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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Homilética - aula 2

II – A PREGAÇÃO, ORATÓRIA E O PREGADOR

1) A PREGAÇÃO

Pregação é o ato de pregar a palavra de Deus. Pregador (aquele que prega) vem do latim, “prae” e “dicare” anunciar, publicar. Apalavra grega correspondente a pregador é “Keryx”, arauto, isto é, aquele que tem uma mensagem (Kerygma) do reino de Deus, uma boa notícia, uma boa-nova, Evangelho, “Evangelion”.

Proclamar o Evangelho é trazer as Boas Novas da Salvação, é apresentar ao público Jesus Cristo, seus ensinamentos e seu propósito. Na realidade, proclamar a Palavra de Deus significa muito mais do que simplesmente ler a Bíblia e atribuir uma lição prática à passagem lida. A pregação bíblica envolve a cuidadosa remoção do texto de seu engaste original, transferindo-o para a situação atual da Igreja. Para efetuá-lo, o ministro precisa compreender não somente as Escrituras, mas também a sua congregação, o mundo dos tempos bíblicos e a sua Igreja, bem como as semelhanças e diferenças entre ambos esses mundos.

O sermão serve de ponte entre o passado, presente e não constitui em simples comentário. Não se deve confundir a pregação bíblica com exegese gramatical, histórica ou teológica. A pregação precisa ser centralizada na Bíblia e não em problema pessoal ou questão contemporânea.

 

2) ORATÓRIA

A monotonia na pregação é uma falta grave, principalmente porque existem muitas maneiras de se variar a comunicação da mensagem. Os meios de comunicação (multimídia) estão se aprimorando na variedade de comunicar. Todos sabem que um comercial, filme, novela ou programa esportivo monótono não conquista audiência.

 

"A voz carrega consigo toda a história do homem e da humanidade".

 

A má comunicação começa com uma voz irritante, fraca, estridente, aguda ou grave demais. Assim como as boas vozes produzem convicção, as vozes defeituosas geram dúvidas e rejeição. Prega mal quem não tem capacidade de encarar os seus ouvintes e olha para tudo, menos para as pessoas e estas desejam uma perfeita comunicação com o pregador. A comunicação do pregador deve ser com pessoas, não com galerias imaginárias, corredores, paredes, ventiladores, planos ou qualquer outro objeto no santuário. Ignorar a arte da boa comunicação é condenar-se a si mesmo como pregador. É pregar uma mensagem que não pulsa com o vigor da realidade. Há pregadores que em nome do conteúdo pecam na comunicação.

 


3) REQUISITOS PARA UMA BOA ORATÓRIA

  • Influência Pessoal, dicção, timbre (inflexão, correto uso da voz);
  • Gesticulação (oportuna e efetiva);
  • Correção Gramatical;
  • Expressividade, persuasão e comunicação.

 

4) CARACTERÍSTICAS DE UM PREGADOR

A palavra de Deus afirma que a fé vem pela pregação da palavra (Rm 10.17), entretanto, a falta de preparo adequado do pregador, falta de unidade corporal no sermão, falta de vivência real do pregador na fé cristã, falta de aplicação prática às necessidades existentes na Igreja, falta de equilíbrio na seleção de textos bíblicos e a falta de um bom planejamento ministerial trazem dificuldades na proclamação da palavra.


5) ÉTICA NO PÚLPITO – “A PRIMEIRA IMPRESSÃO É A QUE FICA”.

O pregador, independente da hora chega, sempre será observado dos pés a cabeça, por isso esteja de acordo com o local e a ocasião, sobretudo as mulheres. Nos homens o uso do “terno e gravata” é adequado a quase todos os locais e ocasiões. Observe como são os membros da Igreja que visita? Quais são as características da denominação? Qual é o horário de início e término do culto? Em que bairro se localiza? Observe com atenção estes aspectos errados que devem ser considerados pelo pregador:

  • Não faça uma segunda ou uma auto apresentação;
  • Não mantenha a mão no bolso ou na cintura o tempo todo;
  • Procure não molhar o dedo na língua para virar as páginas da Bíblia;
  • Evite limpar as narinas, cocar-se, exibir lenços sujos, arrumar o cabelo ou a roupa e não use roupas extravagantes;
  • Evite apertar a mão de todos (basta um leve aceno);
  • Não faça gestos impróprios;
  • Não use esboços de outros pregadores, principalmente sem fonte;
  • Evite contar gracejos, anedotas ou usar vocabulário vulgar, evite pedir desculpas;
  • Evite chegar atrasado. Seja verdadeiro, atrativo, sincero e não copie outros pregadores;
  • Pregue com naturalidade, originalidade e simplicidade;
  • Seja espontâneo, dinâmico e utilize recursos áudio visuais.

 

6) O PREGADOR NÃO PRECISA APARECER

Quando convidado para pregar em outras Igrejas, o pregador deve considerar as normas doutrinárias, litúrgicas e teológicas da Igreja:

  • Evite abordar questões teológicas muito complexas;
  • Não peça que a congregação faça algo que não esteja de acordo com os preceitos;
  • Procure estar dentro dos padrões da denominação;
  • Procure dar conotações evangelísticas à mensagem;
  • Respeite o horário (mesmo que seja pouco tempo);
  • Converse sempre com o Pastor antes do início do culto.

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Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

domingo, 30 de janeiro de 2022

Os patriarcas. Coincidências ou repetições da história? – Capítulo 17

Moisés

Às portas de Canaã, Moisés contemplou a promessa feita a Abraão, Isaque, Jacó e José. Deus é justo, jamais permitira que a sua curiosidade descesse com ele ao túmulo.

