam rodeando a igreja.
b) II Timóteo:
- Para quem foi escrito este livro? Para Timóteo, o jovem pastor da igreja de Éfeso e companheiro de Paulo em suas viagens missionárias;
- Por quem foi escrito (autor)? Paulo;
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 68-68 d.C., quando Paulo estava preso em Roma (pouco antes do seu martírio);
- Por que este livro foi escrito? Porque Paulo queria ver Timóteo mais uma vez e entregar-lhe uma carta final de encorajamento pessoal em seu ministério (1.5-14; 2.1-16; 22-26; 3.10-4.5) e porque os falsos ensinamentos em Éfeso continuavam sendo um problema;
- Para quê este livro foi escrito? Para solicitar ao jovem pastor que venha visitá-lo na prisão em Roma; para dar-lhe suas últimas instruções ministeriais; e, para treiná-lo mais uma vez em vários aspectos da “sã doutrina” para que ele pudesse continuar combatendo os falsos mestres;
- Mensagem: Paulo asseverou que o obreiro deveria ser aprovado diante de Deus e deveria manejar bem a Palavra, jamais deveria buscar a aprovação humana.
c) Tito:
- Para quem foi escrito este livro? Para Tito (companheiro de Paulo em suas viagens, deixado na ilha de Creta para dar continuidade ao trabalho missionário que eles mesmos iniciaram);
- Por quem foi escrito (autor)? Paulo;
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 62-64 d.C., quando as igrejas da ilha de Creta precisavam ser organizadas e estavam sendo ameaçadas por falsos mestres;
- Por que este livro foi escrito? Porque Paulo queria instruir Tito quanto às igrejas sob sua coordenação;
- Para quê este livro foi escrito? Para encorajar Tito a completar o seu ministério na ilha (organizando as igrejas, enfrentando os falsos mestres e orientando os crentes quanto à conduta adequada – 1.5-9; 1.10-14; 3.9-11); e, para orientá-lo a entregar as igrejas ao seu substituto quando ele chegasse e vir encontrar-se com Paulo em Nicópolis (3.12);
- Mensagem: Paulo ensinou que os falsos ensinos deveriam ser combatidos pelos obreiros através da sã doutrina, reafirmando a autoridade da Palavra.
d) Filemon:
- Para quem foi escrito este livro? Para Filemon (um irmão cristão, dono de escravos em Colossos);
- Por quem foi escrito (autor)? Paulo;
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 60 d.C., quando Paulo esteve pela primeira vez numa prisão em Roma;
- Por que este livro foi escrito? Porque, através dos ensinamentos de Paulo, Onésimo tinha se tornado cristão e queria acertar sua situação com Filemon (de quem havia fugido);
- Para quê este livro foi escrito? Para registrar como o apóstolo Paulo, usando toda sua força pessoal para produzir uma solução cristã a um problema muito sério, pede a Filemon que perdoe e receba Onésimo de volta, não mais como escravo, mas como um irmão (como se estivesse recebendo o próprio Paulo);
- Mensagem: Súplica em favor de um arrependido que necessitava ser
recebido como irmão e não como servo. Paulo se referiu a Onésimo,
o escravo que havia fugido de seu senhor.
II – COMO AS EPISTOLAS GERAIS NOS FORMAM
1. As epístolas de Pedro
a) I Pedro:
- Para quem foi escrito este livro? Para os cristãos judeus da Diáspora (a dispersão dos judeus fora da Palestina), de todos os lugares (1.1);
- Por quem foi escrito (autor)? Pedro (irmão de Jesus);
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 60-68 d.C., antes do martírio de Pedro (que, segundo a tradição cristã, foi crucificado de cabeça para baixo);
- Por que este livro foi escrito? Porque os cristãos estavam sofrendo perseguição por causa da sua fé (1.6-7; 3.13-17; 4.12-19), insultos (4.4, 14), falsas acusações de má conduta (2.12; 3.16), espancamentos (2.20), ostracismo social, violência esporádica pela multidão e policiais;
- Para quê este livro foi escrito? Para encorajar aqueles cristãos perseguidos e confusos a permanecer firmes na sua fé (5.12); e, para ensiná-los o comportamento correto do cristão no meio de sofrimento injusto (4.1, 19);
- Mensagem: os crentes eram minoria naquela sociedade pagã, idólatra e injusta e estavam sofrendo forte perseguição por causa da fé, por isso foram ensinados a agirem contrário a cultura da época.
