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segunda-feira, 13 de junho de 2022

Elias, o profeta da chuva e do fogo. Capítulo 9

O arrebatemento de Elias não significava o fim do ministério profético em Israel. O profeta foi levado vivo para o céu para que todos entendessem que o trabalho de restauração ainda não havia terminado.

Prova disto é que Elias, juntamente com Moisés, esteve presente no monte da Transfiguração para atestar a messianidade de Jesus. A presença dos neste evento serviu para confirmar que a Lei e os Profetas se cumpriram em Cristo, o Messias prometido.

A transfiguração de Jesus, a forma humana de se transcender ou se transfigurar em algo sobrenatural, relatada nos evangelhos sinóticos, é um dos mais emblemáticos acontecimentos registrados em o Novo Testamento (Mt 17.1-13; Mc 9.2-8; Lc 9.28-36).

Além de Moisés e Elias, estiveram também presentes Pedro, Tiago e João e nenhum deles aparece como a figura central. Naquele dia, as atenções foram tiradas do profeta de Tisbe e direcionadas ao profeta de Nazaré.

 

a) A convocação:

Somente Deus sabe onde e em quais condições se encontravam Elias e Moisés[1], pois nossa imaginação jamais conseguiria ir além para entender este mistério (cf I Co 2.14). O certo é que os dois foram avisados da obrigatoriedade da presença no monte da transfiguração, por isto não criaram obstáculos ou questionaram.

Tudo o que aconteceu ali, foi para edificação de todos, por isto não havia motivos para que não atendessem a tão sublime convocação. Depois da glorificação de Jesus diante dos dorminhocos discípulos (Lc 9.32), os dois convidados ilustres apareceram e iniciaram uma conversa sadia, gostosa e edificante (Lc 9.31). Que privilégio, pois muitos outros fiéis e piedosos desejaram aquele momento e não foram agraciados.

Ao final, se Moisés tivesse ousado perguntar a Jesus, se poderia então descansar em paz, devido a sua condição, digamos de falecido (Dt 34.7), a resposta seria afirmativa, já Elias ouviria um sonoro não, mesmo porque ainda estava vivo e tinha outra missão na terra (Ap 11.1-13).

 

b) Frustrações de dois homens:

Como havia sido difícil o ministério de Moisés e Elias. Confronto com governantes e reis (Ex 5.1; I Rs 17.1; 18.1; 21.19), revolta do povo (Nm 11.4-5; 14.22), desvio espiritual (Ex 32.1), apostasia (Ex 32.8; I Rs 12.28-29), descrença (I Rs 18.24) e outras tantas ações do povo que a cada dia mais se afastava de Deus, mas estes dois gigantes da fé, foram até ao final e contemplaram parte da benção.

Um chegou e contemplou a bênção, mas não colocou os pés, viu a porta fechada que não se abria, mesmo diante de seu clamor, enquanto que o outro havia lutado tanto e quando tudo parecia correr para um desfecho feliz, Deus o tomou desta terra.

Não era justo que não recebessem suas respectivas bênçãos. O plano de Deus previa, um dia, mostrar para os dois e ensinar para a sua igreja, que a justiça Dele é breve e certa.

Parece que ouço Moisés gritando bem alto: “Eis que estou às portas [...] se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta eu entrarei”. Deus ouviu sua voz (Dt 3.23-26), mas não abriu a porta (Dt 34.4-7). Então o grande profeta não pisou na Terra Prometida (Gn 15.13-16; 26.3; 28.14-15; Gn 50.25).

Com Elias aconteceu algo semelhante, ousadia e coragem no início do ministério (I Rs 17.1; 18.1), problemas e dificuldades materiais (I Rs 17.3, 9), longas viagens seguindo orientações de Deus:

  • Saiu de Gileade e foi até a presença do rei Acabe, para se apresentar e dizer que ainda havia Deus em Israel;
  • Foi até Querite, para conhecer o Deus da provisão e para ficar do tamanho certo;
  • De Querite à Sarepta, para apresentar o Deus da provisão e da vida à uma estrangeira necessitada;
  • No monte Carmelo, onde quase cuspiu fogo, pois foi agressivo, direto (I Rs 18.22-40) e honrado por Deus;
  • Do monte Carmelo até Jezreel, para conhecer na pele as consequências de atitudes impensadas (I Rs 18.46), de decisões precipitadas e fora da direção de Deus;
  • De Jezreel até Berseba para conhecer a solidão e ver Deus agindo em seu favor;
  • Foi até Horebe para ter um reencontro com Deus, uma volta às origens, que fortaleceu sua fé para receber a maior de todas as revelações. Algo que foi capaz de colocá-lo em pé imediatamente (I Rs 19.18);
  • Pelo Deserto de Damasco, para ungir dois reis, um para a Síria e outro para Israel e o seu sucessor, Eliseu;
  • Foi para Gilgal, enquanto preparava Eliseu para a sucessão, justamente no local onde o povo de Deus havia acampado (Js 4.19) logo depois da entrada triunfal na Terra Prometida, sobre às águas repartidas do Jordão;
  • Foi para Betel, o lugar de oração, onde Abraão edificou um altar ao Senhor (Gn. 12.8);
  • Foi até Jericó, o lugar da primeira batalha pela Terra Prometida (Js 6), pois até então, durante a caminhada, Israel havia se deparado com alguns inimigos que tentaram impedir a caminhada, mas agora o inimigo queria impedir a posse;
  • No rio Jordão (II Rs 2.1-6) se deu a última parada de Elias.

Parecia que Elias havia chegado ao topo do seu ministério, pois parecia ter visto Israel restaurado, buscando e adorando o verdadeiro e único Deus e não mais iludidos com as estátuas de Baal, mas foi neste momento que ouviu o “vem” de Deus e não resistiu ao chamado.

Elias desejou tanto ver Israel livre da idolatria e apostasia, mas foi tomado por Deus e imaginou ter deixado o caminho livre para Jezabel continuar com seu ardiloso plano de laicizar Israel, impondo-lhe a sua religião vã com seus ídolos quebráveis, no entanto, o seu sucessor daria continuidade ao seu serviço profético nas mesmas condições (I Rs 19.17).

A revelação do Horebe deixava claro que os que escapassem de Jeú, certamente conheceriam a espada de Eliseu. A rainha idólatra escapou do primeiro e deu de cara com o profeta sucessor de Elias (II Rs 9.30-35) e não escapou.

continua...



[1] Elias e Moisés foram os convidados especiais.

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

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