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segunda-feira, 11 de abril de 2022

Elias, o profeta da chuva e do fogo. Capítulo 5

c) O primeiro dia do congresso:

A campanha do Carmelo não seria tão demorada quanto foi a de Jericó (Js 6.1-27). Não seria necessário darem um grande abraço humano no monte, ou levantarem suas vozes em altos clamores ou tampouco percorrer toda a sua extensão à procura de gravetos de fogo.

O congresso foi realizado em apenas um dia, algo bem rápido, direto e sem muita conversa, sem muitos pormenores, mas este dinamismo somente foi visto quando a oportunidade foi passada para Elias, pois enquanto os falsos profetas estavam no comando, a luta foi grande, um suplicio por Baal que não respondia. Muita demora, tanto que muitos foram embora, inclusive a rainha não estava presente (cfe I Rs 19.1), já que depois o rei lhe contou tudo o que havia ocorrido com seus profetinhas.

Que decepção, mas nada foi tão triste quando olharam para o lado e não viram[1] a sacerdotisa principal (I Rs 19.1 cf I Rs 18.19), a que se dizia profetisa (Ap 2.20 cf I Rs 19.2) e que profetizou de forma bem clara contra Elias: “me façam os deuses e outro tanto”, então o Deus verdadeiro e não os deuses delas cumpriu o predito. A rainha foi morta como seus profetas e o “outro tanto” lhe foi acrescido, pois acabou virando ração e comida para cães (II Rs 9.35-36).

Correria, trocaram o turno, turma, equipamentos, literaturas, bezerro, altar, lenha, cânticos, trocaram até mesmo de posição, ficaram em cima do altar, de cabeça para baixo, pularam, saltaram (I Rs 18.26), mas nada de Baal responder.

O objetivo principal deste congresso foi resgatar o monoteísmo hebreu, afetado pelos ensinamentos de Jezabel e sua turminha, pois conseguiram dividir o coração de Israel. O estrago foi pior, antes tivessem se desviado por completo (cfe Ap 3.15-16).

Os israelitas, aos poucos, se esqueceram do que aprenderam na tenra infância, através dos ensinamentos de seus pais, quando ouviam cheios de orgulho os feitos de Deus no passado em favor da nação, que se traduzia em: “Shema, Yisrael Adonai Elohenu Adonai Echad – ouve, Israel, o Senhor teu Deus é o único Senhor” (Dt 6.4).

 

d) Os resultados positivos do primeiro dia:

Baal não respondia aos clamores de seus profetas, que então começaram a saltar, pular sobre o altar e gritar para chamar a atenção do povo.

O questionamento do profeta foi: "como poderiam crer em deuses que são semelhantes aos homens"? Deviam confiar em Deus, o onisciente, onipresente e onipotente. Havia muita diferença entre o verdadeiro Deus e aquilo que era somente fruto da imaginação humana.

Isto provou que Baal era uma imagem do próprio homem, pois morria, sofria, adulterava, viajava, se distraia, mentia, era violento e vingativo.

Elias pediu para que clamassem em alta voz, quem sabe Baal estivesse conversando com alguém, dormindo ou viajando. Ninguém defendeu a falsa divindade, nem mesmo os seus profetas presentes.

No momento do sacrifico da tarde, Elias se aproximou e orou diante do povo. Esperou o momento certo, não se adiantou, esperou a canseira dos profetas e a desilusão do povo.

 

e) Avaliação final do congresso:

Os hebreus, no Sinai, coxearam entre dois pensamentos e reclamaram da ausência de Moisés, mas no Carmelo reconheceram Deus como único e se submeteram à liderança de Elias, por isto estes dois personagens são fortíssimos candidatos[2] a serem a dupla de testemunhas nos dias finais da humanidade (Ap 11.3-6).

No deserto os hebreus idólatras se tornaram semelhantes ao bezerro de ouro (cfe Sl 115.8) e da mesma forma, no Carmelo, os falsos profetas também se tornaram semelhantes a Baal, pois morreram sem esperança de ressurreição.

Foram mortos dentro de sua própria nação, no berço de sua religião, diante dos narizes de seus governantes e até hoje Israel não sofreu represálias por este ato. Ao final os expectadores declararam: “Realmente há um Deus em Israel".

 

f) O vai e vem de Elias:

Elias, após ser usado e exaltado[3] por Deus diante do povo (I Rs 18.36-39), fugiu quando soube das ameaças de morte feitas por Jezabel (I Rs 19.3). Certamente todo o respeito adquirido pelo profeta caiu por terra pelas mãos da rainha.

Caminhou em direção ao deserto e andou o caminho de um dia para refletir sobre os últimos acontecimentos. Se havia enfrentado todos os profetas de Baal porque então temeu as ameaças de uma mulher.

Elias estava decepcionado, mas independente de estar fugindo jamais poderia ter parado no meio do caminho, teria que ter dado continuidade à sua jornada.

Estava fragilizado, por isto parou e assentou-se. Isto aconteceu justamente no momento de sua vida em que se julgava forte, usado por Deus, corajoso, com ânimo, mesmo assim pediu um basta para toda aquela situação, talvez estivesse querendo expor a Deus o desejo de viver tranquilamente sem ter que ficar enfrentando perigo.

Então o peso da obra e os últimos acontecimentos vieram sobre os seus ombros e abriu o caminho para a sonolência. O cansaço por ter enfrentado a caminhada e a responsabilidade fizeram Elias adormecer.

Elias havia acabado de ser usado como um instrumento para uma das maiores demonstrações do poder de Deus durante o seu ministério, porém uma fraqueza o tomou e o levou a agir desta forma, mas temos a certeza que o plano de Deus não termina com estas atitudes impensadas (I Rs 18.46).



[1] Todos foram convocados. Sem exceção, inclusive Jezabel, esposa do rei, que fazia parte do reino, mesmo sendo de outra nação.

[2] Evidências: fogo sairá da boca deles e devorará o inimigo (cf II Rs 1.9-14). Terão poder para fechar o céu para que não chova nos dias de sua profecia (cf I Rs 17.1) e poder para transformar água em sangue (Ex 7.20).

[3] Elias estava tão cheio de poder, após o Monte Carmelo que quase se auto transfigurou. 

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

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