O LEGADO DE ELIAS
“Nada morre de
Deus quando um homem de Deus morre” (A.W. Tozer). Essa máxima é verdadeira em
relação ao profeta Elias e ao seu sucessor Eliseu, que exerceram ministérios
excepcionais no Reino do norte e, sem dúvida, foram os responsáveis pela
manutenção da identidade religiosa do povo de Deus.
Todavia, assim
como todos os homens, chegou o dia em que Elias precisou parar, mas antes teve
o cuidado de seguir as orientações recebidas para proceder a escolha correta de
seu sucessor, bem como para prepará-lo.
Elias foi um gigante espiritual, um homem
de Deus bem sucedido, em suas tarefas (I Rs 17.1; 18.1, 38), de profunda
convicção espiritual e consciente de sua missão profética. Em determinado
momento de sua história se imaginou sozinho na causa santa, abandonado por
todos, mas Deus deixou claro que ainda existiam muitos fiéis em Israel (I Rs
19.18), assim entendeu que a restauração do reino não seria finalizada em seu
ministério. Seria um processo continuo.
Elias deixou através de um legado
constituído da herança moral, ministerial e espiritual, condições para que
Eliseu continuasse o ministério profético em Israel.
a) Uma volta às origens:
Após a vitória sobre os profetas de Baal
e diante das ameaças de Jezabel, Elias se refugiou em Berseba (I Rs 19.3),
partindo depois para Horebe (I Rs 19.8), também conhecido como Monte Sinai (Ex
3.12) onde Deus havia se revelado muito tempo antes como o grande EU SOU (Ex
3.14) e onde entregou a revelação da Lei (Ex 19 – 20). Foi um longo percurso.
A distância era grande, mas Elias
necessitava voltar às origens da sua fé! Sem dúvida, estava consciente disto.
Provavelmente cumpriu as determinações de Deus como nas oportunidades anteriores
(I Rs 17.1, 3, 9; 18.1), portanto é possível que não tenha parado para
descansar, pois sua pressa em receber a Palavra criou uma expectativa muito
grande.
Elias iniciou seu ministério e da mesma
forma soube aceitar o término. Saiu na hora certa, “não resistiu diante da
vontade de Deus (II Rs 2.11). Não tinha ao que se apegar, cargos, bens,
dinheiro, status, etc.
Deus revelou a necessidade de um sucessor
(I Rs 19.16). Não houve questionamento, tampouco recusa em cumpri esta sua
última missão. Entendeu e fechou seu ministério com chave de ouro. O seu
sucessor estava no grupo dos sete mil fiéis.
b) O legado espiritual e moral:
Elias saiu de cena, mas deixou a seu
discípulo um grande legado. Não era rico, mas foi um gigante na fé, pois
defendeu ardorosamente o culto divino (I Rs 18.22-36) e extremamente ousado,
enfrentou o rei Acabe (I Rs 17.1; 18.1; 21.18).
Somente um homem com semelhante fé em
Deus seria capaz de profetizar que não choveria (I Rs 17.1-b). Depois anunciou
a chuva e realmente choveu (I Rs 18.41,45).
Com muito mais fé entregou à viúva de
Sarepta a garantia de que a farinha e o azeite da botija não faltariam e não
faltou (I Rs 17.14-16).
Após orar pela ressurreição do filho
desta mesma viúva, ouviu dela que realmente era um homem de Deus. E por fim, no
monte Carmelo desafiou os profetas e a divindade fenícia e saiu vitorioso
quando o fogo de Deus caiu sobre o altar (I Rs 18.36,38).
O profeta Elias não era apenas um homem
de grandes virtudes espirituais, era também portador de singulares predicados
morais. O seu valor, ousadia e coragem são perceptíveis no relato bíblico.
Confrontou os profetas de Baal e
reprimiu-os severamente (I Rs 18.19). A percepção do que era certo, ou errado,
do que era justo ou injusto, era bem patente em sua vida. Por isto teve
autoridade moral e espiritual para repreender severamente a Acabe, quando
consentiu no assassinato de Nabote (I Rs 21.17-20).
Mas acima de tudo a maior demonstração de
submissão a Deus foi no momento em que soube que seria sucedido. Não retrucou,
não se rebelou e aceitou preparar outro para assumir o seu posto. Assim como Elias,
os lideres são humanos e suscetíveis à falhas.
c) "Vem" – para os braços do Pai:
Até então Elias havia ouvido somente “vá”,
para Querite, Sarepta, Horebe, mas então chegou o momento em que ouviu o “vem”
de Deus e não suportou o chamado. Foi correndo. Esta foi a recompensa pela sua
fidelidade (II Rs 2.11) e não representava o fim de seu ministério.
Era hora de mudança, uma transformação que
somente Deus poderia fazer. Não passava pela sua cabeça
continuar eternamente como profeta ou não pensava como muitos costumam dizer: “daqui
não saio e daqui ninguém me tira", ou "só saio morto" ou
"só entrego o cargo para o meu filho".
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