TEXTO
ÁUREO
"Porque estou zeloso de vós com zelo de
Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um
marido, a saber, a Cristo" (2 Co 11.2).
VERDADE
PRÁTICA
O casamento de Oséias ilustra a
infidelidade de Israel e mostra a sublimidade do amor de Deus.
Oséias 1.1, 2; 2.14-17, 19, 20
1.1 – Palavra do SENHOR, que foi
dirigida a Oséias, filho de Beeri, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias,
reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel.
1.2
– O princípio da palavra do SENHOR por meio de Oséias. Disse, pois, o SENHOR a
Oséias: Vai, toma uma mulher de prostituições, e filhos de prostituição; porque
a terra certamente se prostitui, desviando-se do SENHOR.
2.14
– Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao
coração.
2.15
– E lhe darei as suas vinhas dali, e o vale de Acor, por porta de esperança; e
ali cantará, como nos dias de sua mocidade, e como no dia em que subiu da terra
do Egito.
2.16
– E naquele dia, diz o SENHOR, tu me chamarás: Meu marido; e não mais me
chamarás: Meu senhor.
2.17
– E da sua boca tirarei os nomes dos Baalins, e não mais se lembrará desses
nomes.
2.19
– E desposar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça, e em
juízo, e em benignidade, e em misericórdias.
2.20
– E desposar-te-ei comigo em fidelidade, e conhecerás ao SENHOR.
PROPOSTA DA LIÇÃO
•
O profeta
do reino do Norte, durante a supremacia assíria;
•
Primeira
parte do livro: biografia profética;
•
Segunda
parte do livro: profecias poéticas;
•
Mensagem:
apostasia de Israel e o grande amor de Deus;
•
Motivo do
casamento: “A terra se prostituiu, desviou-se”;
•
Tema
central do livro: amor , por ele Israel será atraído;
•
Vale de
Acor: lugar de restauração e não de castigo;
•
Anulação da
sentença do divórcio: “desposar-te-ei”;
•
Jeová: “meu
marido e não meu Baal” (2.16).
Oseías foi chamado por Deus para profetizar para o desmoronado Reino do
Norte, que beirava os seus últimos anos de sua existência, ante a degradação
moral e espiritual, fruto da “busca desenfreada pelo prazer e lucro”. Este
trabalho foi o mesmo exercido por Jeremias no reino do Sul.
Sua vida pessoal ocupa os três primeiros capítulos do seu livro, os quais
relatam o seu casamento com Gomer e o nascimento de três filhos, Jezreel,
Lo-Ruama e Lo-Ami, provavelmente os dois últimos não eram filhos do profeta
(cfe 1.3, 6, 8). Tudo isto aconteceu, pois Deus queria manter o relacionamento
com seu povo, que por ora, estava se deteriorando. A intenção era fazer com que
Israel se arrependesse, antes que fosse entregue ao império assírio.
Deus aproveitou a situação de prostituição, o sofrimento e perdão por
parte de Oséias, para direcionar uma mensagem para o seu povo, como prova de
seu puro e inextinguivel amor pela sua nação e acima de tudo queria expressar o
seu desejo de levá-los a reconciliação.
O amor de Deus, por Israel, não era nenhuma novidade, mas foi preciso a
expressão desta forma para que entendessem. Sobre estas ações humanas e
sentimento Divino, o professor Luciano de Paula Lourenço escreveu:
“A relação de Deus com Israel era como
uma aliança conjugal. Israel havia se “casado” com o Senhor no Sinai. Israel
prometeu a Deus fidelidade. Porém, logo se desviou da aliança e começou a
flertar com outros deuses. Não tardou para que Israel abandonasse a Deus, seu
“marido”, para prostituir-se com outros deuses. A idolatria é infidelidade a
Deus; é rompimento da aliança; é quebra dos votos de fidelidade. A idolatria é uma
torpeza”.
1. CONTEXTO HISTÓRICO.
O ministério de Oséias deu-se no período da supremacia política e
militar da Assíria. Ele profetizou em Samaria, capital do Reino do Norte,
durante os "dias de Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, reis de Judá, e nos dias
de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel" (1.1), em uma época de muita
prosperidade, mas também de muita opressão e apostasia.
Oséias, cujo nome significa “salvação”, combinando com o teor de sua
mensagem, foi contemporaneo de Jonas (793-753 a .C.), Amós (760-750 a .C.), Miquéias (742-687 a .C.), e Isaías (740-681 a .C.).
