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terça-feira, 12 de junho de 2012

Trabalho: Como surge um líder?







Darei início a este trabalho hoje a noite, na congregação Maria de Lourdes, em nosso setor. Um pouco de geografia e história, com aplicação pessoal no final, com base no 4º trimestre de 2011. 

1. ANTECEDENTES HISTÓRICOS:
Os dois reinos, Norte e Sul, foram levados cativos pela Assíria em 722 a.C. e pela Babilônia em 586 a.C., respectivamente.  Deus havia alertado os dois, em varias oportunidades, mas não deram crédito. Devido a desobediência deliberada, Deus permitiu que os invasores não somente arrasassem, como também os humilhassem. O último a ser levado poderia ter se espelhado na situação caótica do primeiro, pois o intervalo de tempo entre uma deportação e outra permitia esta reflexão.

Em Samaria, capital do reino próspero e maior, foram enviados povos estrangeiros para se misturarem aos moradores (II Rs 17.24), dando assim origem a segregação que perdurou muito tempo, principio da falta de comunicação com os seus irmãos judeus (Jo 4.9). Em Jerusalém, os babilônicos cirandaram com o maior símbolo judeu, o Templo, os seus tesouros e derrubou os muros da cidade. O povo ficou sem inspiração religiosa e proteção contra novos ataques.

Os judeus voltaram para Jerusalém e não encontram forças para a reconstrução total, somente para a parcial, pois faltava a liderança para determinar-lhes as tarefas e administrar toda aquela crise. Sempre tiveram um líder, fosse na era patriarcal, ou no reino unido, dividido ou através dos profetas, mas agora se viram solitários. O resultado foi o comodismo e o conformismo com aquela degradante situação. O Templo, a cidade e o povo símbolos da religiosidade, tradição e grandeza de Jerusalém estavam debaixo da miséria e opóbrio.

2. O CUMPRIMENTO DA PROMESSA (Jr 29.10-14):
O rei Ciro (império medo-persa) permitiu o retorno (Ed 1.1-4), conforme relato de Josefo:

[...] Eis o que declara o rei Ciro: "Cremos que o Deus Todo-poderoso, que nos constituiu rei de toda a terra é o Deus que o povo de Israel adora, pois Ele predisse por meio de seus profetas que nós traríamos o nome que trazemos e reconstruiríamos o Templo em Jerusalém, na Judéia, consagrado à sua honra".

Esse soberano falava assim porque lera nas profecias de Isaías, escritas duzentos e dez anos antes que ele tivesse nascido e cento e quarenta anos antes da destruição do Templo, que Deus lhe tinha feito saber que constituiria a Ciro rei sobre várias nações e inspirar-lhe-ia a resolução de fazer o povo voltar a Jerusalém para reconstruir o Templo. Essa profecia causou-lhe tal admiração que, desejando realizá-la, mandou reunir na Babilônia os principais dos judeus e anunciou que lhes permitia voltar ao seu país e reconstruir a cidade de Jerusalém e o Templo, que eles não deveriam duvidar de que Deus os auxiliaria nesse desígnio e que escreveria aos príncipes e governadores de suas províncias vizinhas da judéia para que lhes fornecessem o ouro e a prata de que iriam precisar e as vítimas para os sacrifícios. JOSEFO (Livro Décimo primeiro, capítulo um).

a) O retorno do cativeiro:
1º grupo – Zorobabel (538 a.C.). Principal missão: reconstrução do Templo.
2º grupo – Esdras (458 a.C.). Principal missão: Resgate e ensino da Lei;
3º grupo – Neemias (445 a.C.). Reconstrução dos muros.

Tanto o primeiro quanto o segundo grupo não se preocuparam na restauração total da cidade, um reconstruiu o Templo enquanto que o outro resgatara somente as práticas conforme a lei, mas faltava algo.

A história da Rainha Ester se deu aproximadamente 103 anos depois que Nabucodonosor levou cativos os judeus (II Rs 25), 54 anos após o retorno de Zorobabel (Ed 1; 2) e 25 anos após o retorno de Esdras.

3. A VOLTA COM ZOROBABEL:
A promessa de Deus, em relação ao retorno e reconstrução da cidade se cumpririam (Jr 29.10-14), mesmo que fosse por intermédio do advento e triunfo do império medo-persa. Ciro, o rei, um gentio (Ed 1.1), mas orientado por Deus permitiu que o primeiro grupo de judeus retornasse para reconstruírem a cidade, o Templo e os muros. Desta tríplice tarefa apenas não atentaram para a terceira. 

O império babilônico, que primava pelo êxodo dos súditos para suas terras, para tirá-los definitivamente da presença de Deus, não suportou a força do império medo-persa, recém levantado. Este por sua vez respeitava as crenças dos povos conquistados e permitia que ficassem em seus territórios, ou seja, continuem no mesmo lugar, mas aprisionados, o que era mais vantajoso para o opressor, pois não apresentava suas terras, riquezas, fortalezas e fraquezas.

Zorobabel liderou o primeiro grupo que retornou a Jerusalém, foram cerca de 42.360 judeus, bem menos do que o número de varões contado que saíram do Egito (Ex 12.37). Com o passar dos anos, conforme o pecado e a desobediência aumentava, a população judaica foi diminuindo nas mesmas proporções.