Moisés obedeceu as ordens de Deus e subiu ao monte para ver a Terra prometida (Dt 32.48-50). Era o cumprimento da promessa. Que alegria sentiu por vê-la somente com os olhos. Foi a mesma visão que Abraão teve quando escolheu o lado oposto de Ló, no momento da separação dos dois. Não precisava tocar a planta dos pés[1], já estava satisfeito com o fruto da fé dos patriarcas anteriores.

Morreu naquele lugar aos cento e vinte anos, cheio de vigor. Havia recebido sua recompensa, mas se fosse preciso ainda teria condições para continuar.

Todos os outros patriarcas precisaram de ataúde ou foram, conforme o costume, preparados para serem sepultados, pelos filhos, mas no caso de Moisés foi diferente, pois o próprio Deus se encarregou dos preparativos e até hoje, desconhecemos o seu túmulo. Esta cerimônia encerrou a era patriarcal em Israel (Dt 34.6).

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[1] Anos mais tarde, Moisés pisou na Terra Prometida, no monte da transfiguração (Mc 9.4)

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

sábado, 29 de janeiro de 2022

Elias, o profeta da chuva e do fogo. Capítulo 4

A TRAJETÓRIA DE ELIAS 

A profecia de Elias sobre a seca, que também o atingiria, deu inicio ao combate entre o verdadeiro Deus e Baal.  O profeta havia se tornado uma persona non grata em Israel, por isto foi enviado para se refugiar no ribeiro de Querite (I Rs 17.3). Sua mensagem (I Rs 17.1) soou como um desafio a Acabe, forçando-o a sair de cena temporariamente, caso contrário seria morto. 

a) A trajetória de Elias – de Querite à Sarepta:

Em Querite, foi sustentado milagrosamente e da forma mais improvável (I Rs 17.3-6). Um lugar de sombra e água fresca, mas não representava o ponto final de sua jornada. Um local propicio para Deus treinar e trabalhar na vida do profeta.

No entanto, não poderia fixar-se naquele local, porque não havia a fonte permanente, já que se tratava de um rio temporário que dependia das águas das chuvas, justamente o que faltava na época.

Aquela provisão seria temporária, pois o ribeiro se secaria aos poucos, mesmo assim e também contrariando a lógica humana, o profeta permaneceu no local e não correu da situação. Quem faz de Querite o seu ponto final certamente terá problemas, porque esta fonte seca, isto prova.

Elias somente saiu de Querite quando Deus ordenou que fosse a Sarepta, de Sidom. Para socorrer e sustentar os seus filhos, Deus usa os meios mais inesperados. “Vai-te daqui, saia de cena. Procure refúgio, esconderijo". O rei jamais procuraria Elias em Sarepta.

Deus o instruiu a ir para Sarepta (I Rs 17.9), na Fenícia, para ser sustentado por uma pobre viúva, que contemplaria o Deus de Israel abençoando sua vida.

Como foi difícil se imaginar recebendo algo daquela pobre viúva, que não conhecia, não sabia nada sobre a sua religião, se era ou não simpatizante de Jezabel. Como confiar nela?

Será que a notícia de uma possível recompensa pela prisão de Elias havia se espalhado naquela região? Se tivesse, estava correndo perigo? Imaginem os vizinhos ou os habitantes da cidade quando vissem aquele homem rude, certamente o reconheceriam.

A visita do profeta Elias a terra de Sarepta é emblemática por muitos motivos. Primeiro, a história nos revela o cuidado de Deus para com os que se dispõem a fazer a sua vontade. Em segundo lugar o profeta foi enviado para confrontar a apostasia, por isto necessitava de um lugar seguro para refugiar-se, mas como é difícil imaginarmos que Sarepta[1] fosse este local.

O episódio revela a soberania de Deus sobre as nações. Mesmo tratando-se de uma terra pagã, Deus escolheu dentre os moradores de Sarepta, uma mulher que serviria como instrumento para seu propósito.

Outras pessoas estavam em melhores condições, mas Deus ordenou uma viúva pobre, humilde, que estava bem pior que o profeta, que o socorresse, pois tinha plano para abençoar os dois lados.

A pessoa que mais recebeu de Deus foi a viúva e não Elias, conforme o relatado por Jesus (Lc 4.25-26). Assim como no caso dos corvos, a ordem para o sustento havia partido do céu, portanto não tinha como a pobre mulher e o profeta duvidarem ou relutarem (I Rs 17.4, 9).

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[1] Sarepta de Sidom, a nação da rainha Jezabel.

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Prefiro murmurar no deserto. As dez murmurações do primogênito. Capítulo


O CLAMOR

Somente perceberam a gravidade da situação quando viram Moisés e Arão se afastando do meio da congregação, não para escaparem das consequências, mas sim para se prostrarem em favor deles.

Este era o clamor pelo primeiro erro, depois Moisés e Arão novamente entrariam em ação. 

“E falou o SENHOR a Moisés e a Arão, dizendo: Apartai-vos do meio desta congregação, e os consumirei num momento. Mas eles se prostraram sobre os seus rostos, e disseram: O Deus, Deus dos espíritos de toda a carne, pecará um só homem, e indignar-te-ás tu contra toda esta congregação?” (Nm 16.20-22). 

