Abraão,
obedecendo ordens de Deus, deixou o conforto e garantia de prosperidade em suas
terras para peregrinar por uma região inóspita, desconhecida, longínqua e
cercada de incertezas.
De uma hora para
outra, mudou o seu padrão de vida e se lançou naquela que se tornaria a maior
de suas jornadas. A amizade, o companheirismo e o amor que reinava entre sua
família certamente deram lugares ao ódio, solidão e ingratidão que presenciou
ao chegar em terras cananeias. Deixou tudo, família, propriedades e peregrinou
até chegar ao ponto final de sua jornada. Habitou entre os cananeus, enfrentou
a fome, conheceu o Egito
Então o patriarca
Abraão tomou posse da promessa e agora anos mais tarde, os hebreus, seus
descendentes, revivendo a história. Eram necessários quarenta dias, para
espiarem, conhecerem as fraquezas, qualidades e para verem se realmente manava
leite e mel.
Canaã era uma
promessa e não uma doação, aquela terra precisava ser conquistada, mas antes
necessitava de um reconhecimento geral para que os planos humanos pudessem ser
colocados em prática, já que o de Deus, em pleno curso, não necessitava de
intervenção ou estudo humano.
A MURMURAÇÃO
Moisés não reunia
mais condições físicas para espiar a terra sozinho e também não poderia se
ausentar[1]
por muito tempo, por isto escolheu um homem de cada uma das doze tribos para
que, corajosamente, se embrenhasse por Canaã.
A convocação dos
doze os diferenciou do restante, pois começaram a ser vistos com outros olhos.
Escolhidos, corajosos, destemidos e que certamente voltariam com boas noticias.
A missão era
simples, deveriam espiar o povo que morava naquela terra, se eram fracos ou
fortes, se eram muitos ou poucos, se a terra era boa ou ruim, se as cidades
eram fortificadas e muradas, se o solo era fértil, se haviam florestas e se
possível deveriam trazer uma amostra de algum fruto, que no caso, seriam uvas,
pois era inicio da colheita.
Uma oportunidade
para entrarem na história, mas deixaram escapar esta chance, apenas dois se
destacaram. Foi justamente deste grupo que saiu o sucessor de Moisés.
Cumpriram à risca
as determinações de Moisés e ao fim dos quarentas dias voltaram da missão.
Todos estavam ansiosos pelo relatório que julgavam ser favorável. Moisés, Arão
e todos os hebreus os receberam de braços abertos.
O relatório no
inicio foi animador, realmente a terra manava leite e mel, o cacho de uva
trazido era prova, porém o semblante de todos mudou quando afirmaram que
aquelas terras eram habitadas por homens de grande estatura, um povo numeroso e
que as cidades eram realmente fortificadas.
O desanimo tomou
conta e aconselharem Moisés a não entrar com o povo naquelas terras, exceto
dois, Josué e Calebe, os únicos que animar a tomarem posse da Terra.
De um lado
estavam dez espias descrentes, medrosos, que afirmaram ser impossível a
conquista de Canaã e do outro lado estavam dois corajosos, destemidos e
crentes, que categoricamente diziam: “sim, é possível, podemos vencer”. Para
quem os hebreus dariam crédito?
Em que os dez
espias fundamentaram seus relatórios? No físico, no olhar humano, na lógica? E
Josué e Calebe? Em que firmaram suas declarações? No desejo de tomarem posse da
terra? Na loucura? Ou na fé? Naquele momento iniciou-se um grande conflito
entre os hebreus. Ver para crer, crer para ver, ou sumir para bem longe do
alcance dos cananeus.
Os que apoiaram
os dez espias medrosos se esqueceram que os cananeus, descendentes de Cam,
estavam sob maldição, enquanto que eles estavam debaixo da bênção de Sem,
Abraão, Isaque e Jacó.
A incredulidade,
medo e covardia os derrubaram por terra os dez espias medrosos. Não entraram na
Terra Prometida e todos os que neles acreditaram, mesmo porque declararam que
seria impossível e realmente foi.
Temeram os
cananeus? Para quem já havia enfrentado e derrotado a maior potência da época,
o que poderia ser impossível?
O que teria
acontecido se soubessem que enfrentariam no Mar Vermelho, a maior de suas
batalhas? E qual seria a reação se visualizasse, logo na saída do Egito, a
comitiva de boas vindas instalada às portas da Terra Prometida? O grupo de
opositores era composto pelos filisteus e amalequitas a Oeste, edomitas a
Leste, amonitas e moabitas ao Norte e os cananeus ao centro.
Quando Moisés enviou aqueles doze homens para espiarem Canaã, esperava receber a notícia mais aguardada, porém para espanto de todos, ouviram que os habitantes daquele lugar eram fortes, poderosos e que resistiriam à grande conquista dos hebreus.
“Então toda a congregação levantou a sua voz; e o povo chorou naquela noite. E todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e contra Arão; e toda a congregação lhes disse: Quem dera tivéssemos morrido na terra do Egito! ou, mesmo neste deserto! E por que o SENHOR nos traz a esta terra, para cairmos à espada, e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos ao Egito?” (Nm 14.1-3).
Cobraram de
Moisés atitudes, desapontaram a Deus e fizeram menção da vida miserável do tempo
do Egito, onde foram mal alimentados, privados da liberdade e expostos à
idolatria e sujeitos à ruína espiritual.
A revolta foi
geral e tentaram apedrejar Josué e Calebe, os únicos que conseguiram enxergar
que os cananeus poderiam ser derrotados. Isto irou a Deus a ponto de dizer a
Moisés que consumiria a todos ali mesmo e que faria dele uma nova nação[2].
Moisés explicou a
todos que tinham condições de vencerem os habitantes de Canaã, mas não creram e
revoltaram-se. Clamaram por novos líderes para guiá-los de volta ao Egito. Isto
aumentou ainda mais o desejo de Deus em consumi-los, pois desanimaram da
promessa.
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