Tinham por tarefa a reconstrução da cidade e da casa de Deus (II Cr 36.22,23; Jr 29.10). O altar foi o primeiro (Ed 3.2,3) e mesmo diante da oposição a obra foi concluída.

a) Porque o número foi reduzido:
  • Interesses econômicos. Era interessante a permanência;
  • Descrenças nos líderes. Muitos foram os que se auto levantaram para esta tarefa, mas agora seria diferente;
  • Medo da viagem, ladrões, salteadores e distância. Mas muitos voltaram com júbilo, sonhando, alegres, cantando e despertando o interesse das outras nações;
  • A idade avançada dos que foram levados cativos (desanimo, descrença);
  • A baixa idade dos que nasceram no cativeiro (falta de fé e conhecimento);
  • Fascínio pela cultura babilônica.

b) Primeiro conflito étnico-racial:
  • Os samaritanos ofereceram ajuda na obra. Estavam falando a verdade, pois adorariam a Deus;
  • Mas também apresentariam aos judeus outros tantos deuses, assim como os assírios fizeram com eles durante o cativeiro do reino do norte (II Re 17.24-41);
  • A intenção não era cooperar na reconstrução de Jerusalém, mas sim na destruição. Isto foi percebido após a recusa de Zorobabel (Ed 4.11-21);
  • A decisão de Zorobabel não foi fruto de preconceito racial, mas sim era preocupação religiosa (Ed 6.21) e fidelidade doutrinária da sua parte.

4. SITUAÇÃO DA CIDADE:
A crise é um período da vida do homem, capaz de tirar-lhe as forças e as esperanças. Perdas são constantes, os valores e princípios, que antes deveriam nortear suas ações, são esquecidos, ou substituídos pelo famoso “salve-se quem puder”. É a personificação do desiquilibrio individual ou social, diante de um momento crucial. O relato de Hanani (Ne 1.3) apresentava Jerusalém nestas condições. Neemias deveria combater a causa e não as consequências:
  • Insegurança pública – A cidade sem muros estava desprotegida, sem defesa, propensa a constantes ataques (os muros estão derribados);
  • Injustiça social, corrupção, falta de leis justas, cidadania e política falidas, ajuda mútua e comunidade não existiam;
  • Os que não foram levados para o cativeiro ficaram na pobreza, oprimidos, viviam entre os escombros. Qualquer um preferia ser levado cativo do que permanecer naquelas condições;
  • Não tinham ânimo para lutar contra os mais fracos inimigos que pudessem aparecer, pois o que adiantava cada um proteger a sua casa e deixar a cidade desprotegida, até mesmo exércitos falidos, doentes;
  • Um povo desprezado, esquecido e abandonado a mercê de sua mingua sorte.

5. APLICAÇÃO PESSOAL:
  • O que tenho a ver com esta história?
  • A situação da cidade representa a minha vida?
  • Isto nunca acontecerá comigo! Eu vigio!
  • Israel caiu primeiro e Judá não percebeu;
  • Como agir quando receber uma má notícia?
  • Agir como Neemias? Orar e tomar atitude?
  • Tenho meus recursos. Sou um vencedor!
  • A minha condição material e espiritual, me garante!
  • O mal não está no fruto e sim na raiz;
  • Construam suas casas, mas não esqueçam de Deus!

6. COMPLEMENTO:
  • Qual foi a intenção de Hanani ao contar a situação de Jerusalém para Neemias? Será que foi com a certeza de que um grande líder seria levantado pela sua conversa? Quantas conversas nossas não produzem metade do que esta produziu em Neemias;
  • Hanani precisava conversar com alguém. Ele imaginava que Neemias ficasse triste, chorasse e depois o despedisse em paz. Jamais esperava que fosse deixa-lo tão perturbado. Será que Hanani entendeu tamanha preocupação? Ele não foi chamá-lo para resolver o problema, apenas desabafar. Bem diferente de Barnabé quando foi atrás de Saulo para ajudá-lo em Antioquia;
  • Arriscar minha vida por um povo que não estava assim tão preocupado. Largar tudo, jogar para o alto minha carreira. Sequer recursos, formação secular tenho, diplomacia então, passa longe, somente entendo de vinhos;
  • “esta cidade não tem jeito, acabou, Nasci assim e vou morrer assim.”. Os judeus não tinham esperanças da reconstrução. Não havia necessidade de um homem forte, mas sim de um homem corajoso, um verdadeiro líder. Não estava ali entre eles, viria de longe. Quantos que se julgam em condições e não fazem e quantos fazem sem terem condições. Não importa se está longe, sem recursos, sem formação, mais cedo ou mais tarde será levado para o lugar onde Deus deseja usar e pronto;
  • O fato de serem orientados a reconstruírem perto de suas casas poderia motivá-los a capricharem mais?
  • O período de diferença entre a invasão assíria e a babilônica foi pouco mais de 130 anos e Judá não percebeu a aproximação do perigo. Ah, se fosse hoje? "aconteceu com o irmão, vou ficar esperto".
Por: Ailton da Silva

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