Mas antes de verem o cumprimento desta palavra, os hebreus tomaram duas decisões importantíssimas, pois estavam na iminência de serem destruídos;

  • Mudaram de opinião: Estavam cansados da peregrinação, por isto deram crédito aos revoltosos. Era grande a ansiedade por verem Deus mudando de ideia quanto à sentença anterior, quando perderam o direito da entrada em Canaã, mas quando ouviram a resposta do clamor trataram logo de obedecer as novas ordens que lhes foram entregues, mesmo porque que outra atitude poderiam tomar?
  • Reconheceram a autoridade de Moisés: diante deste acontecimento notaram que Moisés e Arão ainda tinham o apoio de Deus para continuarem liderando, portanto apoiaram novamente seus lideres para escaparem da morte, deixando a culpa sobre o ombro dos três revoltosos e suas famílias.

Mas este problema gerou outro ainda pior. No dia seguinte quando viram os revoltosos mortos, culparam Moisés e Arão por todo o ocorrido, pelas mortes, mas não se lembraram de agradecer por estarem vivos e por terem recebido outro livramento. 

“Mas no dia seguinte toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão, dizendo: Vós matastes o povo do SENHOR” (Nm 16.41). 

Perceberam a falta dos duzentos e cinquenta e três homens e suas respectivas famílias e logo elegeram culpados para toda aquela tragédia.

Logicamente sobrou para Moisés e Arão, que levaram ao conhecimento de Deus. Estavam prestes a serem dizimados a não ser que alguém clamasse.

Foi necessário outro clamor, pois uma praga começou a dizimar o povo, por terem apontado seus lideres como culpados pela morte dos revoltosos. Moisés e Arão correram de um lado para o outro tentando convencê-los do pecado.

Arão tomou o incensário e pôs nele fogo do altar para fazer expiação para cessar a praga. Um grande temor tomou conta da congregação, mas os prejuízos foram inevitáveis. A solução foi confiar no clamor de Moisés e Arão para que cessasse a praga. Não havia outra atitude a tomarem.

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Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Como ler as escrituras - Plano de aula (lição 5)



INTRODUÇÃO

Leitura da Bíblia é um dever, mas acima disto é um privilégio. Quanto ao entendimento, compreensão e interpretação não existem adjetivos para qualificar os que fazem uso dela como regra de fé, ou seja, se a leitura é um dever e privilégio, o entendimento, compreensão e interpretação é para poucos e torna-se um diferencial gritante que separa homens espirituais dos carnais.

Para a mudança de grupo, dos carnais para os espirituais, não basta somente cumprir o dever de ler as Escrituras Sagradas, pois muitos leem, mas não entendem nada e não a tomam como regra de fé e conduta. Para mudar de grupo tem que entender, compreender e interpretar corretamente a Bíblia e somente Jesus pode conceder. Deste pressuposto é que podemos afirmar que somos escolhidos “a dedo”.

 

I – A BIBLIA PRECISA SER INTERPRETADA

1. A importância da exegese

Exegese, um grande palavrão, difícil de pronunciar, ás vezes, muito mais complicado de entender sua definição, mas de grande valia para leitura, compreensão e entendimento da Bíblia.

A exegese, assim como toda a Teologia, deve ser usada para esclarecer e tirar as almas das mãos do inimigo. Nunca deve ser usada para desestabilizar crentes, evitando os desnecessários debates e combates da lei (Tt 3.9).

a) A natureza da Exegese Bíblica

  • Exegese rabínica: Os judeus interpretavam a escritura ao pé da letra, por causa da noção de inspiração que tinham. Se uma palavra não tinha sentido perceptível imediatamente, eles usavam artifícios intelectuais, para lhes dar um sentido, porque todas as palavras da Bíblia tinham que ter uma explicação. O exemplo do paralítico é antológico: ele passara 38 anos doente. Por que 38? Ora, 40 é um número perfeito, usado várias vezes na vida de Cristo (antes da ressurreição, no jejum) ou também no AT (deserto, Sinai). Dois é outro número perfeito, porque os mandamentos (vontade) de Deus se resumem em "2": amar Deus e ao próximo. Portanto, tirando um número perfeito de outro, isto é, tirando 2 de 40 deve dar um número imperfeito (38) que é número de doença;
  •  Exegese protestante: Surgiu do protesto de alguns cristãos contra a autoridade da Igreja como intérprete fiel da Bíblia. Lutero instituiu o princípio da "scritura sola" (só a escritura), sem tradição, sem autoridade, sem outra prova que não a própria Bíblia. A partir daquele instante, os Protestantes se dedicaram a um estudo mais acentuado e profundo da Bíblia, antecipando-se mesmo aos católicos. Mas o princípio posto por Lutero contribuiu para um desastre hermenêutico, pois ele mesmo disse que cada um interpretasse a Bíblia como entendesse. Isto fez surgir várias correntes de interpretação, que podem se resumir em duas: a conservadora e a racionalista. A conservadora parte daquele principio da inspiração (ditado), em que se consideram até os pontos massoréticos (manuscritos hebraicos) como inspirados. Não se deve aplicar qualquer método cientifico para entender o que está escrito. É só ler e, do modo que Deus quiser. A racionalista foi influenciada pelo iluminismo e começou a negar os milagres. Daí passou à negação de certos fatos, como os referentes a Abraão. Afirmam que as narrações descritas, como provam o vocabulário, os costumes, são coisas de uma época posterior, atribuído àquela por ignorância. Esta teoria teve muito sucesso e começaram a surgir várias “vidas” de Jesus, apresentando-o como um pregador popular, frustrado, fracassado;
  • Exegese Católica: Inicialmente, apegou-se muito aos métodos tradicionais: usava mais a tradição e menos a Bíblia. Mesmo no século XIX, a tendência era ainda conservar a apologética, a defesa da fé. Foi o Padre Lagrange quem iniciou o movimento de restauração da exegese católica. Começou a comentar o Antigo Testamento com base na critica histórica. Mas foi alvo de tantos protestos que não teve coragem de continuar. Em seguida, comentou o Novo Testamento, e ainda hoje é autoridade no assunto. A Igreja Católica custou muito a perceber o seu atraso no estudo bíblico.

