a) Vento Oriental diurno e
noturno – para devastação (Ex 10.13).
Deus trouxe sobre a terra um forte vento oriental durante o dia todo e a
noite. E aconteceu que pela manhã havia gafanhotos. Houve devastação, pois se
tratava da oitava praga sobre o Egito em virtude da teimosia de seu insano e
irresponsável[1]
governante.
Este vento oriental que agiu durante o dia e noite apareceu justamente
para tirar a paz e o sossego dos egípcios, que já estavam espiritualmente abalados,
pois não criam mais na proteção de seus infinitos, animalescos, aterrorizantes
e medíocres deuses.
Tudo o que houvera acontecido naquela nação nos últimos dias com as sete
pragas anteriores, serviu para provocar muitas dores de cabeças, traumas, medos
e incalculáveis prejuízos materiais sem contar o tormento mental que assolou a
vida dos pobres egípcios. Eles não sabiam mais se criam seus deuses carregáveis
ou no Deus Único e Verdadeiro dos hebreus. A conversão era evitada a todo
custo. Imaginem o reboliço caso a mudança de lado fosse pública como hoje? Um
possível novo convertido tinha que ser muito corajoso. Imagino muitos egípcios
refletindo, meditando ou reavaliando sua crença em suas abomináveis imagens.
Agora imaginem o desespero que sobreveio sobre os egípcios quando
ouviram o primeiro barulho do vento que se formava ao leste? Correria,
gritaria, choros, por anteverem novas perdas e danos. Alguns céticos apenas
olhavam e não imaginavam fatalidades, seria somente mais uma ventania. Realmente
foi uma ventania sem precedentes na história da humanidade até então conhecida.
Os mais lúcidos devem ter dito: “alguém, por favor, nos dê uma boa
notícia. Chega de catástrofes. Diga que não virá o pior sobre nós novamente”.
O mesmo acontece conosco hoje, pois um vento oriental, de origem
maligna, sopra durante o dia e noite com a intenção de devastar, tirar a nossa
paz, nos afastar de Deus e tirar o que já temos recebido de bom.
Engraçado é que justamente durante o dia que ocorre o bombardeio, por parte
do inimigo de nossa alma. Informações aos montes, preocupações sem fins, medos
aflorados, perturbações intensas, reações inesperadas, contendas uma atrás das
outras e por ai afora. É uma ventania sem precedentes.
Durante o dia encontramos várias pessoas que em regra sabem mais do que
nós, possuem muito mais informações. Geralmente toda esta carga recebida serve
somente para nos atribular ainda mais. Algo mais ou menos assim: “você ficou
sabendo da última? Você soube o que aconteceu? Você viu o que falaram? Você viu
o que fizeram”? Alguém, por favor, me traga boas notícias, por favor! Vou falar
como alguns desesperados egípcios: “Chega desta ventania nojenta”.
Este vento sopra durante o dia e noite e se tivesse mais algum período
no tempo, certamente ele também estaria agindo traiçoeiramente. Um vento que
vem para atingir nossa estrutura, tal como ocorrera com os discípulos de Jesus
quando enfrentaram uma estrondosa ventania (Mc 4.35-41), que seria capaz de
destruí-los, porém havia um diferencial, a mira do vento estava no barco e não
nos homens que estavam ali, até então se sentindo protegidos, ainda mais com
Jesus presente. Será que alguns deles também não devem ter dito: “não aguento
mais ventos, perseguições, ondas, blá, blá, blá”. Algo bem familiar, costumeiro
e conhecido nosso.
A intenção do maligno era atingir primeiro a estrutura que dava
confiança e segurança aos homens, por isto o ataque ao barco foi intenso. Assim
haveria pânico e desconcentração. Eu não consigo imaginar as ondas e vento procurando
homens para serem açoitados, tal como fazem as anacondas de Hollywood, que são
direcionadas por ondas eletromagnéticas ou pelo calor do corpo humano, ou quem
sabe pelo desespero. A ideia que aceito é a de um barco sendo atacado por todos
os lados para ser destruído e consequentemente contribuir para a morte dos
embarcados.
