1) Davi, o pastor que
deixou as 99 ovelhas (guerreando) e foi atrás de 1 cordeirinha (que estava se
banhando)
Todos estavam no fiel cumprimento de suas funções,
pós inverno e inicio de primavera, época ideal para promoção de guerras, pois
as estradas secas facilitavam a viagem das tropas, o deslocar das carroças de
suprimento e de combate. Diante deste ambiente as guerras tornavam se
prazerosas. Soldados, capitães e reis, todos iam confiante para as conquistas
das terras, para alargarem seus territórios e demarcarem suas fronteiras,
tomavam posse dos tesouros e “mulheres estranhas”.
Certo dia, em Israel, todos foram em direção a
estas batalhas, todos, exceto um, e justamente o que não poderia ter faltado,
tanto pela importância quanto pela bravura já demonstrada em ocasiões
anteriores (I Sm 17.32), quando deu inicio ao seu ministério de combate, de
afronta ao inimigo, principalmente os que os rodeavam, os vizinhos amonitas,
moabitas, filisteus, edomitas entre outros tanto que ousavam se colocar a
frente do grande rei e conquistador Davi.
A obrigação dele era estar junto com seu exercito,
uma vez que seria inaceitável um batalhão inteiro retornar de uma campanha
somente para participar ou para dar as últimas honras de chefe de estado para
um inoperante rei, que houvera falecido, não em combate com suas espadas e
lanças, mas eu seu luxuoso aposento, morto de tanta preguiça, de tanta
canseira, de medo ou de tanto pensar bobagens, devido a ociosidade.
Quanto aos heteus, não consigo imaginar este povo
dando trabalho a Israel, uma vez que não temos notícias de tentativas de
rebelião ou retomada de território por parte deste deles, mesmo porque alguns
deles faziam parte do exército de Davi e eram tão leais quanto qualquer outro
hebreu, filho de Abraão.
Urias, era um destes soldados que estava servindo
em combate, fiel, temeroso (2 Sm 11.11) e muito cuidadoso com a arca, com os
companheiros e com o reino. Ele não media esforços para cumprir a vontade do
rei e quando não se sentia merecedor se justificava colocando as coisas de Deus
em primeiro plano, atitude que deveria ter sido vista em Davi, pois era ele que
deveria ter dito: “a arca, e Israel, e Judá ficam em tendas [...] e eu hei de
entrar na minha casa, para comer e beber e para me deitar com minha mulher?”,
aliás esta última parte ele deveria ter dito de forma diferente: “para me
deitar com a mulher de um servo meu”?
2) Davi, a cordeirinha
não era sua (2 Sm 12.3)
O rico possui muitas ovelhas, mas o pobre apenas
uma cordeirinha, que bela inspiração para um profundo provérbio. O miserável
tinha apenas uma e esta era exclusivamente dele e de ninguém mais (2 Sm
12.2-4). Esta foi a metáfora utilizada pelo profeta Natã para repreender o rei,
uma forma lúdica, diplomática e inteligente de dizer a uma autoridade: “já era,
errou, prepare-se”.
Naquele dia o exercito de Israel foi para mais uma
batalha, Davi ficou no palácio, a cidade parecia estar vazia[1],
nenhum conselheiro por perto, os profetas[2]
e sacerdotes tinham suas respectivas ocupações, o dia estava ensolarado, o
cheiro suave da primavera estava subindo às narinas humanas do rei, que momento
ideal para reflexões, tomada de decisões e projeções para o futuro, mas que, o
homem não teve tempo para indagações interiores, projetos ou atitudes à bem do
reino, somente teve olhos para uma cordeirinha que estava prestes a sair do
curral alheio para ser sacrificada em nome de outro.
Ninguém viu o que havia entrado em seu coração.
Faltou a ele o discernimento para entender que aquilo se tratava de uma
armadilha maligna, tal como seu filho, anos mais tarde escreveria alertando
Israel e a igreja: “Não
cobices no teu coração a sua formosura, nem te prendas com os seus olhos” (Pv
6.25), tarde demais.
3)
Davi, o conquistador de nações e de mulheres alheias
Conquistar e aumentar o território, delimitando as
fronteiras era o ponto forte de Davi, mas ele também se destacou por outros
tipos de conquistas e em outros campos que não o eram tão assim importantes para
o reino.
Davi enviou mensageiros para buscarem Bate-Seba e a
colocou em situação difícil, pois a pobre mulher não sabia se dizia não ao
adultério, que já era um falta gravíssima ou se dizia não para um pedido do
rei, que poderia lhe acarretar algum problema no futuro, inclusive até a morte.
E então? Desobedecer ao rei da terra e obedecer o do céu ou vice versa? O mesmo
aconteceu com Joabe, o capitão que ordenou que Urias fosse colocado à frente do
batalhão para ser morto[3].
O tempo havia passado e o adultério estava
cauterizado na mente de Davi tanto que para cometer o segundo delito foi
simples e rápido. Convocou o sentenciado a morte e ordenou que fosse embora
para sua casa, pela primeira vez aquele fiel soldado heteu desobedeceu as
ordens do rei permanecendo no mesmo local. Então o rei deveria pensar rápido,
resolveu embebedá-lo e no outro dia o enviou para a guerra com a seguinte
ordem; “coloque este homem na frente para ser morto pela mão do inimigo e não
pela minha, cumpra-se”.
4) O choro do rei por
infiéis e inúteis e alegria pela morte de um fiel
Davi chorou a morte de Saul (2 Sm 1.12), um homem
que desde o início fingiu gostar dele (1 Sm 18.9), na verdade ele percebeu que
havia algo de estranho (1 Sm 18.12) na vida daquele jovem ruivo fracote, por
isto desejou e buscou sua morte (1 Sm 18.11; 19.1), mentiroso (1 Sm 24.16).
Chorou a morte de Abner (2 Sm 3.27), comandante
chefe do exército de Saul, assassinado por Joabe, que vingara a morte de seu
irmão Asael.
Também choraria, anos mais tarde, a morte de seu
revoltoso filho, Absalão, morto pelo obediente Joabe (2 Sm 18.11-15), o início dos
problemas para o comandante geral do exercito. O que era para ser alegria
tornou-se tristeza pela sua desobediência.
Ele chorou pela morte destes três
homens, mas não demonstrou nenhum sentimento pela perda de Urias, o fiel
soldado heteu que sempre houvera sido fiel a ele. Quem merecia lágrimas e algum
tipo de honra não recebeu nada por parte do ingrato rei.
Naquele dia Davi deu pulos de
alegria, diante de mais uma batalha ganha por ele. Agora Bate-Seba estava
desimpedida e livre para se tornar sua legitima esposa. Então ele pode dizer de
boca cheia: “Favos de mel manam dos teus lábios, minha esposa”
(Ct 4.11). Então a cordeirinha tornou-se dele, antes não era.
Referências:
Bíblia de estudo aplicação pessoal - BAP (ARC). CPAD, 2003.
Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional (NVI).
Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008
Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje (NTLH). Barueri (SP).
Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003.
A Bíblia Viva. Edição para todos. Associação Religios Editora Mundo
Cristão.
[1]
Quem estava realmente vazia era a mente de Davi.
[2] O
profeta/sacerdote/juiz muito considerado e respeitado por ele já estava morto
(1 Sm 25.1).
Por: Ailton da Silva - Ano V
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