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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Meu filho amado em que me comprazo,também chegou a sua hora!


Qual era a opção de Elias ante ao seu iminente arrebatamento? Fugir? Argumentar, questionar ou retardar por alguns dias o evento? Ele não questionou nas oportunidades anteriores quando ouviu o “VAI”, então não teria cabimento, alguma outra reação a não ser a mais pura obediência no momento em que ouvisse o “VEM” (cf Ap 11.12), mesmo porque a carne nada pode fazer diante do chamado de Deus (cf Ec 12.7).

1) “VAI” – NA TERRA
Vá a Acabe por três vezes (1 Rs 17.1; 18.1; 21.18), ao Querite (1 Rs 17.3), à Sarepta (1 Rs 17.9), a Horebe (1 Rs 19.8), ao deserto de Damasco (1 Rs 19.15), em todas estas oportunidades ele obedeceu as ordens recebidas. Para Jezreel, ele também foi (1 Rs 18.46), mas por conta própria, no ímpeto de ver a derrota de Jezabel.

A situação ficou difícil para Elias em Jezreel, consequência de sua decisão precipitada, tanto que teve que se afastar para Berseba (1 Rs 19.3). Após receber o socorro de Deus se dirigiu a Horebe para receber a maior de todas as revelações: “Ainda existem sete mil fiéis, cem profetas, o socorrista Obadias e também o outro profeta que tú ungirás em seu lugar”, o seja, ainda existe uma grande equipe (1 Rs 19.17-18; 18.4, 13).

Parece que a situação estava melhorando para Elias, o chefe daquela equipe. Então ele pensou: “saio da caverna, reúno estes fiéis e profetas e procuro o sucessor e declaro guerra aos apóstatas. Agora está do jeito que sempre desejei, assim dá gosto fazer a obra”.

2) “VEM” – PARA O CÉU. A APOSENTADORIA PRECOCE E TEMPORÁRIA DE ELIAS
O trabalho de Elias foi facilitado devido a obediência e perseverança de Eliseu (1 Rs 19.19-21; 2 Rs 2.1-8), mas se aproximava o momento de transferir o “cajado”. Ele havia feito muito, merecia um descanso, férias, uma aposentadoria com tempo determinado para ser revertida (Mc 91-4; Ap 11.3-6).

a) O improvável pedido de Elias
Ele nunca questionou as ordens de Deus, tampouco o fez nesta oportunidade, pois sabia o que lhe estava reservado (2 Rs 2.10). Estava convicto de que seria tirado da terra, tal como houvera acontecido com Enoque (Gn 5.24), o primeiro a ser tomado por Deus, durante a era patriarcal. Elias seria o segundo, já na vigência da Lei Mosaica e anos mais tarde, após a instituição da Graça, outro acontecimento aumentaria ainda mais os mistérios de Deus.

Porém, mesmo com este forte apelo e contexto histórico, Elias poderia ter feito o seguinte pedido a Deus, pelo menos nós faríamos: “Deus, agora que o negócio fluiu, agora que ficou bom e prosperou. Quando eu estava em depressão na caverna, o Senhor não concedeu a morte, conforme meu pedido (1 Rs 19.4), mas agora que estou trabalhando, feliz, produzindo, ensinando Eliseu, tenho muito por fazer, tenho muitas almas a ganhar. Além do mais, o moço ainda não esta preparado, me acrescenta mais uns quinze anos (Is 38.5)”.

A resposta de Deus seria imediata, caso Elias tivesse argumentado desta forma: “Quando pediste a morte na depressão, a ação mais correta da minha parte seria o livramento daquela situação. Quanto a Eliseu, não se preocupe, algo cairá sobre ele (2 Rs 2.13; cf At 2.1-4). Quanto ao tempo extra que me pediste, os quinze anos, Eu te darei um pouco menos, algo em torno de quarenta e dois meses, hum mil duzentos e sessenta dias (Ap 11.3) e te concederei também um momento de conversa com Moisés e uma audiência (Mc 9.1-4) com meu Filho amado em que me comprazo. Está bom para você Elias?”

Parece que ouço Elias dizendo: “Só se for agora, Senhor, me leve”. A mesma reação de Pedro, quando não permitindo que Jesus lavasse os seus pés, arregalou os olhos ao ouvir que não teria parte com Ele se não permitisse (Jo 13.8-9).

3) MEU FILHO AMADO, AGORA É A SUA VEZ
Nos dois casos anteriores, homens foram tirados da terra (Gn 5.24; 2 Rs 2.11), mas agora seria diferente, ascensão glorificada diante dos olhos humanos, ação que somente o Filho[1] foi capaz de fazer. Enoque foi o primeiro e Elias o segundo a serem tomados por Deus, por isto não conheceram a morte e estão esperando o momento certo para conhecerem-na[2], ou será que Moisés voltará para assumir o lugar de um dos dois, para morrer pela segunda vez[3]? Sejam quais forem as duas testemunhas, o certo é que ambos subirão ao céu diante dos olhos humanos em um nuvem (Ap 11.112), após ouvirem o “VEM”, mas nada que possa ser comparado ao glorioso retorno de Jesus aos braços do Pai (At 1.9). Um corpo glorioso, isento de dores, angustias, sofrimento, medo e solidão (Mt 26.38; 27.46).

O estado perfeito para desejar continuar entre os homens, mas Ele esteve na terra para fazer a sua vontade Daquele que o enviou e não a sua própria (Jo 5.30). Jesus também poderia ter argumentado com o Pai, tal como pudera ter feito Elias: “Tive fome (Mt 4.2), sede (Jo 19.38), fui traído (Lc 22.6), etc. e agora que tudo está correndo bem, estou visitando meus discípulos, ensinando-os, alegrando e comissionando-os (Lc 23.13-49), permita que eu fique mais um pouco, pois eles ainda não estão preparados”.

Certamente Deus responderia assim para Jesus: “consumastes a obra. Quanto aos discípulos, o Espírito Santo virá sobre eles (At 2.1-40”. Jesus concluiria dizendo: “Eu e Ti, somos um (Jo 10.30), a Tua vontade é a minha, não precisa repetir o chamado”. Então uma nuvem recebeu Jesus e o ocultou. Era o Pai abraçando o Filho.


[1] Nenhum outro membro da família de Jesus ou parente seu foi capaz de repetir este ato, nenhum!
[2] Caso sejam realmente uma das duas testemunhas do Apocalipse
[3] Deus viu o seu corpo sem vida e o escondeu (Dt 34.5-6; Jd 1.9)

Por: Ailton da Silva - Ano IV

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