1) PERNAS PARA QUE TE QUERO!
“A mão do Senhor estava sobre Elias, o
qual cingiu os lombos e....”, saiu como um raio, em direção a Jezreel, por
conta própria, sem permissão, bem diferente das ocasiões anteriores quando foi
ordenado por Deus:
- “Vai-te daqui e vira-te para o Oriente e esconde-te junto ao
ribeiro de Querite” (1 Rs 17.3);
- “Levanta-te e vai para Sarepta” (1 Rs 17.9);
- “[...] vai e mostra-te a Acabe” (41 Rs 18.1).
Sua intenção era acompanhar passo a
passo a ruína de Jezabel, desde o comunicado de Acabe até a sua saída
humilhante pelas porta do fundo da residência real e quando contemplou o
mensageiro, ao longe, abriu um largo sorriso e esperou ouvir dele o que mais
desejava, mas que decepção ao ouvir sobre o seu possível fim e não sobre o
dela.
Se tivesse ficado aos pés do Carmelo,
quando recebesse esta mensagem, certamente daria continuidade ao seu ministério
de oposição e confronto aos desmandos real. Não se abalaria tal como, pelo
contrário, estaria mais fortalecido. Quem sabe não aumentaria o número de fiéis
de Israel (1 Rs 19.18).
Aquele mensageiro trouxe más notícias,
tal como um corvo (Gn 8.7), que não agradaram e ainda por cima pioraram a situação.
Bem diferente daquele mensageiro que foi chamar Davi (1 Sm 16.12), o qual vendo
de longe imaginou que fosse inteirar do acontecido em sua casa, durante a festa
da unção. Quem sabe a curiosidade tenha lhe assaltado o coração, pois logo
começou a imaginar quem teria sido, entre os seus irmãos, o escolhido, a quem
ele deveria honrar, mas o que ouviu não lhe causou decepção, tampouco lhe abriu
as portas para depressão: “O profeta Samuel mandou lhe dizer que não se
assentarão em roda da mesa, enquanto você não estiver entre eles”. Enquanto um
se alegrou com a notícia, o outro ficou deprimido ao ouvir que seu fim se
aproximava (1 Rs 19.2).
A única ação possível para Davi, diante da
mensagem, era correr em direção ao profeta, enquanto que o outro teve
como única alternativa, a fuga sem direção, até onde Deus o permitisse correr,
já que não houvera recebido permissão para iniciar aquela correria desenfreada.
Pernas para que te quero! Se eu ficar o
bicho devora, se eu correr o bicho não me pegará. Porque tamanha certeza? Correu
para Jezreel sem permissão de Deus, fugiu de Jezabel, sem rumo, e agora queria
proteção do céu? Isto ele teve em Querite, Sarepta e no Carmelo, enquanto
estava na vontade de Deus.
2) PÉS DE BARRO – VANTAGEM E DESVANTAGENS:
Elias possuía a armadura de Deus (Ef
6.10-17), por isto saiu vitorioso do Carmelo, mas ele não continuou com esta
proteção, pois a largou no momento em que saiu correndo até Jezreel (1 Rs
18.46), chegando naquela cidade em tempo recorde.
Sem armadura, os pés de barro não
suportaram o peso do restante do corpo, por isto Elias desabou! Fugiu para
escapar com vida, abandonou o seu companheiro (1 Rs 19.3), foi para o deserto,
assentou-se e pediu a morte (1 Rs 19.4), deitou-se, dormiu (1 Rs 19.5), mesmo
assim não foi abandonado por Deus (Is 49.15; Jr 2.31-32; Sl 9.10).
A) VANTAGEM:
Mesmo nestas condições Deus guardou
Elias e o reconduziu às dimensões das reminiscências, o monte Horebe (1 Rs
19.8), que serviria para refrescar a memória do profeta (Lm 3.21, 26) e o
ajudaria. Ele entrou em uma caverna, em vez de sair à procura de algo
extraordinário, já que estava em um lugar propício à recordações. Quem sabe
Deus teria algum sinal para lhe mostrar? Tal como no passado (Ex 3.2) a
história poderia se repetir.
O sinal veio depois, quando ele saiu
dos aposentados cavernais. Vento que fendia os montes, quebrava as penhas (cf
Ex 14.21-22), tal como um dia um forte vento oriental dividiu as águas do mar
Vermelho e construíram duas paredes, dois muros, mas o Senhor não estava no
vento naquela oportunidade, na ocasião anterior estava.
Elias não se preocupou em procurar Deus
durante o terremoto e no fogo ele deve ter pressentido algo, mas também não
conseguiu sentir a presença do Senhor, mesmo com sua extensa experiência anterior
(1 Rs 18.38).
Deus se manifestou através de uma voz
mansa e suave, uma metodologia divina, uma didática eficaz, capaz de reerguer
qualquer fracassado, deprimido, mesmo aqueles que sujeitos as mesmas paixões,
ou seja, qualquer um de nós. Esta é a vantagem de termos os pés de barros, pois
sempre seremos socorridos em momento oportuno (Hb 4.16).
B) DESVANTAGEM – “GLÓRIA A DEUS POR ISTO”: se é que
podemos chamar isto de desvantagem
A única desvantagem para quem não tem
os pés de barros é não ser atendido ou não poder sentir a presença do Pai,
mesmo que esteja buscando, clamando, implorando por horas, horas e horas (Mt
26.39-42), até mesmo na consumação de sua missão (Jô 19.30; Mc 15.34).
Todos os homens possuem pés de barro (Gn 2.7) e
estão sujeitos as mesmas paixões (Tg 5.17). Somente Jesus, mesmo em sua natureza humana,
esteve acima de tudo, mesmo que tenha sentido, por alguns instantes, que estava só, mas não estava!
Por: Ailton da Silva - Ano III
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