Os últimos reis de Israel governaram de forma ímpia, através de pesados
impostos, opressão aos pobres, idolatria e desconsideração a Deus, portanto o
trabalho dos profetas neste período foi árduo. Sobre isto o professor Luciano
de Paula Lourenço escreveu:
“Nesse declínio moral de Israel, todas
as classes da sociedade se desmoralizaram. Os príncipes, amantes da riqueza e
do luxo, viviam desenfreados no pecado. Os sacerdotes, que deveriam ensinar a
verdade ao povo, tornaram-se bandidos truculentos e cheios de avareza”.
[...] “A religião de Israel tornou-se
sincrética, e o povo misturou o culto a Deus com o culto a Baal. A idolatria sensual desembocou na mais
repugnante imoralidade. A vida Familiar caiu no abismo da dissolução. Não resta
dúvida de que Oséias viveu durante os tempos mais turbulentos e inquietos pelos
quais a nação jamais passara. Os séculos passaram, e hoje ainda assistimos a
esse mesmo desvio religioso denunciado por Oséias”.
2. ESTRUTURA.
O livro de Oséias é o primeiro e o mais extenso entre os profetas
menores e aborda em primeiro plano o grande amor de Deus pelo seu povo e o
desejo da reconciliação. A revelação foi entregue ao profeta pela palavra
"dita a Oséias" (1.1a). A segunda declaração: "O princípio da
palavra do Senhor por Oséias" (1.2a), reitera a forma de comunicação do
versículo anterior. Também esclarece que a ordem para Oséias se casar com
"uma mulher de prostituições" aconteceu no começo do seu ministério.
O livro pode ser dividido em duas partes , sendo a primeira (1-3) uma
biografia poética, escrita em prosa para relatar o amor perseverante de Oséias pela
infiel Gomer, com a qual teve um filho Jezreel (Deus espalha, “punição”). Os
outros dois filhos provavelmente não foram do profeta, Lo-Ruama (Não-compaixão,
“retirada da afeição”) e Lo-Ami (Não-meu-povo,
“separação completa”), que serviram para ilustrar as suspeitas sobre a fidelidade
da esposa e para diminuir a alegria do profeta pela paternidade. A infidelidade
de Israel, que adorava outros deuses também ficou explicita, tanto quanto o
amor inextinguível de Deus por este povo infiel.
A segunda parte (caps. 4-14) “contém uma série de profecias que mostram o
paralelismo entre a infidelidade de Israel e a da esposa de Oseías”. Ela, pela
sua ingratidão, pois não reconheceu tudo o que marido lhe havia feito, abandonou
sua casa e foi “à procura de outros amantes”, isto serviu para representar a
condição de vergonha de Israel, o qual havia se desviado após outros deuses.
Ela foi resgatada pelo marido junto ao mercado de escravos (cap. 3) para
simbolizar o desejo de Deus em resgatar e restaurar Israel no futuro (caps.
11-14).
3. MENSAGEM.
O assunto do livro é a apostasia de Israel e o grande amor de Deus
revelado, que compreende advertência, juízo divino e promessas de restauração
futura (8.11-14; 11.1-9; 14.4-9). Mesmo num contexto de decadência moral, o
oráculo descreve o amor de Deus de maneira bela e surpreendente (2.14-16;
6.1-4; 11.1-4; 14.4-8). Seus oráculos são cheios de metáforas e símbolos
dirigidos aos seus contemporâneos. Sua mensagem denuncia o pecado do povo e a
corrupção das instituições sociais, políticas e religiosas das dez tribos do
norte (5.1). Oséias é citado no Novo Testamento (1.10; 2.23 cp. Rm 9.25,26; 6.6
cp. Mt 9.13; 12.7; 11.1 cp. Mt 2.15).
Deus chamou o seu povo ao concerto e arrependimento. A mensagem do
profeta tinha o propósito de convencer a todos a se voltarem para o Deus
paciente, compassivo e perdoador, que de acordo com as atitudes do próprio
profeta, em seu conturbado casamento, estava pronto a perdoar (Os 14.5-7),
assim como ele perdoou sua infiel esposa.
II. O MATRIMÔNIO
1. ETIMOLOGIA.
Os termos "casamento" e "matrimônio" são
equivalentes e ambos usados para traduzir o grego gamos, que indica também "bodas" (Jo 2.1,2) e
"leito" conjugal (Hb 13.4). Trata-se de uma instituição estabelecida
pelo Criador desde a criação, na qual um homem e uma mulher se unem em relação
legal, social, espiritual e de caráter indissolúvel (Gn 2.20-24; Mt 19.5,6). É
no casamento que acontece o processo legítimo de procriação (Gn 1.27,28),
gerando a oportunidade para a felicidade humana e o companheirismo.