 

2. As limitações dos leitores

Todos os leitores são interpretes, o problema é a influência na interpretação que muitos tentam exercer sobre outros, mesmo antes da leitura minuciosa. Isso é muito comum, pois terceiros, totalmente fora da direção de Deus e contrários a verdadeira intenção do Espirito Santo, tentam forçar o entendimento das Escrituras por parte daqueles que ainda não mergulharam ou questão titubeando entre dois pensamentos.

 

“é fácil demais aplicarmos ao texto bíblico as interpretações tradicionais que recebemos de terceiros”. (Baptista, 2001, p.58)

 

a) Como diria o poeta, em um momento de lucidez:

 

“É você olhar no espelho,

se sentir um grandessíssimo idiota,

saber que é humano, ridículo, limitado,

que só usa dez por cento de sua cabeça animal…

 

3. A natureza das Escrituras

A Palavra foi provada, purificada para se tornar regra de fé, esperança e principalmente para ser interpretada. Ela clama por “verdadeiros interpretes”. Deus procura os verdadeiros interpretes para que interpretem a Palavra e adorem a Deus em espírito e em verdade, nada mais além disso.

 

II – PRESSUPOSTOS PENTECOSTAIS PARA LER A BÍBLIA

1. Autoridade da Bíblia

O que está escrito na Palavra nunca e jamais deverá ou poderá ser questionado, uma vez que é a mais pura vontade de Deus para a humanidade, por isso deve ser criada e seguida à risca. Este direito a interpretação  e experiência com a Palavra é para poucos.

 

2. A iluminação do Espírito Santo

Sem o Espírito Santo trabalhando seria impossível o homem receber a revelação de Deus através da leitura de sua Palavra. A iluminação e discernimento se fazem necessários justamente para que não criemos regras humanas, fábulas e mitologias acerca do que já foi provado. 

A salvação é revelada na exposição da Palavra ao público alvo, no entanto, é necessário que haja o estudo, pesquisa, e principalmente dedicação na busca pela revelação do que está contido na Bíblia. 

Esta é uma das tarefas atribuídas ao Espírito Santo na vida daqueles que mergulham nos mistérios espirituais de Deus, além de ensinar, nos lembrar, guiar, apresentar a santificação e principalmente discernir as coisas materiais das espirituais.

 

3. O valor da experiência

A interpretação correta da Bíblia não necessita da aplicação de nossa experiência pessoal, pois é comum, muitas vezes, estabelecermos parâmetros extraídos de nossa experiência pessoal (espiritual) para balizar e ensinar muitos o caminho da verdade. 

Bem que se torna necessário, e que não pode ser desprezado, o nosso conhecimento secular, o senso comum, nossa experiência de vida, passado, gostos, medos e outros tantos elementos para procurarmos entender e compreender a Palavra, que nos diga o apóstolo Paulo, educado aos pés de Gamaliel, conhecedor profundo das Escrituras (faltava somente a Graça para pregar como Estevão, por isso ficou ouvindo a pregação do mártir).

 

“De outro lado, a experiência também não pode ser negligenciada”. (Baptista, 2001 p.63)

A experiência serve justamente para compreendermos todo o processo de transformação pelo qual fomos agraciados (Ec 7.10). Entendendo isto, certamente começaremos a interpretar corretamente a Bíblia, ou pelos menos tentaremos.

 

III – REGRAS BÁSICAS DE INTERPRETAÇÃO

1. A escritura é a sua própria intérprete

Etimologicamente a palavra hermenêutica deriva do verbo “hermeneutikós” que significa explicar, traduzir interpretar. A sua raiz esta ligada ao deus grego Hermes. Este deus mitológico, que tinha asas nos pés, encarregava-se de levar as mensagens dos deuses aos destinatários. Assim a ideia é levar alguma coisa ou situação do estado de ininteligibilidade ao da compreensão. Assim na antiguidade grega esta palavra tem três sentidos: expressar em voz alta, dizer, explicar e interpretar. Hermenêutica é a ciência e a arte que estuda a interpretação da Bíblia, que permitirá uma análise criteriosa para chegarmos o mais próximo possível do que o autor quis dizer.

 

a) A necessidade da Hermenêutica

O apóstolo Pedro admite que nas Escrituras "há certas cousas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam” para a própria destruição. São muitas as dificuldades que o texto bíblico apresenta:

  • Língua, tempo, história, sociedade, estilos, costumes, culturas;
  • Variedade do estilo literário, pois contém poesias, estórias, parábolas, epístolas;
  • Foram cerca de 1600 anos para a Bíblia ser escrita;
  • Diversidade cultural dos autores, alguns poetas como Esdras e Salomão, profetas como Isaías, guerreiros como Davi, pastores como Amós, estadistas como Daniel, sábios, como Moisés e Paulo, e "pescadores, homens sem letras", como Pedro e João. Destes, uns formularam leis, como Moisés, outros escreveram história como Josué, outro salmos e provérbios como Davi e Salomão, outros profecias como como Jeremias, Isaías, Ezequiel, uns escreveram biografias como os evangelistas e outros cartas os apóstolos.

