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terça-feira, 24 de maio de 2022

Elias, o profeta da chuva e do fogo. Capítulo 8

O SUCESSOR: MINISTÉRIO IDÊNTICO? 

Elias não descendeu de figuras importantes tal como os profetas Sofonias, Zacarias (Sf 1.1; Zc 1.1; Ne 5.1) e não foi tão importante como Isaías, filho de Amós (Is 1.1), sobrinho do rei Uzias.

Apareceu do nada no cenário bíblico (I Rs 17.1). Saiu do anonimato do dia para a noite, mas não fez uso da fama em nenhum momento. Quando se tornou conhecido pelo rei Acabe, obedecendo às ordens de Deus, se escondeu no ribeiro de Querite, para depois ser enviado a Sarepta.

Elias sabia muito bem de onde havia vindo, de Tisbe, mas não imaginava para onde iria (II Rs 2.11; cf  Jo 14.4; Gn 16.8). Não tinha onde reclinar a cabeça, tal como Jesus (I Rs 17.1, 4, 9; 19.4, 8, 9, cf Mt 8.20), já as duas raposas, Acabe e Jezabel, tinham seus palácios para descansarem.

Devido a profecia entregue, como cartão de visita (I Rs 17.1), não teve transito livre nos palácios acabianos, como tiveram Isaias, Sofonias, Jeremias, em suas respectivas épocas, na verdade, não poderia sequer passar pelas ruas ao entorno, marcar audiências, muito menos sentar-se à mesa para ser seduzido pelas ofertas jezabélicas, que não eram poucas (Ap 2.20).

Surgiu como fogo, com uma palavra que queimava como tocha e durante seu ministério protagonizou um dos fatos mais impactantes em Israel (I Rs 18.39).

Durante sua estadia em Querite, suportou receber e comer alimentos trazidos por corvos, ave imunda, pois estava forte e se fosse preciso os enxotaria, mas quando estava fraco (I Rs 19.3-4) Deus enviou um anjo, já que, naquela situação, o profeta certamente não se alimentaria.

Elias fugiu e se escondeu justamente na terra da mulher que estava lhe perseguindo, Sarepta de Sidom. Esta foi uma das fugas mais espetaculares da história humana, pois se escondeu na cidade onde jamais seus inimigos pensariam em procurá-lo (I Rs 17.9).

Acabe designou para a tarefa de encontrar Elias um dos sete mil fiéis, Obadias, justamente o que havia escondido e sustentado com pão e água os cem profetas que foram poupados da morte (I Rs 18.1-3; 13).

Foi um profeta presente na história de Israel, que um dia se ausentou (I Rs 17.3, 9; II Rs 2.11). Desapareceu diante dos olhos arregalados de Eliseu (II Rs 2.11).

 

a) O pré e pós Monte Carmelo:

Após o glorioso desfecho do sacrifício do Carmelo, Elias não se aproveitou da fama (I Rs 18.38-39), pois se existisse alguém que não o conhecesse em Israel certamente passou a conhecê-lo. Naquele dia quase se transfigurou, antes da hora, pois estava cuspindo fogo.

Anos mais tarde apareceu juntamente com Moisés, como representante dos profetas, para atestar a messianidade de Jesus e para contemplar a restauração total de Israel. A restauração que tanto desejou ver em Israel, contemplou ali no monte na pessoa de Jesus.

Elias apareceu na Terra, aos assustados Pedro, Tiago e João, talvez pela penúltima vez (Mc 9.4), pois é um forte candidato a ser uma[1] das duas testemunhas do Apocalipse (Ap 11.1-6)

 

b) Ministérios coincidentes?

Elias e Eliseu, amigos inseparáveis, até que o arrebatamento os separou (II Rs 2.11). Os dois ressuscitaram filhos de mulheres desesperadas. A viúva de Sarepta disse: “porque vieste aqui”, enquanto que a sunamita disse: “eu não te pedi filho”. Multiplicaram também azeite para a viúva em Sarepta e para a viúva dos filhos dos profetas.