Esta foi a ordem de Deus a Oséias, a qual ele cumpriu na integra, pois
tomou Gomer como esposa e se tornou-se uma só carne, honrado o compromisso, ela
não.
2. SIMBOLISMO.
A intimidade, o amor, a beleza, o gozo e a reciprocidade que o
casamento proporciona fazem dele o símbolo da união e do relacionamento entre
Cristo e a sua Igreja (2 Co 11.2; Ef 5.31-33; Ap 19.7). Oséias não foi
surpreendido com a infidelidade de Gomer, pois Deus havia revelado a ele desde
o princípio. Desta forma o profeta compreendeu a situação degradante do povo,
mesmo que estivesse doendo em seu coração.
Ele se casou com Gomer, mesmo conhecendo o seu passado (1.2) e a amou,
não pela virtudes apresentadas, mas sim pelo seus pecados, teve pena,
compaixão, dó de sua situação, da mesma forma que Deus continuou amando aquele
povo, mesmo diante de seus inúmeros erros, por isso procurou levá-los a
reconciliação através deste episódio.
Gomer era uma mulher de prostituição, uma “ninguém” na vida que passou
a ser “alguém”, após o casamento, mas que um dia retornou a vida pecaminosa do
passado. Tudo isto não diminuiu o amor do esposo, simbologia pura da situação
de Israel, que um dia, se tornou propriedade exclusiva de Deus (Ex 19.5) e que
não foi capaz de dizer não ao seu passado de adultério espiritual.
Considerando a santidade do casamento confirmada em toda a Bíblia, a
ordem divina parece contradizer tudo o que as Escrituras falam sobre o
matrimônio. Temos dificuldade em aceitá-la, mas qualquer interpretação contra o
caráter literal do texto é forçada. Quando Jeová deu a ordem, acrescentou:
"porque a terra se prostituiu, desviando-se do SENHOR" (1.2b). Isso
era literal. A infidelidade a Deus é em si mesma um adultério espiritual (Jr
3.1,2; Tg 4.4), ainda mais quando se trata do culto a Baal, que envolvia a chamada
prostituição sagrada (4.13,14; Jz 8.33).
Oseías não questionou ou desobedeceu as ordens de Deus, pelo contrário,
prontamente a cumpriu. A condição da mulher era um obstáculo, que qualquer um,
não pensaria duas vezes para apresentá-lo a fim de descumprir as ordens, mas o
profeta, com ou sem sentimento pela mulher, não permitiu que a desobediência
fosse marca registrada de seu ministério, pois ser conhecido pelo seu casamento
com uma prostituta é bem melhor do que ficar famoso por uma negativa ao próprio
Deus.
III. A LINGUAGEM DA RECONCILIAÇÃO
1. O CASAMENTO RESTAURADO.
O amor é o tema central de Oséias. Com ele, Israel será atraído por
Jeová (11.4; Jr 31.3). O deserto foi o lugar do julgamento (2.3) e nele Israel
achou graça, tal qual a noiva perante o noivo (Êx 5.1; Jr 2.2). A expressão
"e lhe falarei ao coração" (2.14) é a linguagem de um esposo falando
amorosamente à esposa (4.13,14; Gn 34.3; Jz 19.3). Nós fomos atraídos e
alvejados pelo amor de Deus (Rm 5.6-8).
Israel recebeu a disciplina e foi curado de seu erro, a idolatria,
através do cativeiro. O aparente fracasso não frustrou os planos de Deus para o
seu povo, apenas reforçou o seu cuidado e amor. O que parecia o fim foi apenas
o inicio da restauração da relação. Choro, desespero foram transformados em alegria
e esperança.
2. O VALE DE ACOR E A PORTA DE ESPERANÇA.
Há aqui uma menção do monumento erguido no vale de Acor, porta de
entrada da Terra Prometida, onde Acã pagou pelos seus crimes e foi executado
com toda a sua casa (Js 7.2-26). A promessa é que esse vale não será mais
lembrado como lugar de castigo. Será transformado em lugar de restauração (Is
65.10), cujas vinhas serão dadas "por porta de esperança" (2.15).
Deus transformará o cenário
desastroso, de desespero, de tribulação, derrota e inquietação em esperança e
vitória. O fantasma do passado será afugentado, mas quando se dará isto?