 

b) Importância da Hermenêutica

A Bíblia recebeu um valor inquestionável, da parte dos judeus e cristãos, por isto é importantíssimo o aprofundamento dos estudos. Este é o fundamento de partida da Hermenêutica.

 

2. Princípios de interpretação bíblica

a) Cuidados para a interpretação

  • Princípio de Interpretação Gramatical: A pregação bíblica começa com a exegese do texto, e a exegese segue os princípios gramaticais. É necessário se entender o significado verbal do texto analisando a função e o sentido das palavras empregadas. Visto que a Bíblia foi escrita em hebraico e grego (e algumas partes em aramaico) o ministro que não conhece essas línguas se encontra numa posição desvantajosa. Não basta achar num dicionário o termo equivalente em português a uma palavra hebraica ou grega. O ministro que não possui adequadas habilidades linguísticas pode fazer uso de tais auxílios lexicais como comentários, concordâncias e dicionários;
  • Princípio de Interpretação Histórica: A exegese histórica não nega a inspiração da Bíblia, antes confirma o seu caráter histórico. Visto que a Bíblia é um documento histórico e a Igreja é um movimento histórico, a exegese histórica é importante tanto para compreender a mensagem bíblica como para determinar seu significado na atualidade. Questões de data, autoria, antecedentes e circunstâncias são essenciais à tarefa de preparar sermões bíblicos. Quanto mais conhecermos as condições político-religiosas e socioeconômicas sob as quais foi escrito certo documento, tanto melhor poderemos compreender a mensagem do autor e aplicá-la de acordo com isso;
  • Princípio de Interpretação Teológica: é necessário a compreensão e entendimento do texto. É preciso o conhecimento teológico capaz de elucidar o texto. O pregador deve conhecer tradições, filosofia, maneira de pensar, "Cosmovisão", as ideias acerca de Deus e da religião na época em que aquela mensagem foi escrita.

 

b) Regras de interpretação

  • 1ª regra (Interpretar segundo o significado das palavras): Enquanto for possível, é necessário tomar as palavras no seu sentido usual e comum. Regra natural e simples, porém importantissima, pois caso ignorada, fatalmente muitas partes da Escritura não terá o devido sentido. A interpretação deve ocorrer levando em conta o significado das palavras. Um exemplo é a palavra carne, que algumas vezes pode ter um sentido comum (Ez 11.19), mas em outros significa a natureza humana (Jo 1.14; Rm 1.3) e em outros casos faz alusão à natureza pecaminosa do homem (Rm 8.5, Ef 2.3). Em Gênesis 6.12, lemos que toda carne havia corrompido, portanto, quando tomamos as palavras “carne” e “caminho” no sentido figurado facilmente entenderemos que se tratam, respectivamente, de pessoas e costumes, modo de proceder ou religião. Sangue é outra palavra que pode tomar significados diferentes dependendo da correta interpretação, exemplo: “Caia sobre nós o seu sangue" (Mt 27.25), nesta passagem toma o sentido de culpa. “Sendo justificados pelo seu sangue" (Rm 5.9), traz o sentido da obediência de Jesus até a morte. “...o sangue de Cristo purificará a nossa consciência das obras mortas" (Hb 9.14), isto é, o sacrifício de Jesus é o fundamento da justificação e o instrumento e o motivo da santificação;
  • 2ª regra (Interpretar segundo o objetivo do livro): Esta regra de interpretação é útil e nos leva a conhecer o objetivo dos livros. Por exemplo: a carta aos Gálatas foi escrita porque membros da igreja, influenciados por mestres judaizantes, pensavam em ser justificados guardando a lei e observando os ritos judaicos (Gl 2.16; 3.1-6). A carta de Tiago teve por objetivo provar que ninguém podia ser justificado por uma fé passiva, uma fé que não produza boas obras. Nesta regra é importante considerar o desígnio ou objetivo, tanto do livro, quanto das passagens. Os diferentes autores da Bíblia viveram em tempos, culturas, situações sociais e regiões diferentes. Os livros foram escritos por sacerdotes, Sumo-sacerdote, reis, copeiro, escribas, profetas, governador, pastores, cobrador de impostos, agricultores, médico, pescadores, entre outros, portanto, eram culturas distintas que atendiam os anseios de cada época, mas que também visualizavam o cenário da humanidade ao longo da historia;
  • 3ª regra (Contexto): É importantíssimo a observação da parte que vem antes ou depois do texto, por isso não se deve interpretar um texto sem o auxílio do contexto, para não se inventar um pretexto (Lc 19.8-44; At 8.30-31; Is 53.7). Esta regra diz ser necessário tomar as palavras no sentido indicado no contexto, consultando sempre os versículos que precedem, quanto os que se seguem. Exemplo: "Quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo" (Gl 4.3, 9-11), nesta passagem o que são os rudimentos do mundo? O que vem depois da palavra nos explica que são práticas de costumes judaicos. Outro exemplo: “e também os que dormiram em Cristo estão perdidos” (I Co 15.18). Se lermos apenas este versículos teremos a certeza de que todos os que morreram em Cristo estão perdidos, no entanto se lermos os versículos anteriores e posteriores entenderemos a ideia de Paulo;
  • 4ª regra (Interpretar a Bíblia pela própria Bíblia): Quando o conjunto da frase ou o contexto não bastam para explicar uma palavra duvidosa, procura-se às vezes adquirir seu verdadeiro significado consultando outros textos. O principio desta regra é interpretar a Bíblia pela própria Bíblia e é também chamado de consulta às passagens paralelas. Se este princípio fosse sempre seguido muitos erros seriam evitados. A revelação de Jesus dada aos discípulos: "tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" (Mt 16.18), quando comparamos esta passagem com a afirmação de Paulo de que o único fundamento da Igreja é Cristo, fica clara a correta interpretação (1 Co 3.11). Outro exemplo: "Trago no corpo as marcas de Jesus" (Gl 6.17), quais marcas eram essas? A frase e muito menos o contexto nos elucidam a passagem, portanto torna-se necessário recorrer a outras passagens (II Co 4.10; 11.23). O rei Davi que andou segundo o coração de Deus, foi ele portanto um exemplo de perfeição a ser seguido? Não, pois foram muitas suas faltas e erros. Buscando os paralelos encontramos a resposta (I Sm 2.35; 13.14). Outros casos são: (Lc 16.16 x Mt 11.13 e At 2.21 x Mt 7.21);
  • 5ª regra (Interpretação do texto): É aquilo que a passagem quer dizer no tempo, no espaço e nas circunstâncias que foram escritas. O literalismo busca o que o texto quer dizer (Jo 21.6), já o simbolismo valoriza o que a figura quer dizer (Ap 3.20);
  • 6ª regra (Aplicação do texto): Um mesmo texto pode ser aplicado à pessoas ou clãs, independente de épocas ou situações geográficas (Mt 13.24-30). O texto facilmente será entendido, pois independe de época ou localização geográfica;
  • 7ª regra (Figuras de retórica):