b) II Pedro:
- Para quem foi escrito este livro? Indeterminado;
- Por quem foi escrito (autor)? Pedro;
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 67-68 d.C., antes do martírio de Pedro (que, segundo a tradição cristã, foi crucificado de cabeça para baixo);
- Por que este livro foi escrito? Porque seus leitores estavam sendo ameaçados por falso ensino (por alguma forma primitiva de gnosticismo, que ensinava a salvação pelo conhecimento intuitivo e esotérico – e não pela fé em Cristo; defendia a imoralidade – 2.13-19; negava o Senhor e desprezava sua autoridade – 2.1, 10; caluniava os seres celestiais – 2.10; e zombava da segunda vinda de Cristo – 3.3-4);
- Para quê este livro foi escrito? Para enfatizar a verdade e as implicações éticas do Evangelho contra os falsos mestres;
- Mensagem: os crentes estavam diante de um quadro desolador, fruto da perseguição do império romano, por isso foram ensinados a manterem a fidelidade e esperança em meio ao sofrimento.
2. As epístolas de João
a) I João:
- Para quem foi escrito este livro? Indeterminado;
- Por quem foi escrito (autor)? João, o apóstolo;
- Em qual momento histórico? Por volta dos anos 90-100 d.C.;
- Por que este livro foi escrito? Porque seus leitores estavam sendo ameaçados por um falso ensino que negava que Jesus Cristo havia se encarnado (4.2-3) (este falso ensino é chamado de Docetismo, uma variação do gnosticismo);
- Para quê este livro foi escrito? Para reafirmar a verdade aos seus leitores; para, ressaltar os ideais cristãos de pureza e amor (pureza e amor são dons de Deus comunicados aos homens através da auto-revelação que Ele fez de si mesmo a nós – na encarnação de Cristo); e, para ensinar o que fazer com os falsos ensinamentos;
- Mensagem: Pedro ensinou a igreja a resistir aos falsos ensinos que ligavam a salvação às experiências esotéricas e também orientou acerca da necessidade de comunhão entre os irmãos.
b) II João:
- Para quem foi escrito este livro? “À senhora eleita e aos seus filhos...” (vs 1);
- Por quem foi escrito (autor)? João, o apóstolo;
- Em qual momento histórico? Por volta dos anos 90-100 d.C.;
- Por que este livro foi escrito? Porque seus leitores estavam sendo ameaçados por um falso ensino que negava que Jesus Cristo havia se encarnado (4.2-3) (este falso ensino é chamado de Docetismo, uma variação do gnosticismo);
- Para quê este livro foi escrito? Para reafirmar a verdade aos seus leitores; para, ressaltar os ideais cristãos de pureza e amor; e, para ensinar como tratar os falsos mestres;
- Mensagem: João reiterou a prática do amor como uma mandamento divino.
c) III João:
- Para quem foi escrito este livro? “Ao amado Gaio...” (vs. 1);
- Por quem foi escrito (autor)? João, o apóstolo;
- Em qual momento histórico? Por volta dos anos 80-90 d.C.;
- Por que este livro foi escrito? Porque havia uma rivalidade mesquinha entre Diótrefes e os demais líderes daquela igreja sobre a hospitalidade que deveria ser demonstrada para com os missionários viajantes;
- Para quê este livro foi escrito? Para recomendar que a igreja recebesse com amor os missionários viajantes (inclusive Demétrio, que foi levar este carta àqueles cristãos); e, para repreender Diótrefes (por sua conduta em relação aos demais irmãos e aos missionários);
- Mensagem: João condenou a soberba e rivalidade que estavam colocando irmãos contra irmãos.