Foi o mesmo que aconteceu no caso do naufrágio de Paulo, enquanto estava
sendo escoltado para Roma como prisioneiro dos “senhores do mundo” (At
27.13-20). De inicio foi um vento fraco, que eles imaginaram tirarem de letra,
ainda mais com a experiência de grandes navegadores do Mediterrâneo. Depois
apareceu o “Nordeste” (NTLH) ou o Euro-aquilão, vento muito forte que os
arrastou, na verdade, acoitou o barco até que despedaçasse por completo
sobrando somente algumas peças em quais os prisioneiros e tripulação
aproveitaram para se salvar.
O vento atingiu o barco, mas preservou todos os que foram incluídos na
revelação recebida por Paulo: “ninguém vai morrer; vamos perder somente o navio”
(At 27.22 NTLH). Ele disse isto rindo, satisfeito e com uma confiança nunca
vista. “O barco em que estamos agora, vai se despedaçar e todos sobreviverão”.
Como entregaríamos uma mensagem deste porte com segurança? Se estivéssemos
envolvidos no provável sinistro, o desespero afloraria. Duvido que possa
existir reveladores com tamanha calma. Acho que seria assim: “Deus me revelou,
mas agora é pernas pra que te quero. Um por todos e todos por um”.
Então estes dois ventos, o enfrentado pelos discípulos e multidão que os
acompanhava em seus barquinhos (Mc 4.36), na companhia de Jesus e bem como o
encarado pela comitiva romana que escoltava o “perigosíssimo” apóstolo dos
gentios, foram em tese semelhantes ao soprado durante o dia e noite no Egito,
somente por um detalhe, a fonte, já que os dois primeiros foram de origem
maligna, para destruir, impedir o início e crescimento da obra de Deus e para
não permitir que perigosos prisioneiros ouvissem a Palavra e vissem milagres,
sinais, prodígios e maravilhas, enquanto que o primeiro vento visto no Egito
foi para correção, para colocar tudo em seu devido lugar, para mostrar
realmente quem é o Verdadeiro e Único Deus na terra, céu e mares.
b) O vento oriental noturno
– para salvação (Ex 14.21)
Moisés estendeu a mão sobre o mar, mas não abriu o mar com este gesto,
foi somente para que os hebreus vissem que algo estava por acontecer, foi tipo
um: “prestem atenção”. Então Deus soprou um vento leste (NTLH), oriental toda
aquela noite para que o mar se tornasse em terra seca. Não foram ouvidos gritos
de desespero como no início da ventania anterior (Ex 10.13), pelo menos no lado
dos hebreus, na verdade o que se ouviu foram júbilos diante de uma cena, nunca
vista antes na história da humanidade. Creio que do lado egípcio alguém deve
ter gritado: “De novo não, outro vento, chega, não aguento mais, eu entrego os
pontos. Não mexo mais com o Deus dos hebreus. Fui”.
Este vento noturno, que abriu o mar Vermelho, não pode ser associado ou
comparado ao diurno e noturno, o vento dos gafanhotos, muito menos ao que
assolou[2]
os discípulos de Jesus e ao que provocou o naufrágio do barco de Paulo.
Este vento noturno trouxe ares refrescantes para os hebreus, gostinho de
quero mais, representou uma doce vitória. O primeiro vento do Egito abriu as
portas para a devastação, agora o segundo abria a porta para salvação de toda
uma nação.
O vento noturno arrancou suspiros aliviados e de alegria dos hebreus. O
anterior trouxe o espanto e o terror antes da destruição. Dois ventos, mesma
origem, mas com objetivos bem diferentes. Deus sabe o que faz.
Referências:
Bíblia de estudo aplicação pessoal - BAP (ARC). CPAD, 2003.
Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional (NVI).
Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008
Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje (NTLH). Barueri (SP).
Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003.
A Bíblia Viva. Edição para todos. Associação Religios Editora Mundo
Cristão.
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