Os dois abriram o rio Jordão. Foram ameaçados de morte. Jezabel deu apenas vinte e quatro horas de vida a Elias, dizendo “assim me façam os deuses e outro tanto” (I Rs 19.2) e Eliseu teve sua cabeça posta a prêmio, quando o rei de Samaria disse: “assim me faça Deus e outro tanto” (II Rs 6.31).

Eliseu não enfrentou Jezabel porque ela não escapou da espada de Jeú, conforme revelado a Elias ainda em Horebe, o monte de Deus (I Rs 19.17), mas se tivesse escapado certamente encontraria o profeta pela frente.

Eliseu não encontrou Jezabel, mas encontrou o filho, o rei Jorão, um mau governante e todo atrapalhado, pois culpou Deus pelos seus erros, quando decidiu pela guerra contra os moabitas (II Rs 3.13).

Que assombro para a casa de Acabe, pois pensaram: “não tem fim estes homens, um sumiu e dizem que foi levado para o céu e o sucessor perturba Israel tanto quanto o anterior” (cf I Rs 18.17; II Rs 13.21).

 

c) A chamada do sucessor:

A chamada de Eliseu foi o aviso prévio para Elias. Deus ia “dar baixa” em sua carteira de Trabalho. O convite para o sucessor (I Rs 19.19-21) foi rico em detalhes:

     Eliseu fazia parte da estatística dos sete mil fiéis. Aliás o sucessor de Elias só poderia sair deste grupo;

     Eliseu estava trabalhando com doze juntas de bois! A obra de Deus não é profissão ou emprego. É vocação!

     Eliseu percebeu que o ministério tem custo! Sacrificou os bois e os deu como comida ao povo e seguiu Elias. Quem coloca as mãos no arado não pode olhar para trás;

     Eliseu entendeu que o ministério profético é um servir, por isto passou a servir a Elias.

A luta contra a apostasia parecia perdida, mas Deus ainda estava no controle da situação, assim como esteve nos casos das chamadas de Moisés, para libertar os hebreus do Egito (Ex 3.8-10), de Gideão para coibir a presença dos midianitas (Jz 6.14), Isaías e Jeremias para resgatar a fé de Judá (Is 7.9; Jr 1.10). Agora Eliseu não poderia desprezar o dom que havia nele (cfe II Tm 1.6; I Tm 4.14), precisava manter firme o pulso contra a apostasia.

Elias lanço sobre Eliseu o seu manto (I Rs 19.19), como símbolo da continuidade profética (II Rs 1.8, cf Zc 13.4). O lançamento da capa[2] demonstrava transferência de poder e autoridade e com este gesto, o sucessor estava sendo credenciado para o ofício profético.

Porém a sucessão não se confirmou de imediato, pois houve um tempo entre o “lançar” (I Rs 19:19) e “o cair[3] do manto” (II Rs 2:14). Deus não teve pressa para finalizar o processo sucessório. Este período de transição serviu para provar que o sucessor era realmente vocacionado e chamado.

Eliseu não foi escolhido às pressas, pelos seus préstimos, qualidades ou títulos, pois de nada adiantaria o ofício se a unção não acompanhasse o sucessor! Portanto na era o fazer que determinaria a unção, mas sim a unção que validaria as obras de Eliseu.

continua...



[1] Uma das duas testemunhas terá o poder para fazer descer fogo do céu (I Rs 19.38; II Rs 1.9-14) e para fechar os céus para que não haja chuva (I Rs 17.1), tal como fizera Elias (Tg 5.17).

[2] A capa, peça importante do vestuário de uma pessoa, transferiu autoridade, poder e responsabilidade profética a Eliseu.

[3] O "lançar" da capa de Elias significou a chamada (I Rs 19.19), enquanto que o "cair" (II Rs 2.13)significou o início do ministério.

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

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