3. As outras gerais
a) Hebreus:
- Para quem foi escrito este livro? Para os cristãos judeus da Diáspora (a dispersão dos judeus fora da Palestina), provavelmente na Itália;
- Por quem foi escrito (autor)? Autor desconhecido;
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 64 d.C., quando Nero perseguiu a Igreja com muita violência;
- Por que este livro foi escrito? Porque eles estavam sendo perseguidos pelos romanos pela segunda vez (um edito de Cláudio havia expulsado os judeus de Roma em 49. d.C.) e pelos judeus, que os expulsaram das sinagogas e da religião judaica (13.12-13), e corriam o perigo da apostasia (abandono da fé), talvez por medo da morte (2.14-18); também, porque passavam por uma transição de liderança (13.7, 17), estavam preocupados com segurança e permanência (6.19; 11.10; 13.8, 14);
- Para quê este livro foi escrito? Para exortar e encorajar aqueles cristãos (3.13; 6.18; 10.25; 12.5; 13.22). O autor repetidamente chama seus leitores a uma ativa e corajosa resposta a todos estes problemas (4.11, 14, 16; 6.1; 10.19-25);
- Mensagem: o escritor exorta os crentes a terem ânimo, confiança e fé em
um tempo marcado pela apostasia, para suportarem as pressões e perseguições.
b) Tiago:
- Para quem foi escrito este livro? Para os cristãos judeus da Diáspora (a dispersão dos judeus fora da Palestina), de todos os lugares (1.1);
- Por quem foi escrito (autor)? Tiago (irmão de Jesus);
- Em qual momento histórico? Por volta do ano 49 d.C., pouco depois do começo da perseguição aos cristãos que se difundiu na Diáspora;
- Por que este livro foi escrito? Porque eles estavam sofrendo perseguições em todo o império romano;
- Para quê este livro foi escrito? Para encorajar aqueles cristãos; para exortá-los a um viver santo; e, para mostrar-lhes que há um relacionamento crucial entre fé e obras ativas de obediência (2.14-26);
- Mensagem: A carta contém conselhos práticos para uma vida bem-sucedida e de acordo com a Palavra de Deus para combate da espiritualidade superficial.
c) Judas:
- Para quem foi escrito este livro? Para todas as igrejas da época;
- Por quem foi escrito (autor)? Judas (irmão de Jesus).;
- Em qual momento histórico? Por volta dos anos 65-67 d.C.;
- Por que este livro foi escrito? Porque as igrejas estavam sendo ameaçadas com uma falsa doutrina que ensinava que a nossa liberdade em Cristo nos permite viver na imoralidade;
- Para quê este livro foi escrito? Para denunciar os falsos mestres; e, para exortar os leitores para que cresçam no conhecimento da verdade cristã (v. 20), que tenham um testemunho firme pela verdade (v. 3) e que procurem resgatar aqueles cuja fé estava hesitante (vs. 22-23);
- Mensagem: a mensagem foi endereçada cos cristão espalhados pelo mundo. Alguns hereges estavam infiltrados, por isso alguns se imaginavam isentos de regras morais, outros eram insubmissos.
III – AS EPÍSTOLAS CONTINUAM A FALAR
1. A doutrina da justificação
Justificação é Deus justificando os ímpios (Rm 4.1-8; GL 2.16-17) é a fase do processo de salvação que altera a nossa situação diante de Deus, pois a condenação que recaia sobre nós é cancelada. Essa fase foi legitimada pelo sacrifício do Calvário.
A justificação, ato de Deus, que declara o homem justificado, é o resultado da grande luta espiritual travada no Calvário. Jesus foi usado como fundamento legal para encerrar de vez a condenação que recaia sobre o homem. É um estado que jamais seria alcançado pelo homem através de méritos próprios.
Esta situação não é somente fruto do que Deus faz por nós diariamente, mas sim é resultado do que Deus fez por nós no Calvário. Essa é a única forma de nos apresentarmos a Deus sem o peso da culpa e assim foi declarada a Ele e sua criatura (Rm 5.1-2,15; 1 Co 1.4; 2 Co 9.14).
“O réu está perante Deus, o justo Juiz; mas, ao
invés de receber sentença condenatória, ouve a sentença de absolvição”, isso é
justificação.
a) Um ato
único – a decisão de Deus:
A justificação não é um processo continuo, trata-se de um ato jurídico e único, diretamente do Trono de Deus que não está sujeito a decisões humanas, portanto a justificação não é fruto do que fazemos, mas sim fruto do que Deus fez por nós.
Deus fez o que autoridade no mundo jamais conseguirá fazer, ou seja, pela justificação somos inocentados e colocados na mesma posição daquelas pessoas que nunca desrespeitaram leis.
b) Fundamento da justificação:
A bondade genuína de Deus, que é Cristo Jesus, é o único fundamento do favor recebido. A nossa justificação não resultou em dívidas, pois Deus justificou e não pediu nada em troca.
