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sábado, 9 de fevereiro de 2013

Filha de Abraão e a "filha de Baal"


A) FILHA DE ABRAÃO (Lc 13.10-16):
Mais um dia como os outros, nos últimos dezoitos anos e parecia que nada aconteceria de extraordinário na vida daquela mulher, mas algo estava reservado para ela, bastava apenas se posicionar de forma a ser notada. Foram muitos anos de sofrimento, olhando para o chão, para os próprios pés, estava chegando o momento de enxergar pés diferentes, formosos.

A mulher curvada, naquele dia cumpria seus afazeres, como de costume, sem imaginar que a qualquer momento sua vida mudaria radicalmente. Os comentários sobre a presença de Jesus, naquela cidade, correram à velocidade da luz, tanto que muitos se aglomeraram na esperança de receberem bênçãos. O único problema para ela, caso desejasse pedir algo para Jesus, seria a aproximação, como chegaria perto Dele?

A mulher do fluxo de sangue, chamada de filha por Jesus (Mc 5.34), não teve muita dificuldade para se aproximar, haja vista a seu problema, que por si só facilitou, um pouco as coisas para ela (Mc 5.27-28 cf Lv 15.19). Já o paralítico de Carfanaum teve que incrementar sua entrada, algo nunca visto, até então uma cena digna de Hollywood (Mc 2.4). E o que aquela mulher poderia fazer de especial para ser notada por Jesus? Mal sabia que não precisava fazer nada? Aliás, por acaso, ela estava buscando algo? Saiu de casa com esta intenção? Demonstrou ter fé suficiente para receber aquela benção ou estava somente ouvindo mais um ensinamento de um forasteiro?

Ela não precisou gritar, clamar, subir em árvores (Lc 19.4) ou fixar os olhos em Jesus, bastou somente seguir sua vida normalmente, com suas desilusões e tristezas, para ser notada, percebida de longe, tal como Jesus houvera sentido o toque em suas vestes (Mc 5.30), que poderia ter sido um repentino vento, ou uma criança. Naquele dia Ele olhou para aquela mulher e disse: ”não é justo que esta filha de Abraão continue aprisionada pelo Maligno” (Lc 13.16).

Jesus não perguntou se ela tinha fé, desejo de mudança ou esperança de cura, tal como:
·         O cego de Jericó (Mc 10.47; Lc 18.38);
·         Os dez leprosos (Lc 17.13);
·         A mulher que ungiu Jesus (Lc 7.38);
·         A mulher do fluxo de sangue (Mc 5.28);
·         O homem leso dos pés (At 14.9).

Foi a mulher certa, na hora certa que foi notada pela pessoa certa. Naquele lugar Deus ordenou a benção e a vitória para todo o sempre.

B) A FILHA DE BAAL
A viúva de Sarepta, em um belo dia, acordou e contemplou o seu filho triste e com fome. O que fazer? Clamar, gritar, pedir ajuda? Mas para quem se todos estavam enfrentando a mesma situação? O que poderia esperar de Baal? Aquela inerte estátua! Outro deus ela não conhecia, mas estava prestes a conhecer e não demoraria.

De repente sentiu algo estranho, uma presença diferente, um sentimento novo, ouviu uma voz mansa e suave que lhe dizia: “Sustente o meu servo” (1 Rs 17.9). Achou normal ou fruto da variação provocada pela fome, mas guardou aquilo no coração, imaginando que nunca aconteceria. Por que logo com ela? Em Israel havia muitas outras tantas viúvas (Lc 4.25). Por que uma estrangeira?

Tal como a mulher curvada que não esperava algo de novo na vida, aquela viúva não produziu em seu interior a fé necessária ou mínima para que pudesse alcançar uma benção.

Do céu ela ouviu o chamado: “Filha estás livre” (Lc13.13; 1 Rs 17.15-16)). As duas deram crédito e foram abençoadas. Acordar e ver seu filho morrendo aos poucos de fome, que tristeza! Mas esperar o que? Aparecer algum profeta (1 Rs 17.10), um homem de Deus? Elias apareceu à sua frente e praticamente lhe disse o mesmo: “Estás livre de suas necessidades”.

Ela acreditou nas palavras do profeta e serviu água e pão, conforme o pedido de Elias. O seu “último”, foi transformado no principio de bênçãos ainda maiores (1 Rs 17.16, 23).

Um copo de água e um pedaço de pão do tamanho da mão de uma mulher, sinal de chuva de bênçãos, este foi inicio da transformação radical na vida da desiludida filha de Baal, que certamente deve ter sentido a diferença (1 Rs 17.24) entre a divindade inoperante e intocável fenícia e Jeová, o verdadeiro e único Deus digno de adoração. Nunca mais a sua vida foi a mesma. Tal como a mulher curvada, a viúva estava no local certo e foi encontrada pelo homem certo.

Por: Ailton da Silva - Ano III

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