Os hebreus se
julgavam e tinham, a princípio, o direito de se considerarem escolhidos e
privilegiados, pois desde que foram ouvidos, atendidos e oficializados como
povo eleito de Deus, acumularam cinco grandes motivos para pensarem desta
forma:
- A chamada: Abraão foi chamado e separado dentre os idólatras (Js 24.2), para se tornar pai de uma grande multidão. Foi guiado até uma terra distante, onde Deus com mão forte o protegeu, por isto os hebreus pensavam que seriam guiados sem problemas até Canaã, porém não agiram como o fiel patriarca, que nunca reclamou dos obstáculos;
- A promessa: A intenção de Deus era separar para si um povo, para adorá-lo e servi-lo. A promessa foi feita a Abraão e depois confirmada, pela ordem ao filho Isaque, ao neto Jacó, aos doze bisnetos e por fim aos hebreus, antes e depois de saírem do Egito. Imaginavam que chegariam em Canaã sem muitos problemas;
- A trajetória: Tomaram por base a trajetória de José, que vendido como escravo foi exaltado depois do sofrimento, ficando somente abaixo de Faraó. Imaginavam que passariam pelo mesmo processo e seriam exaltados logo após o fim da escravidão. O preço da caminhada no deserto já havia sido pago por Abraão, Isaque, Jacó e seus filhos;
- A escravidão e libertação: Israel enfrentou momentos de aflições e dores durante a escravidão no Egito. Uma sensação de abandono, pois durante este período não houve nenhuma manifestação de Deus, porém quando Moisés foi enviado para levá-los a Terra Prometida se alegraram novamente com a certeza de que não estavam esquecidos;
- Operações de milagres e maravilhas: Os milagres operados no Egito e em pleno deserto serviu para aumentar a fé dos hebreus. Acreditavam por isto serem privilegiados, pois nunca houve notícias de nações sendo visitadas ou abençoadas, em tão curto espaço de tempo.
Os hebreus saíram
do Egito e viram grandes maravilhas operadas por Deus no deserto, porém não
entraram em Canaã. As murmurações no deserto impediram que entrassem na Terra
Prometida.
Mesmo diante das murmurações, Deus não permitiu que interrompessem a caminhada ou que retornassem ao Egito, como desejaram alguns. A esperança era que neste meio tempo pudesse haver um concerto coletivo, que lhes daria a oportunidade de alcançar o prêmio da soberana vocação.
“Não voltará para a terra do Egito, ...” (Os 11.5). “Eu te conheci no deserto, em terra muito seca” (Os 13.5).
Esta foi a saga
do povo que durante quatrocentos e trinta anos permaneceu no Egito escravizado,
mas que um dia foi agraciado, com a audição de seu clamor.
Recepcionaram um
dos maiores profetas já levantados na face da terra, Moisés, que os guiou pelo
deserto até as portas de Canaã.
As dez
murmurações, os dez clamores e os dez livramentos caracterizaram e deram vida,
através dos tempos, ao que consideramos os momentos da maior demonstração da
justiça de Deus, pois somente recebeu a bênção aqueles que de fato mereceram.
Canaã era uma
terra idólatra, imoral e injusta, por isto Israel deveria eliminar todos os ao
entrarem em seus limites, para que não fossem contaminados pelas abominações.
Se depararam com
uma cultura estranha, rituais religiosos e com as riquezas que foram deixadas
por aqueles que fugiram ou morreram na batalha, no entanto nada disto poderia
ser absorvido, pelo contrário, deveria ser eliminado todo e qualquer foco de
abominação daquele povo.
No entanto não cumpriram as ordens de Deus e se misturaram com o que havia sobrado dos cananeus. Este foi o princípio das dores dos hebreus, o povo escolhido, em sua Terra Prometida.
“Para que eu veja os bens de teus escolhidos, para que eu me alegre com a alegria do teu povo, para que me regozije com a tua herança” (Sl 106.5).
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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Bíblia de aplicação pessoal
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História do povo judeu. Faculdade de teologia Hokemah. São Luís, 2004.
JOSEFO, Flávio. A história dos hebreus de Abraão a queda de Jerusalém. Traduzido por Vicente Pedroso
MACEDO, Edir. A fé de Abraão. Rio de Janeiro. Editora Universal, 2001.
MACKINTOSH, C. H. Estudos sobre o livro de Êxodo.
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Schultz, Samuel J. A história de Israel no antigo testamento.
Silva, Antônio Gilberto da. A Bíblia através dos séculos: uma introdução. Rio de Janeiro. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1986.
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