Jesus ofertou o perdão para a humanidade decaída e aplicou a justiça de Deus em nossas vidas. Nossas vestes espirituais eram manchadas pelo pecado, por isso não havia condições de nos auto-justificarmos ou nos esforçarmos para alcançarmos a salvação.
c) Benefícios da
justificação:
- A remissão dos pecados aplica-se a todos os pecadores justificados, pois remove a culpa e toda pena. O pecador agraciado com esta situação jamais terá condenação lançada contra sua vida (Rm 5.21; 8.1,32-34; Hb 10.14), desde que persevere na presença de Deus (Mt 6.12; Sl 32.5; 51.1-4; 130.3-4);
- A imputação da justiça de Cristo é muito mais do que somente perdão de pecados, pois engloba o revestimento de santidade e a limpeza de nossas vestes espirituais, que antes estavam manchadas pelo pecado (Zc 3.4; At 26.18; Rm 5.1-2; Gl 4.5);
- Pela justificação experimentamos um novo relacionamento com Deus (Rm 5.1-9), pois passamos a enxergar possibilidades em meio às adversidades.
d) Alcance da justificação:
Se o pecado tomou proporções universais a partir do Éden, então a justificação também deveria ter o mesmo alcance (Tt 2.11). Todos os que se arrependem de seus pecados e creem em Jesus como Salvador não perecerão, mas terão a vida eterna.
A justificação pela fé em Jesus independe de raças, culturas, níveis sociais, idades, circunstâncias (Jo 6.37) e caráter do homem, pois Deus justifica os ímpios e os transforma em novas criaturas. Não teria logica se não fosse dessa maneira, pois o Evangelho proporciona o milagre da aproximação entre Deus e o homem caído.
2. A doutrina da santificação
A carne representa toda a nossa natureza antiga, mas que pela regeneração é apresentada à uma nova vida. O termo “carne” faz referência aos prazeres e pecados ligados ao corpo (Rm 6.12-14; 7.5,23-25; 8.13) e outras vez diz respeito ao mundo e à natureza humana decaída, portanto a carne é tudo o que se opõe ao Espírito (Gl 5.16-25).
A carne isola o homem de uma vida de santidade, pois abrange toda sorte de práticas negativas e de oposição ao que agrada a Deus. Em regra, todos aqueles que andam segundo a carne, tendem a se inclinar para as coisas da carne, para a soberba, arrogância e concupiscência (1 Jo 2.15-17).
Pela justificação, executada por Deus, nos tornamos justos. A regeneração nos leva à uma nova vida. A conversão torna pública a ação regeneradora do Espírito Santo e pela santificação somos efetivamente consagrados e separados deste mundo corrompido para recebermos a vida eterna.
A santificação é o processo que nutre o bom relacionamento entre Deus e o convertido, para que vivam segundo seus ensinamentos e vontade (1 Pe 2.9; Ap 22.11). Todo esse processo não é resultado de esforços humanos.
Portanto santificação é a separação do que é santo, mas que antes era profano. É uma ordenança de Jesus (2 Co 7.1; 1 Pr 1.16), que deve ser observada pelo crente e continuamente buscada, haja vista, estar disponível a todos.
a) O agente da santificação:
O Espírito Santo é o agente da santificação na vida do convertido (2 Ts 2.13; 1Pe 1.2) e o Evangelho é o instrumento que regula a vida do homem (Jo 17.17; Rm 1.16).
O Espírito Santo nos separa, purifica, consagra e nos prepara para a execução dessa boa obra (Êx 30.29,32,37; 40.9; Lv 10.10). Trata-se de uma ação na vida da pessoa, levando-o à pratica da justiça, do amor e dedicação a Deus.
b) Vida de santidade:
A vida de santidade se caracteriza pelo temor,
respeito, obediência e reverência a Deus. A justificação e regeneração são
ações que Deus fez por nós e não requer ajuda humana, enquanto que a vida de
santidade é fruto do que Deus faz por nós, dia a dia, e requer essencialmente a
participação humana, a partir de renúncias.
c) Santidade - o primeiro contato:
É na conversão que temos o primeiro contato com a
santificação, pois somos apresentados à nova forma de vida. As novas criaturas
começam a deixar as coisas velhas sendo deixadas para trás (2 Co 5.17).
d) Santidade progressiva:
Enquanto a justificação e regeneração são atos instantâneos de Deus, a santificação é um processo que, pela ação do Espírito Santo, leva o homem a buscar uma identificação com Jesus dia a dia, degrau a degrau (Pv 4.18; Fp 3.12-14; 2 Co 3.18).
