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sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Prefiro murmurar no deserto. As dez murmurações do primogênito. Capítulo 8

O CLAMOR

Moisés se colocou na presença de Deus em favor daquele povo obstinado e de dura cerviz. 

“Perdoa, pois, a iniquidade deste povo, segundo a grandeza da tua misericórdia; e como também perdoaste a este povo desde a terra do Egito até aqui” (Nm 14.19). 

Moisés esperava que os espias voltassem com notícias animadoras, pois havia escolhido criteriosamente entre milhares, porém em contrário às suas expectativas, os mensageiros em vez de animarem provocaram rebelião.

 

O LIVRAMENTO

As outras nações já conheciam a história da libertação e do que havia ocorrido no deserto. Moisés usava isto como um trunfo para tocar o coração de Deus. 

“Neste deserto cairão os vossos cadáveres, como também todos os que de vós foram contados segundo toda a vossa conta, de vinte anos para cima, os que dentre vós contra mim murmurastes. Não entrareis na terra, pela qual levantei a minha mão que vos faria habitar nela, salvo Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num” (Nm 14.29-30). 

Receberam mais um livramento, porém perceberam aborrecimento de Deus. A ansiedade por chegarem as tão sonhadas terras era grande, porém todos se entristeceram ao ouvirem de Moisés que não entrariam e que nada mudaria esta decisão. Somente Josué e Calebe entrariam, pois foram os únicos que acreditaram na possibilidade de vitória.

Tirados do Egito, peregrinos pelo deserto para serem surpreendidos com aquela notícia tão desagradável, bem ali às portas de Canaã. Quantos não atribuíram a Deus o titulo de injusto? Se antes, por muito menos, disseram a Moisés que estavam sendo injustiçados e que preferiram voltar para o Egito, imagine então diante daquela revelação?

Na verdade até poderiam classificar esta decisão como injusta, porém teríamos que observar um pequeno detalhe, que fatalmente os faria mudar este conceito. 

“Assim partiram os filhos de Israel até Ramessés”. Porém, tão certamente como eu vivo, e como a glória do SENHOR encherá toda a terra. E que todos os homens que viram a minha glória e os meus sinais, que fiz no Egito e no deserto, e me tentaram estas dez vezes, e não obedeceram à minha voz, Não verão a terra de que a seus pais jurei, e nenhum daqueles que me provocaram a verá” (Ex 12.37; Nm 14.21-23). 

Saíram do Egito renovados e alegres com o fim do sofrimento e possível desfruto da bênção, mas aquele sentimento deu lugar a tristeza, pois jamais imaginavam que seriam sentenciados à morte, logo ali, tão próximo de Canaã. Isto não foi demonstração de injustiça, pelo contrário.

Se a Bíblia fosse composta por Gênesis e somente com os treze primeiros capítulos de Êxodo, sem Levíticos e com o livro de Números iniciando a partir do capitulo catorze, momento que os hebreus perderam o direito de entrar em Canaã, certamente enxergaríamos uma grande injustiça, pois veríamos os hebreus saindo do Egito, guiado pelo deserto, para depois serem proibidos de entrarem nas terras que mais desejavam. Uma grande injustiça aos olhos humanos. Por que então Deus não deixou todos no cárcere egípcio? Pelo menos ali nunca faltou o alimento racionado, a água rara e principalmente a terra para seus túmulos.

Os vinte e sete últimos capítulos do livro de Êxodo e os treze primeiros de Número trazem à tona toda a verdade e nos mostram o verdadeiro caráter dos hebreus e o motivo que fez Deus tirar do seu povo o direito à entrada em Canaã. 

“...e me tentaram estas dez vezes” (Nm 14.22). 

Somente Josué e Calebe reuniam condições para receberem a bênção, inclusive Moisés também estava na lista dos que não entrariam, por mais que tenha tentado mudar esta situação sem sucesso[1] (Dt 3.23-26).

Não perceberam que o passado deve servir de experiência, o presente deve ser vivido e o futuro deve ser aguardado. A lembrança do passado e a murmuração do presente interferiram na bênção do futuro.

Peregrinariam por mais longos quarenta anos, para simbolizar os dias em que os doze espias estiveram espiando Canaã e para que os de vinte anos para cima morressem.

Foram trinta e oito anos para que aquela geração de murmuradores fosse consumida (Dt 2.14). Deus sabia bem que eram os de vinte anos para cima que perderam a benção, não tinha como alguém mentir ou esconder sua idade.

continua...



[1] Este foi o dia em que Deus disse “basta” para Moisés e não quis mais falar sobre este assunto com ele (Dt 3.23-26).

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

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