I) Metáfora, semelhança entre dois objetos ou fatos, caracterizando-se um com o que é próprio do outro. Quando Jesus disse que é a videira verdadeira e os discípulos eram as varas, na verdade Ele estava dizendo que era tronco verdadeiro que transmite vida e forças aos crentes para produzirem frutos. Outros exemplos: “Eu sou a porta; Eu sou o caminho; Eu sou o pão vivo; Vós sois o sal, edifício, etc”;

II) Sinédoque: quando se toma a parte pelo todo ou o todo pela parte, o plural pelo singular, o gênero pela espécie, ou vice-versa. Exemplos: “Minha carne repousará segura", poderia ter dito o meu corpo repousará, mas optou por usar carne.  “Este homem é uma peste e promove sedições entre os judeus dispersos por todo o mundo”, estava falando apenas do mundo conhecido e dominado pelo Império romano alcançado por Paulo;

III) Metonímia: quando se emprega a causa pelo efeito, ou o sinal ou símbolo pela realidade que indica o símbolo. Exemplo: “Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos", poderia ter dito: “eles tem os escritos de Moisés e dos profetas”;

IV) Prosopopéia: personificação de coisas inanimadas, atribuindo-lhes os feitos e ações das pessoas. Exemplo: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão”? (1 Co 15.55). “O amor cobre multidão de pecados" (1 Pd 4.8). “Os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas";

V) Ironia: quando se expressa o contrário do que se quer dizer, porém sempre de tal modo que se faz ressaltar o sentido verdadeiro. Exemplo: Paulo emprega esta figura quando chama aos falsos mestres de “os tais apóstolos”, dando a entender ao mesmo tempo que de nenhum modo são apóstolos. (2 Co 11.5,13; 12.11). Elias usou este recurso no Carmelo quando disse aos sacerdotes sobre o falso deus Baal. "Clamai em altas vozes e despertará, ou quem sabe intente alguma viagem", dando-lhes a compreender, por sua vez, que era de todo inútil gritarem. (1 Rs 18.27);

VI) Tipo: classe de metáfora que não consiste meramente em palavras, mas em fatos, pessoas ou objetos que designam fatos semelhantes, pessoas ou objetos no porvir. Estas figuras são numerosas e chamam-se na Escritura “sombra de coisas futuras” e se encontram, portanto, no Antigo Testamento. Exemplo: Jesus fez referência à serpente de metal levantada no deserto, como tipo, prefigurando a crucificação do Filho do homem (Jo 3.14). Noutra ocasião Jesus se referiu aos fatos acontecidos com Jonas como tipo, prefigurando sua sepultura e ressurreição (Mt 12.40). Paulo nos apresenta o primeiro Adão como tipo, prefigurando o segundo Adão, Jesus  e o Cordeiro Pascoal como o tipo do Redentor (Rm 5.14; 1 Co. 5.7) Sobretudo, a carta aos Hebreus faz referência aos tipos do Antigo Testamento, como, por exemplo, ao sumo sacerdote que prefigurava a Jesus; aos sacrifícios que prefiguravam o sacrifício de Cristo; ao santuário do templo que prefigurava o céu, etc. (Hb 9.11-28; 10.6-10);

VII) Síimbolo: espécie de tipo pelo qual se representa alguma coisa ou algum fato por meio de outra coisa ou fato familiar que se considera a propósito para servir de semelhança ou representação. Exemplos: o leão é considerado o rei dos animais, assim é que Jesus é simbolizado. A força se representa pelo cavalo e a astúcia pela serpente. (Ap 5.5; 6.2; Mt 10.16). As chaves, pela importância, nos da ideia de autoridade (Mt 16.19). As portas das cidade e povoados serviam como fortaleza.


Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Fé e obediência. Abraão, um exemplo para todos os povos. Capítulo 4

5) Primeira dificuldade

Os problemas logo apareceram, primeiro foi a fome, justamente naquela terra hostil e desconhecida, que não apresentava possibilidades. O pior é que não havia um plano alternativo, a única saída, felizmente, seria crer em Deus e esperar a providência. A fé, em ação, impediu que a expectativa gerada na partida se transformasse em frustração.

 

6) Segunda dificuldade

Abraão desceu ao Egito para fugir da fome, mas acabou criando uma situação pior.

Sua esposa era formosa e poderia lhe causar problemas, então resolveu omitir o estado civil, na esperança de preservar suas vidas.

Abraão errou, poderia ter buscado solução em Deus, que apresentaria um escape. Uma atitude precipitada que revelou sua fragilidade e quase comprometeu o seu futuro e toda a descendência.

Um homem esperançoso, que aguardava ansioso o cumprimento das promessas, porém ao seu lado estava uma esposa que poderia se tornar um obstáculo para sua trajetória.

No entanto, Sara acompanhou seu marido desde o início e juntos viveram as primeiras e mais ricas experiências com Deus em terras estranhas.


Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

Homilética - aula 1

I – HOMILÉTICA

1) DEFINIÇÃO E CONCEITOS

Homilética, a arte de pregar, ou seja, a utilização dos princípios da retórica com a finalidade de falar sobre a Bíblia. Etimologicamente, homilética do grego Homiletikos, que por sua vez derivou de homilos, que significa “multidão” ou “assembleia do povo” estuda os princípios fundamentais do discurso em público, aplicados na proclamação do Evangelho. Alguns termos aparecem com frequência;

  • Comunicação: Ação, efeito ou meio de comunicar, aviso, participação, ligação, comunhão;
  • Dicção: Maneira de dizer ou pronunciar, expressão, arte de recitar;
  • Exegese: Interpretação, explicação ou comentário (gramatical, histórico, jurídico, etc.) de textos, principalmente da Bíblia;
  • Eloquência: Capacidade de falar e exprimir-se com facilidade; dom da falar com fluência;
  • Fonação: Conjunto dos fenômenos que produzem a voz;
  • Hermenêutica: Princípios de interpretação bíblica, arte de interpretar os livros sagrados e os textos antigos;
  • Homilética: Eloquência de púlpito, arte de pregar sermões, não se abstendo do aprimoramento das habilidades oratórias. É a ciência que ensina os princípios fundamentais dos discursos em público;
  • Lógica: Ciência do raciocínio; coerência; raciocínio encadeado; ligação de ideias;
  • Oratória: Arte de falar em público eloquentemente ou em consonância com as regras da retórica; peça dramática religiosa;
  • Persuasão: Ato ou efeito de persuadir, convicção, crença. Vem de Persuadir. Levar a crer ou aceitar, aconselhar, induzir;
  • Pronúncia: Articulação do som das letras, sílabas ou palavras. Maneira especial de pronunciar os sons de certa língua;
  • Pregação: É a comunicação verbal da verdade divina com o fim de persuadir. Tem em si dois elementos. A verdade e a personalidade;
  • Retórica: A arte do uso eficiente das palavras em falar e escrever;
  • Sermão: Um discurso religioso formal, baseado na Palavra de Deus, e que tem por objetivo salvar os homens;
  • Tema: É a matéria de que trata o sermão; a ideia central do sermão; o assunto apresentado no sermão.

continua...
Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

domingo, 23 de janeiro de 2022

Os patriarcas. Coincidências ou repetições da história? – Capítulo 17

José

Morreu com cento e dez anos, mas certo que um dia aquele povo seria visitado por Deus para levá-los a terra que jurara a Abraão, Isaque e Jacó, seu pai.

José foi um profeta, pois antes de sua promoção, fez seus irmãos jurarem que levariam os seus ossos quando fossem visitados por Deus. Sabia que não demoraria muito e os egípcios esqueceriam os seus feitos, por isto se preocupou com o seu pós-morte.

Moisés cumpriu o juramento, no momento da saída do Egito, mas como não esqueceram? Havia passado tanto tempo? Promessa feita a um patriarca tinha um peso incalculável.

Sua recompensa maior foi na distribuição das tribos, pois seus dois filhos, Efraim e Manasses[1], receberam em seu lugar e de Levi o direito de serem representantes maiores de suas respectivas tribos. Foi promessa de Jacó, antes de ser congregado ao seu povo.

continua...


[1] Duas tribos de Israel tem um pouco de sangue egípcio? Manassés e Efraim.

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

sábado, 22 de janeiro de 2022

Elias, o profeta da chuva e do fogo. Capítulo 3

e) Água para o profeta:

Embora houvesse uma escassez generalizada em Israel, Deus cuidou de Elias de uma forma especial que nada veio lhe faltar (I Rs 17.1-7). Primeiramente o afastou do local onde o seu julgamento poderia ser executado pelo rei Acabe (I Rs 17.3).

Elias foi orientado a se esconder: “Esconde-te junto ao ribeiro de Querite[1]” (I Rs 17.3), a leste do rio Jordão. Foi uma fuga espetacular, bem planejada por Deus e executada pelo profeta. Ninguém o procuraria em sua própria terra. Qualquer outro fugiria para bem longe.

Lá em Querite teve água em abundância, mas não se preocupou e não percebeu que a situação estava prestes a mudar. Havia água realmente, mas o ribeiro estava secando aos poucos (I Rs 17.7).