Alguns pensam que a vida de santidade se caracteriza pelo isolamento social, muito pelo contrário, pois a intenção é justamente o aumento das relações para que a Palavra seja anunciada e para que encontre guarida nos corações dos homens que ainda estão inclinados à carne.
Santidade é vestir-se do novo homem e não somente despojar-se da velha criatura (Rm 6.4; Ef 4.22.24, 25-32). Por isto devemos mortificar os nossos membros (Cl 3.5), devemos possuir nosso corpo em santificação e honra (1 Ts 4.4), fugir dos desejos (2 Tm 2.22) e seguir a paz com todos e santificação. Portanto a santificação progressiva se caracteriza pela subida degrau a degrau, dia a dia, com muito cuidado e vigilância.
e) De glória em glória:
A vida de santidade nos proporciona a mais profunda comunhão espiritual com Deus (1 Co 1.30; Ef 1.3) e nos faz cada vez mais parecido com Jesus. Esta identificação espiritual nos dá segurança para continuarmos em busca da nossa salvação (Ef 1.3-14). De glória em glória poderemos prosseguir confiantes (2 Co 3.18).
A nossa natureza carnal antiga nos impedia de adentrar as regiões espirituais, por isso fomos regenerados e através do Espírito Santo, o agente da santificação, nos é oferecida condições para buscarmos uma vida de santidade.
3. A doutrina da glorificação
Os salvos em Cristo aguardam o cumprimento das muitas promessas, dentre as quais se destaca a glorificação final, que é a mais desejada. Serão bênçãos maravilhosas, que somente os filhos de Deus receberão, ainda que sem nenhum merecimento pessoal.
Então o crente salvo estarão no pleno gozo das promessas de Deus (I Pe 1.1-12), já de posse da incorruptível coroa da glória (I Pe 5.4), como indicio de ter alcançado a perfeição, não a Divina, mas a que caracterizará a liberdade total do pecado (Ap 21.27) e do sofrimento (Ap 21.3-4), O salvo estará também constantemente na presença de Deus com um corpo glorificado (I Co 15.50-54; I Ts 4.13-17; Ap 21.1-3).
Os justos são destinados à vida eterna na presença de Deus. O cristão durante a sua vida terrestre experimenta pela fé a presença do Deus invisível, mas na vida vindoura essa experiência da fé tornar-se-á um fato consumado. Ele verá a Deus face a face, terá a experiência que alguns teólogos chamam a "Visão Beatifica".
O céu é habitação futura dos crentes. Um lugar de completa felicidade e alegria, marcado principalmente pela presença de DEUS (Mt 5.11-12, 6.20, 19.21; Lc 6.22-23, 12.33; Jo 14.1-3; II Co 5.1-2; Fp 1.19-23, 3.20; I Pe 1.3-5). Não pode haver dúvidas, quanto à existência de um lugar preparado por DEUS onde estarão, eternamente, junto de si, todas as pessoas salvas por Jesus.
Referências
A Bíblia. A revelação de Deus a humanidade. Revista Cristão alerta. Subsídios bíblicos para a Escola Dominical. Ed. 8, 1º trimestre 2022
Baptista, Douglas. A supremacia das Escrituras. A Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de Deus. Casa Publicadora das Assembleia de Deus. Rio de Janeiro, 2021
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003
Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional (NVI). Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008
Conteúdo da Bíblia. Disponível em: http://ailtonsilva2000.blogspot.com/search/label/Conte%C3%BAdo%20da%20B%C3%ADblia
Gonçalves, José. A supremacia de Cristo. Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Lições Bíblicas. Faixa Jovens e Adultos. 1º trimestre 2018. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2018
Tiago. A fé que se mostra pelas obras. Plano de aula. Disponível em: http://ailtonsilva2000.blogspot.com/2014/07/tiago-fe-que-se-mostra-pelas-obras.html. Acesso em 15 de março de 2022.
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