A sentença de divórcio (2.2) será anulada: "desposar-te-ei comigo
para sempre" (2.19). O baalismo generalizado (2.13) virá a ser
transformado em conversão nacional e genuína. Todo o povo servirá a Jeová em
fidelidade, e cada um voltará a ter conhecimento do Deus verdadeiro (2.20).
A separação iminente será transformada em um casamento permanente.
“Essa reconciliação terá seu ápice quando Cristo (o Messias) for reconhecido e
aceito pela nação de Israel no Dia de sua vinda (Os 3:5)”, ou seja, estamos
diante de um tema puramente escatológico. O amor de Deus por Israel é o
elemento motivador para que ocorra este reconciliação.
IV. O BANIMENTO DA IDOLATRIA EM ISRAEL
1. MEU MARIDO, E NÃO MEU BAAL.
A fórmula "naquele dia" (2.6, 18, 21) é escatológica (Jl
3.18). As expressões "meu marido" e "meu Baal", em hebraico
ishi e baali, são um jogo de palavras muito significativo.
a) Significados. A palavra ish significa "homem,
marido" (Gn 2.24; 3.6); e baal, ou baalim, no plural, quer dizer
"dono, marido" (Êx 21.29; 2 Sm 11.26). O termo também é aplicado
metaforicamente a Deus, como marido: "Porque o teu Criador é o teu
marido" (Is 54.5). A palavra "baal", como "dono,
proprietário", aparece 84 vezes no Antigo Testamento, sendo 15 delas como
esposo de uma mulher, portanto "marido", sinonimo de fidelidade.
b) Divindade dos cananeus. Como nome
da divindade nacional dos fenícios com a qual Israel e Judá estavam envolvidos
naquela época, aparece 58 vezes, sendo 18 delas no plural, sinônimo de
infidelidade. Essa palavra se corrompeu por causa da idolatria e por isso Jeová
não será mais chamado de "meu Baal", mas de "meu marido"
(2.16).
“Deus tranformará a infidelidade em fidelidade”, naquele dia, o grande
dia, o Dia do Senhor, um tempo de restauração, pois “Israel deixará o amante Baal, com quem vivia, e voltará para o
esposo que a espera, Jeová”.
2. O FIM DO BAALISMO.
Os ídolos desaparecerão da terra (Jr 10.11). Isso inclui os baalins,
cuja memória será execrada para sempre, uma vez que a palavra profética anuncia
o fim definitivo do baalismo: "os seus nomes não virão mais em
memória" (2.17). Apesar de a promessa divina ser escatológica, esses
deuses são hoje repulsa nacional em Israel.
Israel se livrou da idolatria, graças ao cativeiro e nunca mais se
rendeu a esta prática pecaminosa, inclusive muitos se tornaram mártires pelo
zelo a esta causa. Por muito tempo eles estiveram cegos, entregues ao engano de
seus corações, atribuindo aos falsos deuses, amantes, a glória que somente
deveria ser direcionada a Deus.
CONCLUSÃO
Assim como a ingrata Gomer, podemos recorrer a outros “amores”, falsos
deuses, virando as costas para o verdadeiro e único Deus. Israel precisava de
uma mensagem que os levassem ao concerto, para isto o profeta Oséias foi usado
de forma inusitada, para que o povo compreendesse o quão distantes estavam de
Jeová e o risco que corriam.
A ilustração do casamento é o símbolo perfeito para compreendermos como
deve ser o relacionamento de Deus com o seu povo. A Bíblia está repleta desses
recursos literários.
1) Conhecer a estrutura do livro de
Oséias
•
1ª parte:
Amor de Oséias pela esposa e filhos;
•
2ª parte:
paralelo entre a infidelidade de Gomer e Israel.
2) Compreender a linguagem simbólica
usada no livro
•
Oséias amou
a esposa, mesmo infiel, assim como Deus;
•
Ninguém,
que se tornou alguém, mas que voltou ao erro.
3) Consicentizar-se: Deus está pronto
a nos reconciliar
•
O amor de
Deus que atrairá Israel;
• A sentença do divórcio será
anulada
REFERENCIAS
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Acesso em 03 de outubro de 2012.
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003
Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri
(SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000
Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Barueri, SP: Sociedade
Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus,
2003.
CARNEIRO FILHO, Geraldo. A fidelidade no relacionamento com Deus. Disponível
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LOURENÇO, Luciano de Paula. A fidelidade no relacionamento com Deus. Disponível
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Acesso em 09 de outubro de 2012.
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