Foi suprido com pão e carne trazidos pelos corvos (I Rs 17.6), uma ave imunda (Lv 11.16). Aquilo era uma provisão divina e não uma iguaria, por isto veio daquela forma, pois se os pães e a carne fossem trazidos por outras aves ou animais puros, certamente seriam mortos pelos famintos israelitas.

Pela sua obediência ficou em segurança e foi preservado da fúria do rei Acabe. Procuraram em todos os lugares, mas ninguém pensou em procurá-lo justamente naquele lugarzinho.

 

f) Pão e carne em abundância na seca:

Deus também trouxe provisão para os cem profetas (I Rs 18.4, 13), através de Obadias, mordomo do rei Acabe. O socorro para os profetas perseguidos por Jezabel saiu de dentro do próprio palácio.

O Senhor falou a Elias que ainda contava com sete mil pessoas que não haviam dobrado os seus joelhos diante de Baal (I Rs 19.18). Certamente Obadias fazia parte deste seleto grupo de fiéis.

Deus foi o grande pastor de nunca deixou faltar nada para estes sete mil que ainda não haviam dobrado seus joelhos (I Rs 19.18) e em especial, também foi para Elias, principalmente durante o período compreendido entre a primeira e segunda aparição diante de Acabe (I Rs 17.1; 18.1).

Não faltou pão e carne para Elias, mesmo que foram entregues por corvos e para os profetas escondidos por Obadias Deus providenciou pão e água.

Logo pelas manhãs as entregas foram pontuais, garantidas pelo próprio Deus (I Rs 17.4), tal como aconteceu no deserto enquanto Israel caminhava em direção a Canaã (Ex 16.21), quando o maná era enviado todos os dias e só cessou quando entraram na Terra Prometida (Ex 16.35, cf Js 5.12).

Os corvos eram aves imundas que os hebreus abominavam (Lv 11.15) e como Elias não encontrou dificuldades ou não apresentou obstáculos para aceitar aquela situação?

O instrumento era duvidoso, asqueroso, mas a fonte da benção não! Se fosse outro homem (At 10.14), certamente recusaria ou relutaria por alguns instantes. Deus ordenou e os corvos obedeceram.

Comer pão e carne entregues por corvos deve ter sido estranho, tanto quanto ver o ribeiro se secando, mas nada se compare a se dirigir à cidade da rainha perseguidora, Sarepta, justamente o lugar mais seguro para Elias.



[1] Querite, um local de anonimato para Elias. O ribeiro era temporário, pois dependia das águas da chuva. Um lugar de provisões de Deus.

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

Prefiro murmurar no deserto. As dez murmurações do primogênito. Capítulo 9

9ª MURMURAÇÃO - MOTIVO: QUERIAM SER INDEPENDENTES 

Estavam cientes de que peregrinariam por quarenta anos pelo meio do deserto até que todos morressem para que então uma nova geração de israelitas recebesse a bênção. Restava somente um consolo, a esperança de que Deus revisse sua decisão.

Moisés esperava que depois de tudo o ocorrido, o temor se apoderasse deles, porém o que viu foi um novo principio de revolta brotar naqueles corações ingratos.

A rebeldia novamente veio a tona entre a multidão, quando Coré, Datã e Abirão, se insurgiram contra os líderes, mas tanto eles quanto o povo, sofreram as consequências desta rebeldia. A intenção era dividir, enfraquecer, desgastar e promover a imagem de cada um.

Tomar o poder naquela altura da caminhada era muito fácil, bastava uma revolução e um golpe, mas o interessante é que durante o tempo de escravidão no Egito nenhum homem se levantou com tamanha valentia para livrar o povo do sofrimento. Agora imaginavam que bastava se rebelarem contra Moisés, porém não imaginavam que estariam se rebelando contra o próprio Deus e isto não ficaria impune.

A rebeldia enfraqueceria o grupo, fortaleceria o deserto e os inimigos que aguardavam pelo encontro com os hebreus. Ninguém pensou nisto?

O pior é que a caminhada parava durante a rebeldia e isto aumentava o tempo da jornada. Quem ganhava com isto?

 

A MURMURAÇÃO

A tranquilidade dos hebreus foi alterada a partir do momento em que Core, Data e Abirão se rebelaram ajuntando entre si duzentos e cinquenta homens, todos maiorais daquela congregação, para tomarem o controle, pois se julgavam capazes de administrarem aquela multidão. Imaginavam que reuniam as mesmas condições espirituais e morais que Moisés. Queriam ser independentes. 

“E Coré, filho de Jizar, filho de Coate, filho de Levi, tomou consigo a Datã e a Abirão, filhos de Eliabe, e a Om, filho de Pelete, filhos de Rúben. E levantaram-se perante Moisés com duzentos e cinquenta homens dos filhos de Israel, príncipes da congregação, chamados à assembleia, homens de posição. E se congregaram contra Moisés e contra Arão, e lhes disseram: Basta-vos, pois que toda a congregação é santa, todos são santos, e o SENHOR está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a congregação do Senhor?” (Nm 16.1-3). 

O desejo dos rebeldes era influenciar uma grande parte daquela congregação, já que todos morreriam mesmo no deserto, então não teriam motivos para continuarem sob o assenhoramento de Moisés (Nm 16.13).

Era incompreensível a atitude daquele povo. Porque eram iludidos tão facilmente, por qualquer tipo de conversa ou boato. Os argumentos que os revoltosos apresentaram eram mais dignos de confiança do que o que já tinham visto na liderança de Moisés?

continua...

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)